Dança Comigo? escrita por Ryusth Lunyia


Capítulo 5
Capítulo 5 - Medidas desesperadas da bravura


Notas iniciais do capítulo

AVISO: As partes em negrito são partes narradas por Lyra!!!!!
Boa leitura! :D



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   No dia seguinte, Lyra havia chegado cedo ao palácio. Estava nervosa... Apavorada. Sequer sabia o que fazer. A cada tarefa o tempo parecia andar mais devagar, e a cada certo tempo, ia em direção ao telefone que era vigiado por guardas. Não fazia questão de esconder sua preocupação, nem mesmo disfarçá-la.

   Estava nervosa, e todos que passavam por mim percebiam isso. Mas, em uma situação como essa... Havia como disfarçar a preocupação?

   - Lyra... – chamou a irmã ruiva. Lyra direcionou seu rosto para a dona da vez que a chamava e deixava seus olhos falarem por si. – Acalme-se. Tenho certeza de os soldados darão um jeito de negociar com os sequestradores e trazer o príncipe a salvo o mais rápido possível.

   - Eu sei, Nami! – respondeu dando um longo suspiro. – Mas... Sinto que podemos estar arriscando sua vida não fazendo nada...

   - E talvez arrisquemos ainda mais a vida dele caso façamos algo que eles não gostem... – Nami tentava consolar a irmã. Contudo, ela tinha razão, a situação era confusa, e desesperadora. Ninguém ali presente sabia o que era o melhor a ser feito.

   - Só espero que ele esteja bem. – afirmou a morena olhando para o céu da janela da cozinha.

   Meu olhar de tristeza era evidente. Nessas horas eu gostaria de ser mais forte. Ser uma bruxa, ou qualquer outra coisa fantasiosa... Apenas para conseguir ajudar em algo... Aquela sensação de um dia infinito não passava, o telefone não tocava e cada segundo meu coração pesava mais e mais. Sem saber o que fazer, vou para a biblioteca.

   Para a minha surpresa encontro o príncipe mais novo lá. Peço licença para entrar, afinal mesmo que nós fossemos mais amigos, o respeito era primordial em meu trabalho.

   - Yo Lyra! – cumprimenta Luffy com seu jeito engraçado e alegre de sempre.

   - Olá Luffy! – cumprimento de volta, dando um sorriso mais alegre.

   - Você está preocupada com meu irmão não é? – questionou sem olhar nos olhos da garota.

   Como não estaria?!

   - Todos estão... – respondeu olhando para suas mãos que estavam em forma de conchas em cima de suas coxas.

   - Kid me contou que vocês se tornaram mais amigos nesse último um mês e meio.

   - Sim... Devo confessar que ficamos mais próximos. – comentava. Aonde ele queria chegar afinal?

   - Então você já deveria saber que o cabeça dura do Kid não vai morrer tão facilmente! - o sorriso se alargou mais quando Luffy mencionou uma possível morte do ruivo. No mesmo instante Lyra arregala os olhos com medo de tal acontecimento vir a acontecer, mas logo raciocina melhor com as palavras ditas pelo jovem e concorda com a cabeça.

   - O que você acha que vai acontecer? – perguntava Lyra temendo uma resposta negativa.

   - Hm... – pensava o mais novo, pendendo a cabeça para o lado. – Não sei. Mas, torço para que o melhor aconteça. Que meu irmão volte sã e salvo e possa finalmente achar alguém para se casar!

   - Não sabia que apoiava o casamento de seu irmão... – comentou, já mudando de assunto.

   - Eu apoio. Porém, não com aquela tal de Tamina. Ela é irritante. – o garoto fala da princesa como se a conhecesse há anos. Era incrível o quanto conseguia falar de alguém ao qual mal conhecia. – Quero que ele se case com alguém que goste, e com alguém que goste dele, e não da sua posição.

   - Entendo. – depois de finalizar o assunto, um pequeno silêncio surge no lugar. O clima não fica constrangedor ou estranho entre ambos, contudo de qualquer forma Lyra deveria se retirar para terminar de cumprir suas tarefas a tempo. – Bem Luffy, eu tenho que voltar ao trabalho. Foi bom conversar com você novamente.

