Encontro Marcado escrita por Jessica Calazans


Capítulo 10
Capítulo 10




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— Porque está rindo? –ela teve força e disposição para perguntar – Está rindo de mim?

 

— Não. Estou rindo de mim. Um pobre fiel … Se você soubesse o quanto te amo – ele respondeu enigmático.

 

Comovida, Emília se calou. Pretendia perguntar mais, mas o sono venceu e ela adormeceu antes de ouvir o primeiro ronco de Bernardo… Quando acordou, ela só viu uma bela rosa vermelha e um carta de versos apaixonados que ocupavam o lugar dele na cama.



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Enquanto a patroa curtia o jantar, Raimunda continuava sem saber o que fazer com a carta que tinha em sua posse. Não era boba, pelo envelope era uma carta de amor e era de Lucrecia, a descarada tinha até assinado. Sua vontade era  mostrar para Emília, mas ela passou a tarde toda na cama com o marido e depois foram pro jantar. E quando chegaram do jantar.. bem... impróprio até para imaginar. E agora que a patroa estava sozinha, cadê a coragem para entregar a carta? Talvez devesse entregar ao dono, mas seria isso o correto? Emília tinha lá seu gêmeo, mas Raimunda tinha muito apreço pela patroa que tinha um coração enorme, até pagar a escola pro filho da empregada, Emília se dispôs a pagar.

 

— Que houve, Raimunda que você não para quieta nessa cozinha? – Ariel tinha ido a cozinha tomar seu desjejum antes de levar a madame ao trabalho.

 

— Que susto, Ariel, que droga! - Verificando a chaleira que estava no fogo para chá da dona da casa, a coitada quase jogou a água que estava fervendo sobre si.

 

— Que nervosismo! Vamos, sente-se aqui e relaxe. O que está havendo? – Perguntou o choffer, se sentando rente a mesa, começando a se servir.

 

Mesmo que resoluta, ela tirou o envelope do bolso do avental  mostrando a Ariel, sem precisar dizer uma palavra

 

— Onde estava isso? – Ele perguntou, estranhando a correspondência

 

— Estava no bolso do paletó do patrão. Eu que vi quando revistei os bolsos antes de por na lavanderia – Ela se sentou na cadeira ao lado, deixando a água ferver mais um pouco.

 

— Mas... – 

 

— Entende  agora o meu nervosismo -

 

Depois de pensar por alguns instantes, ele se levantou, abandonando o desjejum ainda intocado. E aproveitou o fogo, queimando a carta, deixando que o envelope se desfizesse na pia.

 

— VOCÊ ENLOUQUECEU? O QUE DIREI PRO DR. BERNARDO? - Num desespero, ela abriu a torneira tentando salvar alguma coisa. Mas a água apenas destroçou o pouco que restou, o fogo já corrompido quase tudo.. e o papel se tornou cinzas… – E agora? – Era nítida a sua preocupação.

 

— A verdade, o papel se desfez na água quando o paletó foi pra lavanderia. – Ariel sorriu travesso, chegando a piscar-lhe o olho.

 

— Você é louco, Ariel! – Apesar do leve tom de censura, ela estava mais tranquila.

 

— O que queria? Se essa carta para em “mãos erradas” é tragédia na certa.  Vai me dizer que não se assustou com os gritos “dela” nessa última briga? – Raimunda teve que assentir em concordância.

 

— Mas eu acho tão errado esconder isso da Dona Emilia –

 

— Eu sei.. Talvez eu possa dar uns toques no Dr., ele deve ser ao menos mais cuidadoso. Enfim, ele não é meu chefe mesmo. Vamos ver isso quando ele voltar (..)

 

E um grande mal entendido foi resolvido pelos empregados super poderosos, mas será que eles estariam sempre presentes?



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Semanas se passaram desde a viagem de Bernardo. Emília ao fitar o espelho flagrou o próprio reflexo acariciando aquela pequena ondulação que começava a se formar na barriguinha lisinha. Agora que o Dr. Gerson estava fora da cidade, ela não sabia o que fazer. Só confiava nele para a atrocidade que ia fazer.  Deixou que uma pequena lágrima rolasse pelo olhinho amendoado, enquanto suas mãos ainda estavam sobre a pequena barriguinha, admirando aquele pequeno ser que já amava, mesmo sem saber!

 

Tao distraída, ela se assustou com o som do celular a lhe chamar a atenção para mais uma notificação.

