Vidas Secretas escrita por skammoon


Capítulo 12
Capitulo 12


Notas iniciais do capítulo

Ressacas e arrependimentos



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Acordei escorada na banheira, meu cabelo estava preso em um alto rabo de cavalo e minha cabeça estava quase explodindo. Levantei-me com dificuldade, então reparei que Luan estava dormindo sentado, encostado na parede logo atrás de mim. Eu estava no apartamento dele, como fui parar ali? Não conseguia me lembrar de quase nada da noite passada.

—Nossa – Shelby abriu a porta do banheiro – vocês estão acabados.

—Como eu vim parar aqui? – perguntei.

—Você não faz ideia de tudo que aconteceu na festa neh?

—Não me lembro de quase nada.

—Eu te conto depois, mas primeiro temos que sair logo desse apartamento.

—Por quê?

—Não quero ver Daniel, nunca mais.

Fiquei surpresa e antes que eu dissesse algo, Daniel apareceu.

—Amor, precisamos conversar.

—Não me chame de amor – ela nem olhou para ele – vamos logo Malu.

—Vocês podem falar mais baixo? – implorei. – minha cabeça esta prestes a explodir.

—Isso é obvio – Daniel se enrijeceu – você tomou vinte doses ontem.

—Ah – soltei um risinho – não se preocupe com isso.

—Você podia ter tido um treco.

—Ela disse pra não se preocupar. – Shelby se virou pra ele – eu já disse que somos acostumadas com isso, então para com essa idiotice.

—Será que a gente não pode conversar como pessoas civilizadas? – ele alterou a voz.

—Não!  – ela ergueu mais ainda o tom de voz.

—Meu Deus – Luan acordou – vocês estão malucos?

Olhei pra ele, que ainda estava abrindo os olhos. Ele me encarou por alguns segundos e se levantou tirando a camisa e lavando o rosto.

—Malu, vou esperar no carro – ela apontou o dedo para Daniel – e nem ouse ir atrás de mim, me esquece!

Mesmo assim Daniel foi atrás dela. Lavei o rosto ao lado de Luan, tirei todo o rímel borrado, depois o olhei esperando que ele dissesse alguma coisa.

—O que foi? – ele perguntou dando um meio sorriso.

—Como vim parar aqui?

—Depois de todas aquelas doses, você apagou, eu te trouxe pra cá e segurei seu cabelo pra você vomitar, ninguém segura e prende seu cabelo melhor do que eu – ele riu – e então você se escorou na banheira e acabou dormindo, eu me sentei pra ficar cuidando de você, mas acabei dormindo também.

—Não precisava ter feito isso – fiquei sem graça. – obrigado e sinto muito.

—Sente muito? – ele riu – eu curti bastante ficar aqui cuidando de você.

—Eu estava vomitando, você é maluco? Como pode ter curtido ficar comigo naquele estado?

—Se lembra do que fez ontem à noite? – ele perguntou saindo do banheiro.

—Não muito, o que eu fiz? – franzi a testa o seguindo.

—Nada – ele disse depois de um tempo colocando as mãos em meu rosto – é melhor você ir descansar.

—Eu ainda estou brava com você.

—Você não me deu a oportunidade de explicar tudo ontem à noite. Quando eu ia explicar você... – ele parou se afastando.

—Eu o que? Para de joguinhos.

—Me puxou pra dançar.

—Só isso?

Ele assentiu.

—Mesmo assim, eu estava bêbada. – continuei – preciso ir, tenho que conversar com Brian ainda.

—Aproveita e fala pra ele que ontem você disse que me queria.

—O que? – eu disse surpresa.

—Se preferir eu mesmo falo.

—Não! Eu estava bêbada!

—Dizem que os bêbados costumam dizer verdades.

—Não se iluda!

—Sou eu ou o Brian que esta se iludindo?
—Para com isso Luan! Você sabe muito bem que eu não quis dizer aquilo.

—Era seu segredo, eu entendo.

—Não! – gritei – é melhor eu ir.

—É melhor mesmo, se você já ficou nervosa assim, imagina se eu contasse do...

—Do que?

—Não importa. – ele me deu um beijo na testa – vai, a Shelby esta te esperando.

Não era comum Luan me mandar embora, com certeza eu tinha feito mais coisas. Tomara que Shelby saiba e me conte, antes que eu surte de vez.

—Você esta bem? – perguntei ao entrar no carro.

—Sim. – ela foi rígida.

—Ai Shelby – olhei para fora, Daniel estava sentado na escada com as mãos no rosto. – me sinto tão culpada.

—Você não tem culpa de nada – ela deu partida e dirigiu o mais rápido possível.

—Tenho sim, se eu não tivesse passado dos limites ontem...

—Você não tem culpa – ela me interrompeu e começou a chorar – droga Malu! O único culpado é ele, você não faz ideia das coisas que ele me disse.

—Pode desabafar.

—Ele disse que nenhuma amiga de verdade deixa a outra beber tudo aquilo, ele disse que eu era uma vaca por ter te apoiado na tal aposta, mesmo eu dizendo pra ele que aquilo não era nada incomum, como ele pode me julgar daquele jeito?

—Eu juro que vou falar com ele, vocês não deviam brigar por minha causa.

—Eu não quero que você fale com ele!

—Shelby! – Eu gritei ao ver que ela estava apodando um carro com o outro vindo em nossa direção.

