*Sinto alguém me chacoalhar pelos ombros. Tento abrir os olhos*

— Ah! Ela acordou! Lynn, está me ouvindo?! Você está bem?!

— Rosa, é melhor abrir espaço, ela precisa de ar!

— Se me tirar de perto dela eu abro um espaço entre seus dentes!

*Estou com muita dor de cabeça e minha visão está turva*

— Ah não, Lynn! Não feche os olhos! Não Lynn, fique acordada! Lynn... Lynn!!!

...

Abro os olhos e me vejo em cima de uma maca numa sala pequena. Que dor de cabeça! Que lugar é esse? Quemé essa garota dormindo na cadeira do meu lado? Não, pera... Quem sou eu?!

...

Me levanto com um pouco de dificuldade, minha cabeça ainda dói. Vou até o banheiro e fecho a porta sem fazer barulho. Me olho no pequeno espelho tentando lembrar de alguma ou qualquer coisa mas nada me vem à cabeça. Ao lado da porta havia um banquinho com uma muda de roupa e um celular.  Bem, eu estou vestindo um avental horroroso então isso deve ser meu, certo?

Depois de me vestir desbloqueei a tela do aparelho e vi uma foto minha com um garoto de cabelo castanhos e olhos incrivelmente verdes no visor. Quem será esse? Havia umas quinze ligações perdidas e mais um monte de mensagens de alguém chamado Kentin. Abri as mensagens primeiro e nelas ele perguntava onde é que eu estava. Eu devia estar falando com ele antes de seja lá o que tenha acontecido acontecer...

Procurei por mensagens mais antigas e, ao que tudo indica ele alguém muito próximo a mim. Procurei pelo álbum de fotos, tem muitas fotos minhas com ele... com aquela garota ali também, acho que somos amigas. Devo falar com ela sobre o que está acontecendo? Bom, acho melhor primeiro saber onde é que eu estou.

Abri a porta do banheiro e ela ainda estava dormindo, saí daquela sala e me encontrei num corredor comprido com muitos armários. Acho que isso é uma escola. Tinha um garoto sentado no chão ao lado da porta com a cabeça baixa. É o garoto do meu celular.

— Lynn!! – ele olhou pra mim e se levantou.

Olhei para trás para me certificar de que não havia mais ninguém ali. Não havia, então eu devia ser essa Lynn de quem ele falava

— Caramba, Lynn, que susto! – ele me abraçou bem forte – Você está bem? Fiquei preocupado. – ele me apertou ainda mais.

— Humpf... – gemi; estava ficando sem ar e ele me soltou do abraço

— Me desculpa, você acabou de recobrar a consciência e eu já estou te sufocando... Olha, Lynn, sobre o que aconteceu antes... M-Me desculpe...

* Mas do que ele está falando?*

— Se você quiser, - ele continuou- a gente esquece  tudo aquilo que aconteceu e...Lynn, não me olha assim, por favor diz alguma coisa..

— Desculpa, mas... eu não sei do quê você está falando...

— Lynn... ?

— Na verdade, eu não sei nem quem você é?

— Como assim, Lynn? Como você não sabe quem eu sou?

— Sinto muito... – abaixei a cabeça.

— Você pelo menos sabe onde está? – ele perguntou e eu neguei com a cabeça ainda baixa.

Ele olhou para os lados como se quisesse se certificar de que ainda estávamos sozinhos naquele corredor.

— Vem comigo. –ele me puxou pelo pulso e me arrastou para uma sala logo abaixo das escadas, aparentemente era um porão. – Senta aí.

Ele me sentou num sofá velho e começou a andar de um lado pro outro balbuciando algumas coisas que eu não conseguia entender. Ele parecia tenso.

— Me diga – ele parou de andar e sentou-se ao meu lado com cautela- do que exatamente você se lembra? 

Fiquei em silêncio. Eu não me lembrava de nada!

— Lynn, qual é o seu sobrenome? – ele me perguntou.

Permaneci em silêncio.

— Ah, não, Lynn, você perdeu mesmo a memória... – me abraçou novamente.

*Então eu perdi a memória? Nesse caso... o que eu faço agora?*