   - Até logo Lyra! – sorria novamente para a garota que ia saindo da biblioteca acenando.

   Sim! Luffy e eu já havíamos conversado antes. Mas foram conversas rápidas e de assuntos tão simples, que nossa relação não passava de um simples “amigável”. Saber que o príncipe mais novo acreditava na volta do irmão mais velho também me dava esperanças. No meu coração, bem lá no fundo, eu ainda sentia um enorme pânico. Eu ainda temia sua volta com ele “arrebentado”, ou até mesmo a sua morte...

   Mas eu não podia desistir... Tinha que acreditar que ele voltaria.

   Ao final do dia, todos iam voltando para suas casas. Lyra tirava seu avental e o pendurava no seu costumeiro lugar. Sanji passa por si e se despede, depois a garota se aproxima da pia e jogar um pouco de agua fria no rosto para tentar acalmar. Naquela noite ficaria no castelo, decidira que ficaria ao lado do telefone a noite inteira caso precisasse.

   E assim seria feito. A morena retira seus sapatos, arrasta uma cadeira da sala de jantar dos funcionários e coloca perto de uma mesa que havia ao lado do telefone. Com o tempo quase andando para trás, os guardas vão fazendo suas rondas noturnas para nada aconteça ao príncipe mais novo.

   Depois de alguns minutos, todos os soldados já estavam em posição e em constante vigilância.

   - A senhorita não irá para casa? – pergunta um guarda que passava por lá.

   - Se não houver problemas, gostaria de ficar. – responde ao mesmo tempo que pedia uma permissão para ficar ao lado do telefone.

   - Poderá sim, mas peço que tome cuidado. – após ser advertida, Lyra apenas assente com a cabeça e volta a se apoiar na mesa.

   Já tarde da madrugada, o silencio era descomunal, a escuridão tomava conta do castelo, e o lugar onde ficava o telefone era iluminado apenas pela luz da lua, que iluminava poucas partes dentro do castelo.

   Por dentro das paredes da construção, apenas o soar de tic e tac do relógio eram ouvidos. As respirações dos soldados eram tão mínimas, que até mesmo o som do vento conseguia apaga-las. A garota de cabelos negros mal conseguia enxergar um palmo a sua frente. Nunca vira o castelo daquela forma tão sombria e assustadora.

   Segundo por segundo... Minuto por minuto... Hora por hora... A noite se passou de uma forma incrivelmente lenta. A garota havia dormido com a cabeça apoiada em cima dos braços cruzados na mesa de madeira de carvalho ao lado do telefone. Ao amanhecer, assim como o luar fazia a noite o sol fazia durante o dia, e o castelo era iluminado.

   Meu pescoço doía, e muito. A posição ao qual eu havia dormido não era confortável, sem contar que a ansiedade havia me deixado dormir por apenas algumas pequenas horas. Quando me levanto, me espreguiço, sinto minhas costas estralarem de cima a baixo. Vou ao banheiro mais perto e lavo meu rosto, vou para casa e tomo um banho de água bem gelada.

   No banho eu deixava a água escorrer por todo o corpo. Meus cabelos ficavam molhados, e eu conseguia sentir cada gota escorrendo pelos fios até pingarem no chão. O banho fora rápido, afinal eu ainda tinha meu dever no castelo.

   Quando cheguei no castelo comecei a cumprir minhas obrigações o mais rápido que podia, queria passar o máximo de tempo que eu podia perto do telefone. A cada trabalho que eu cumpria sentia uma pontada de dor em minhas costas.

   - Lyra! O que aconteceu?! Você não foi para casa ontem! – Nami gritava comigo na cozinha. Eu explicava para ela e tudo o que recebia em troca era um olhar de tristeza e entendimento. Pela sua feição, já dava para perceber que minhas intenções já haviam sido notadas.— Tome cuidado para não se desgastar demais.

   - Vou tomar. – respondia aceitando seu concelho.

   Na noite que caia, a morena estava sentada à mureta na sacada do quarto do ruivo. Agora o quarto já estava arrumado, os cacos de vidro foram catados, e todos os móveis foram colocados em seus devidos lugares. Apesar de toda a bagunça que o quarto sofrera, a roupa de cama, cortinas e tapetes eram os mesmos.

