Compartilhados escrita por Dorothy of Oz


Capítulo 6
Atrasos e flertes


Notas iniciais do capítulo

Oláá, gracinhas!!! Tudo bem?

Bom, primeiro eu queria pedir desculpas pela minha demora, eu estava meio desanimada pra escrever, e meio que estava sem tempo também, sabe como é... Escola, trabalhos... Mas eu quero deixar bem claro que eu não vou abandonar essa história, viu?
Mas me deixaria muito, mas muito feliz se vocês comentassem pra eu saber o que estão achando dela... Me deixa feliz e inspirada para continuar...

Bom, é só isso... Boa leitura e até as notas finais! ❤️



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Seis

 

Tinha que aceitar que tudo seria diferente – e mais difícil – daqui para frente. Era frustrante para ela, é claro, mas já tentara mudar sua situação e não obtivera nenhum sucesso, até temia ter piorado as coisas.

Suspirou longamente antes de se levantar de seu banho relaxante. Olhou para a banheira e sentiu que ela precisaria de muitos mais banhos como aquele a partir de agora, devido às circunstâncias.

Dirigiu-se ao quarto e vestiu a roupa já separada na noite anterior. Pegou sua mochila e logo desceu para tomar o tão importante café da manhã.

⁃ Bom dia. - falou desanimada.

— Querida... ainda está chateada com a coisa toda do Ben? - sua mãe perguntou com desdém, levando sua mão até a da filha e a apertando levemente.

⁃ Acho que só vou voltar ao normal quando eu finalmente me livrar dele. - deu um sorriso fraco.

⁃ Vai dar tudo certo. Pense pelo lado bom. - a mãe disse subitamente animada.

⁃ Existe um lado bom? - disse Majô levando uma colher de iogurte caseiro na boca.

⁃ Tudo tem um lado bom. - seu pai finalmente se pronunciou.

⁃ Quando descobrir me avisa, papai, porque eu... - riu de seu próprio sofrimento. - Bom, eu já vou indo. - beijou a bochecha de cada um dos presentes e saiu, respirando o ar puro do condomínio como de costume.

Silêncio.

Olhou para os lados e não viu nada. Nenhum som vindo da casa de seu vizinho, nenhuma porta se abrindo e nenhuma piadinha sobre ela. Surpreendentemente, nenhum sinal do furacão Benício. Franziu o cenho, estranhando tudo aquilo. Deu de ombros e sorriu por ter alguns minutos de seu dia livre do garoto. Caminhou até o carro e colocou uma música animada para tocar no iPod.

Não havia muita movimentação chegando na escola, então apenas começou a subir as escadas da entrada animada, dando "bom dia" para quem passava por ela.

⁃ Bom dia, Antônio. - cumprimentou o segurança que sempre ficava na porta da escola. Já ia passando por ele quando a impediu.

⁃ Sinto muito, Majô. Temo que você não possa entrar agora.

⁃ O quê? Por quê?

⁃ Recebi ordens diretas do diretor para só deixar você entrar quando estiver devidamente algemada a Benício. - a menina ficou paralisada por alguns segundos, apenas piscando algumas vezes sem acreditar.

⁃ O quê? - perguntou com a voz esganiçada quando finalmente saiu do transe.

⁃ Ordens do diretor. – Antônio disse calmamente.

⁃ Mas... Mas eu preciso ir a biblioteca, entregar os livros, fazer minhas coisas...

⁃ Só poderá entrar quando Benício chegar.

⁃ E se ele faltar? Não vou poder entrar na escola? – ela estava indignada.

⁃ Uma coisa de cada vez. – disse como se assunto estivesse encerrado. Ela bufou alto. Queria gritar, chutar e não era uma pessoa violenta.

Benício conseguia estragar seu dia sem ao menos o ter visto.

Se jogou no banco estilo praça que ficava ao lado da portaria, ficando toda desajeitada. Olhou para o relógio, que marcava seis e meia. Eles entravam as sete. Tudo bem, ele não poderia demorar muito. Respirou fundo.

6h40min

Levantou os olhos do livro aleatório que tinha pegado para ler e passar o tempo. Suspirou ao perceber que estava há dez minutos esperando o bonitinho.

