Compartilhados escrita por Dorothy of Oz


Capítulo 5
Árvore


Notas iniciais do capítulo

Oiie, gracinhas! Tudo bem com vocês? :3

Mais um capitulo, espero realmente que gostem!

Nos vemos nas notas finais! Boa leitura! ♥



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Cinco

 

11h58min

Fazia cerca de dez anos que faltava dois minutos para a hora do almoço. Chegou a um ponto que Majô e Ben já não prestavam mais atenção no que o professor estava falando, nem sequer estavam escutando suas palavras. Estavam completamente vidrados no relógio, contando os segundos para a tão esperada "reunião" com o diretor.

12h00min

Finalmente o sinal tocou e os dois soltaram o ar que nem se deram conta que estavam prendendo. Estavam nervosos, porque apesar de tudo, de terem passado a tarde anterior pensando no que diriam ao homem, ainda existia a mínima possibilidade de ele dizer não e eles terem que ficar presos um ao outro por mais tempo.

Se entreolharam e acenaram com a cabeça quase imperceptivelmente, indicando que aquele era o momento de eles fazerem o que eles tinham que fazer. Sem falar com mais ninguém, começaram a andar a passos firmes e apressados até a secretaria. Chegando lá, Sara imediatamente os viu e comunicou ao diretor a presença dos dois, que já tinham avisado que estariam ali.

— Podem se sentar, o diretor já vai atender os dois. - apontou para as poltronas em frente ao balcão da secretaria.

— Obrigado. – disseram em uníssono e sentaram, Majô com a postura ereta e Ben meio esparramado. Ela respirou fundo três vezes e, quando viu o que a menina estava fazendo, Ben soltou uma risada de deboche.

— O que foi? – ela disse entediada e o encarou.

— É engraçado te ver tão nervosa desse jeito. - se endireitou um pouco e se aproximou dela, como se lhe contasse um segredo. - Apesar de ser bem mais gratificante quando eu sou a causa disso. - agora o olhar de Majô era de desprezo.

— Por esse e outros motivos que eu quero me livrar de você logo. – disse convicta e ele a encarou divertido.

— Ah é? Bom, esse é um, mas quais são os outros? - Ben disse presunçoso.

— Prefere por ordem alfabética ou cronológica?

— Você não fica confortável perto de mim, admita. - ela revirou os olhos teatralmente e deixou de encará-lo, enquanto ele alargava seu sorriso. - Você tem medo de se apaixonar por mim. - agora que Majô ri com vontade e ironia.

— Como se fosse possível uma pessoa normal se apaixonar por alguém como você.

— Mas não é uma pessoa normal... é você. - ela se virou para ele bruscamente.

— Vamos deixar bem claro algumas coisas, Ben. - o analisou por alguns segundos antes de continuar. - Nós não funcionamos juntos, somos uma bomba relógio. Nada dá certo quando estamos perto um do outro e nada vai mudar isso. Essas algemas são só um contratempo e, quando finalmente acabar, você vai voltar para a sua vida boêmia de sempre e eu vou voltar a focar apenas no meu futuro como estilista. Ponto. Acabou. Esse vai ser o final de "nós". - fez aspas com os dedos na última palavra e respirou fundo, tomando fôlego de novo. Ben balançou a cabeça voltou-se para frente.

— Você está certa, Presidente do Grêmio. Certa como sempre. Você tem um futuro brilhante pela frente. Eu sou um desperdício de tempo. - ele disse com um toque de raiva. Ela suspirou e revirou os olhos.

— Não foi isso que eu...

— Ben, Majô, podem entrar. – Sara os interrompeu inconscientemente antes que ela pudesse continuar. Ben foi o primeiro a levantar.

— Bom, vamos convencer o diretor dessa linda amizade. - disse com as palavras transbordando sarcasmo.

Majô o analisou e depois suspirou, finalmente se levantando. Os dois caminharam para a sala do diretor, que estava lendo alguns papeis em sua mesa. Ben pigarreou e só então ele levantou os olhos para eles.

— Ah, olá Ben. Majô. Sentem-se, por favor. A que devo essa honra? - os dois se entreolharam antes da menina começar.

— Bom, nós viemos aqui porque nós não achamos mais necessário essas algemas.

— E por que acham isso? - ele tirou seu óculos, o olhar atento nos dois.

