The mine word: Fire Gates. escrita por gurozu


Capítulo 27
Capítulo 26: Esforço inútil.


Notas iniciais do capítulo

Eai galera, tudo bem? Trazendo aqui o capítulo e sem mais enrolações, bora lê?



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Visão da Pompo:

Ainda está muito escuro lá fora, mas eu não consigo pegar no sono de jeito nenhum, talvez pelo fato de ter dormido a tarde toda. Steve está com uma cara de sono tão relaxada que chega a dar dó de acordá-lo só pra me fazer companhia. Decido sair da cabana pra respirar um ar mais fresco e encontro com meu pai ao lado da fogueira. Sua expressão encarando o fogo é simplória, ele não parece pensar em nada, mas também não está totalmente distraído.

—Oi. –O cumprimento.

—Oi. Não consegue dormir? –Perguntou ele sem tirar o olhar do fogo.

—Não. –Me sento ao seu lado. –Oque foi? Parece emburrado.

—Apenas pensando na sua mãe.

—Mamãe... Entendo.

—Você não contou a ele sobre ela, certo?

—Não. Tenho medo de como ele vai reagir a isso.

—Você não pode esconder pra sempre. Alguma hora ele vai descobrir e é melhor que seja através de você. Isso não é motivo pra se envergonhar.

—Eu não tenho vergonha da mamãe! –Acabo gritando sem querer. –Desculpa, mas eu não tenho vergonha dela.

—Eu sei, mas você tem vergonha do que os outros acham disso.

—Não... Bem... Talvez.

—Você não é um monstro e nem a sua mãe. –Ele passa o braço pelas minhas costas e me abraça. –Vocês são a minha família e isso não vai mudar. –Ele estava certo, não sei por que pensei dessa forma esse tempo todo. Preciso, em algum momento, contar a verdade ao Steve. –Precisa de alguma coisa?

—Vamos ficar assim um pouco mais.

—Tudo bem.

A noite estava tranquila, nenhum barulho esterno nos incomodava e a brisa gelada, combinada com o sopro quente do fogo, era muito aconchegante. Meus olhos estavam ficando pesados e minha boca bocejava constantemente.

De repente eu estava deitada sobre um enorme campo verde. Não conseguia avistar ninguém, nem meu pai, nem o Steve, muito menos a Gisele e as meninas, aliás, eu não conseguia me mexer. Meus membros estavam paralisados e uma grande pressão caia sobre o meu peito. A pressão se transformou em uma dor agonizante de fazerem lágrimas caírem de meus olhos. Algo estava me partindo por dentro, algo queria sair dali e eu estava atrapalhando. O sangue começava a jorrar enquanto a criatura saia de dentro de mim, gargalhando de uma forma horripilante e com olhos tão brancos e brilhantes quanto à neve. A criatura, ainda com metade do corpo dentro do meu, se arrastou até o meu rosto e me encarou por algum tempo enquanto eu gritava de dor. Ela então foi até o meu ouvido e sussurrou: “... Mamãe...”.

Acordei com um grito muito alto, chamando a atenção de todos ao redor. Steve e meu pai estavam terminando de arrumar as coisas nos cavalos e ficaram paralisados com o meu grito. Steve foi o primeiro a vir, seguido do meu pai. Ele parecia assustado e preocupado.

Eu expliquei a eles o que aconteceu. –Foi apenas um sonho, está tudo bem agora. –Disse Steve tentando me consolar.

—Sim, nós estamos aqui por você. –Disse meu pai.

—O-Obrigada.

Depois do pesadelo eu não consegui comer, não tive apetite. Estávamos com vantagem no terreno, então conseguiríamos chegar à fortaleza antes de escurecer, mas algo em incomodava e tinha a ver com o que meu pai me disse ontem à noite.

Eu quero dizer a ele... –Ele vai nos odiar...—O Steve não faria isso... –Você sabe oque acontece...—Eu não quero saber... –Você precisa esconder... —Não! Eu preciso contar, ele merece saber a verdade.

A viagem foi longa, mas conseguimos retornar a fortaleza. Um pequeno grupo de esqueletos, junto com o restante da guarda da fortaleza, vigiava o portão destruído. Eles nos receberam e nos levaram até o quarto onde a Rhoku estava.

Sua pele estava pálida, sua boca seca, seus cabelos quebradiços e seu corpo muito magro. Ela estava deitada em uma cama de casal, ainda com o cadáver da Hiffe ao seu lado que, aquela altura, já estava começando a feder, coberta por um fino lençol.

—V-Vocês... Conseguiram... –Disse ela com uma voz rasgada e sem fôlego.

—Não sabemos se é tarde demais, mas podemos tentar mesmo assim. –Falou Steve, apresentando a pequena Gisele.

—Ela é uma gracinha... Qual o seu nome...?

—G-Gisele...

—Não precisa ter medo de mim... Posso te pedir um favor, Steve?

—Claro.

—Caso eu morra eu quero ser enterrada junto da Hiffe. –Ela segura a mão do cadáver. –Foi por isso que eu a deixei aqui até agora, ela faria o mesmo por mim.

—Pode deixar. –Steve ergueu a Gisele no colo e a colocou gentilmente sobre o corpo da Rhoku. Ela levantou o vestido, revelando a cicatriz do ferimento. –De o seu melhor.