6h45min

Desistiu do livro, não estava conseguindo se concentrar mesmo.

6h50min

Abriu os olhos que tinha acabado de fechar com as risadas que vinham da entrada da escola. Suas amigas. "Amigas"... Elas pararam de rir quando a viram e ficaram em silêncio até sumir escada à cima. Lógico que Majô apenas revirou os olhos teatralmente, pouco se importando com as ditas cujas.

6h55min

Bufou mais uma vez enquanto balançava o pé freneticamente. Estava nervosa, é claro. Faltavam cinco minutos para finalmente entrar na aula e nem sinal de Benício. Ele quase nunca se atrasava. Ela sabia que a mãe dele era rigorosa com essas coisas de horário. Se tivesse acontecido alguma coisa com ele, ela não entraria na sala e isso seria trágico.

7h00min

Majô arregalou os olhos quando ouviu o sinal e não viu Benício. Agora estava desesperada. Onde é que estava aquele infeliz?! Os alunos passavam por ela aos montes, todos se dirigindo para suas respectivas salas. Sentiu inveja deles. A escola tinha apenas cinco minutos de tolerância, se ele não chegasse nesse tempo ela perderia a primeira aula.

7h02min

Ouviu o ronco do potente de um motor em meio ao silêncio e parou de andar de um lado para o outro, mirando o carro de onde vinha o som.

A porta do automóvel preto se abriu, revelando o garoto de calça jeans, sneakers, blusa azul marinho social despojada, com as mangas dobradas até os cotovelos e dois botões abertos, ajeitando a mochila em um dos ombros. Os cabelos estavam lindamente bagunçados e seu rosto era emoldurado por um RayBan preto. Um perfeito mala.

Depois de passar o choque inicial, Majô começou a andar com passos duros até Ben, determinada a lhe falar umas poucas e boas enquanto cutucava seu peito, mas parou bruscamente quando viu a porta do outro lado abrir, revelando dessa vez, uma garota com cabelo cor de farmácia, rindo abertamente.

Ela deu a volta no carro e encontrou Ben com a mão estendia para ela. Seu sorriso aumentou de um jeito que Majô não sabia ser possível. Ela parecia o gato da Alice, chegava a ser assustador. O garoto passou o mesmo braço pelos ombros dela, rindo e cochichando coisas em seu ouvido que a faziam ruborizar.

Enquanto isso, Majô apenas sentia seus músculos faciais se contraírem e sua boca formar um perfeito "O", chocada demais para mexer o resto do seu corpo. Só se recompôs quando os dois pararam na sua frente e a garota desconhecida a olhou com nojo. Voltou-se para Ben, sua expressão transmitindo toda a raiva que estava sentindo.

⁃ Você pirou, garoto? Onde está com essa sua cabeça? Quase me fez... - brigou o empurrando pelo peito com força. Ele nem se mexeu.

⁃ Escuta aqui, garota, quem você pensa que é? Ele atrasa quando e porquê ele quiser... – a garota desconhecida interrompeu. Majô olhou desacreditada para aquela coisinha, arqueando as sobrancelhas.

⁃ Está tudo bem, gatinha. Pode subir. A gente se vê no intervalo. - deram um selinho rápido e Majô os olhou com nojo. A "gatinha" ainda hesitou, olhando com os olhos semicerrados para Majô até sumir escada a cima. Demorou uns três segundos até ela se recuperar dessa ceninha idiota. Balançou a cabeça rapidamente, endireitando a coluna e olhando para o garoto com sarcasmo.

⁃ Novo bichinho de estimação? Ela deita e rola também?, porque latir já vi que late. - ele soltou um risinho e tirou seus óculos.

⁃ Tudo isso é ciúmes, Marjorie?, porque não precisa. Pelas próximas seis aulas eu sou todo seu. - piscou para ela.

⁃ Seria mais produtivo ficar seis aulas ao lado de um chipanzé, já ele pelo menos tem um cérebro mais inteligente. - Ben revirou os olhos e eles viram Antônio se aproximar, já com as algemas.

⁃ Estendam os braços, por favor. - ele falou e os dois obedeceram.

⁃ Por que me esperou aqui fora? - Ben perguntou enquanto se dirigiam para a sala, e ela riu de escárnio.

