Encontro Marcado escrita por Jessica Calazans


Capítulo 24
Capítulo 24




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— Por que tem tanta certeza?  Por que Vitória? – A Beraldini não soube por que de repente ficou tão tensa, sentindo as batidas do coração falhar e Emília não soube dizer se aquela expectativa era algo bom ou ruim.

 

— Porque eu sou sua mãe, Emília, eu sou a sua mãe – Vitória não soube como conseguiu encarar os olhos da sua menina ao dizer tais palavras. E nem como elas soltaram de seus lábios.

 

— O que disse? –  Bruscamente Emília se afastou dos braços antes tão reconfortantes, mas que agora a apertavam de um modo estranho. A pergunta quase inaudível enquanto encarava a mulher a sua frente



— A verdade, filha, eu sou sua mãe, e aquele bebezinho era o meu neto. Minha menina, eu te amo tanto… tanto que..  –  Vitória fez menção em abraçá-la de novo, mas foi interrompida …

 

— NÃO TOCA EM MIM, NÃO OUSE TOCAR EM MIM – Gritou rápido demais, enquanto com a mesma a agilidade descia da cama para longe daquela mulher – Não, não pode ser – Era notável o quanto ela estava perdida, e também o sofrimento enquanto a ficha caia



— Minha filha, por favor …. –  Emília suplicou ainda com os braços estendidos, as lágrimas banhando o rosto levemente enrugado



—  Não, não pode, não pode ser verdade. Tem que ser mentira. Por que, senhora?  Por que brincar comigo desta forma? Eu acabo de matar meu bebê e você vem com essa mentira sórdida?  Por que? Quer se vingar de mim? É isso que é senhora quer? Não pode ser verdade ... –  Um soluço a interrompeu, e Emília logo se viu em lágrimas outra vez, não queria acreditar naquela verdade tão dolorosa. Não podia crer que Vitória, a moça a qual tinha se apegado tanto, que sentia um carinho tão grande, fosse também a mulher que mais odiava no mundo.



— Emília, eu jamais faria isso!  Por favor me escuta. Deixa eu  me explicar pra você, filha, eu te imploro! – Vitória também se levantou, enxugando as próximas lágrimas e tentou uma nova aproximação. Mas a cada passo, Emília se afastava

 

— NEM PENSE EM SE APROXIMAR, SENHORA. NÃO ME CHAME DE FILHA,  NÃO ME CHAME. LIMPA ESSA BOCA – Ela gritou em ordem, o dedo em riste apontado  na direção da mais velha.

 

— Emília, por favor, deixa eu me explicar... – Disse o seu nome em soluço, mas o choro estava longe de comover a Beraldini –

 

— Por favor? O que você quer? Me contar de novo aquela sua historinha triste? E depois? Me abraçar? Me beijar? Que eu a veja como mãe? Muito fácil não é mesmo? Agora entendo essa sua aproximação, essa sua linda história que não passa de um conto da carochinha….Como você é sórdida, quis me comover, conseguir minha amizade… PRA QUE SENHORA? PRA QUE? PRA ISSO? –  O seu soluço fez eco ao da mulher a sua frente - Eu gostei tanto, tanto de você – Chorou, sentindo toda a dor com aquela confissão.

 

— Não, Emília. Eu nunca, nunca, NUNCA MENTIRIA pra você, meu amor. Eu juro que tudo que eu disse É VERDADE. Emília, eu te quis muito, mas eu não pude, não pude. Minha filha, eu te amo, por favor – Ouvir o choro de Vitória e ver seu sofrimento doía em Emília também. A dor da sua mãe era tão sincera, mas ela não podia acreditar, não queria ..

 

— Mentira, mentira sua. Você jamais me quis, jamais se importou comigo. Você sabia que..– Tentou segurar o choro que ela não tinha o minimo controle que lhe atrapalhava as palavras – Sabia que as vezes eu ficava no jardim, esperando que um dia você aparecesse? Por que, Vitória? Por que? –As lágrimas insistiam em rolar pelo rosto angular

 

— Meu amor não diga isso. Eu nunca fui totalmente feliz, Jamais, jamais esqueci você. Você era a coisa que mais me importava na vida,  juro por Deus. Eu não queria deixar você, meu amor, não queria. Eu daria a minha vida…  – Ela enxugava as próprias lágrimas o que parecia inútil – Quando te vi naquele jantar, eu só desejava um abraço seu –  Vitória se aproximou, querendo consolar a filha de algum modo. Mas a feição da Sartorini endureceu quase de imediato em recusa.

 

— Chega, chega! Eu não vou acreditar nessa sua encenação. Você quase me enganou uma vez,  mas não vai me enganar de novo. Não vou acreditar numa sílaba que saia da sua boca. E quer saber mais? Saia daqui, Vitória, saia daqui! –



— Emília, eu imploro –  

 

— Sai daqui pelo amor de Deus! Sai, Vitória, nao me faça de por pra fora a força! SAIIIII!  –



Mesmo que a contragosto, ainda hesitante. Vitória deixou o quarto.



Raimunda estava no pé da escada, praticamente sem cor pelo pouco que ouviu. Amparou Vitória que estava em lágrimas, e mais uma vez a levou até a cozinha.

 

(...)



— Você ouviu tudo, não é mesmo  – Mais calma, conseguiu perguntar, o copo ainda nas mãos –

 

— O suficiente pra saber que a senhora é mãe da patroa. Desculpe, mas quase não acreditei nos meus ouvidos. O Senhor Beraldini e sua esposa nunca comentaram sobre isso –

 

— Mas acredite, é verdade. Fui capaz de abandoná-la na porta de uma casa lá no Morumbi. É o que dizem, tal mãe, tal filha –  Raimunda não sabia o porquê, mas já sentia compaixão pelo arrependimento daquela senhora mesmo sem saber sua história –

 

— O mundo é feito de escolhas, e nós, que somos mães, temos a mais difícil de todas, escolher o que é melhor pros nossos filhos –

 

Vitória assentiu agradecida – Você é muito sábia, Raimunda. Emília tem sorte de ter você – A emprega sorriu, meio sem jeito, mas em agradecimento.



— Meu carro já chegou?  – Vitória perguntou

 

— Creio que não. Mas a senhora já vai? Desculpe se me intrometo.

 

— Ela me rejeita, Raimunda. Não há nada que eu possa fazer –

 

— Não diga isso. Se não pode lutar por ela antes, seja lá por qual motivo for, lute agora, ela precisa muito de você, acredite, ainda mais agora!. Não desista de novo –

 

Emocionada, Vitória assentiu em concordância.  Não conseguiu esboçar um agradecimento em palavras, mas era nítido no pequeno sorriso que se formou.  

 


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