Blackbird escrita por Srta Dilaurentis


Capítulo 7
Está tudo bem Ali, eu estou aqui com você


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, aqui estou eu de novo com um capítulo novo. Me desculpem pela demora... aproveitem o capítulo.



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Com um estalo que ecoou pelo beco escuro, Alison se materializou nas sombras e ergueu a varinha. Apontou para a única saída da rua, recitou de forma baixa enquanto fazia movimentos circulares com o pulso:

— Cave Inimicum.
 

Uma barreira invisível surgiu, para impedir que algum desconhecido a visse. Tirou a máscara prateada e a longa capa preta e guardou-as em uma pequena bolsa de couro da mesma cor de suas vestimentas que carregava nos ombros. Ajeitou o delicado bracelete dourado no pulso e escondeu a varinha nos cós da calça. Com a cabeça baixa e uma sensação de que estava sendo observada, e seguiu o caminho até a casa de seu amigo, Caleb, que não ficava muito longe de onde estava.

Caleb morava em Rosewood, uma pequena e rica cidade próxima à Londres, onde havia fazendas grandes com jardins bem cuidados.
Alison adorava a cidade. O ar rural com um toque de modernização e luxo deixava-a com uma sensação que não conseguia descrever. O cheiro de lilases e grama recém-cortada lhe trazia uma paz interior que não sentia estando reclusa na mansão do Lorde das Trevas.

Ela passou por uma rua silenciosa àquela hora. Havia mansões e casarões rústicos ladeando a estrada, com todas as luzes apagadas, a não ser os postes que iluminavam o caminho. De repente, enquanto andava calmamente, com os braços balançando ao lado do corpo, sentiu a presença de diferentes auras mágicas. Estas apareceram em um segundo e imediatamente sumiram.

Alerta, ela caminhou como se estivesse alheia a tudo o que acontecia. Apurou os ouvidos e prestou atenção a cada movimento. Levou as mãos à borda da calça, e tirou a varinha disfarçadamente.

Ela sabia que era a Ordem da Fênix. Poucos bruxos ocultavam a presença com rapidez, e apenas eles tinham motivo para tentar encontrá-la.

A passos rápidos, Alison seguiu em direção à densa floresta escura que crescia nas redondezas.

De repente, enquanto ela caminhava tentando manter a calma, um lampejo de luz atingiu o tronco de uma árvore ao seu lado, e a madeira rachou-se em diversas partes. Alison protegeu o rosto com os braços e, sem ter tempo de pensar, tentou aparatar, mas não conseguiu. Algo impedia de fazê-lo.

Ela perscrutou os arredores com a varinha em mãos em posição de defesa. Tentou identificar de onde viera o feitiço que a impedia de fugir, mas não encontrou ninguém. Seu coração bateu mais rápido e a respiração ficou pesada.

Um galho do chão se quebrou.

Alison se virou para a fonte do barulho com o coração acelerado, mas não viu ninguém. Colocou uma mecha do cabelo atrás da orelha e se deu conta de que estava sem a máscara.

Droga, pensou.

Abaixou-se atrás de uma grande pedra e escondeu o rosto. Apontou a varinha para dentro da bolsa.

— Accio máscara! — murmurou.

A superfície metálica tocou seus dedos. Colocou a máscara e se levantou, com a varinha em punho, e olhou para os lados em alerta. Barulho de passos surgiu, vindo de todos os lados, cercando-a.

O coração de Alison acelerou-se ainda mais, e ela engoliu em seco. Estava encurralada. Na esperança de encontrar uma escapatória, examinou as possibilidades de fuga. Não que não estivesse preparada para lutar; mas eles eram muitos, e ela se encontrava em um local trouxa. Se lançasse um feitiço, mesmo àquela hora e longe de todos os habitantes, poderia atingir alguém inocente. E essa era a última coisa que queria agora.

Outro lampejo de luz explodiu o chão ao seu lado. Terra, cascalho e folhas secas voaram e atingiram o cabelo de Alison. Ela se esforçou, desesperadamente, para encontrar de onde vinha o feitiço, mas, por mais que tentasse, se via sozinha. E o barulho de passos se intensificava cada vez mais, deixando-a desorientada.

— Apareçam! — bradou. Suor escorria por baixo de sua máscara prateada.

Mais um jato de luz voou em sua direção. Alison percebeu-o a tempo de desviar, movimentando-se para a direita. Logo em seguida, uma chuva de feitiços foi lançado contra ela, o que a fez levantar um escudo de corpo inteiro. Este repeliu grande parte das maldições, mas ela sabia que não suportaria a quantidade de feitiços que eram lançados.

Ali se abaixou novamente atrás da grande pedra e recitou:

— Sálvio Hexia. Protego Totalum! — Fez-se uma grande barreira que brilhou forte em uma cor azul escuro antes de ficar invisível. A combinação dos dois encantos deixou tudo dentro do espaço delimitado por ela invisível.