⁃ Não se ache tão importante. Eu só fiquei aqui porque eu não entro se não estiver assim. - levantou o braço da algema.

⁃ Sério? Que interessante... - exclamou pensativo.

⁃ Se você tentar alguma gracinha eu juro que arranco seu amiguinho fora enquanto você dorme. - ele sorriu de canto.

⁃ Desde quando ficou tão violenta?

⁃ Desde que você entrou na minha vida. - bateu na porta da sala e ficou a encarando, enquanto Ben a analisava descaradamente. A porta foi aberta.

⁃ Licença, professor. - ele se volta para o homem à frente e sorri.

~*~

⁃ Rápido, eu preciso ir ao banheiro. - Majô resmungou, arrastando Ben pelos corredores. Ele andava devagar e calmamente, já que os puxões da garota não produziam nenhum efeito sobre seu corpo. - Vamos! - tentou puxa-lo com mais força.

⁃ Eu não estou com pressa... - ouviu a garota bufar e sorriu. Como adorava irrita-la. - Esse tipo de coisa acontece quando você bebe três garrafinhas de água antes do intervalo. - debochou.

⁃ Preciso me manter hidratada, babaca...

⁃ Sorte a sua que eu estou andando, porque se eu parar a gente não sai do lugar, e você sabe disso. - Majô apenas revirou os olhos, pensando o quanto ele era patético. Continuaram a caminhar desse jeito pelo corredor, até que Majô parou bruscamente e se virou para Ben.

⁃ Espera. Você não pode simplesmente entrar no banheiro feminino... - Ben riu, mas vendo que Majô não o acompanhava, ele a olhou com desdém.

⁃ E o quê você sugere, fazer no matinho?

⁃ Se importa em parar de ser você por um segundo? Ninguém ia te querer lá dentro...

⁃ Bom, isso não é problema meu... - ela cruzou os braços e arqueou as sobrancelhas, descrente. Vendo isso, ele bufou e olhou ao redor, analisando todo o corredor, quando viu algo que o fez sorrir. - Ei, você. - chamou um garoto que estava andando tranquilamente pelo corredor, ele olhou para Ben e apontou para si mesmo, sem entender. - É, você mesmo. Vem cá. - o menino caminhou timidamente até ele, que colocou a mão em sou ombro. - E aí, cara! Qual é o seu nome?

⁃ Matheus. - respondeu baixinho.

⁃ Bom Matheus, a minha amiga aqui... Você conhece ela, não? Claro que conhece, ela é muito popular. - usou do sarcasmo na última frase. - Bom, ela está com muita frescura de entrar no banheiro assim, desse jeito. - apontou para as algemas e começou a falar baixinho. - Sabe como é, né cara? Já deve ter sabido do gênio dela por aí...

⁃ Sim, mas... o que eu tenho a ver com isso? - Matheus disse - também baixinho - sem entender nada.

⁃ Só você pode nos ajudar, Matheus. - ele respondeu sério e dramático.

⁃ Como? - Ben deu um sorrisinho de lado.

⁃ Eu realmente gostei da sua bandana, pode empresta-la? Depois eu te devolvo. - o garoto hesitou, os olhando desconfiado, mas depois suspirou e tirou a bandana que estava amarrada no braço e entregou a Ben, que analisou a estampa.

⁃ Clube de Matemática, hum? Legal. Valeu, cara. - deu dois tapinhas nas costas de Matheus, que continuou seu caminho pelo corredor. - Toma, amarra isso nos meus olhos. - estendeu a bandana para Majô, que a pegou impaciente.

⁃ Todo esse diálogo por uma bandana? - começou a vendar os olhos do garoto.

⁃ Não, todo esse diálogo pra te deixar mais apertada. - retrucou cheio de deboche, recebendo um apertão meio forte da bandana em resposta. Sorriu levemente, porque ele realmente, realmente amava irrita-la. Majô começou a guia-lo banheiro a dentro. - Sabe, essa situação seria bem interessante... Se você não tivesse você para estragar... - soltou um resmungo de dor quando Majô "acidentalmente" o fez bater em uma quina.