   As estrelas surgiam no céu aos poucos, e como na noite anterior, a garota depois de certo horário se aproxima da pia, joga uma quantidade considerável de água gelada no rosto e se senta ao lado do telefone. Mais uma noite que se passa lentamente, minutos intermináveis que eram seguidos pelo negro do castelo durante a madrugada. Mais uma noite em que nada acontecia. Contudo, dessa vez Lyra dormira ainda menos. Andava pelo castelo parecendo um morto. Em baixo de seus olhos começavam a se formar olheiras profundas.

   No andar de cima do mesmo castelo, a princesa Tamina também estava preocupada, todavia esta conseguia dormir suficiente para não ficar, ou mesmo aparentar cansaço. A garota de cabelos castanhos meio ruivos andava de um lado para o outro do quarto. Suas mãos estavam apoiadas na cintura, e sua expressão mostrava plena preocupação e medo da situação.

   - Eustass... – murmurava – Espero que esteja bem...

   A porta é aberta com força, e a mãe da garota entra com pressa no recinto. Assim que entra a mulher fecha a porta e já se dispõe a falar:

   - O que acha que podemos fazer para recuperar seu marido logo?

   - Nós ainda não somos casados!

   - Mas nosso país depende desse casamento! – esbravejava com certo tom de desconforto na voz – Então trate de conquista-lo.

   - Você sequer está preocupada que ele possa se machucar?

   - Não precisamos dele para nada mais além de conquistar o trono de Florence e estabelecermos um grande reinado aqui.

   - Mamãe! – chama incrédula

   - O que?! – indaga contrapondo sua advertência

   - Eu já disse que o amo! Não vou força-lo a nada! Tentarei ficar junto dele por amor, e não por dinheiro.

   - Nosso país está falido! – sussurrava entre os dentes – Pense um pouco mais na condição financeira e nas possibilidades de comercio se conseguirmos conquistar aqui sem guerras!

   - Não tenho culpa se você afundou a Índia gastando com as guerras para obter territórios inúteis. – fazendo bico Tamina se enfurecia com as palavras frias da mãe.

   - Apenas não ouse me desobedecer!

   - Como lhe dito antes mamãe... Eu farei isso por amor, e não por ouro!

   A senhora sai bufando de raiva do quarto. Assim que a porta é fechada, Tamina se senta na cama e deixa as lágrimas saírem.

   - Eustass... Por favor esteja bem!

(...)

   O ruivo havia sido sedado. Na época, sedativos eram difíceis de se encontrar, e eram caros, por isso o produto se tornava caro.

   Conforme os minutos passam, seus olhos vão abrindo e se acostumando com a luminosidade do lugar. Sua cabeça doía muito, como se tivesse sido atingido por uma pedra na parte de trás da cabeça. Assim que consegue acordar e recobrar totalmente seus sentidos, o ruivo nota que estava apenas com uma calça simples e uma camisa social branca, ela estava aberta até o terceiro botão, deixando seu peitoral amostra. Seus cabelos estavam completamente bagunçados, e suas mãos presas para trás envoltas em uma pilastra de madeira.

   Uma corda juntava suas mãos, e como estavam apertadas, não havia a mínima possibilidade de se soltar facilmente. O quarto em que estava não possuía janelas, apenas uma porta de madeira acabada, e as paredes eram feitas de tijolos, mas a aparência do lugar era decadente. Nos cantos das paredes teias gigantes de aranhas se formavam, e o chão estava tão sujo que era igual a pisar em terra seca.

   Uma mulher alta de cabelos loiros extremamente claros entra no lugar, e quando entra um pouco de luz é dado ao lugar, o som da porta rangendo chama a atenção do ruivo, que mira seu olhar diretamente para a moça. Ela vestia um vestido preto e “cortado” em sua lateral, deixando suas volumosas pernas a vista de qualquer um, ela fumava um cigarro, e nele ficavam as marcas de seu batom vermelho escarlate.

   - Ora, ora, ora... Vejo que acordou Vossa Majestade. – riu com sarcasmo.

   - Quem é você? – indagou o ruivo confuso.

