Um amor não correspondido escrita por KayMine


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Uma pessoa normal acordaria por si só ou pelo bendito despertador irritante zubindo em seus ouvidos. Mais eu acordei pelo ronco vindo da minha barriga. Uma coisa suuuper normal.

Eu não queria comer... Na verdade, eu não podia comer. Tinha que ficar como a minha mãe. Magra e elegante. Ninguém gosta de garota gorda, por isso farei de tudo para emagrecer, mesmo que isso custe riscar da minha vida tudo que eu gosto de comer.

Meus avós me avisaram ontem que eu poderia faltar na escola. Então eu havia acordado de 10:30h.


Tomei um banho e coloquei um vestido florido com uns babadinhos nas pontas. Era a primeira vez que eu usava ele e até que não ficou mal. Fiz uma trança de lado no meu cabelo, e para disfarçar a palidez, eu passei um pouco de pó e base.
Desci as escadas com cuidado, pois a minha vista estava começando a falhar.

— Bom dia, pitchica – cumprimentou-me a vovó sorridente, quando eu estava no penúltimo degrau.

— Bom dia, vovó! – retribui com total desânimo seu cumprimento cheio de alegria.

— Oque houve?

— Só estou cansada, não é nada demais.

— Sabe oque é isso? Você está fraca! – vovó enfatizou – Tanto que desmaiou na gravadora!

Revirei os olhos e suspirei.

— Vovó, eu estou bem! Apenas nesses últimos dias não tenho tido fome. Coisas de pré-adolescentes, você já devia saber!

— É, eu sei... – sua fala é deixada no ar – Mais eu me preocupo! – tornou a dizer, soltando um suspiro – Vou te preparar alguma coisa ok? – levantou-se do sofá.

— Não precisa! – quase gritei, fazendo-a recuar e me fitar assustada – Digo, não precisa vovozinha. – abri um sorriso – Estou bem, é verdade! Continuo não tendo fome.

— Apenas um leite... – ela alisou seus cabelos e me encarou com um olhar suplicante.

“Quantas calorias terá?” pensei.

— Não aceito um não como resposta! – vovó se adiantou a dizer. A olhei, suspirando e assenti com a cabeça. Vovó olhou-me com seus olhos castanhos, trazendo um olhar maternal. E foi assim que ela deixou a sala.
Sentei no sofá e peguei meu tablet que estava na mesinha do centro. Fiquei mexendo durante alguns minutos, quando vovó trouxera meu leite numa bandeja.

Nunca encarei algo por tanto tempo.

E com tanto medo.

Tomei-o num gole só. Sabia que me arrependeria depois. E sabia que eu teria que inventar outra desculpa além de estar “sem fome”, pois daqui à um tempo, essa desculpa não vai colar mais.

Vovó me fitou sorrindo radiante, voltando pra cozinha. Voltei a mexer nas minhas redes sociais, durante um longo tempo, até dá 13:00h. Enrolei minha vó ao máximo que pude. Ainda bem que meu avô teve que resolver algo relacionado as papeladas da nossa casa, pois se um é difícil de enrolar, imagine dois.

O táxi estacionou em frente a gravadora. Dei um beijo na bochecha da vovó e saí do carro. Mesmo estando um pouco afastada, pude ouvir seu celular toca e ela responder um “tudo certo!” Oque será que minha avó está aprontando hein?

Resolvi deixar aquilo de lado, e entrei na gravadora. Dei um bom dia pra Letícia e fui direito pra sala de gravação. Surpreendentemente, os irmãos Vaz e o André já estavam lá.

— Oi gente! – cheguei perto dele e os cumprimentei. Ao contrário das outras vezes, eles não fizeram cara feia e nem me excluíram de seus assuntos. Perguntaram se eu estava bem e que ficaram muito preocupados com tudo que aconteceu.

— Que bom que você está bem, Priscila! – Joaquim sorriu pra mim, e me derreti toda por dentro.

— Oiie gente! – ouvi a voz “doce” da Isabela, fez o Joaquim abrir um sorriso de orelha a orelha e correr em sua direção. Logo todos passaram a conversar com ela, me deixando de lado totalmente.

Tentei esconder minha chateação diante daquilo. Apesar de tudo, eu já devia estar acostumada aquilo.

