Amnésia escrita por SugarBitch


Capítulo 17
Reprovada




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Me levantei mais cedo na manhã seguinte. Por alguma razão aquela foto do Lysandre que sumiu do meu criado mudo não saiu da minha cabeça a noite toda. Lembre-me da caixa em madeira entalhada que ficava de baixo da minha cama e resolvi procurar ali, talvez eu mesma tivesse guardado de volta e não me lembrava.
Mas ela não estava lá. Estava tudo como eu tinha deixado a poucos dias atrás; o diário, as fotos e, aquele lenço verde com aquele perfume delicioso que tomou meu quarto assim que abri a caixa... mas nada daquela foto.
Eu estava procurando embaixo da cama, do criado mudo e pelo resto do quarto quando me dei conta do que estava fazendo. Por quê estava dando tanta importância para isso? Lysandre sendo quem é eu deveria agradecer aos seus por essa foto ter sumido.
Olhei para a caixa que estava em minha cama. Aquele lenço e aquele diário ainda me intrigavam... precisava encontrar a chave daquele diário, talvez haja uma justificativa para aqueles objetos e mais coisas que eu deva saber.

Na escola o assunto continuava a ser Nina e Lysandre. Quem precisa aprender matemática quando “um dos garotos mais lindos da escola começou a namorar a garota mais fofa da cidade”? Aquilo já estava ficando um pouco irritante.
Já estávamos no intervalo e assunto ainda era esse, ainda mais porque Nina apareceu lá de novo.

— Parece que Nina convenceu os pais a deixarem vir ficar com Lysandre durante os intervalos. – Melody comentou.

Observávamos a cena de longe em nossa mesa. Nina estava pendurada no pescoço de Lysandre de novo enquanto ele tentava conversar com Castiel.

— Mas a Shermansky permitiu isso? – Iris perguntou

— Os pais disseram que a filha conhecesse bem a escola, e que se ela se sentisse à vontade eles concluiriam a matrícula dela para o ano que vem. E Shermansky, claro, quis fazer bonito...

— Então ela tem permissão para vir todos os dias aqui? – questionei

— Parece que sim. – Melody levantou os ombros.

— Ah, nem me fale isso! Ontem ela ficou na casa do Leigh até tarde da noite, cansei de ver a cara dela ontem! – Rosalya se manifestou num desabafo; ela tinha retornado as aulas hoje de manhã.

— Eu acho que eles formam um casal muito fofo! – Violette sorriu

— Caramba, será que a gente pode falar de outra coisa que não sejam Nina e o Lysandre? – exclamei num impulso que acabou deixando todas um tanto atônitas.

— Nossa, Lynn, o que foi que te mordeu hoje? – Kim questionou e eu senti minhas bochechas corarem.

— M-Me desculpem, meninas, não queria gritar com vocês... é que desde ontem não se fala mais em outra coisa... que tal trocarmos o disco?

— Lynn, está certa. – Rosalya tomou meu lado – O que eu estou afim de saber mesmo é porquê Alexy está sentado com a trupe das Ambre e não com a gente.

— Você e todas nós queremos saber, né Rosa. Aconteceu ontem do nada e hoje, como você bem viu, ele não quis nem saber da gente... – Kim respondeu.

— Tentei falar com ele hoje de manhã mas ele ignorou na cara dura, acreditam? – Rosalya disse.

— Acredito... – pensei alto.

O sinal soou e voltamos para a sala de aula. Era a aula do Faraize e ele traria os resultados das provas. Assim que todos tomaram seus lugares ele começou a entregar a prova correspondente de cada aluno. Todos pareciam bem satisfeitos com o resultado de suas provas mas sabia que não poderia esperar o mesmo da minha.

Pra não dizer que foi 0,0 consegui tirar 0,1 acertando uma questão de múltipla escolha. Deu pra sentir o olhar torto que Faraize me lançou assim que me entregou a minha folha.
Ele continuou a aula com um conteúdo novo porém, continuação do que que tinha caído na prova.

