Compartilhados escrita por Dorothy of Oz


Capítulo 3
Algemas


Notas iniciais do capítulo

Oláá!!
Me desculpe por demorar tanto assim para postar, esse capítulo já estava praticamente pronto, mas eu nunca gostava de como tinha ficado então eu sempre formatava shuahsuihihsaih
Mas agora eu consegui!
Vamos lá, então auaygyuags

Boa leitura! ♥



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Três

 

Quarenta minutos.

Quarenta minutos é o tempo que eles estavam esperando sentados naquelas cadeiras cuidadosamente encapadas com plástico bolha, que ficava estourando cada vez que eles mexiam um músculo.

Para Ben, seu plano improvisado de jogar estrogonofe na blusa de Majô era brilhante! Achava que a menina apenas ficaria irritada e o xingaria. Não descartava a possibilidade dela se vingar, mas não desse jeito. Mesmo assim, nunca passou pela sua cabeça que esse ato se tornaria algo tão grande.

Majô simplesmente não entendia o motivo dos outros alunos começarem a tacar comida uns nos outros. Se fosse apenas eles dois, tudo seria muito mais fácil. Provavelmente eles ainda assim estariam na sala do diretor como agora, porém sem o peso da culpa de ter sujado uma escola inteira.

A porta da sala escancarou revelando o diretor com um olhar nada agradável indo se sentar em sua cadeira.

— Cada canto do refeitório está sujo de comida e fedendo podre, certamente não obrigarei ninguém entrar lá. Tivemos que deixar duas aulas vagas para as pessoas se limparem, todas estão um nojo. Os vestiários também devem estar, já que todos estão tomando banho lá. – fez uma pausa para respirar fundo.

— Desculpa, a gente realmente não queria... – Ben começou a falar.

— Mas fizeram. – o diretor interrompeu e pareceu refletir. – Comida... Por que comida? – nenhum dos dois respondeu. – Não pensaram no desperdício? No prejuízo? – respirou fundo. – Enfim, gostaria de saber as versões dos fatos. – os dois abriram a boca para falar, mas o diretor se pronunciou apressado, antes dos dois começarem a falar. – Um de cada vez.

— Gostaria de poder te dizer, senhor, mas quando eu vi já estava com aquela comida quente escorrendo pela minha blusa. Não sei o que aconteceu com esse aí para fazer isso. – Ben a olhou indignado.

— Até parece que é a santa da história. – revirou os olhos. - Por que não conta que você tentou me ferrar na aula de Geografia?

— Como? – ela disse sem entender.

— Como assim, Ben? – o diretor se pronunciou.

— O professor pediu pra gente fazer uma pesquisa para entregar. Bom, para resumir, eu fiz minha pesquisa, só que meu pai está desenvolvendo um programa e minha casa está sendo a cobaia. Acho que alguma coisa deu errado e as fontes de letras saíram diferentes... então ela ficou insinuando que eu copiei e colei tudo.

— Infelizmente eu conheço você desde que nasci, Benício. Sei da tua laia. Deve ter se atrasado para passar em uma lan house qualquer, ou parou para se atracar com alguma pobre coitada do primeiro ano. Na minha mente são os únicos motivos plausíveis para você, já que saiu de casa junto comigo.

— O porquê eu me atrasei não te dizem respeito, Marjorie...

— Então foi por isso que você jogou comida nela? – o homem interrompeu antes de virar outra briga, não teria paciência para isso. Ouvindo o diretor falar com essas palavras, Ben percebeu que sua atitude foi mais ridícula do que pareceu no primeiro momento.

— Bom... eu não diria que foi só por isso... – ele falou, sem graça e Majô bufou.

— E por que você revidou, Majô? Não acha que se você não tivesse seguido esse instinto vingativo, só ele estaria aqui agora? – a menina fechou a cara. Fazia sentido, afinal.

— Eu acho que me deixei levar pelo momento...

— A "levada de momento" de vocês me resultou numa escola fedendo, alunos perdendo aulas e o refeitório totalmente sujo!

— Com todo o respeito, senhor, não acho que o senhor pode colocar toda a culpa em nós, afinal não teve motivos para os outros começarem a atirar comidas uns nos outros, já que não atiramos em ninguém além de nós mesmos.

— Sim, por isso não vou tomar medidas tão drásticas com vocês.

— "Tão"? – Ben questionou e o diretor tirou o óculos finos, passando a mão pelo rosto.

— Eu, como autoridade escolar, devo agir conforme a vontade e o bem-estar de todos, ou pelo menos da maior parte. Sendo assim, nesses quarenta minutos conversei com alguns professores e funcionários da escola e chegamos à conclusão de que vocês não podem mais ficar desse jeito.

— Como assim? – Majô falou com uma certa cautela.

