Cristal escrita por Mia


Capítulo 27
Capítulo 26 - Cairo


Notas iniciais do capítulo

FINALMENTE o último capítulo de Cristal ♥, mas antes de vocês partirem pra leitura me deixem esclarecer algumas coisas

1; É evidente que a história não acaba aqui, Cristal tem continuação e se chama a Ametista, ela pode demorar um pouco pra ser postada porque ainda estou sem computador, no entanto metade dela já está escrita, só me falta editar e assim que fizer isso eu posto os primeiros capítulos. É só ficar de olho no meu perfil

2. Disponibilizei o pdf de Cristal pra download caso vocês se interessem em ler ele de novo ou passar o arquivo pras coleguinhas, inclusive nesse pdf eu fiz algumas modificações, não interferem em nada na história, só alguns capítulos que eu acrescentei algumas cenas. Quem tiver vontade de baixar, o link é esse https://www.4shared.com/office/aVKwpmf9ei/1_Cristal_Kamila_Borges__1_.html

É a primeira vez que coloquei um arquivo pra baixar por isso se tiver algum problema, please me avisem

3. No final do pdf tem a sinopse de Ametista ♥

Divirtam-se



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Um frenesi de repente interrompeu a calmaria até então instalada ali, Luce ergueu sua cabeça, ate então apoiada nos braços, e encarou a todos com atenção, os homens que tinham entrado dentro da floresta mais cedo saíram e formavam um semicírculo, todos olhavam pra cima, quando Luce acompanhou o movimento viu uma coisa branca surgir no céu escuro, levou alguns segundos para reconhecer Cairo e a figura imóvel que ele trazia nos braços.

— Cairo encontrou sua amiga – Marcia disse, parando ao seu lado. Luce olhou pra mãe e franziu o cenho, era a primeira vez que ela se dirigia a filha desde que a tinha libertado do carro de Isaac – Eles vão precisar de mim pra acordá-la, você quer ajudar?

Em outras circunstâncias Luce teria se negado a ir, mas era Lana ali, e ela precisava saber se a amiga estava bem, se sentia em divida com ela, se não fosse por toda sua filosofia estupida em manter distancia daquele mundo, Luce poderia ter evitado toda aquela confusão fazendo a coisa certa. Ficou de pé e acompanhou Marcia até o semicírculo ainda formado, Cairo estava de pé, com Lana inconsciente em seus braços, mas fora alguns arranhões, ambos pareciam bem.

— Ela foi ferida por um Exilado – ele disse quando Marcia chegou perto o bastante para ouvi-lo – Desmaiou logo em seguida.

— Não parece ter sido profundo, talvez o choque tenha contribuído pra isso, ela vai ficar bem.

Ele a colocou com cuidado no chão, apoiando a cabeça dela em seu colo. Cairo ainda era alguém estranho pra Luce, mas estava surpresa com a expressão preocupada que via em seu rosto, com certeza fora a coisa mais humana que o vira fazer desde que tinham se conhecido. Marcia pediu para todos se afastarem enquanto se agachava perto de Lana, ela pegou o braço machucado dela, murmurando uma serie de palavras desconhecidas que Luce secretamente odiava.

***

Ela estava à deriva, seus dedos agarravam um nada promissor, e suas pernas pareciam magicamente suspensas. Lana nunca havia sentido tal paz ou plenitude antes, como se o mundo coubesse nas pontas dos seus dedos, e o pertencesse, para moldá-lo da forma que desejasse. Mas na rapidez que a sensação veio, se foi, e a dor que sentiu por sobre seu corpo veio acompanhada de um cheiro inconfundível de éter, quando forçou suas pálpebras abrirem, o excesso de branco e sussurros a sua volta pareceu atropelar seus sentidos. Lana tentou levar suas mãos para o rosto e tampa-lo, mas então os braços estavam presos e estirados ao lado do seu corpo.

— Cuidado. - alguém delicadamente sussurrou, era uma mulher, Lana a encarou, ainda cerrando suas pálpebras e a visão meio turva. Tinha uma mulher ruiva sentada ao seu lado, seu rosto sério parecia de alguma forma familiar, mas seus olhos castanhos eram gentis. - Esta com dor?

— Sede. - murmurou, a voz saindo grossa e estranha. Sua garganta parecia está em chamas.

A mulher assentiu, pegando o copo de cristal e derramando água nele, ela gentilmente a ajudou a beber, e quando sentiu a água fria entrar, Lana pode pensar com clareza.