O sinal soou novamente e a próxima aula era no ginásio com Boris, então todos se levantaram em direção a saída e eu, pude matar a saudade de grudar no braço da Rosalya.

— Você não, Lynn. – Faraize chamou minha atenção. – Precisamos conversar...

Rosalya me olhou preocupada mas eu já sabia o que era.

— Tudo bem, Rosalya, pode ir na frente, te encontro na quadra. – sorri

— Certo, só não demora, você sabe que eu preciso de testemunha pra inventar alguma lesão e não ter que participar da aula. – ela riu

Na verdade eu não sabia que ela fazia isso mas ri mesmo assim e assim que ela saiu me voltei a Faraize que não me tinha uma expressão nada amigável.

— Lynn, o que significa isso? – ele mostrou minha prova quase em branco.

— E-Eu não sei...

— Como não sabe, Lynn? Eu tinha revisado a matéria um dia antes da prova! – ele parecia desacreditado.

— Sei lá, a-acho que me deu branco...

Ele suspirou pesado e jogou a minha avaliação sobre a mesa.

— M-Mas eu vou prestar atenção no conteúdo de agora e na próxima prova eu promet...

— Como é que você vai entender a Segunda Guerra Mundial se não faz ideia de como começou e muito menos como terminou a primeira?!

Ele estava um tanto exaltado e aquilo me deixou sem o que dizer, até por que não tinha argumento para o que ele disse.

— Olha, Lynn, como você sempre foi uma aluna com bom comportamento e com médias muito boas resolvi te dar uma segunda chance.

— Como assim?

— Vou te dar um tempo para estudar e no final da próxima semana você faz uma outra prova, mas é muito importante que você leve isso a serio, Lynn, estamos quase no final do ano e não quero ter que te reprovar.

— Tudo bem, professor, eu prometo que vou me esforçar. – sorri agradecida.

— Espero que sim. Suas aulas de reforço começam hoje depois das 18:00 com o Lysandre.

— Espera, com quem?

— Com o Lysandre.

— Mas por quê ele?! – questionei desacreditada.

— Porque ele é um dos meus melhore alunos nessa matéria. – ele dizia tranquilamente enquanto recolhia suas coisas.

— Mas por quê não me indicou  o Nathaniel, ele é o representante não é? Ou Rosalya, eu poderia estudar com ela...

— Nathaniel tem estado muito ocupado com o grêmio e acredito que não vá render muita coisa estudando com sua amiga Rosalya.

— Mas professor...

— Não tem ‘mas’, Lynn. A menos que queira ser a única da sua classe a não se formar esse ano.

Suspirei.

— Ele sabe que vai ter que me dar aulas de reforço?

— Irei comunicá-lo agora. – ele havia recolhido todo seu material e agora estava prestes a sair da sala. – É serio, Lynn, eu nem deveria estar te dando essa chance então sugiro que aproveite.

Faraize  saiu e me deixou sozinha na sala de aula.

Eu não acredito que isso está acontecendo comigo... ¬¬’

Fui para o ginásio e vi Rosalya sentada na arquibancada enquanto os outros alunos jogavam vôlei.

— E aí? O que o Faraize queria? – Rosalya me perguntou assim que me aproximei.

— Fui reprovada na prova dele... – disse num suspiro

— Mas aquela prova estava fácil, Lynn, como conseguiu essa proesa?

— Eu sei lá... não prestei muita atenção na revisão do dia anterior e... espera...

— O que foi?

— Você não estava suspensa no dia da revisão.

— Sim.

— E como conseguiu passar?

— Ah, é que o Lys-fofo me emprestou suas anotações para que eu pudesse estudar. – ela sorriu

— Ah, claro... e ainda tem mais essa, Faraize disse que me deixaria fazer outra prova mas que antes eu precisava ter aulas de reforço com Lysandre.

— Que ótimo! Se o Lys-fofo vai te ajudar estudar para a prova então é nota máxima na certa! – Rosalya se entusiasmou.