   - Eu sou alguém no qual você não pode descobrir o nome.

   - O que quer comigo?

   - Você faz muitas perguntas para alguém que acabou de acordar. – reclamava a mulher em desdém à quantidade de perguntas que o rapaz fazia a ela.

   - Não me interessa quem é você, só diga o que quer logo e me solte! – ordenava o ruivo já impaciente.

   - Bom... Então eu vou lhe resumir a história. – começava a loira andando pela sala pequena e empoeirada. – Nós raptamos você para que seu querido papai pague uma recompensa pela sua vida. Faremos um trato com ele e assim que recebermos o dinheiro lhe levaremos para uma estrada perto de Florence onde poderá voltar para casa “em segurança”.

   - Então estarão perdendo tempo.

   - E porque diz isso gatinho?

   - Meu pai está fora de Florence, e comunicação com ele no local em que está é difícil. Estarão perdendo tempo precioso aqui, afinal a data de seu retorno ainda não está definida.

   - Não há problemas. Quanto mais ele demorar, mais o preço irá aumentar, e mais irá demorar para você retornar para sua querida casinha.

   O ruivo apenas rosna em resposta ao seu plano. Contudo, a mulher havia revelado várias coisas importantes. Como o fato de ter dito primeiramente nós, isso significava que não estava trabalhando sozinha; sua tatuagem em sua perna mostrava que eram uma organização, e não qualquer organização, deveria ser alguma ligada ao governo holandês; seu sotaque dizia ser holandesa, mas não saberia dizer se todos os seus comparsas também eram; o cigarro que fumava era um produto inglês, e como ela própria havia dito, eles iriam pedir dinheiro, não o trono, isso mostrava que eles estavam endividados, e com certeza suas dívidas não eram com um país pequeno.

   Quando a porta é fechada, Kid abre um sorriso leve. Se conseguisse escapar dali, teria como reconhecer seus sequestradores, e mandar mata-los, contudo, se não conseguisse poderia significar um problema enorme para seu pai. Kid não sabia quanto tempo já estava lá, e não poderia ter nenhuma ideia de tempo, já que o quarto não tinha janelas, e provavelmente seus sequestradores não lhe informariam tempo.

   O ruivo para de sorrir e olha para cima, tudo o que enxergava era a escuridão, mas aquele negro lhe lembrava os cabelos de sua criada, cuja passara a conversar quase todos os dias com ela.

   - Lyra... – murmurou

(...)

   Lyra estava sentada no banco que havia no jardim. O por do sol chegara mais rápido do que previu. Seu olhar era direcionado para o nada, quando  em sua frente uma máscara negra surge.

   - Pegue! – ordenava Nami em tom brando.

   - Por que minha máscara do baile? – indagou em resposta.

   - Porque você disse que aquela noite fora muito boa. Que havia dançado, comido e bebido como nunca mais faria em sua vida. Então pegue e tente direcionar essa cabecinha alucinada para memorias boas. – explicava enquanto sorria ternamente.

   - Obrigada, Nami. – agradecia a morena.

   - Já vou indo para casa... Vai ficar aqui novamente?

   - Vou sim. –respondia segurando a máscara e a encarando

   - Tudo bem, então. Boa noite!

   - Boa noite!

   Fiquei encarando a máscara preta por algum tempo. Lembrar-me do baile era bom. Naquela noite eu havia observado em como Kid ficava belo de terno, ainda mais quando começava a conversar com as pessoas com sua forma educada e formal. Ele sempre fora elegante, e bonito. Nunca deixara suas boas maneiras de lado.

   O que mais me admirou naquele dia foi o fato de mesmo sendo uma elegante festa, seus cabelos ruivos ainda continuavam bagunçados.

   Olhar aquela máscara me fazia sentir a emoção vivida no baile. Era uma emoção boa, tranquila, que fazia meu coração se aquecer em amor quando me recordava de tanta beleza.

   Não queria deixar minhas lembranças morrerem nunca, por isso todos os dias escrevia em um pedaço de papel o que mais me alegrava. As memorias rondavam minha cabeça, e enchiam meu coração de sentimentos indecifráveis com a mesma facilidade que alguém enche o copo de água. Porém, o copo se quebra com facilidade quando sou puxada pela realidade...

