Um mês se passara... E chegara finalmente o dia que Regina vinha tentando adiar, esquecer.
Hoje Emma viajaria pra Paris com os alunos vencedores do premio, pra começar com os estudos de balé. 
Regina não estava pronta pra deixá-la partir, sentiria tanta falta dela, de tê-la por perto todo dia, sentir o calor de seu corpo, dos seus beijos. Ela suspirou, vendo-a caminhar pela casa junto com a amiga atrás das coisas que ainda faltavam. 

—Esta tudo bem amor?_ ela ouviu de repente a voz bem próxima de si.
—Esta_ sorriu_ já terminou de arrumar as coisas?
—Já sim_ ela concordou.
—E que horas é o vôo?_ ela perguntou com um aperto no coração.
—Acho que em duas horas_ ela respondeu compreendendo o motivo da aflição da morena.

Ela desviou os olhos pra um ponto qualquer da sala, respirando fundo uma vez atrás da outra... Emma podia ouvir o coração da morena bater depressa, juntamente com o dela. 

—Vai me acompanhar até o aeroporto?_ ela perguntou.
—Claro_ afirmou_ não deixaria você ir embora sem me despedir direito.
—Bem, então acho melhor ir me despedir logo de todos antes de partir_ ela disse.
—É, vem vou te levar.

Os meninos ajudaram a por as malas dela e da amiga no carro, depois Regina a levou até o aeroporto... Ruby, Killian, David e Graham que foram logo atrás,  também estavam lá pra se despedir dela. Tinham se tornado bons amigos nesse meio tempo. 

—É uma pena que não tenha rolado o lance de morarmos juntas_ Ruby fez bico_ eu realmente ia adorar.
—Eu também_ ela sorriu_ quem sabe quando eu voltar?
—Vou ficar esperando... Vai ser uma honra ter uma bailarina famosa como colega de quarto_ ela riu.
—Eu vou sentir sua falta Rubs_ sussurrou.
—Eu também_ fez bico.

As duas se abraçaram apertado... Emma nunca tivera uma amiga como Ruby, inteligente, divertida, que a apoiasse acima de tudo e principalmente que fosse louca daquele jeito. Nem poderia dizer o quanto sentiria falta dela.

—Então... Até breve né?_ Killian sorriu de lado.
—Vou sentir sua falta também mocinho_ ela sorriu.
—Volta logo cunhadinha_ Graham brincou_ ainda tem que me ensinar como faz aquela coisa com a perna.
Emma caiu na gargalhada_ se Regina não aprendeu duvido que você consiga, mais verei o que posso fazer,
—Vamos sentir sua falta.

Ela também abraçou os dois, eles não se importavam que ela fosse diferente. Eram ótimos amigos e boas pessoas. 

—Boa viagem Emma_ David disse sorridente_ espero que faça muito sucesso lá em Paris.
—Obrigada Dave_ sorriu pra ele, agora lágrimas começavam a se formar em seus olhos.
—Hei não chora_ ele riu e limpou a lágrima que escorrera. 
—Obrigada por tudo_ o abraçou_ por tudo mesmo. 
—Você merece Emma_ garantiu a ela_ só volte logo, ou minha amiga ali vai enlouquecer.
—Eu volto sim_ afirmou_ cuida dela pra mim Dave?
—Pode deixar Em's, eu vou ficar de olho nela pra você... Só aproveite sua viagem e realize seu sonho.

Ela ficou mais um tempo ali abraçada a ele... David sempre apoiara o namoro dela com Regina, em todos os momentos, desde o inicio, nunca se importara com o fato de ela ser cega e dera muitos conselhos a morena... Era o melhor amigo que alguém podia ter e ela estava feliz por Regina tê-lo por perto... Ele cuidaria dela enquanto a loira estivesse fora.

—Adeus_ ela sussurrou chorosa.
—Não Em's_ ele corrigiu_ até logo. 

Ela sorriu novamente pra ele, então Regina veio até ela, segurando sua mão e a afastando um pouco dos outros pra que pudessem se despedir em paz. Emma não podia ver, mas Regina também tinha lágrimas nos olhos, doía muito ter de vê-la ir embora.

—Então_ ela suspirou_ chegou à hora. 
—É_ ela concordou.
—Vai me mandar noticias?_ ela perguntou.
—Todos os dias_ garantiu. 

Ela tentou sorrir de novo, mas não conseguiu, pra que ficar fingindo? Ela sabia muito bem o quanto era difícil pra ambas. 
Então ela apenas a abraçou o mais apertado que pode.

—Vou sentir sua falta_ ela sussurrou em meio às lágrimas.
—Eu também Emma, eu também_ ela garantiu lhe apertando com força_ todos os dias, todos os segundos... Até que você volte pra mim.
—Desculpa ter que partir_ ela disse.
—Não me peça desculpas querida, você não esta fazendo nada errado, só está indo atrás de seu sonho.
—Mas não quero te deixar.
—Não vai... Vou estar sempre com você, todo o tempo, e não é pra sempre... Você vai voltar. 
—Mas dói mesmo assim_ choramingou. 

Sim, doía muito... Era difícil saber que o amor de sua vida estaria do outro lado do mundo... Tão longe de você. Mas Regina esperaria por ela, o tempo que fosse preciso.

—Eu te amo Emma_ ela sussurrou no ouvido dela com carinho_ como nunca amei ninguém na minha vida.
—Eu também te amo_ ela disse com a voz falha.
—Vou esperar você voltar pra mim... Vou te amar pra sempre.