— O que estou fazendo aqui?

— Meu nome é Marcia. - ela sussurrou, repondo o copo no criado mudo. - Você foi ferida, por isso está aqui.

Os exilados, o cara de asas brancas e cabelo prateado, Thor ferido. As lembranças vieram como uma avalanche e ela sentiu sua cabeça rodar por um instante, Lana tentou sentar, e dessa vez, Marcia deixara seus braços livres.

— Vou chamar Cairo, ele sabe o que de fato aconteceu com você.

Lana abriu a boca, mas quando formulou sua pergunta, a porta abriu e uma figura alta e masculina a atravessou. Cairo parecia usar as mesmas roupas negras e pesadas da outra noite, mas seu rosto parecia leve, de certa forma, centrado, e ela não sentiu como se fosse ser engolida pela sua magnitude. Ele arriscou um olhar em sua direção, e então centrou sua atenção em Marcia, que agora estava de pé com os braços cruzados nas costas.

— Pode ir, quando terminar aqui, mando chama-la. - disse.

Marcia assentiu uma única vez, antes de passar por ele e sair.

— Está com dor? - ele perguntou depois de um longo tempo. Lana se limitou a balançar a cabeça, ignorando a súbita tontura que o movimento causou. - Um dos exilados conseguiu machuca l, mas Marcia estacou o ferimento.

— Quanto tempo eu estou dormindo?

— Três dias. - Cairo se aproximou, sentando na mesma poltrona onde Marcia havia se acomodado. Sua figura era grande, com pernas compridas e braços musculosos, mas o que a impressionava, era o poder que sentia emanar dele, como uma onda magnética que beliscava sua pele e arranhava a superfície,  mais um pouco,  e Lana podia sentir se afogar. - Você estava exausta, muitas coisas aconteceram, sua inconsciência foi mais por choque do que ferimentos.

De alguma forma, isso a aliviou.  - Eu me lembro disso, de ter sido atacada, de você me puxando pra... Cima. - essa parte ainda era confusa, ela não queria entrar nos detalhes das asas, ainda não se sentia segura de que tudo aquilo havia, de fato, acontecido, ou se não era parte de um sonho real demais. - Em que quarto Thor está?

— Ele não está aqui.

— Mas ele estava ferido e...

— Não sei o que aconteceu com ele, minha prioridade era salvá-la.  - seu rosto estava inexpressivo, como uma estátua, mas seus olhos ainda eram letais.

— Como não sabe? Ele estava lá pra me salvar, ele se arriscou...

— Se não fosse por ele, você não teria estado em perigo. - Cairo ficou de pé, o movimento causou frenesi em Lana e ela prendeu a respiração. - Os Exilados conseguiram alcança lá por meio dele, até então,  você não deveria ser capaz de ser machucada por qualquer um deles.

— Não consigo entender, porque isso está acontecendo?

— Há duas respostas para a sua pergunta - Cairo sentou na beirada da sua cama, toda sua atenção presa em Lana.- Você é a guardiã de um segredo importante, guardado bem antes do seu nascimento, o que atrai criaturas como Thor e seu desejo de ascender. Nós não temos conhecimento pleno da força que seu medalhão guarda Lana, mas mantê-la viva é uma missão de vida.

Lana passou os dedos pelo seu pescoço vazio, o movimento fora inconsciente, sentir as pontas dos dedos nus trouxe uma desolação para si, o medalhão de forma antiquada e fosca a acompanhava como uma sombra pendurada no pescoço, mas imagina-lo de outra forma, como algo mágico e poderoso, moldava seus sentimentos.

— Ele pertenceu a sua mãe.  - Cairo continuou. - e antes dela, pertencia a sua avó, esta na sua família a gerações.

— Não está mais comigo - murmurou.

Ele assentiu. - Vamos recuperá-lo, mas enquanto isso, você ficará sob meus cuidados, ate que possa se defender sozinha.

— Isso parece bom, ter um guardião, mas não quero viver dessa forma, eu tenho uma vida, uma família, e adoraria poder voltar pra eles.

Não era de todo verdade, mas Lana não sabia se estava propensa a embarcar em algo tão desconhecido e perigoso.

— Você está com medo - Cairo disse, pousando sua mão por cima da dela, seu toque foi seco e distante, como se não fosse acostumado com esse tio de afeto, no entanto, Lana apreciou sua tentativa - Sou uma dominação Lana, um anjo,  e prometo protegê-la, e prometo ajudar a descobrir sobre seus pais, entender seu passado. Não deseja fazer isso? Saber o que aconteceu com eles?