Como ela podia falar dele assim como se ele fosse uma pessoa tão legal? Talvez fizesse isso para não chatear Leigh... ou só não fizesse ideia de quem seu cunhado era.

— Senhorita Lynn, - Boris apitou chamando nossa atenção – Você também está com cólica?

— N-Não senhor... – senti um cutucão vindo de Rosalya.

— Então não precisa ficar sentada na arquibancada. Coloque sua roupa de ginástica e venha já pra quadra. Anda Logo! – ele disse um tanto seco.

— Que mancada  hein, Lynn. – Rosalya balançava a cabeça em negação.

 Acho que ela queria que eu mentisse e dissesse que estava com cólica e ficar fazendo companhia a ela, mas não creio que colaria se tivesse feito isso.

— Tudo bem, não tem problema. Vou me  trocar e depois você torce por mim. – sorri

No caminho pro vestiário feminino pude ouvir a voz de Faraize vindo do vestiário masculino.

— Por favor, Lysandre, eu preciso que me ajude e ajude uma colega de classe.

— Mas por quê justo ela, Faraize? E por quê tem que ser eu? Não é o Nathaniel o representante de turma?

— Nathaniel está muito ocupado com as coisas do grêmio e não é o Nathaniel quem me pediu uma carta de recomendação pra universidade que ele quer entrar.

Deu pra ouvir um suspiro pesado que deve ter vindo de Lysandre.

— Pense nisso, Lysandre – Faraize continuou – Poderia colocá-lo como assistente em aulas de reforço nessa carta de recomendação. Somado  as suas notas  eu duvido que recusem uma bolsa pra você. Lembra daquela nossa conversa? É sempre bom ter um plano B.

Houve uns bons segundos de silêncio até que Lysandre se manifestou.

— Quando terei que começar? – ele perguntou num suspiro

— Hoje mesmo, depois das 18:00.

— Ela sabe que sou eu quem vai dar aulas de reforço?

— Eu a comuniquei agora pouco. Posso contar com você?

— Pode sim, professor.

— Que bom, Lysandre, você é um ótimo aluno.

Resolvi não ficar para ouvir a despedida e saí de lá antes que me vissem.
Durante o resto das aulas só conseguia pensar na conversa entre Lysandre e o professor Faraize. Quem era ele pra se incomodar em me dar aulas de reforço? Ele é o tarado pervertido da história.

Que droga! Tinha prometido a Kentin que ficaria longe de Lysandre e agora estava nessa situação...

...

— Como assim você tirou 1,0 na prova de história, Lynn?! – Minha mãe disse num berro descreditado.

Contei aos meus pais sobre minha nota assim que cheguei em casa. É claro que ele ficaram uma fera!

— E-Eu não sei, mãe, na hora me deu branco... – tentei argumentar

— ‘’Branco’’, Lynn? Nunca te deu ‘’branco’’ antes. Isso me parece mais com falta de atenção.

— Não precisa ficar assim, mãe, Faraize vai me deixar fazer outra prova na semana que vem e eu prometo que vou tirar nota azul.

— E é bom tirar mesmo! – meu pai que até então estava calado se manifestou -  Sua escola é muito cara pra tirar  1,0 numa prova de historia!

— Olha, eu vou me esforçar, ok? Logo volto hoje mesmo pra escola para ter aulas de reforço.

— Mas já pode subir pro seu quarto e ir estudando até dar a hora. – meu pai disse

— Mas eu já vou voltar pra escola mais tarde e...

— A-GORA, Lynn! – minha mãe reforçou a ordem do meu pai e eu resolvi obedecer, eles estavam bem alterados.

Subi para meu quarto e abri meu livro de historia. Eu juro que tentei estudar mas aquilo estava muito confuso pra mim. Não seria fácil aprender aquela matéria e quanto mais as horas passavam mais ficava nervosa e com medo de encontrar Lysandre mais tarde. Sabia que ele era perigoso e que poderia tentar me fazer algo de ruim... mas por outro lado eu poderia esclarecer de uma vez o que ele quis dizer no dia que me entregou o livro e aquele chaveiro de coelho.
Estava farta de tentar adivinhar as coisas aleatórias que aquele garoto dizia e fazia. Já tinha passado da hora de entender qual era a dele.
Faltava pouco tempo para que a aula de reforço começasse então enfiei os livros na mochila e o chaveiro de coelho dentro do bolso do meu casaco.