Logo Regina chegou, mandando todos pros seus lugares. E fiquei feliz quando ela disse que iniciaremos com a música “Pra vê se cola”

Entre borrachas
E apontadores
Mora o meu grande amor
Colei seu nome
Com várias cores
No livro que me emprestou-oh-oh

Na parte do Joaquim, ele cantava olhando pra Isabela. Aquilo me fez ficar muito mais chateada, por isso comecei a cantar com desânimo. Oque resultou em várias reclamações e advertências de Regina.

Até que eu mesma desistir de cantar.

— Tá tudo bem aí? – incrivelmente, Joaquim veio falar comigo.

— Está surpreso porque? – podia se notar a chateação nas minhas palavras – Porque eu não quis cantar com você?

— Não Priscila, é só que...

— Você pelo menos podia fingir, Joaquim. – dei ênfase na palavra “fingir”, irritada – Mais parece que realmente você não gosta nem da minha companhia. – a irritação some, dando lugar a tristeza.

Ele me encarou de um modo que eu não conseguir explicar. Mais mexeu comigo. Como todas às vezes. E como todas às vezes, ele saiu, indo em direção a rodinha de amigos.

A Isabela cantara algumas músicas, Joaquim e André treinaram uns acordes, e o ensaio finalmente havia acabado. Mais eu me surpreendi quando vi meu avô passar pela porta da sala de gravação.

— Vovô? – corri em sua direção, abraçando-o – Oque o senhor está fazendo aqui? – perguntei confusa. – Não era a Vovó que iria me buscar?

— Sim e não! – ele me fitou com um olhar divertido – Na verdade, queria fazer um convite pra todos seus colegas de banda... – minha confusão aumentou ainda mais – Posso? – ele me encarou.

Assenti com a cabeça, mesmo temerosa.

— Eu e minha esposa queríamos que fizessem um lanchinho lá em casa. Coisa simples, mais de coração. – ele sorriu e eu gelei.

— Comida? – ao ouvir aquela palavra, os olhos de Felipe brilharam – Tô dentro!

— Felipe?! – A Júlia fala em um tom de repressão, dando um leve tapa na sua cabeça.

— Podemos ir, pai? – André olhou esperançoso para o Vicente, que ficou pensativo por alguns segundos.

— É claro que podem. Más... – Ele levantou o dedo indicador, em um tom de aviso – Não façam bagunça!

— Então creio que está tudo certo, então? – Concluiu meu avô.

— Infelizmente, a Isabela não poderá ir. – intercedeu Regina, abraçando ela de lado – Minha filha é muito estudiosa! Tem muita coisa pra fazer. – alisou seus cabelos, e Isabela deu um sorriso estranho. Confesso que senti inveja naquela hora... Inveja e tristeza, pois Safira nunca me tratou assim.

— Tchau Isa! – todos se despediram de Isabela, que acenou com um sorriso meio tristonho e saiu da sala, acompanhada de Regina.

O pessoal saiu primeiro, e eu fiquei atrás com o meu avô.

— Isso foi ideia da vovó, não foi? – cochichei pra ele, enquanto caminhávamos.

— Na verdade, a ideia foi minha! – parei e o fitei, surpresa.

— Priscila, você tem ficado muito sozinha e triste esses dias. Então pensei que uma pequena reunião com seus amigos, fosse ter animar um pouco!

Parei para raciocinar um pouco, e sorri.

— Brigada vovô! – beijei sua bochecha, e sua barba fez cócegas em meus lábios.

Voltei a andar, e com um pouco de correria, comecei acompanhar o pessoal.

— Seu avô foi muito bacana de convidar a gente, Priscila. – André me disse e sorri de lado.

Quando chegamos em frente ao carro do meu avô, ficamos nos olhando sem dizer uma palavra.

— Será que vai caber todo mundo aí? – Júlia cortou o silêncio, com uma frase interrogativa.

— Vai sim! – assenti com a cabeça – Eu vou no banco carona, e vocês ficam atrás. O Felipe pode ir no colo de algum de vocês. – opinei.

— Oque?! – exaltou-se o Felipe – Porque? – protestou.

— Porque você é o menor! – dizendo isso, Joaquim puxou a mão de Felipe, e entrou no carro, seguido da Júlia e o André.
Eu suspirei e também entrei no carro, esperando meu avô dá algum sinal de vida. Finalmente ele entrou, e exigiu o cinto. Meu avô sendo meu avô.

Revirei os olhos, colocando o cinto. Confirmando com os olhos que todos estavam, ele alavancou com o carro.


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