⁃ Concordo com você! Bem interessante mesmo. - sorriu sarcástica. - E só para deixar bem claro: se você sequer pensar em tirar essa venda, você vai se arrepender de ter apenas pensado em jogar aquele estrogonofe em mim.

⁃ Tá certo. - falou fazendo pouco caso. Se dirigiram a cabine e Ben foi entrando com Majô, que se virou indignada quando percebeu o que ele estava fazendo.

⁃ Eu não acredito que você realmente pensou que entraria na cabine junto comigo.

⁃ Ué, a bandana não foi pra justamente pra isso?

⁃ Ficou louco? Ela foi só pra você entrar no banheiro. Você espera do lado de fora. - ela levantou os braços algemados e passou por cima da baixa porta de aço da cabine e fechou em seguida, deixando Ben fora e ela dentro.

⁃ Boa sorte com isso... - disse ele com o braço esticado.

A situação de Majô não era a das melhores no banheiro também. Como quase não alcançava o vaso sanitário, tudo o que tinha fazer teria que ser feito em pé e, para piorar, o papel estava do lado contrário à sua mão "boa". Sabia que demoraria pelo menos o dobro para cumprir sua missão. Aquilo era tão constrangedor. Ainda estava tentando achar uma posição menos dolorida quando ouviu a porta abrir.

⁃ Ben! Você por aqui? Nossa... - disse uma voz fina carregada de melação. Majô revirou os olhos ao reconhecer que era a mesma pessoa de cedo.

⁃ Oi, gatinha. - ele respondeu meloso também. Majô poderia aproveitar que já estava numa privada para vomitar.

⁃ Isso é interessante... - a garota se aproximou dele e passou os dedos pela sua venda, enquanto a outra mão pousava em seu peito.

⁃ Eu também acho, mas seria muito mais se você estivesse no lugar dela... - Majô encarou a porta de metal boquiaberta, indignada. Não conseguia acreditar que isso realmente estava acontecendo com ela.

⁃ Quem sabe mais tarde? - Ok, já chega, aquilo era a gota d'água.

⁃ Hum, com licença? - seu tom pingava sarcasmo. - Eu estou tentando fazer minhas necessidades aqui...

⁃ Faça, querida, ninguém está te impedindo. - a garota falou com um tom que fez Majô querer estapeá-la.

⁃ Sua voz está me impedindo... - ela decidiu ignorar e se voltou para Bem, manhosa.

⁃ É só me dizer quando, lindo...

⁃ Quando você quiser... - Majô pode ouvir estalos de beijos. Ah, não, aquilo já tinha passado dos limites do aturável. Reuniu toda a sua raiva e puxou o braço algemado com força, trazendo o de Ben junto, que xingou alto pela dor. A menina também xingou.

⁃ Qual é o seu problema, garota? - ele disse com raiva.

⁃ Vocês. Meu problema é vocês! - respondeu na mesma medida, se não pior.

⁃ Eu te ligo, Ben... - a garota desconhecida também falou com raiva e Majô pode ouvir saltos batendo no chão e a porta se fechando logo em seguida. Terminou de fazer o que tinha ido fazer desde o começo e saiu da cabine. Caminhou até a pia enquanto Ben tirava a venda, ainda com raiva.

⁃ Você é maluca, garota... - disse esfregando o braço puxado.

⁃ Eu sou maluca? Você estava flertando enquanto eu estava fazendo xixi! - berrou a última parte.

⁃ Ah, grande coisa... - revirou os olhos.

⁃ É, é uma grande coisa sim! Você não tem esse direito. Não tem o direito de ser tão babaca a esse ponto. - ela continuou gritando, até que uma descarga foi dada e uma garota baixa, de olhos puxados, óculos pretos e cabelo chanel da mesma cor foi lavar as mãos, sem deixar de os encarar por um segundo sequer até sair do banheiro.

Eles ficaram em silêncio durante todo esse processo e quando a menina finalmente saiu, se olharam e bufaram. Sabiam que estavam ferrados.


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Notas finais do capítulo

Bom gente, eu já falei lá em cima, mas eu gostaria muito que vocês dissessem o que acharam, eu respondo tudinho ❤️

Muito obrigada por ler e até o próximo!! ❤️



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