P.O.V  Nick

Eu havia mudado tanto dês de que me apaixonei pela Judy. Começando pelas calor das minhas patas , subindo até o meu peito e a coluna até os meus pêlos sensíveis.

Felicidade. Que calor gostoso deu-me sendo minha estrela durante nossa noite de amor molhado . Eu agradeço à você e a  primeira estrela brilhante do céu, que sempre chamei de Evangeline quando era filhote ,  por me dar muito mais do que palavras quando tudo não passava de frio e escuridão. Por terem feito com que Judy e eu nos encontrássemos naquela cidade tão grande .

Ah, estou agindo como um filhote que precisa de papel e giz de cera para desenhar os contornos do amor.

Saímos daquela floresta de mãos dadas querendo prolongar ainda mais aqueles sentimentos que estavam correndo em nossos corações, não querendo mais se separar um do outro. Parecia que as cores escuras da noiteestavam mais brilhantes e as estrelas brilhavam iluminando a noite.

Nossos pés estavam leves como plumas.

E meu nariz sensível farejou os odores intensos dos pinheiros  -  seus troncos, as suas pinhas e suas folhas que pareciam  agulhas minúsculas  – como também identifiquei  os aromas suaves como eucaliptos , samambaias, cipós , trevos,  alhos selvagens e muitas plantas verdes que não me lembro os nomes de cabeça. 

Eu não queria admitir, mas já ansiava pelos próximos abraços e beijos roubados . Sim, o predador estava ficando faminto, outra vez .

Agora eu não posso acreditar que o meu coração superou minha razão para me fazer ver que a cenourinha  é a minha melhor recompensa. E derrubou todas as cercas que eu levantei contrao mundo.

Estou agindo como uma marionete boba . E Judy tem as cordas para me puxar.

—Você me fez muito especial ,Nick. – disse ela puxando-me de volta para longe dos meus pensamentos .

—E você fez o mesmo comigo, cenourinha.- disse apertando ainda mais minha pata na dela.

Ela riu: - Até quando você vai me chamar disso?

Eu não sei quando esse apelido teria um fim,mas era tão bom ver a cara que a cenourinha fazia quando eu chamava – à assim ,    talvez  quando eu ficasse um  velho gagá. 

— Eu tô feliz , Nick.

—Eu também – sussurrei em suas orelhinhas.

Ao abrirmos a porta da toca da família Hopps  ouvimos barulhos de conversa na sala de jantar .

—Mamãe? Papai?

—Aqui na sala , meu amor.

Chegamos na sala. Todos os coelhinhos e os coelhos mais velhos viram nós dois de patas dadas.

—Coelhota! – veio correndo o pai coelhão abraçando –a bem forte. –Graças ao Coelhão que vocês dois  estão são e salvos. Eu e  a sua mãe temos boas noticias . O irmão do ex-prefeito Leonardo , Rashid estava aqui .

O irmão caçula do Leonardo Rei , Rashid  ficou conhecido por ser  um leão que não gostava de ficar no centro das atenções . Ele gostava de ser um invisível , mas isso acabou quando seu irmão foi preso.  Mas o que ninguém esperava era que Rashid se saísse melhor do que o antigo prefeito.

E ao contrario do seu irmão, sua juba é negra e ele é cego.

Rashid ficava até tarde assinando leis em braile , decretos e aprovando projetos que ajudassem a cidade. Rashid atendia todos os que precisavam de ajuda, prestava socorro ... mas nunca imaginei que ele viesse aqui.

—E o que ele estava fazendo aqui, papai?                     

— Ele  foi um lutador contra o búfalo  , conseguiu acalmar o seu chefe, quero dizer,  e o senhor Bogo não vai mais prender os meninos.

“Ufa! Isso que é uma boa noticia.”

 -Conseguiram dar uma volta para respirar um pouco longe do chefe bravo? –perguntou minha mãe.

—Sim, mamãe . – resolvi responder com uma mentira bem pequenininha. – Eu e a Judy fomos tomar um café e dar uma volta .

—Vocês não foram na floresta, não é?

—Não , senhora . – respondi sentindo um suor frio sair da minha testa.

—Por que a senhora pensaria isso, mãe?!- perguntou Judy ficando com um leve rubor nas bochechas.

—Nada. Acho que devo ter ficado muito cansada... sabe, pensei ter ouvido um uivo de lobos na floresta durante a tarde, meu bem. Mas seu pai disse que lobos não uivariam durante a tarde.

Fui um tolo em ter uivado quando Judy me beijou no pescoço me levando a loucura de uivar como os meus primos –lobos , um tolo em  ter esquecido que coelhos tem uma audição impressionante.

—Mas mamãe... – Iorek surgiu em cena. – A senhora não tem com o que se preocupar. A Judy tem o Nick , e ele pode muito bem proteger a minha irmã Judy. Lembra daquele caso das Uivantes?! Quem estava lá para cuidar da perna ferida da Judy?!

—Sim, meu amor. Nosso filho tem razão. Judy tem um bom ...bom  namorado que pode protegê-lá de criminosos e de ENCRENCAS.

Não havia entendido o porque da voz do pai da Judy  ter ficado em tom agudo até olhar para o relógio - cuco da parede fazer aquele barulho.

CUCO. CUCO.CUCO.