Os aurores a observaram sumir, perplexos, e, por um instante, pararam de lançar feitiços. Encararam o local onde Alison esteve há pouco tempo fixamente, com os olhos ssemicerrados e as varinhas firmemente empunhadas. Esperaram por um breve momento em estática, suas respirações ecoando na floresta como uma ameaça silenciosa,; quando nada veio, voltaram a lançar diversos feitiços, que se dissolviam na barreira, sem conseguir quebrar o escudo criado.

Alison sentou-se, e encostou-se à pedra, suas mãos apoiadas nos joelhos dobrados. Respirou fundo, e pensou no que faria a partir de agora. Não poderia sair do espaço que delimitou; caso o contrário, ficaria vulnerável e sujeita a receber as azarações. Ela suspirou profundamente e analisou, com calma, a situação.

Os feitiços lhe eram dirigidos de todos os lados. E isso significava que estava cercada.

Não havia como ficar imóvel por mais tempo, pois logo a barreira cederia. Seu único escape era atacar um por um.

Alison olhou na direção de onde alguns feitiços vinham, seguindo a trajetória deles, e viu uma luz vermelha, escondida entre as árvores, ser lançada em sua direção. Então, ela projetou o escudo de corpo inteiro, saiu da barreira, e mirou em seu alvo.

— Estupore! — bradou. Repetiu o encantamento diversas vezes, mentalmente.

Vários raios vermelhos saíram da ponta de sua varinha.
Uma parte dos feitiços que vinha em sua direção se interrompeu.

Ali sorriu vitoriosa. Havia conseguido.

Por segurança, e porque não queria deixar brechas para ser atacada, lançou um feitiço cortante em uma árvore. Esta se partiu em diversos pedaços, e o tronco caiu com um estrondo. Em seguida, de algum lugar, um alto e agudo gemido surgiu, mas sumiu rapidamente.

Alison se encolheu para que não fosse vista, mas um forte feitiço lhe atingiu em cheio. O impacto fora tão forte que ela foi arremessada para trás e bateu com as costas em uma pedra. O escudo que criara para proteger-se cedeu.

Alison sentiu o bracelete sair do braço e cair no chão a alguns metros, longe de si. Ela tateou o chão e tentou respirar. Sentia o pânico apoderar-se de seu corpo que tremia e tornava cada movimento débil, impossível de ser exato.

Sentiu os nervos se retrair e queimar, animando uma espécie de fogo interior. A sensação quente se agitava dentro de si, atrás dos olhos e sob a pele.

Como um impulso elétrico, uma onda de magia correu por suas veias, irrompeu por suas mãos e ardeu através da rocha. Os fragmentos rangeram, esquentaram, e explodiram com o calor. Como se não bastasse, tudo a sua volta tremeu com a força de um terremoto.
O pavor e o desespero consumiam Alison, que se contorcia, alheia a tudo o que se desenvolvia a sua volta. A dor excruciante crescia e dominava cada parte de seu ser. Seus músculos enrijecidos queimavam e sofriam espasmos rápidos, como se tivessem corações próprios. Toda a magia descontrolada que havia dentro dela agia por conta própria para libertar-se.

Alison gritou o mais alto que conseguiu para aliviar a dor que sentia.

Os membros da Ordem se aproximaram de Alison; contudo, eles não conseguiram chegar mais perto — foram impedidos por uma inexplicável força invisível que os arremessou longe.

Alison olhou para as mãos e percebeu que faíscas azuis saíam delas. Fechou os punhos e sentiu as unhas cortar a palma, e um filete de sangue escorrer por ali.

— Peguem-na!

Ela despertou do transe com o grito estridente que ecoou pela floresta.

Sabia que a ordem estava se aproximando. Sem tempo para pensar em algo, ela se levantou da posição em que estava e correr sentindo as pernas bambas, impossibilidade de suportar o próprio peso.

As palavras ecoaram em sua cabeça, abafadas pelo calor do momento. Feitiços cruzavam seu campo de visão e aceleravam sua pulsação. Porém, eles eram inofensivos e não a atingiam.

Antes de transformar-se em sua forma animaga, Alison derrapou e caiu na terra dura e fria. Sua cabeça latejou. A energia incontrolável percorreu seus dedos, e ela se viu encarando os membros da Ordem.

Alison explodiu tudo ao seu redor, em uma demonstração clara de seu puro poder e magia. As folhas das árvores se soltaram dos galhos e voaram ao seu redor no forte vendaval que surgiu. A poeira densa como uma névoa dificultou a visão dela, e as rochas tremeram incontroláveis, explodindo e lançando lascas de pedra para todos os lados. Pequenas chamas surgiram no chão, crescendo e ganhando vida, alastrando-se rapidamente pelas folhas secas que se espalhavam como um tapete, criando um perigoso incêndio,.

