Luan havia pedido uma tatuagem, fomos para o quartinho onde Miguel faria.

—Então o que vai querer? – Miguel sorriu.

—Quero que escreva Malu no meu pulso direito.

—O que? – fiquei surpresa. – não precisa fazer isso amor.

—Mas eu quero – ele olhou-me – e vou fazer.

—Mas...

—Amor, é minha decisão.

—Ok. – Miguel parecia um pouco incomodado.

Luan não parava de me olhar enquanto Miguel escrevia meu nome. Eu mal via a hora dele acabar e sairmos dali. Estava me sentindo desconfortável com a situação.

—Acabamos. – Miguel disse depois de um tempo. – se quiser pegue a tomada e as pílulas com a Carol, que fica no balcão e já acerte tudo com ela.

—Entendi, valeu cara. – ele virou-se pra mim. – vamos amor.

—Espera – Miguel disse – Luan enquanto você paga quero mostrar um desenho que eu tinha falado pra Malu. – ele estava mentindo, queria falar comigo, droga.

—Tudo bem. – Luan estranhou.

—Ele é seu namorado? – Miguel perguntou após Luan sair.

—Sim.

—Eu não sabia que você namorava um grande amigo meu.

—E o que tem? - eu estava louca pra sair dali.

—Eu te beijei Malu! Isso é uma baita brecha.

—Mas eu te afastei, você tinha entendido tudo errado.

—Mesmo assim, não contou pra ele?

—Não.

—Vai contar?

—Provavelmente.

—Malu, não sei se você deve. – ele passou a mão no cabelo. – droga!

—Se acalma. Aquele beijo não significou nada!

—Não mesmo? – Luan entrou e meu coração disparou. – então por que escondeu de mim?

—Amor, eu ia contar, só estava esperando o momento certo porque sei que você surtaria.

Ele nem se quer olhou pra mim, encarou Miguel e quando percebi Luan deu um soco nele.

—Calma cara! - Miguel disse.

—Isso é por você beijar minha garota! – ele deu outro soco.

—Luan, calma! – gritei.

—Isso – ele o chutou – é pelo ódio que estou sentindo por você ter sentido o gosto da boca dela.

—Foi um beijo rápido, não significou nada.

—Ah, é mesmo? – ele deu outro soco. – então esse foi por você ter a beijado atoa, ela não é qualquer uma seu imbecil!

Eu tinha que parar aquela briga já que ninguém ia até la. Pulei nas costas de Luan o apertando o mais forte possível com minhas pernas.

—Malu! Saí dai! – ele gritou.

—Só quando sairmos daqui!

—Tudo bem. – assentiu.

Olhei pra Miguel que ainda estava no chão limpando o sangue de sua boca.

Saímos e eu ainda estava em suas costas.

—Desce. – Luan pediu, pude sentir a decepção em sua voz.

—Amor. – fiquei de frente pra ele. – eu sinto muito.

—Malu, eu não quero ouvir nada do que você tem a dizer.

—Não significou nada pra mim!

—Vou te deixar em Yale.

—Luan, me escuta, por favor.

—Vamos. – ele subiu na moto.

—Não. – ele tinha que me ouvir antes, eu não sairia dali até conversarmos.

—Se não subir, eu vou te deixar aqui.

—Não faria isso.

Não demorou nem um minuto pra ele ligar a moto e sair dali. Ele nem se quer olhou em meus olhos.

Eu o tinha decepcionado muito, não sabia como concertar aquilo, o ciúmes dele era demais. Eu sabia que estava errada, muito errada. Não suportaria se o visse beijando outra pessoa. É, eu sei, ele já beijou a Keli, mas foi por trabalho.

Eu estava o perdendo, beijei Miguel e Brian, droga! Eu não podia o perder.

Estava parada no mesmo lugar, uma moto estava vindo em minha direção, era Luan.

—Não consigo te deixar sozinha aqui sabendo que tem um babaca te querendo la dentro.

Eu sorri e montei na moto.

O abracei forte, ele pegou minha mão e então soltou suspirando.

Pareceu uma eternidade até chegarmos a Yale.

Desci e puxei sua mão para que descesse também.

Seus olhos estavam lacrimejando e ele parecia pensativo.

—Sinto muito. – eu disse.

—Você beijou Brian e agora descubro que Miguel também. – sua voz era baixa e triste. – é demais pra mim, eu estou decepcionado. – aquilo acabou comigo e eu estava com um mau pressentimento.

—Me desculpa, por favor. – coloquei minha testa na dele. – eu te amo, não queria ter feito aquilo, acredite em mim.

—Eu acredito, mas isso não muda nada.

—Amor...

—Não Malu, eu não quero ouvir.

—Mas você precisa, por favor. – não consegui segurar minhas lagrimas.

—Você não faz ideia o quanto isso acaba comigo.

—Vamos esquecer isso.

—Não consigo, só de lembrar que os beijou, cacete, meu coração esta despedaçado.