—Vou tentar... –Gisele colou a mão em sua testa e recitou algumas palavras, criando um brilho metálico nela. Ela colocou as mãos juntas sobre a cicatriz e começou a assobiar calmamente, criando um eco dento do quarto. –Ahu shin himaen... Atai naty ni tomi toto ni omusa iu... Jiarri na naty no ihosu... Gahai ni naty ni uko ni fia sore hotto rilan... Temi ni kaha ihosu... Tsozuri ojoha ni konode ni himaen... Nuhime hinney ni negom... Deat ni arani... –O brilho em suas mãos aumentava pouco a pouco até que não fosse possível enxergá-las. A expressão no rosto da Rhoku era muito tranquila e pacifica, ela parecia feliz.

Quando a luz se acabou e a canção terminou, Gisele desceu da cama, cansada. A cicatriz havia sumido, oque poderia significar que havíamos conseguido se não fosse por um pequeno detalhe: Ela não estava respirando.

O olhar de felicidade em seu rosto não mudou desde o fim do processo. Um grande silêncio varreu a sala em pouco tempo, até que o medico da fortaleza viesse declarar o ocorrido.

Era triste, mas nós havíamos falhado na missão. Steve e eu saímos da sala e levamos a Gisele, que parecia tão abalada quanto nós.

—A culpa foi minha...? –Perguntou ela de cabeça abaixada.

—Não, querida, isso foi... –Eu queria dizer alguma coisa, mas me faltavam palavras.

—Isso foi à vontade de Deus. –Disse Steve.

—Verdade?

Ele se ajoelhou ao lado dela. –O tempo dela já havia acabado. Você não poderia fazer nada mais por ela.

—É porque eu sou fraca? Ela morreu porque a minha cura não é muito forte.

—Não diga isso. –Ela parecia triste. –Pode chorar no meu ombro se quiser.

A garota não pensou duas vezes e se jogou em prantos sobre o Steve, que afagava seus cabelos, dizendo coisas como: “Está tudo bem” ou “Você vai ficar bem”.

Depois de reencontrarmos meu pai e pedirmos pra ele cuidar da Gisele por um tempo, nós decidimos caminhar um pouco. A culpa não caia somente sobre a Gisele, mas sobre nós também. Steve me levou até um quarto no dormitório dos soldados, onde ele diz ter dormido uma vez.

—Que situação... –Disse ele se jogando sobre o edredom forrado no chão.

—Isso é terrível. Pensar que não pudemos fazer nada pra mudar.

—Pelo menos nós tentamos. Pior seria se não tivéssemos feito nada.

—Poder ser, mas...

—Vem cá. –Ele me puxa e me coloca ao lado dele. –Você está muito tensa. –Ele me beija.

—N-Não podemos fazer isso agora, e tem o bebê também...

—Eu só vou te acalmar um pouco. –Ele me beija novamente, por mais tempo dessa vez. –Não se sente mais calma? –Sussurrou ele em meu ouvido.

—Não... M-Me sinto envergonhada.

—Então estamos fazendo progresso. –Ele começa a beijar o meu pescoço enquanto alisa o meu corpo calmamente.

—E-Eu sei que você não quer isso. Não precisa se forçar... Só pra disfarçar o que sente.

Ele parou de fazer o que estava fazendo e se sentou ao meu lado. –Desculpa, isso deve ter te assustado.

—É bom você querer tomar uma iniciativa, mas não agora. –Eu abraço sua cabeça e a coloco apoiada no meu peito. –Você tem segurado muita coisa até agora. Você não chorou até agora sobre ter perdido o seu mundo, sobre a perda das minhas memórias, sobre a morte da Hiffe e agora sobre a morte da Rhoku... Pode me usar como travesseiro e soltar toda a sua tristeza sobre mim.

Aquilo deve ter sido a gota d’água pro Steve. Ele começou a chorar lentamente até começar a berrar e a liberar tudo que estava preso, enquanto eu afagava sua cabeça e repetia as mesmas coisas que ele disse a Gisele agora a pouco.

—Eu sou um inútil, eu só piorei tudo...

—Você tentou mudar as coisas, não é vergonha nenhuma falhar em alguma coisa. Você tem a mim, isso não é uma vitória?

Ele ergueu o rosto e me encarou. –Você tem razão. Enquanto eu tiver você ao meu lado eu nunca vou desistir.

Demos um último beijo, sem sentimentos impuros dessa vez, apenas o reflexo do nosso amor. O que me lembra que eu preciso contar a ele sobre “aquilo”.

—Steve... –O chamei meio sem graça.

—O que foi?

—Eu havia dito que eu sou uma Creeper e isso não deixa de ser verdade, mas não é toda a verdade. –Ele parece curiosamente surpreso, mas permanece em silêncio. –A verdade... É que eu sou uma mestiça.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Deixem um comentário. Não gostaram? Deixem um comentário também.
Sem palavras aqui, e vocês?
Eu vou viajar amanhã e não vou poder levar o meu computador comigo (triste), então os capítulos ficarão mais raros até o próximo mês. Eu vou postar o Spin-off no dia 23, fiquem tranquilos, mas não sei quanto a fic principal, então vocês estão avisados.
Até o próximo capítulo.