Encontro Marcado escrita por Jessica Calazans


Capítulo 16
Capítulo 16




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Ainda pela manhã...

 

 Dorotéia tinha acabado de acordar, sendo despertada pelo celular que não para de tocar, numa insistência irritante.

 

— Bom dia, Dona Lucrécia! – Ela tentou manter o humor na voz

 

— Bernardo? Ainda preocupado? Novidades do Hospital? –  A mulher do outro lado da linha já a sabatinou, sem nem ao menos responder ao cumprimento

 

— Sim, ela ainda não o atendeu. Tem certeza que ela está grávida? –

 

— Mas é claro que tenho, acha que não sei ler um exame? –  Rebateu aborrecida

 

— Não é isso, ele ligou pro Hospital, mas não falaram nada do bebê. Nem mesmo aquela médica, amiga de seu pai, que a atendeu –

 

Doroteia franziu o cenho, intrigada pela risada fria que ouviu do outro lado da linha

 

— Senhora? –

 

Por mais que Lucrécia tentasse se conter, ela não conseguia.

 

— Não vê como até o destino conspira ao meu favor? Não está óbvio para você? Aquela coisinha está morta – A gargalhada doentia do outro lado da linha, chegou a machucar os de Dorotéia.

 

— E é claro, não querem informar isso por telefone… A senhora foi rápida – Lucréia devia ser parabenizada pela perspicácia.

 

— E olha que foi por acaso, a criaturinha nem era meu alvo. Mas, não posso reclamar se ao atingir a galinha, esmaguei o ovo - Ela riu pela comparação besta... tão deliciada que teve que tomar ar outra vez para retomar o controle – Me mantenha informada, Doroteia. Senão já sabe.. - Ela ameaçou, antes de desligar o telefone.



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Naquele instante, Luís estava em quarto, sozinho naquela casa imensa e vazia. Muitas vezes já pensou em vendê-la e comprar um apartamento pequeno, mas Lucrécia sempre criava caso e ele já estava cansado de problemas. Aproveitando a solidão, Luís pegou debaixo da cama o seu baú pessoal, cheio de recordações, martirizando-se em ler as cartas que Vitória nunca repondeu. Hoje ele sabe que tudo não passou de uma armação da própria mãe, que se encarregou de que as cartas nunca chegassem ao destinatário. Mas ele descobriu tarde demais. Há muito tempo ele não visitava aquele baú, mas a volta de Vitória tinha reavivado algo dentro de si.

 

— Poderíamos ter sido tão felizes –  Comentou, preso na própria melancolia

 

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O sol já brilhava demasiadamente forte, despedindo-se da manhã, quando Emília finalmente resolveu resolveu ligar para o Bernardo.

 

 

Ela pegou o celular que Vitória havia  lhe emprestado sobre a cômoda. A Beraldini ainda pensou  no que faria, e logo os dedos não tão calmos deslizaram sobre as teclas do telefone ....

 

Ao ver o número, mesmo que ainda estivesse em mais uma reunião exaustiva com os espanhóis, reunião esta que o seu humor nada contribuía para tornar frutífera, Bernardo pediu licença e dirigiu ao cantinho da sala para atender

 

— Dona Vitória, tem noticias? Como ela está? Desculpa, boa tarde pra senhora! - Peguntou todo apreensivo, conseguindo fazer com que Emília sorrisse no outro lado da linha, mesmo sem querer.

 

— Sou eu, Bernardo – Resolveu se identificar

 

— EMÍLIAAA!!! – Seu grito assustou os companheiros que ainda discutiam entre si. Sorriu, gesticulando um pedido mudo de desculpas, voltando sua atenção ao telefone – Sua voz.. parece tão abatida… Você está bem, meu amor? Não minta pra mim. É você piscar o olhos e estarei aí – Voltou ao tom suavemente baixo

 

Ah.. aquela voz a surrar.. Como ela sentia  falta daquela barba rala a lhe roçar a nuca, enquanto ele sussurrava besteiras rente ao seu ouvido. Como? Como ele podia tê-la traído?

 

— Nao exagere, foi só uma indisposição passageira! Está numa reunião? Eu ligo depois – Ele não entendeu a frieza em sua voz, mas acreditou ser pela indisposição e nada pessoal.

 

— Infelizmente eu tenho mesmo que desligar. Mas antes você tem que me jurar que está bem para que eu posso ficar tranquilo –

 

— Que bobagem, Bernardo – Rebateu, credo ser infantilidade

 

— Vamos, eu não ouvi seu juramento! – Ele até podia vê-la girando os olhos

 

— Tá, eu juro, está bem assim? – Ela bem que tentou não rir, mas o som escapou de seus lábios

 

— Bem, melhor.  Eu te amo, Emília. Promete se cuidar?  –

 

— Uhum, eu prometo…. – E era tão comovente aquelas três palavrinhas – Hm… Você me ama mesmo, Bernardo? – Não pode deixar de perguntar

 

— Não, só estou adiantando a piada do primeiro abril – Ele riu 

 

— Bobo – Ela acabou rindo com ele – Quero dizer como antes.. –

 

— Eu te amo tanto que tenho medo, Emilia. Não duvide nunca disso. Te amo muito mais do que ontem e muito menos que amanhã –

 

— Eu... Não demora, Bernardo. Preciso de você, precisamos conversar –

 

— Não fala assim, meu amor, que fico angustiado. É só saudade mesmo? –

 

— Uhum, é sim. Fique despreocupado.  Agora vá, vá trabalhar, não quero marido vagabundo – Ela riu da própria piada, só para tranquiliza-lo –

 

— Mas tá é muito folgada… – Ele riu, contagiado, crendo estar tudo bem – Se cuida, meu amor –

 

— Você também. Comporte-se –

 

— Milhões e  milhões de beijos –

 

— O dobro pra você –

 

— Eu te amo –

 

— Quer desligar a merda do telefone, Bernardo? –

 

— Grossa  –  Ele riu

 

— Chatinho –

 

Ela também sorria quando finalmente desligou. Sim, ele tinha muito a esclarecer sobre a mensagem. Mas ela sabia, ela sentia, que qualquer explicação que ele desse, seria sincera. Não se encena um amor tão verdadeiro assim!

 

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Assim que desligou, Emília foi tratar de sua higiene, ao menos o minimamente possível para que se sentisse um pouco mais limpa.  Tentou descer pela garganta aquela comida sem sal do Hospital. Estava quase tirando uma seresta quando Gema apareceu ali.

 

Ao sentir aquele abraço apertado da cunhada, que só transmitia coisas boas, Emília teve que agradecer a Deus pelas pessoas que Ele colocou em seu caminho.

 

E é claro que a primeira coisa que a Beraldini perguntou foi pelo afilhado, que estava com os avós paternos. Bom, quem é que ganha briga com os avós?  Apenas tentou conforma-se, com a promessa de que  no próximo final de semana, ninguém lhe passaria a perna.

 

Emília confessou que não estava chateada com Gema, sabia que a loira tinha dado com a língua nos dentes só por uma boa causa. Afinal de contas, Vitória já sabia do principal.

 

Ao contar para Gema sobre a mensagem e todo o estresse. A cunha sempre muito sincera, só faltou a chamar de burra. Mas é claro, tudo na base do carinho e do amor que uma amizade de mais de 20 anos tem direito.  

 

A tarde se seguiu, cheia de risos e conversa jogada fora. Mas infelizmente Gema tinha que ir buscar Pedro na casa dos avós e não ficou mais que algumas horas.


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