—Acho que estamos exagerando. – minha voz falhou.

—Exagerando? – ele soltou uma risada forçada. – me imagine beijando duas pessoas, você gostaria?

—Não. – chorei ainda mais. – eu me sinto culpada, eu estava errada e eu sinto muito Luan! Se eu pudesse eu voltaria no tempo e mudaria isso! Mas não tem nada que eu possa fazer além de mostrar meu arrependimento e o quanto eu te amo.

—Eu não consigo esquecer isso agora. – ele se afastou de mim. – preciso de um tempo.

—Tempo? – o medo do que ele ia dizer estava aumentando.

—Sim. – as lagrimas rolaram em seu rosto. – preciso pensar direito e tentar esquecer isso, ah droga! Como é difícil fazer isso.

—Você não precisa fazer isso. – toquei seu rosto – não precisa.

—Malu... – eu o interrompi com um beijo.

O beijei lentamente, eu estava tão arrependida! Naquele momento pude sentir o quanto Luan era importante pra mim, mas eu tinha estragado tudo.

—Não faz isso. – ele se afastou – não piore as coisas.

—Você não quer me deixar.

—Não, eu não quero, mas eu preciso de tempo Malu.

Eu não conseguia mais insistir, meu coração tinha se despedaçado em vários pedacinhos, naquele momento eu entendi que já tinha o perdido.

Minha ficha estava caindo enquanto ele me olhava com lagrimas nos olhos. Beijar uma pessoa que ele não gosta e outra que era um amigão dele era cruel. Eu com certeza o magoei muito, eu precisava dar espaço pra ele, precisava o deixar ir.  

Sentei-me no chão e me escorei na parede processando tudo aquilo.

Luan subiu na moto e me olhou por uma ultima vez.

Continuei no mesmo lugar, eu não conseguia nem acreditar! Ele soube da pior maneira e tinha acabado de tatuar meu nome!

—Malu? – Shelby gritou descendo do carro. – o que aconteceu? Por que esta sentada no chão com o rímel todo borrado?

—Só estou pensando. Nós... – eu não conseguia dizer. – nós terminamos.

—Sério? Por quê?

—Ele soube da pior maneira que Miguel me beijou.

—Mas você o afastou! Você não quis!

—Eu sei, mas não é só isso, ele juntou todas as peças.

—Que peças?

—Eu beijei Brian também, para as fotos.

—Mas foi por trabalho!

—Não, quer dizer, a gente podia fazer a pose que quiser e eu o puxei e beijei.

—Por que você fez isso sua louca?

—Por que eu sou uma idiota!

—Vocês vão se acertar.

—Ele faz tudo por mim e eu vou la e beijo o inimigo e o amigo dele! Ele estava tão decepcionado, eu sou um monstro!

—Você não é um monstro. – ela me abraçou. – ele vai te entender e vocês vão se acertar.

—Ele não vai querer voltar comigo! Eu parti o coração dele! Além disso, talvez seja melhor não ficarmos juntos.

—Vocês estão exagerando.

—Eu também achava isso, até o ver indo embora e perceber que eu sempre estive certa sobre não darmos certos.

—Calma amiga, você esta alterada, não esta pensando direito, vem. – ela me ajudou a se levantar.

Assenti.  

Shelby abriu a porta do quarto e eu me joguei na cama enterrando minha cabeça no travesseiro.

—Esta tudo bem? – Carly perguntou.

—Sim, só estou um pouco anestesiada.

—O que aconteceu?

—Estou solteira! – doeu falar aquilo.

—Não acredito.

—É estranho, sabe?

—Eu entendo.

O celular de Shelby tocou e ela atendeu rapidamente.

—Oi... – começou a dizer. – sim, encontrei-a e a fiz vim pro quarto... Você tem que entender ela! – com certeza era Luan. – vocês se amam, você é obcecado por ela!... Sim, ela esta bem, em parte neh... Para de graça, ela não quis beijar nenhum daqueles dois babacas... Sim, nós vamos... Acho que deve mesmo... É... Tchau.

Ela me olhou pronta pra me contar o que ele havia dito, mas eu a interrompi.

—Quer saber? Eu não quero ouvir o que ele disse. – eu só precisava descansar e por minha cabeça em ordem.

—Você que sabe, é melhor dormir um pouco, amanha você encontrará seu pai.

—Ah, tem isso ainda.

Fechei os olhos pensando em como seria encontrar meu pai, não tinha paciência nenhuma, e seria mais difícil sem Luan do meu lado, eu não me sentiria segura.  

Eu cheguei a pensar que teria Luan para o resto da minha vida, mas nós dois parecíamos complicados demais pra ficarmos juntos. Achei que conseguiríamos viver em paz e felizes, mas estávamos agindo como crianças. Eu o amava muito e sabia que não conseguiria me apaixonar por mais ninguém, mas se o melhor pra ele fosse se afastar de mim, então eu aceitaria e faria o melhor pra vê-lo feliz.