— Então, ontem nós vimos o quanto nossas atitudes estavam sendo prejudiciais para as pessoas ao nosso redor, então sentamos, conversamos e resolvemos nossas desavenças como pessoas civilizadas... sem guerra de comida, eu quero dizer. – Ben completou voltando com sua postura de "bonzão" característica.

Ele piscou para o diretor pela piadinha e deu uma risada forçada, só parando quando Majô chutou levemente sua canela. O diretor apenas encarou os dois por alguns segundos, apoiou os cotovelos em sua mesa e respirou fundo, recebendo os olhares de expectativa dos dois sentados à frente.

— O que fez vocês pensarem que essa história me convenceria? – os sorrisos se desfizeram lentamente junto com todas as esperanças colocadas naquela "reunião". – Vocês estudam aqui desde que eu lembro, conheço vocês bem o suficiente para saber que não fariam isso. Vocês só brigam e agora querem vir falar que são amiguinhos só para se livrarem? Não vai acontecer.

— Não! Nós realmente conversamos e... – Majô disse um tanto quanto desesperada.

— Não vai acontecer. – ele declarou pausadamente e deu um sorriso cordial. – Dispensados.

Majô suspirou, Ben revirou os olhos e eles saíram da sala em silêncio, completamente frustrados. Eles tinham apostado todas suas fichas naquela conversa com o diretor, realmente pensaram que ele cederia. Agora era certeza que eles não se livrariam e estariam presos um ao outro até quando o diretor quisesse. Começaram a caminhar pelos corredores em silêncio até o refeitório.

Apesar da frustração e tudo mais, o que incomodava a mente de Majô era a conversa com Ben de minutos atrás. Ela realmente não precisava ter falado aquilo. Que ela nunca dissesse isso em voz alta, mas estava arrependida.

— Olha... - ela começou tímida. - Sobre a conversa de mais cedo... - ele deu risada.

— Você acha que eu me afetei pelo o que você disse? Precisa muito mais que isso, Majô.

— Eu sei, eu só... - suspirou. - Me desculpa. - pediu em um tom quase inaudível. Ele a olhou, mas ela não fez o mesmo.

— Tudo bem. Não importa. - deu de ombros.

Finalmente chegaram no refeitório e entraram na longa fila do almoço. Podiam sentir alguns - muitos - olhares sobre eles, pareciam uma espécie rara num zoológico. Os ignorando e com um pouco de dificuldade, Ben pegou uma bandeja e a encheu de comida, enquanto Majô apenas segurava uma vazia.

— Não vai comer? – ele estranhou quando olhou para ela.

— Não, eu trouxe almoço. - se voltou para a moça da cantina, que estava servindo a comida. – Boa tarde, Tina! Você pode me entregar minha bolsa, por favor? - ela pediu simpática e Tina lhe entregou uma bolsa térmica, sorrindo. - Eu peço para ela colocar na geladeira de manhã e depois ela esquenta. É muito gentil. - ela comentou e ele revirou os olhos. É claro que ela não comeria nada da escola.

Quando se viraram para procurar lugar nas mesas, imediatamente se sentiram mais desconfortáveis que antes. Agora os olhares eram mais descarados. Muitos alunos pararam de comer para vê-los e mesas ficavam em silêncio também. Era constrangedor e as pessoas pareciam gostar disso.

— Então... onde vamos almoçar? – Ben perguntou tentando não ligar para todas as outras pessoas do refeitório. Majô olhou ao redor pensativa, já que a única mesa que ela sentara era a 42, junto com suas "amigas", além disso, não tinha nenhuma intimidade com as outras pessoas daquela escola, estava completamente perdida. Então ela passou os olhos por aquela mesa barulhenta, com caras jogando batatinhas fritas uns nos outros rindo e imediatamente fez uma careta.

— Hum, por que não sentamos junto com seus amigos? – disse à contragosto. A que ponto ela tinha chegado...

— Eu acho que não. – Ben disse simplesmente.

— Ué, e por que não?

— Ah, qual é. A princesinha realmente vai querer comer com uns caras que jogam batatas um nos outros? - "a princesinha" revirou os olhos.

— Tem algum lugar melhor?

— Suas amigas? – acenou com a cabeça para a 42.

— Não, elas não iriam te querer lá. – disse magoada, mas Ben nem percebeu porque foi a vez dele de revirar os olhos. Estavam fazendo muito isso ultimamente.