   Mais uma noite se passa e a morena novamente deita ao lado do telefone...

   Mais uma noite em claro...

   Cerca de uma semana e quatro dias haviam se passado daquela maneira. Tamina sempre em seu quarto, cada vez mais discutindo sobre os reinos com sua mãe, Lyra perdendo o sono todas as noites com medo de perder seu amado, e os empregados sem qualquer tipo de reação positiva diante da situação.

   No quinto dia, da segunda semana, o telefone toca no meio da tarde, por volta das 15:37h. Lyra corre rumo ao som que ecoava por todos os cantos das paredes do castelo, e conseguindo agarrar o telefone antes de algum soldado uma voz logo começa a se pronunciar:

   - Nós estamos com o príncipe primogênito! E queremos um pagamento para o seu resgate.

   - Quanto vocês querem?! – o coração da morena estava batendo forte, sua velocidade era tão rápida que seu peito doía em agonia. Sua voz saia trêmula, e isso não passou despercebido pelo homem que conversava. Do outro lado da linha apenas eram ouvidos alguns risos maléficos e sarcásticos.

   - Está com medo, minha cara?— perguntava rindo abafado. Mas logo se escuta uma outra voz e outros sons incompreensíveis.

   - Escute! — a voz agora era feminina e com ar de sedução. A mulher falava sério, convicta e sem arrependimentos na voz. – Estamos com pequeno príncipe e queremos uma grande quantia em dinheiro. Não iremos libera-lo até que essa quantia chegue a nossas mãos.

   - E quanto vocês querem pelo resgate dele?

   - Nosso valor é de quatrocentos mil libras. Aviso-os que quanto mais o pagamento demorar, mais tempo levará para obterem seu príncipe novamente.

   - O que acontece se decidirmos não pagar? – deixou escapar como o sopro de uma brisa. Sentira seu coração para quando percebera o que havia perguntado e de que maneira. Lyra ficou ainda mais nervosa e inquieta.

   - Nós iremos tentar convence-los a pagar, caso ainda se recusem, dentro de alguns dias terão o corpo do queridinho de vocês na porta do castelo.—ameaçou friamente e tentando ser mais discreta.

   Lyra engoliu em seco. Não sabia o que falar, pensar e muito menos fazer.

   - Como vou saber se ele está bem?

   Não havia suportado pensar que eles já haviam machucado Kid. Perguntei sem hesitar e mantive ao máximo a minha voz firme. Minha garganta secava a cada segundo. Logo após a pergunta o telefone ficou mudo, depois de algum tempo um ranger ensurdecedor pode ser ouvido por mim e pelos guardas que estavam ao meu lado, tentando ouvir um pouco da conversa. Seus olhares eram de esperança, já outros de medo, contudo todos estavam preocupados.

   Com os sons parecendo mais distantes, ouço em tom baixo a mulher falando algo. De inicio não havia compreendido, mas logo percebo que ela falava com Eustass.

   - Acorde ruivinho, seu reino quer falar com você!— alertava.

   - Eustass! – chamo na expectativa de ouvir sua voz mais uma vez.

   - Lyra...— diz em retorno ao meu chamado.

   - Eustass, você está bem?

   - Estou tonto... Mas bem, dentro do possível.

   - Eles não te machucaram certo? – um questionário era inevitável.

   - Não. Não se preocupe eu estou bem. – em seguida a mulher retorna a falar com Lyra e pergunta:

   - Satisfeita?

   - Sim...

   - Vocês têm dois dias para decidir se concordam ou não com nossa condição.

   Nem mesmo uma resposta é esperada. O outro lado da linha telefônica fica silencioso e a morena volta o aparelho para seu devido lugar.

   - Eles querem uma quantia de quatrocentos mil libras pelo resgate de Eustass. – a garota explica apressadamente. Todos se entreolham, os guardas sabiam que o palácio não tinha tal quantia absurda.

   - Nós vamos discutir o que fazer na sala de reuniões. Chamem as indianas, elas podem ajudar de alguma maneira. Senhorita venha conosco, já que sabe mais detalhes. – ninguém contrapõe o guarda que se pronuncia mediante a situação assustadora.