Ela desviou para o lado e paramos no matagal, por sorte não aconteceu nada, ouvimos o cara dando broncas de longe.

—Eu me distraí – ela apoiou a cabeça no volante – você pode dirigir até Yale?

—Eu ia propor isso agora.

Trocamos de lugar, já fazia um bom tempo que eu não dirigia, mas lembrava de tudo perfeitamente.

—Que tal sairmos? – eu sorri – você precisa se divertir.

—Pode ser.

—Você pode me dizer o que aconteceu ontem na festa? Eu não me lembro de quase nada. – dei um meio sorriso – mas vou entender se não quiser tocar no assunto.

—Depois que Brian foi embora?

—Sim, foi ai que comecei a beber mais.

—Eu não estava por perto, mas ouvi Daniel e Luan conversando ontem. – ela suspirou – ele ia tentar te convencer a desculpa-lo, mas você o puxou pra dançar sem deixar que ele explicasse. Você disse queria ele, e na pista de dança... – ela parou.

—Continua, por favor.

—Você se jogou pra cima dele, você... Até beijou ele.

—Ah meu Deus – parei o carro quando chegamos a Yale, mas continuamos la conversando.

—Mas ele se afastou, eu o ouvi dizer que não queria que fosse assim.

—Me diz que foi só isso, que tudo acaba ai.

—Não. – ela soltou um risinho – depois que você apagou, ele a levou para o apartamento, nessa hora eu estava junto, mesmo brigando com Daniel. Antes de você liberar todo álcool do seu corpo, você começou a falar um monte de coisa, a maioria enrolado, mas deu pra entender que você deseja muito ele, que Brian não te faz sentir o mesmo que sente por Luan, você disse que não importava mais nada, nem seu passado nem seus pais nem o mundo, apenas ele.

—Eu não disse isso. – fiquei surpresa.

—Você disse – ela riu – foi à única que coisa que me fez rir a noite toda.

—E o que ele disse?

—Ele ficava dando risada, falando que você se mataria depois que soubesse de tudo. Eu perdi as contas de quantas vezes você tentou beija-lo.

—Me mata.

—Te matar por que você gosta dele? Isso não é uma coisa ruim.

—É sim, meu deus, tem como voltar no tempo?

—Bem que eu queria que desse, mas infelizmente não.

Descemos do carro e antes de subirmos dei um abraço em Shelby, eu sabia que ela estava tão mal quanto Daniel, os sorrisos que ela estava dando eram forçados, eu tinha que fazer algo por eles, era minha culpa essa separação, como sempre, eu estrago tudo em minha volta, eu sempre sou a culpada, e me sinto pior ainda por ferir aqueles que amo, droga! Como isso acaba comigo.

—Vamos ao Pity Party hoje, encher a cara, dançar pra caramba, talvez pegar alguns gatinhos.

—Você que sabe – eu disse.

Lembrei-me dos meus objetivos quando cheguei aqui, sem festas, sem bebidas, sem distrações, tudo tinha ido por agua a baixo.

—Podemos chamar o Liam – insinuei.

—Pity Party – Liam riu – quem diria que vocês são tão rebeldes.

—Por que esta dizendo isso? – perguntei.

—Essa é uma daquelas festas em que só tem coisas erradas, o dilema de la é “Proibido Proibir”  tem uma placa enorme com esse enunciado.

—Shelby precisa disso, ela precisa esquecer Daniel por pelo menos alguns instantes, até eu conseguir resolver tudo entre eles. Ela não saiu do quarto ainda.

—Mas por que você vai resolver?

—Porque foi por minha causa que eles brigaram.

—Eu pediria pra você explicar, mas acho que você deve estar cansada de falar sobre isso.

—Pior que sim.

—Espero que de tudo certo.

—Então, você vai à festa?

—Conta comigo. – ele sorriu – e seu boyfriend?

—Meu namorado não atende minhas ligações. – revirei os olhos.

—Boa sorte – ele riu me dando um selinho e saindo.

Meu celular tocou, era Brian.

—Oi – eu disse.

—Como você esta?

—Bem e você? Não atendeu minhas ligações.

—Desculpa, eu viajei com meu pai.

—O que? – fiquei surpresa – não sabia que ia viajar.

—Nem eu – ele riu – saí hoje de manha depois da minha prova, eu tentei te ligar, mas seu celular estava desligado.

—Pra onde você foi?

—Las Vegas, vai ter seções de fotos.

Aquele lugar me traz péssimas lembranças.

—Mas eu volto amanha amor. – ele continuou.

—Tudo bem.

—Se comporta ta?

—Pode deixar.

Despedimo-nos. Eu não havia contado nada pra ele desde a festa e provavelmente não iria contar, eu não queria acabar com nossa relação, apesar de quase não termos tempo juntos devido à dedicação dele aos estudos e a sua profissão como modelo. Eu deveria estar como ele, empenhada nos estudos, mas na verdade estava totalmente ao contrario, eu estava mais empenhada no Luan do que em pediatria.

—Convidei varias pessoas para ir ao Pity Party, se preparem pra melhor noite da sua vida! – Liam gritou de longe.

“A melhor noite da minha vida” realmente é o que eu espero, dessa vez não vou poder beber tanto, vou ter que cuidar da Shelby e evitar que aconteça alguma confusão, eu já estou cansando dessa vida.


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