Eu não queria impressionar muito, não podia, eu tinha que dar um jeito de fazer com que ele não me quisesse, por mais que pareça estranho, é melhor pra nós dois. Coloquei um simples vestido preto de time com o numero 18 em branco. A campainha tocou, soltei o cabelo e sai dando pulinhos enquanto colocava o tênis.

—Virou líder de torcida? – Carly perguntou focada em seu livro.

—Claro – disse ironicamente.

Abri a porta e Luan deu um largo sorriso, ele usava uma jaqueta preta por cima de uma camisa branca, uma calça jeans justa e um tênis.

—Você esta linda. – ele me deu um buque de peônias brancas.

—Uau – eu sorri impressionada – parece até buque de noiva.

—Talvez seja o seu futuramente. – ele sussurrou.

—São minhas preferidas. – desviei um pouco do assunto.

—Eu sei, perguntei a Shelby.

Saber que ele se importa em me agradar me deixa ainda mais feliz, eu não consegui conter minha alegria, e com certeza ele percebeu o quanto gostei disso, qualquer um perceberia, estava estampado em minha cara.

—Então, vamos? – ele estendeu a mão.

—Espera – enchi uma jarra de vidro de agua e coloquei o buque dentro. – vamos – dei a mão para ele.

Como sempre, ele foi à alta velocidade, e eu o segurei com mais força. Quando chegamos ele abriu a porta para mim, eu gostei dessa atitude, mas fingi que não me importava, para não demonstrar muito interesse.

Sentamos em uma mesa perto da janela, peguei o cardápio e percebi que ele não parava de me olhar.  O lugar estava rodeado de meninas com minis vestidos e mesmo assim ele não olhava para nenhuma outra além de mim.

—Tem sorvete – falei animada.

—Sim – ele sorriu – acho que prefiro sorvete ao invés de pizza.

—Eu também.

A garçonete aproximou-se, uma ruiva que ergueu um pouco a saia do uniforme se escorando na cadeira do Luan.

—Já escolheram? – ela fixou nos olhos dele.

—Já – eu disse rígida.

—Então o que vai ser? – ela me olhou com desprezo.

—Um pote de sorvete de leite ninho trufado e uma garrafa de vinho.

Ela anotou encostando-se a Luan, que também a olhava. E quando ela ia dizer algo a interrompi imediatamente.

—Você vai demorar muito? – dei um irônico sorriso.

Ela se virou para ir, com certeza estava nervosa, Luan me olhava como se esperasse que eu dissesse algo.

Fiquei quieta, tentando disfarçar os ciúmes, mexi no cabelo, na unha, foliei o cardápio novamente e ele continuava me olhando, de repente começou a rir.

—O que é tão engraçado? – perguntei revirando os olhos.

—Você esta com ciúmes.

—Não estou com ciúmes. – revirei os olhos novamente.

—Por que fica fazendo isso? Tem um tique?

—Do que você esta falando?

—Você fica revirando os olhos. – ele riu – e o estranho é que eu gosto disso em você.

Eu sorri. Uma morena chegou por trás de Luan beijando seu pescoço.

—Para – ele se afastou puxando a cadeira pra frente. – quem é você e o que pensa que esta fazendo?

—Desculpa Luan, eu só estava... – ela ficou sem palavras.

—Você não percebeu que estou com a pessoa mais importante da minha vida.

Ela me olhou e saiu furiosa, fiquei surpresa com as palavras do Luan.

—A mais importante? – sussurrei abaixando um pouco a cabeça.

—Ah anjo – ele ergueu meu queixo com a mão. – você se tornou importante no primeiro momento em que te vi.

—Não entendo por que.

—Porque você é diferente das outras, é alguém que eu quero por perto sempre.

—Luan... – eu não fazia ideia do que dizer.

—Eu sei que você não quer nada comigo, então tenho uma proposta.

Fiz um gesto com as mãos para que ele dissesse a tal proposta.

—Se você disser que podemos ser amigos, ficarei muito feliz, é o que eu mais quero... Mas, se você disser que não quer nem amizade, eu juro que vou sumir da sua vida, não vou te procurar mais, é você quem decide.

Ele parecia ansioso, com medo e desesperado, eu fiquei o olhando sem reação alguma, minha boca se abriu um pouco, eu não sabia o que dizer, era uma decisão difícil pra mim, eu devo aceitar ter essa amizade que eu amo? Mas que talvez possamos nos confundir e envolver sentimentos ou tirar ele de vez da minha vida? Eu pensei em tudo que fizemos juntos, da ajuda dele pra minha prova, dos sorrisos que ele dava a me ver, dele simplesmente tentar me impressionar, eram coisas simples que me faziam gostar cada vez mais dele, e era exatamente disso que eu tinha medo, não posso envolver meus sentimentos, por mais que eu já sinta algo, não posso me apegar não posso me apaixonar por ele, não posso acabar com a minha vida outra vez.

—Malu? – ele disse confuso.

—Eu... – suspirei fundo olhando nos olhos dele – quero sua amizade, quero te ter por perto.

Parece bobo, parece drama, exagero, mas ninguém me entende além de Shelby, o meu passado me condena, me impede de confiar em alguém e ser feliz, o meu passado é o pior lado da minha vida, eu não posso voltar no mesmo inferno.