Seus olhos azuis brilharam por trás da máscara, vendo o estrago que causara, mas aquilo não lhe importava mais.. Ela viu a oportunidade de escapar em meio à fumaça que se levantara com a explosão.

Apontou a varinha para qualquer direção e pronunciou.:

— Accio bracelete.

Em pouco tempo, sentiu o fino objeto frio chegar a seus dedos, que tremiam. Com agilidade, colocou-o no braço e, quase que de imediato, sentiu a sua magia acalmar-se dentro do corpo e a respiração se regularizar.

Com os membros da Ordem ocupados em se reerguer, Alison fechou os olhos e respirou fundo para sua forma animaga surgir.

Ela encolheu de tamanho, e o nariz fino e delicado se esticou e formou um bico afiado, escuro na ponta. Suas roupas e acessórios se fundiram na plumagem castanho-escuro de seu novo corpo. Na nuca, cabeça e asas, as penas eram de um tom amarelo dourado; na cauda arredondada, elas eram pretas.

Transformara-se em um Águia-Real com os olhos azuis penetrantes. No geral, era uma figura encantadora, graciosa, imponente e intimidante.

Alison bateu as longas asas, levantou voo e se afastou do local.

                                          ***

Draco deitou-se confortavelmente em um luxuoso sofá no quarto de sua irmã e colocou a cabeça em uma grande almofada. Estava absorto em um dos exemplares livros sobre Artes das Trevas, da biblioteca particular da garota, que possuía os mais variados gêneros de livros, que na maioria eram proibidos na maior parte do mundo.

Com um barulho de bater de asas, uma grande e majestosa águia adentrou o cômodo pela janela e pousou suave no chão de mármore escuro.

Draco observou com o cenho franzido o imponente animal se transformar em uma garota loira.

Alison retirou sua máscara prateada e jogou-a para longe. Com um suspiro, desabou em um choro silencioso.

Seu corpo tremia. As dores lhe faziam soluçar e dificultavam a circulação do ar em seus pulmões.

Fechou os olhos e vivenciou o pavor de ter seus poderes descontrolados. As imagens voltavam em sua mente, como um filme de terror, um pesadelo do qual ela não conseguia acordar.

Draco se aproximou com preocupação e se agachou. Viu o bracelete dourado vibrar no pulso dela e logo entendeu.

Alison teve uma crise.

Ele envolveu-a em seus pálidos braços e apertou-a contra si. Uma de suas mãos foi para os cabelos sedosos e dourados da irmã e acariciou os finos fios ondulados.

— Está tudo bem, Ali. Você está em casa agora. Nada mais poderá te machucar — ele sussurrou calmamente no ouvido dela. A voz suave e calorosa — eu estou com você, concentre-se apenas na minha voz... isso, respire fundo, estou aqui.

Alison se aconchegou no peito do irmão como uma criança apavorada, indefesa e vulnerável. Tentou afastar os pensamentos do que ocorreu à pouco, mas era difícil. A dor em seu corpo só a fazia lembrar-se do pânico que sentiu.

— Concentre-se em minha voz. Sei que consegue. — A voz distante de Draco ecoou em sua mente, e ela pareceu sair do transe. Fez o que o irmão falou e se concentrou nos toques de afeto e na voz rouca que a acalmava aos poucos.

Os soluços foram diminuindo, e a respiração, se normalizando, assim como o bracelete dourado que pouco a pouco ia parando de vibrar.

Draco aninhou a irmã e depositou um carinhoso beijo em sua testa. Carregou-a no colo e a deitou na cama. Ficou ao lado dela, fazendo com que ela ficasse em seu peito.

Alison se ajeitou melhor na cama e, com os toques suaves em seus cabelos, adormeceu.

Draco observou-a cair num sono leve e tranquilo, longe do pânico que passou, e se permitiu tirar um cochilo.

                                           ***

O cômodo banhado pela escuridão recebia a iluminação do fogo ardente que vinha debaixo do grande caldeirão negro, em que um líquido avermelhado e escuro borbulhava.

Uma grande sombra se projetava na parede de pedra. Lord Voldemort sorriu satisfeito para sua poção quase finalizada e tirou o medalhão de ouro de dentro do bolso interno de suas vestes. Depositou-o dentro do líquido vermelho e observou a relíquia, que possuía um “S” floreado e serpentino, afundar dentro do caldeirão.

Seguiu para a parte mais escura da câmara e abriu a porta de um antigo armário feito de madeira maciça. Observou os milhares de frascos que continham um líquido grosso e vermelho escuro.
Sangue.

— Eu sabia que isso voltaria a ser útil em algum momento — sussurrou por fim.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Comentem o que acharam do capítulo.



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