Quando entrei na sala de aula Lysandre já estava à minha espera. A ideia de estar numa sala vazia só com ele me deixava muito nervosa e com um frio muito desconfortável na barriga.

— Oi, Lynn. – ele me cumprimentou com voz direta.

— Oi. – respondi no mesmo tom.

— Não sei se Faraize te passou os detalhes, mas serão sete dias de reforço e uma hora por dia. Sugiro que comecemos logo para que isso não seja mais desconfortável do que já está sendo para os dois lados, acredito.

— Tudo bem.- assenti levantando os ombros - Mas posso fazer uma pergunta antes?

— É sobre o conteúdo da matéria?

— Ham... não exatamente... – disse apertando o coelho do chaveiro dentro do meu bolso

— Então prefiro que não faça. – ele me respondeu de um jeito bem seco.

Acabei levantando uma sobrancelha e parece ter sido o suficiente para que ele percebesse que tinha sido rude.

— Olha, Lynn, - ele disse num suspiro – Você está namorando o Kentin e agora eu estou com a Nina. Qualquer coisa que tenha acontecido entre nós anteriormente não diz respeito mais a mim nem a  você. Eu só quero que isso acabe logo, pode ser? – ele me olhou pedindo compreensão e eu apenas assenti com a cabeça.

Ele devia estar se referindo ao episodio do vestiário que Kentin me contou que Lysandre se escondeu dentro dos armários para me ver trocar de roupa. E agora que tinha uma namorada queria passar a borracha e posar de bom moço. Fala serio...

Tirei meus livros da mochila e começamos a estudar. Ele juntou sua mesa do lado da minha e se sentou ao meu lado, o que me fez sentir de novo aquele frio na barriga.
Por mais que me incomode admitir, Lysandre sabia explicar muito bem. Só em uma aula com ele consegui entender o que não consegui lendo a tarde inteira. Ele recitava muito bem as palavras do livro e olhava sempre diretamente para mim, como quem queria confirmar se eu estava realmente entendendo o que ele dizia. Foi então que eu percebi que seus olhos eram de cores diferentes, um verde e outro de cor âmbar e achei aquilo estranho e interessante ao mesmo tempo e logo não conseguia mais parar de olhar pra eles.
Foi então que percebi que devia estar constrangendo Lysandre pois ele ficou um tanto vermelho.

— Bom, - ele limpou a garganta – acho que já deu por hoje, a escola já vai fechar.

— Ah, sim... tudo bem. – concordei um pouco corada também por tê-lo constrangido.

— Vamos, então? – ele se levantou.

— Vamos.- assenti e fiz o mesmo.

Caminhamos pelos corredores até o portão um do lado do outro em completo silencio.
Minha mãe estava me esperando com o carro já na porta da escola então assim que o vi abri a porta do mesmo.

— Não vai me apresentar seu colega, Lynn? – ela sorriu para Lysandre que ainda estava parado em frente ao portão.

— Ah... s-sim... Mãe, esse é o Lysandre, ele está me ajudando com o reforço.

— Ai, que bom, filho. Muito obrigada por ajudar a Lynn – ela sorriu.

— Não é nada demais . – ele respondeu educadamente.

— Você que pensa, filho... Vamos, Lynn? Seu pai está nos esperando para o jantar.

— Tudo bem. – assenti e entrei no carro. – Até amanhã, Lysandre.

— Até amanhã, Lynn.

Ele acenou com a mão e minha mãe deu a partida.

— Ele parece um bom garoto, né? – minha mãe comentou já com o carro em movimento à caminho de casa.

— É... parece sim...


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Notas finais do capítulo

Comentários e críticas construtivas são sempre bem vindas ^ ^



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