 

“Boom dia! Muita saudades do marido? Tenho ordens irrestritas para distraí-la. Por que não  almoçamos juntas? Hoje é por minha conta e nem adianta barganhar!

Ps:  Meu plantão termina as 12:00, eu passaria aí as 13:00”

 

Foi inevitável não abrir um sorriso ao ler a mensagem de Vitória. Ela vinha se tornando uma grande amiga, ela e Gema raramente a deixavam sozinha.

 

Respondeu com “bom dia”, acompanhado de uma carinha risonha, aceitando o convite.  E então, foi se arrumar para o trabalho.

 

As mechas ainda estavam molhadas pelo recente banho, mas ela se recusou a usar o secador. Se arrumou com certo esmero, sentindo a saia um pouco mais justa no quadril, e se pegou sorrindo... Então se dirigiu para o trabalho, mas ela começou a trabalhar antes mesmo de chegar. Ainda no carro, ela dava as suas últimas cotas nos processos que levou para casa, enquanto Ariel dirigia. Por volta das 11h00 ela chegou ao Ministério, seguida por olhares admirados, alguns até receosos.

 

— Bom dia, Rosa! – Emília cumprimentou a funcionária, forçando um pequeno sorriso. Sentia-se indisposta essa manhã – Já chegou remessa da vara? –

 

— Bom dia, Dra Sartorini – Ela sorriu, como sempre simpática  – Sim. Estou separando o que é só ciência e coloco na sua mesa num instante – Emília assentiu, tencionando ir pra sua sala, mas Rosa a interrompeu – Um momento, Dra.  A Senhora Lucrecia está lhe aguardando. Disse que é da parte do Dr Carmosino, achei conveniente que ela esperasse no seu gabinete –

 

A expressão da Beraldini azedou quase que instantaneamente. Mas apenas assentiu e seguiu para o seu gabinete.

 

— Bom dia, Lucre… –  Ela tentou cumprimentar, mas não conseguiu. Ficou enjoada do forte aroma do perfume francês barato que Lucrécia  usava.  Biles subiu pela garganta pela ânsia e ela quase vomitou ali mesmo  sobre o mármore.

 

— Tudo bem, Emília?  – A morena de cabelos negros perguntou, falsamente preocupada.

 

— Que perfume está usando? – Emília se esforçava para se manter de pé. Sentou-se sobre a confortável poltrona, enquanto ouvia a resposta da mulher a sua frente.

 

— Joy de Jean Patou. Gosta? – Emília teria rido da cara dela e de sua pose arrogante se não estivesse tão enjoada do perfume barato, que na verdade era oficial, seu nariz que estava sensível ^·^ Ao contrario, retirou da bolsa uma pequena chave,  abrindo a gaveta que decorava a mesa. Já podia supor porque Lucrécia estva ali.. ia logo lhe entregar a pasta e despachá-la. Mas uma ânsia tão forte a impediu...

 

— Desculpe... –  Emília saiu correndo pela porta, levando a mão aos lábios, sem conseguir mais conter a biles que insistia em subir pela garganta. Foi seguida pelo olhar de raposa de Lucrécia que a fitava desconfiada, e mirabolava n coisas em sua mente. Se enjoar com um perfume? A Carmosino não era tola.  Mas ela precisava ter certeza, e se estivesse certa, teria que dar um jeito naquela “pedrinha que resolveu entrar em seu sapato”. Talvez, precisaria dos serviços de Dorotéia, uma vez mais.

 

Seus olhos caíram sobre a gaveta aberta, e ela não resistiu a curiosidade. Rapidamente sentou-se sobre a poltrona da Beraldini. A pasta estava ali, de modo impecável e cuidadoso. Lucrécia teve que lutar contra os próprios instintos para não sumir com aquele documento. Quem sabe assim,  a admiração que seu pai sentia por aquela tola não passasse?  Ela quase pode ouvir alguém sussurrando as falas do pai rente a ouvido — “Não vê Emília? Ela é tão esforçada, dedicada, estudiosa. Quem me dera você fosse 01 % como ela, eu não precisaria pegar uma fortuna todo mês de faculdade”— Era sempre a mesma ladainha quando a mensalidade vencia – “Vadia, como se não bastasse ter me roubado Bernardo” –  A gaveta ao lado, ainda trancada, foi alvo de sua atenção. Rápida, pois logo Emília voltaria, utilizou a chave… A principio os papeis  não faziam sentido.. Mas um deles, lá no último… um exame de sangue que quase fez seu mudo ruir “Gonadotrofina Cariônica… Resulado…. Positivo” Emília estava grávida….


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