olhos caindo
mas não consigo dormir

ansiedade
vontade
de poder fugir daqui

segundo as cartas
eu preciso me jogar
em uma mesa de incertezas
sem medo de onde isso vai dar

mas não sou corajosa
como pretendo aparentar

engano minha liberdade
me prendendo
remoendo
pensamentos
alguns rápidos
outros lentos
tão lentos
que envenenam

sufocam

e te deixaram ir embora
com meu sono
sorrateiro
na saudade
sentimento
ligeiro

talvez nada disso faça sentido
mas quando é que fez?

uma vez

momento errado
que foi certo
arrastado
complexo

você na rua
perplecto

eu em casa
sem reação

encontro de almas
em um só bordão
cantando a música mais linda
da nossa playlist
ao som das batidas
do meu coração

no seu beijo vi estrelas
algumas pétalas ao chão
caíram nos nossos colos
avisando 
erupção
desse vulcão
lava de risos
queimando
em paixão

me deu a mão

escorreguei
tantas vezes
que nem notei
você deixou
eu deixei

a gente seguiu
até transbordar
nossos copos tão cheios
não aguentavam mais segurar
cada um quebrou em um canto
esperando o outro juntar

o acaso jogou os cacos
já que o orgulho não quis retirar
nos abaixamos para juntá-los
e ao ver minha mão sangrar

paramos
lembramos
sorrimos
choramos

lágrimas sinceras
de um amor profundo
ingênuo
obscuro
sereno

sua boca me chamou
como sempre fez
em um afago me recuo
e te beijo outra vez

não sei me conter
não sabia o que dizer
mas tu sabe ler o meu olhar
mesmo que eu tente esconder

adoro dissertar sobre nós
nossos nós
nossos laços
tão firmes
mas cegos
me cega
me pega
apega

só quero dançar contigo outra vez
se não for tarde demais
não esquece 
que eu não vou te esquecer
jamais

tô inspirada
tô errada
tô aqui
ainda querendo fugir
escrevendo sobre o quanto doeu te ver sair
e ir
embora
sem hora
pra voltar

o dia tá amanhecendo 
e eu não paro de pensar
no que poderia ter acontecido
se o acaso não existisse
como você ousou dizer
ao ver minha mão escorregar

só queria
te falar