— E ali? – ele apontou para uma árvore solitária, longe de tudo e de todos, no jardim da escola. Majô hesitou e olhou em volta novamente, suspirando quando percebeu que realmente não tinha nenhum lugar disponível senão aquele. Por que aquela escola tinha tantos alunos?

— Tá, tudo bem. – cedeu e eles caminharam em silêncio até sombra da árvore, tendo dificuldade em se sentarem no chão. Ben começou a comer em silêncio, enquanto Majô tirou potes com o almoço de dentro de sua bolsa térmica. Vendo o que ela tirava da lá, Ben soltou uma longa risada, recebendo um olhar entediado da menina.

— Quem é que traz uma lancheira para escola? – disse ainda entre risos.

— Não é uma lancheira, é uma bolsa térmica! – exclamou.

— A minha do Ben 10 de quando eu tinha sete anos também era.

— Cala a boca...

— E o que que é isso aqui? – disse pegando um potinho da bandeja dela (ainda rindo).

— Pizza de pepino. - ele fez uma careta estranha. - Em vez da massa é um pepino. – ela explicou ainda com tédio. Estava cansada da infantilidade do garoto.

— Que nojo... – colocou o potinho de volta no lugar.

— É porque você nunca comeu. – ele revira os olhos.

— Sem chances disso acontecer...

— Não te ofereci. – deu de ombros, mordeu um pedaço da pizza de pepino e Ben franziu o cenho, logo depois sorrindo de lado.

— Me dá... – tirou a pizza da mão de Majô, que protestou tentando pegá-la de volta, mas Ben desviou dela, mordendo um pedaço rapidamente. E, olha... Não é que era gostoso? Tinha sabor e tempero marcantes, mas era suave. É claro que ela nunca saberia disso, então ele apenas colocou a pizza de volta na bandeja dela, sem dizer mais nada. Majô fez uma cara de nojo.

— Argh, fica. – empurrou o potinho para o lado dele. - Você gostou mesmo...

— Não gostei, não... – mentiu.

— Ata, e eu acredito. Dá para ver na sua cara, Benício. Você gostou. – disse muito séria.

— Tudo bem, então eu fico. – disse com um ar de superioridade, como se doesse admitir aquilo. Pegou a pizza de volta.

— Saiba que fui eu que fiz... – piscou para ele, que apenas revirou os olhos.

Depois disso é instaurado um silêncio meio constrangedor, com eles apenas olhando a movimentação dos alunos e comendo suas comidas. Mas essa monotonia não durou muito tempo, já que Ben resolveu voltar à tona algo que tinha percebido anteriormente, mas deixara passar.

— Porque exatamente você não quis sentar com suas amigas hoje?

— Elas não podem mais ser consideradas mais "amigas". – disse com raiva e ele suspirou. Odiava quando as garotas tinham um problema, só que enrolavam para falar sobre ele. Não entendia o motivo disso e simplesmente quis deixar para lá, mas ignorou suas vontades e se voltou para a menina.

— O que houve? – murmurou com a voz cansada.

— Bom, ontem antes de eu ir falar com você, eu briguei com as meninas porque elas disseram que não queriam mais andar comigo só porque você estava junto... - ele a encarou.

— Caramba, belas amigas você tem. E que belos amigos eu tenho...

— O quê? Como assim? - ela franziu o cenho.

— Eles fizeram o mesmo.

— Jura? Achei que isso só acontece com a gente... Essa coisa de falsidade e tal. – disse.

— Pois é...

E assim se foi o almoço, com eles frustrados e chateados por terem que continuar se aturando e ao mesmo tempo indignados com o jeito que seus "amigos" lidaram com a situação toda, ou seja, um misto de sentimentos borbulhando à flor da pele junto com seus hormônios, tornando tudo mais difícil.

O que eles não sabiam é que, em meio a troca de farpas e insultos, essa foi a primeira e mais longa conversa decente que já tinham tido. E, sejamos sinceros, antes de tudo, existia um total de zero chances disso acontecer.

 


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam?

Lembrando que a opinião de vocês é muito importante para mim! Comentem se estão gostando, o que podia melhorar, quero muito conversar com vocês!!

Muito obrigada por lerem! Vocês são uns amores!!! ♥

Beijooss :*



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