   Assim que todos assentem com a cabeça o que deveria fazer uma reunião começa para ser discutido o que deveria ser feito.

   - Todos nós sabemos que o palácio não possui condições financeiras para pagar o resgate. Mesmo que quiséssemos não conseguiríamos juntar uma quantia enorme como essa em dois dias.

   - A que ponto quer chegar soldado? – perguntava Elishya sem paciência.

   - Eu gostaria de saber se, a Índia poderia ajuda Florence a arcar com os custos.

   - Isso é um absurdo! – berrava a mulher em desdém

   - Sinto muito, mas a Índia está falida, mal temos condições para manter nosso reino de pé. Mesmo que quiséssemos não conseguiríamos ajudar muito.

   - Senhor, não está sendo possível se comunicar com o rei. – informava o soldado que estava a porta.

   -Temos que saber o que fazer, não podemos colocar a vida do príncipe em risco.

   - Vão resgata-lo! – Lyra afirmou sem pensar.

   - O que?! – falaram todos da sala incrédulos em uníssono.

   - Vão regata-lo!! – a garota repetiu aumentando o tom em que falara.

   - Os soldados não podem apenas chegar invadindo o lugar para salvar Kid! – contrapunha Elishya

   - Claro que podem! Eles foram treinados para isso. Florence está passando por uma crise, mas não é tão forte para os soldados terem ficado com medo, ou pior, terem se esquecido do por que estão aqui! – impunha sua palavra com vontade e respeito a todos da sala.

   - Senhorita, não temos homens suficientes para tal manobra. – o soldado que “comandava” tentava contrapor com argumentos válidos.

   - Não é necessário uma grande quantidade de homens, apenas uma boa estratégia. – insistia

   - É algo muito arriscado, ponha-se no lugar deles! – Elishya começava a gritar.

   - Já estou fazendo isso, e sei que não é fácil criar uma estratégia sob pressão, ainda mais quando a vida de alguém corre perigo!

   - Senhorita Yowane, cale-se você não passa de uma empregada! – inquiria a rainha. – Não tem ideia do quão é aterrorizante passar por uma situação de vida ou morte! Se você estivesse no lugar deles, não iria se arriscar.

   - Se vocês não fizerem algo, eu farei! – gritou a morena já sentindo uma veia saltar de sua testa, o nervosismo havia lhe atingido como nunca. – Não me importa se terei de ir sozinha, ou sem qualquer ajuda, mas eu irei. Não vou deixar mais alguém querido morrer por causa de uma estupida guerra!! – seus berros podiam ser ouvidos claramente por todos. As lágrimas rolavam por suas bochechas sem a menos importância por parte da criada.

   Todos a olhavam pensativos. Uma mera criada havia feito uma rainha se calar. Soldados envergonhados por não terem a coragem de uma simples mulher, que estava mostrando disposição para enfrentar qualquer coisa por qualquer um.

   - Não me importa se morrerei, todavia não vou morrer sem fazer nada! – os soluços do choro não podiam ser parados mesmo que ela quisesse. Seus olhos já iniciavam sua coloração avermelhada. – NÃO VOU DEIXAR KID MORRER! SE VOCÊS NÃO O SALVAREM, EU SALVAREI!!

   - Eu não tenho mais objeções. – dizia o soldado no comando. – Senhorita, se ninguém mais quiser ajudar e tiver de se arriscar para salvar o príncipe, então saiba que não está sozinha. Eu a ajudarei no que for preciso, e estou disposto a arriscar minha vida pela do príncipe.

   Todos os soldados presentes concordaram com as palavras de bravura ditas por ambos.

   No dia seguinte, os soldados estavam preparados para partir. Logo de manhã um acordo foi fechado com os sequestradores, de que alguns soldados iriam levar o dinheiro para eles e buscariam Kid. Todo o acontecido seria “esquecido” e os povos não entrariam em conflito novamente.

(...)