— Ninguém mais aguenta vocês discutindo todo dia. Está exaustivo para todos que estão ao redor de vocês. – ele apoiou os cotovelos em sua mesa e juntou a ponta dos dedos. - Não dá mais para continuar assim.

— Então quer dizer que é só a gente não brigar mais um com o outro que nós ficamos bem? – Ben perguntou esperançoso.

— Não vai ser assim tão simples... – seu olhar era duro, abriu sua gaveta e pegou algo de lá de dentro, não deixando os dois verem. – Majô estica o braço esquerdo e Ben o direito. – os dois se olharam, estranhando, mas fizeram o que o diretor mandou. Em seguida o diretor prendeu os dois juntos com a algema que tinha tirado da gaveta.

— Mas o que é isso? – Majô perguntou indignada.

— São algemas!

— Sim, mas por quê? – foi a vez de Ben falar.

— Já que não querem ter uma convivência pacífica por si próprios, irão fazer do modo mais difícil... Mas não se preocupem, ela vai ser tirada quando vocês saírem da escola e colocada na entrada todo dia.

— O senhor está tentando evitar uma segunda guerra de comida ou começar outra? Nós fizemos um estrago por estar perto um do outro por três minutos, o senhor realmente acha que nos deixar juntos por horas vai ser a solução? - a voz de Majô saiu esganiçada.

— Parece ser uma ótima solução para mim, porque quanto mais vocês brigarem, mais dias ficarão algemados.

— O quê? – Majô surtou. – E como acha que a gente vai comer, escrever, ir ao banheiro?

— E como vai saber se estamos brigando ou não? - Ben disse, também indignado.

— Vocês são pessoas criativas e inteligentes, sei que vão dar um jeito. Sobre sua pergunta, Ben, vou deixar duas pessoas da sua sala tomando conta de vocês. Elas irão me reportar cada briguinha que vocês tiverem.

— Não estou acreditando. – Majô escorregou na cadeira de plástico-bolha, fazendo um barulho que em outra situação seria engraçado, mas que agora era insuportável.

— Ah, e vocês também vão limpar o refeitório hoje.

— Algemados?

— Sim! Aproveitem e tirem os chicletes debaixo da mesa. Sara irá entregar o que vocês precisam. –  o diretor disse rápido e voltou a seus afazeres antes deles falarem alguma coisa, sem mais ligar para os dois.

Quando finalmente conseguiram sair da sala sem quase cair, Sara, a secretária, vem até eles com um carrinho de limpeza, cheio de produtos, vassouras, esfregões, pás e um balde de água.

— O diretor pediu para eu entregar isso para vocês. – disse empurrando tudo para eles e indo em direção a sua mesa, logo voltando com duas máscaras de médico. – Acho que vocês vão precisar disso. – parou e olhou para eles com certa pena. – Boa sorte. – desejou e voltou rápido para sua mesa, finalmente soltando a respiração que estava prendendo enquanto estava perto deles. O cheiro que emanava dos dois era podre.

Eles assentiram e saíram da coordenação um pouco desengonçados, empurrando o carrinho pelo corredor. Percorreram o caminho até o refeitório totalmente em silêncio e perdidos em seus pensamentos.

Chegando lá, tudo era mesmo um pequeno caos. O único lugar que não tem comida era o teto. E o cheiro é tão horroroso que chegaram a se arrepender de não terem colocado as máscaras antes, e quando o fizeram, não melhorou muita coisa. Majô choramingou baixo.

— Esses saltos não foram feitos para limpar refeitórios!

— Dá para parar de ser tão fútil? Deixa de reclamar! - ele disse irritado.

— Ah, me desculpe se eu estou indignada com a minha situação atual, senhor Contra o Cê Contra o Vê, eu só não esperava ter que passar o resto do meu dia limpando a sujeira que você foi responsável por começar! – a cada palavra ela bateu o indicador no peito de Ben, que afastou a mão dela em seguida.

— Está insinuando que isso é minha culpa?

— Não estou insinuando, eu estou afirmando mesmo! Tão infantil, tão idiota...

— Você revidou!

— Isso não importa!

— Como não importa? Você é tão culpada quanto eu. – ele disse e ela resolveu não revidar, ficando em silêncio por alguns segundos.

— Por que não podemos estudar numa escola normal, onde se você começar uma guerra de comida você vai pra detenção ou toma suspensão? Qualquer coisa seria melhor do que ficar algemada a você!

— Acredite, foi a coisa mais inteligente que você disse o dia todo. - bufou, pegou um balde e um produto de limpeza do carrinho - Vamos começar a limpar isso logo, quanto mais rápido a gente terminar, menos tempo a gente vai ficar perto um do outro, porque eu tenho certeza que a gente não termina antes de bater o sinal.


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Notas finais do capítulo

O que achou? Sua opinião é muito importante para mim, deixe ela nos comentários!! Beijooosss e obrigada por ler.



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