Ela desejava, sim, era uma incógnita, como um ponto de interrogação em cima da sua testa. Ela sempre desejara saber sobre os pais adotivos e entender a razão de ter sido abandonada, e agora, entender qual seu papel naquilo tudo, mas por hora, ela precisava das respostas imediatas.

— Onde estou?

— No Instituto, o lugar mais seguro pra você no momento.

— E vou ter que ficar aqui até...

— Encontrarmos seu medalhão, e você suas respostas. Helena morou aqui durante anos, não existe lugar melhor para conhecer sua mãe.

Sua mãe morta. Relutantemente, ela assentiu, ciente das coisas que a perseguiam, de Sophia, e da necessidade de conhecer seus pais.

— E então estarei livre?

Cairo levou um instante para assentir, mas o fez com confiança. Lana sentiu seus ombros relaxarem quase instantaneamente diante da sua promessa. - Mas ainda quero saber o que houve com Thor, ele estava sendo atacado quando o deixamos.

Cairo ficou de pé e ela viu seus ombros ficarem então tensos,  como se o tópico o irrita se. Segundo ele, Thor era um inimigo,  embora a tivesse salvo, mais de uma vez,  mas parecia inútil pontuar isso, é Lana não sabia o quanto ele era confiável para expor a profundidade das coisas que haviam vivido em Lorenzo. O anjo virou de frente pra ela, seu olhar frio, observando a com atenção.

— Exilados são criaturas facilmente controladas e maleáveis, ofereça um pouco de carne e então os terá a sua disposição, mas são fracos, não é possível Thor ter sido morto por eles, ou gravemente ferido. Ele está bem.

E só porque Lana o viu lutar, ela foi capaz de acreditar nele.

— Você vai precisar ficar aqui por mais alguns dias, precisa de alguma coisa?

— Se eu for ficar aqui, vou precisar ver meus pais, eles não têm noticias minhas há dias.

Cairo assentiu. - Cuidarei disso.

Um silêncio incomodo caiu sob eles então,  e ela desejou poder ficar sozinha, mas a porta abriu, e um rosto familiar surgiu pela fresta aberta. Lucy deslizou seus olhos verdes por Lana, medindo a, parecia ansiosa e preocupada, e Lana apertou os dedos nas cobertas surpresa. O que Lucy, de todas as pessoas, fazia ali?

— Algum problema Luciana? - Cairo disse, olhando por sobre o ombro.

Lucy o encarou e entrou de vez no quarto, ela parecia tímida e nervosa.

— Isaac fugiu.

***

Thor deixou seu corpo cair nas pedras e apreciou o choque nos músculos doloridos. Ele tinha conseguido se arrastar até um lugar seguro depois que a luta com aqueles Exilados drenara toda sua energia, mas o esforço demasiado ainda cobrava seu preço. Ele se sentia como um nada cheio de hematomas e dores, e exatamente por isso não voara até o anjo e arrancara Lana dos seus braços.

Parecia inútil pensar nisso agora, ele já havia cumprido sua promessa, estava livre da sua dívida e poderia, enfim, seguir com seu caminho. Mas sua cabeça ainda montava estratégias, e tudo que ele sentia, era vontade de correr até ela. Uma hora isso iria acabar, pensou, abrindo seus olhos e encarando aquele céu negro e suas estrelas brilhantes, uma hora sua obsessão por aquela garota iria diminuir e ele encontraria paz.

Galhos secos foram quebrados e uma figura igualmente machucada surgiu, Isaac andou até ele, sentando do seu lado, e suspirou.

— Pensei que estivesse morto - disse depois de um longo tempo, deixando seu corpo cair em uma posição igual à de Thor. - O anjo de cabelo branco falou isso, que você tinha sido morto por Exilados, parecia bem confiante disso.

— Exilados não podem me matar.

— Eu sei, mas talvez tivesse sido o anjo, e então ele poderia ter inventado essa desculpa pra justificar sua ausência.

O nome dele era Cairo, e dado à maneira como o encarou naquela estrada, Thor poderia concordar com a teoria de Isaac.

— Não foi por falta de vontade - resmungou.

— Eles me capturaram, graças a Luce, ela deve ter conseguido viajar de alguma forma e chamado por ajuda, foi assim que descobri que eles tinham conseguido alcançar Lana.