   O dia se passava e nem um sinal dos soldados era visto. Quando a lua já estava no ponto mais alto do céu, o barulho de cascos de cavalos pode ser ouvido pelas pessoas dentro da residência. As portas da carruagem eram e abertas e dois soldados, machucados de leve, seguravam Kid, que estava completamente ferido, para que não desabasse no chão. Lyra andava abismada em direção ao ruivo, quando um vulto passar em alta velocidade por ela. Era Tamina, que corria para abraçar Kid com lágrimas nos olhos.

   Assim que vi Kid chegar fiquei feliz por estar vivo, mas uma sensação horrorosa tomou conta de meu corpo quando o vi machucado. Em seu rosto, sangue escorria pelo canto de sua boca, que estava toda cortada. Na sua testa um grande roxo estava marcando sua pele branca, e seu olhos dourados como ouro que tinham a ferocidade de um tigre, agora estavam inchados, vermelhos e um deles roxeado como se tivesse sido espancado.

   No canto de sua barriga havia muito sangue, e sua expressão de dor era visível. Minha conclusão, ele havia levado um tiro. Por todo o seu corpo, arranhões leves e cortes eram perfeitamente expostos.

   Tamina passa por mim correndo, indo em direção a Kid para abraça-lo, ele a envolve com apenas um braço, e com dificuldade se apoia na garota. Sabia que eles iriam querer um tempo a sós, então vou para a cozinha e me sento-me à mesa que havia lá. Sanji me traz um copo de água com açúcar, dizendo ser para ansiedade. Bebo sem contestar. A bebida tinha um gosto estranho, apesar de realmente funcionar.

   Kid é levado para seu quarto, e logo Chopper começa a cuidar de seus ferimentos. Assim que o quarto é liberado, o soldado que havia me ajudado a comandar toda a estratégia entra e passa um bom tempo conversando com o príncipe. O que eles conversaram, ficou em sigilo apenas para ambos. Tamina tenta entrar no quarto novamente, mas é retirado pelo próprio Kid, que, para minha surpresa, manda me chamar.

   Vou até seu quarto o mais rápido que posso. Peço licença para entrar, e o vejo recostado na cama. Seu corpo estava todo enfaixado.

   - O que deseja? – perguntou temerosa.

   - O soldado Lousiver me contou que fora você que ordenara meu resgate... – comentava olhando para a janela. Direcionando seu olhar para a criada corada a sua frente, o príncipe faz sinal para que ela se sentasse na beira da cama.

   - Sim, fui eu quem os incentivou para que fosse lhe resgatar.

   - Quero lhe agradecer por seu feito. Não só por ter salvo mina vida, mas também por ter demonstrado preocupação comigo, ao invés de simplesmente ter dito “o trono ficaria vazio caso ele falecesse”. – dizia sorrindo de orelha a orelha, e seu olhar passava tanta tranquilidade e compaixão, que Lyra havia ficado vermelha de tanta vergonha.

   - O-Obrigada! – agradecia gaguejando.

   O ruivo a abraça forte e beija sua testa, sussurrando em seu ouvido:

   - Nunca conseguirei lhe agradecer o suficiente.

   Sentia vontade de chorar, segurava ao máximo para que minhas lágrimas não saíssem e escorressem até seu pescoço descoberto. Era uma tarefa difícil, e estava quase sendo cumprida quando o abraço se torna ‘mais profundo’, seu sentimento de carinho é transpassado para mim, e uma de suas mãos começam a acariciar meus cabelos, entrelaçando de leve os fios em seus dedos.

   Desabo em seus braços e começo a molhar seu pescoço desnudo. Começo a soluçar, e meu rosto fica vermelho por causa do tanto que eu havia chorado hoje.

   Quando pequena, minha mãe dizia que eu chorava em excesso, e creio que isso não tenha mudado. As lágrimas saiam e eu não conseguia segurar, e algo de que eu e orgulhava de pensar naquele momento tão belo e maravilhoso era “Essas lágrimas são de alegria, então não fazem mal e são muito bem vindas nessas ocasiões”.

   - Eu fiquei com tanto medo de que você pudesse ser morto – confessou entre soluços e engasgos.

   Pela sua breve pausa na caricia que fazia, pude perceber que sua expressão era de surpresa.

   - Não se preocupe, estou aqui com você agora!


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Notas finais do capítulo

Obrigada pela leitura!
Até o próximo capítulo! o/



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