—Oh meu deus Judy , já é tarde. Vamos depressa que o festival está esperando. – E senhor Gil e a senhora Bonnie foram empurrando a Judy até o seu quarto para se trocar .

E o pequeno Iorek e os outros coelhinhos ficaram ali , do meu lado.

— O que foi? – dirigi-me a eles sem entender porque estavam me olhando de um jeito estranho... pareciam que sabiam de algo que eu não suspeitava.

—Vamos Milorde Arqueiro Valente, vamos indo.

Então milhares de coelhinhos fofos pegaram em minhas duas patas , na barra da minha camisa e começaram a me puxar .

—Eeeii , para aonde estão me levando?!

—Para trocar de roupa. Você não achou que iria na festa vestido assim , não é?! Nossa mãe não iria deixar você usar as mesmas roupas que usa na cidade grande.- disse Sansão puxando-me dentro do ateliê da senhora Bonnie .

Era um ateliê bem bagunçado cheio de panos de várias cores e estampas, linhas multicoloridas , zíperes  e botões de todos os tamanhos e , é logico , e não menos importante as maquinas de costuras. 

—Mamãe é a melhor costureira das Tocas e ela tem muito orgulho em customizar roupas para todos , principalmente para você, Nick. – disse a pequena Marian , a irmã mais nova favorita da cenourinha entregando um pirulito de mirtilo para mim.Adoro ganhar doces, apesar de ter passado da idade de chupar pirulitos com o rosto de neve fofo do Olaf .

—Obrigado. –digo ao abrindo o papel do doce.

Mas antes de colocar o doce em minha boca , eu me ajoelho até a pequenina , pego seu rosto com as minhas duas patas e dou um beijo bem barulhento em sua testa.

—Hihihi, o nariz gelado dele faz cocegas ,mamãe !

Então a mãe – coelha aparece de surpresa diante de mim e eu acabo soltando um guincho.

— Está prontinho, Nick?

—Acho que estou sim.

A senhora Bonnie me levou até o provador de roupas e entregou-me uma roupa com a minha cor favorita : - verde – água.

A roupa não estava me apertando. Era bem confortável . Parecia que tinha sido feita sob – medida. Estava muito boa, mas era uma pena que no provador não havia nenhum espelho.

—Pronto , Nick? – gritou todos os coelhinhos. Inclusive ela.

—Estou!

— Então deixe-nos  ver você! – gritou todos de uma vez.

“Espelho, Espelho mágico das histórias

Diga-me que eu sou lindo!”  , desejei com todas as minhas forças.

E com um barulho de zás abri a cortina e me revelei para eles.

Foi naquele instante em que pude me olhar no espelho. E foi maravilhoso. 

Minha camisa era de manga cumprida, três botões que quando se encaixavam se transformava em folhas e na minha cintura havia um cinto em formato de sol e estava vestido com uma calça era de azul marinho bem confortável .

Estava bem charmoso para falar a verdade.

—Nick , você está fabulindo! – disse as coelhinhas – pequeninhas .

Enquanto isso, Judy e os pais estavam boquiabertos diante da minha mudança de estilo. Nada saia daquelas bocas escancaradas .

Mas a verdadeira “belezura” era a Judy. Ela estava com um vestido laranja muito lindo. Estava como uma verdadeira cenourinha.

Eu queria tanto correr até a Judy , abraçá-la e dizer o quanto ela estava linda naquele vestido.

Já os meninos se ajoelharam diante de mim e exclamaram:

—Ele está igualzinho ao Robin – Hood!

UAU ... Robin- Hood?! Não podem estar falando sério ?!

E com um único salto,Iorek saiu da sala correndo e voltou num piscar de olhos com um chapéu idêntico do Robin Hood.

—Aceite como meu presente de amigo.

Aquele presente .... fiquei sem palavras por aquela felicidade de ter um amigo,  mas agradeci com um obrigado com os lábios .

— Papai! Mamãe! Vamos , se não vamos nos atrasar ! – disse Tambor pegando na barra da camisa da senhora coelha.

E como se tivesse de um transe , a senhora Bonnie sacudiu a cabeça felpuda .

—Nick... eu não tenho palavras para dizer o quanto você está muito bom nessas roupas.-  disse o senhor Stu puxando todos os coelhinhos e a Judy para fora de casa me deixando sozinho com sua esposa  num silêncio .

Não era um silêncio pesado. Era necessário para eu formar as minhas palavras.

—Quanto eu te devo pelas roupas?

—Não. Você já fez tanto por nós salvando os meus meninos... e sempre apoiando a minha Judy que ...

Entreguei na pata dela uma nota  sem mais ou menos.

— Fique com isso e o troco. A senhora fez a melhor roupa que já vesti, e na cidade , é muito difícil achar os costureiros que tem capricho naquilo que fazem.... principalmente para as raposas.E esse dinheiro pode ajudar no seu hobbie . A sua filha também fez tanto para mim que está na hora de retribuir devolvendo para a senhora.

E aquela senhora me puxou num abraço bem apertado. Mas não era forte como o do Garramansa ou Gideon Gray. Pode acreditar em mim que os abraços do Garramansa  eram como abraçar uma jiboia. E isso não é nada agradável . Mas o abraço da senhora Bonnie era aconchegante como o de uma mãe. Como o da minha mãe.

—Oh Nick, você faz tanto para alimentar a minha filha com sua confiança... Abençoado seja. Abençoado !