Eles sabiam que Luce era especial, mas não a extensão de seus poderes, era uma informação útil aquela. Thor encarou Isaac, pela primeira vez desde que chegara, e viu seu rosto salpicado de hematomas e ferimentos que não estavam curando.

— Eles me torturaram, queriam saber como nos a encontramos - grunhiu, seus olhos brilhavam com uma raiva mal contida - Conseguiram serem piores que os caídos.

— E eles se denominam celestiais. - Thor resmungou, com deboche, antes de sentar e encarar o pátio silencioso de Lorenzo. Os alunos haviam sido mandados de volta para casa, como acontecia a cada seis meses, e o intento nunca esteve tão silencioso, como se estivessem sozinhos naquela construção grande e antiga.

— Você disse alguma coisa?

— Não. Mas eu deveria ter colocado um alvo nas suas costas, seria útil, principalmente depois da sua traição.

Thor deu de ombros. - Já tem, Cairo sabe que não estou morto.

— Por que não disse que não a mataria? Porque nos deixou ser enganados assim?

— Porque se eu não o fizesse você a teria matado.

— Sim, mas não entendo porque você se importa.

Thor não poderia explicar algo que nem mesmo ele entendia, ao invés, voltou a encarar o jardim silencioso e vazio e suspirou. - Você também não matou Luciana quando foi solicitado.

— São casos diferentes.

Ele riu. - Sim. Absolutamente.

Isaac levou seu tempo para sentar ao seu lado, pelo canto do olho Thor viu os cortes profundos nos seus dedos e a cor esverdeada por cima da sua pele, onde a ferida estava aberta, ele sabia o quanto aquilo demoraria para cicatrizar.

— Foi Luciana que fez isso com você?

— Não. Mas a mulher era muito parecida com ela, jeito estranho de conhecer sua quase futura sogra.

Se fossem outras circunstâncias Thor teria rido.

— Eu ainda quero aquele medalhão, e você ainda quer Lana. Não arriscaria tanto pro no final deixa lá ir com outro.

Sua natureza possessiva era conhecida até mesmo por Isaac, e ele não podia se importar menos com isso. Thor a queria, e desde que ela o enfrentara naquele pátio, não havia tentado esconder isso nem mesmo um segundo. Mas agora, até mesmo ele e sua impulsividade, sabiam que as circunstâncias eram outras.

— Ela está perdida pra mim - resmungou, ciente de como a declaração o deixava patético e fraco.

— Nos sabemos aonde ele vai levá-la, e ainda podemos pegar o medalhão de volta, agora, trabalhando juntos, teremos uma chance maior. E Lana confia em você.

Ela confiava, ela fugiria com ele, se o anjo não tivesse surgido e a arrastado para longe. Mas ainda era Isaac ali, e apesar de se sentir patético e fraco, Thor não era burro. - E quanto a você, eu não confio em você.  Você a queria morta não tem três dias Isaac.

Ele revirou os olhos e desdenhou sua acusação com uma mão.

— Isso foi antes, eu ouvi coisas enquanto estive preso,  eles atribuíram um esquadrão apenas pra protegê-la, o medalhão não precisa da morte dela para ser ativado. Não sou tão cruel assim Thor, não a mataria apenas por prazer.

Sim, ele o faria, e ambos estavam cientes disso. E Thor, mais do que ninguém,  sabia que a proteção de Lana ia além de ativar ou não o medalhão, mas eram informações que apenas ele sabia, e não as dividiriam com Isaac e sua mente doentia.

— Faremos as coisas do meu jeito agora - resmungou. As dores não o incomodaram tanto quando levantou, seus olhos varrendo aqueles prédios com outros objetivos.

— Temos uma aliança então? Dessa vez sem truques?

Ele assentiu, mas antes de ir, virou de frente para Isaac, o erguendo e jogando seu corpo mole e ferido contra uma árvore.  - Se eu pelo menos desconfiar que você planeja me trair, o que sofreu nas mãos dos anjos não chegará perto do que farei com você.

— Eu já sabia disso quando propus isso a você - resmungou, e um filete de sangue desceu pelo canto da sua boca - Temos muito a perder Thor, não vou nos arriscar desse jeito.

Ele não acreditou, nem por um instante, nem por um segundo. Mas o soltou mesmo assim, e ofereceu sua mão para selar aquele acordo infame. Thor já sabia o que deveria fazer, e o faria, logo que o sol despontasse pelo céu e anunciasse um novo dia.

Ele iria atrás dela, e seria capaz de matar quem se opusesse no seu caminho.


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Notas finais do capítulo

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