Ela se afastou do abraço, mas só pra poder puxá-la pra perto de novo e beijá-la, beijá-la com todo seu amor, e carinho... Um beijo intenso, apaixonado, um beijo de despedida, teria de se contentar com aquilo até poder vê-la novamente. Passara a noite toda com ela, abraçando- a beijando-a, fazendo-a sua e ainda assim não era suficiente... Só deixava a despedida mais difícil.
Todos ouviram vir do alto-falante, a ultima chamada para o vôo dela.

—Emma, temos que ir_ a amiga dela disse. 
Regina sorriu de leve olhando para os olhos dela... E Emma ergueu as mãos pra tocar o seu rosto, tateando, uma ultima lembrança pra guardar dela consigo até que estivessem novamente juntas. 
—Tchau_ a loira sussurrou.
—Te amo_ ela disse.

A amiga de Emma segurara a mão dela e a ajudara a entrar no avião... A loira não conseguia parar de chorar, mas tentou se confortar pensando que aquilo não era definitivo. Ela prometera que esperaria por ela... E Emma acreditava nela.

—Adeus_ Regina sussurrou vendo o avião decolar.

Deixou uma pequena lágrima escapar e sentiu Ruby a abraçando de lado... Ela sorriu pra morena, era isso que Regina deveria fazer também, sorrir... Ela iria voltar em breve... E ela estaria esperando de braços abertos.

Regina chegou em casa desolada, havia acabado de deixar sua garota partir, sabia que tinha feito a coisa certa, mas isso não queria dizer que ela não estivesse sofrendo.

Estava tão perdida em pensamentos jogada no sofá da sala que sequer percebeu que não estava sozinha.

Estava te esperando._Cora disse assustando Regina que estava distraída_

—Mãe? Jesus que susto_ ela suspirou_ Não vi a senhora aí

—Percebi... Precisamos conversar. _ela disse séria enquanto mexia seu chá_

—Mãe, olha eu não estou no clima pra discussão, então por favor não começa, pode até ficar feliz se quiser, Emma foi pra Paris.

—Eu não quero discutir, sei que a garota viajou.

—Sabe? Como?

—David me contou, ele esteve aqui ontem te procurando e conversamos. Ele me disse o quanto você se esforçou pra que ela conseguisse essa bolsa. Por que fez isso?

—E a senhora ainda pergunta? Quando eu te disse que gostava dela não estava brincando. E agora eu sei que... Que eu..._ela suspirou_ Eu amo a Emma mãe, ela é a garota mais maravilhosa e mais especial que eu já conheci.  E ela merecia aquela bolsa, se você a visse... Se visse como ela dança, como se move naquele palco como um anjo. Como ela se esforçou para montar aquela coreografia e apresentá-la. Ela é incrível mãe. Se você a conhecesse entenderia.

—Eu vi querida, e você tem razão, ela é realmente encantadora.

—A senhora viu? Como?

—Eu estava lá no dia da apresentação de Ballet e vi essa moça dançar, eu teria ido falar com vocês, mas não sabia como me aproximar, não queria uma discussão entre nós, então preferi não fazê-lo. Ainda mais depois do resultado, muito injusto por sinal.

—Pois é _Regina suspirou enquanto Cora se levantava colocando seu chá em cima do móvel ao lado da poltrona_

—Você fez de tudo para que ela conseguisse essa bolsa, mesmo que isso a levasse pra longe de você_ ela disse se aproximando de Regina que apenas suspirou_

—Sim, ela merecia, e se para ela realizar o seu sonho eu tiver que ficar longe dela, é o que vou fazer.

Cora se aproximou e segurou a mão da filha, acariciando sua bochecha com carinho. Naquele momento ao ver o olhar marejado de Regina ela percebeu que a filha finalmente estava amando alguém. Ela teve medo que fosse um capricho e que Regina acabasse machucando alguém e a ela mesma no processo. Mas ao ver o olhar sofrido da filha percebeu que ela estava errada. Regina cresceu e amadureceu, amar a transformou e ela estava muito orgulhosa da mulher que ela se tornou.

—Eu te devo desculpas

—Pelo que?

—Por ter duvidado dos seus sentimentos, eu pensei que isso era apenas um capricho, mas eu estava errada, e que bom que estava. Você me provou que realmente ama essa moça, ou jamais teria se esforçado tanto para ver ela feliz. E eu estou muito orgulhosa de você por isso, então me desculpe filha.

Regina se jogou nos braços da mãe e se pôs a chorar, foi prontamente recebida e acarinhada pela mãe que entedia sua tristeza.

—Vai ficar tudo bem

—Eu sei, mas eu sinto a falta dela, e ela acabou de ir embora_ ela diz saindo do abraço para olhar a mãe_

—Eu sei... O amor nem sempre é um mar de rosas querida, é por isso que se luta tanto por ele.

—Bom pelo menos uma luta eu já venci, você não esta mais contra nós.

—Eu nunca estive, só estava preocupada, e ainda estou.

—O que quer dizer?

—Regina, você tem certeza de que é isso mesmo que você quer? Você sabe que isso foi só o começo de muitas batalhas que vocês vão ter que enfrentar por causa da deficiência dessa moça, e isso sem somar o fato de vocês duas serem um casal homo afetivo. Tem certeza que consegue e quer lidar com isso?

—Mãe, Emma é o amor da minha vida e por ela eu sou capaz de enfrentar qualquer coisa, então pode vir o que for, eu aguento qualquer coisa pra fazer ela feliz.

Cora sorriu e limpou algumas lágrimas do rosto da filha.

—Bem, quando ela voltar então faremos um jantar de comemoração pela bolsa de estudos, quero todos aqui, porque está na hora de você me apresentar oficialmente essa operadora de milagres_ ele disse divertida fazendo Regina rir pela primeira vez desde que Emma partiu. Talvez ela ainda ficasse triste, mas Emma voltaria, e até lá, ela poderia contar com o melhor apoio do mundo, o colo de mãe.