Into The Night escrita por Hey MOOn A


Capítulo 1
Parte 1 - Cheia


Notas iniciais do capítulo

Faz muito tempo que eu não escrevo alguma coisa, e essa história eu venho escrito tem uma semana. Ainda não terminei mas por enquanto espero que esteja boa.



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“Na sociedade atual, não se pode mais dizer que a cidade dorme. Ultimamente, existem vários serviços que são realizados a noite, como zeladores, seguranças e até mesmo...”

Alice parou de escrever e fechou seu computador. Passara a noite em claro, e já eram onze e meia, e tudo o que conseguia escrever se resumia a essas duas linhas secas. Ela não entendia o porque do seu texto não fluir. Talvez fosse por que essa a primeira vez que ela escrevia um artigo de verdade, algo que não fosse apenas a coluna de horoscopo de um jornal em decadência. Talvez fosse por que não comera desde o almoço, e seu estomago clamava por alguma coisa que não fossem as 27 balinhas do escritório do dentista que ela havia pegado, semana passada, e que achara que era uma boa hora para come-las. Ou talvez estivesse com um bloqueio por que não entendia sobre o assunto que escrevia.

Não a julguem, por favor. Alice é uma mulher independente de 30 e poucos anos (parara de contar a partir do dia em que seu irmão menor lhe chamara de tia) que se sustenta de forma respeitável. Se dedica ao serviço, as suas leitoras que todo mês esperam que ela possa, de alguma forma magica, dizer que o amor estará no se signo, as suas plantas e a seu gato de três pernas Oliver. Mas todo esse serviço, faz com que não lhe sobre tempo para a diversão. A ultima vez que Alice saíra com alguém, fora com sua vizinha Gertrudes, de 80 anos, para pegar a correspondência com o porteiro.

Alice apenas não pensou que desta vez o seu chefe estava lhe oferecendo uma oportunidade real de escrever algo que fosse bom. Ela apenas aceitou, e agora, na noite escura, via o seu grande erro.

Ela não tinha a menor ideia do que estava escrevendo. E estava com fome. Essas eram as únicas certezas dela no momento.

Alice se levantou da cama e foi ao banheiro. Se olhou no espelho e escovou os dentes. Tentou fazer algo sobre os cabelos loiros lisos e curtos, para que tivessem mais vida, mas continuaram se mostrando ridiculamente fieis as leis da gravidade, não ganhando nenhum volume a mais, pegou um vestido preto velho que usava para ficar em casa e colocou suas sapatilhas brancas. Pegou a bolsa e se foi a porta. Oliver miou de algum lugar do quarto.

— Já volto Oli! Trago algo pra você também! – gritou para o gato velho, fechando a porta atrás de si. Chaveou-a e desceu as escadas, tomando cuidado para que nenhum de seus vizinhos idosos a ouvissem e abrissem as portas para conversar um pouco. E por um pouco, digo uma eternidade. Chegou ao térreo e seguiu para a calçada. Não haviam muitas pessoas pela rua. Alguns adolescentes que iam ou voltavam de alguma festa, limpadores de rua e lixeiros, além dos guardas noturnos. Caminhou até o ponto de ônibus e assim que este chegou, se sentou no bando do fundo, ao lado da janela. O ônibus estava vazio, com exceção do motorista e de um homem que voltava do serviço e adormecera.

Desceu em frente a uma lojinha de conveniências, e começou a caçar sua refeição. Pegara alguns salgados de milho e um prato pronto de sushi para Oliver.

— acho que ele não gosta de salmão. – pensou em voz alta Alice. Pegou também um refrigerante de pêssego e foi para o caixa. Ao passar por outros corredores, viu um grupo de  jovens, que não deviam ser tão mais novos que ela. Eram duas meninas e um cara. A menina mais alta, tinha o cabelo raspado começando a crescer, um braço todo tatuado e uma maquiagem preta bem forte, contrastando com a sua pele branca de porcelana. O cara tinha uma barba grande e emaranhada, e usava um rabo de cavalo. Seu cabelo era preto e ele parecia ser tailandês. A outra garota tinha os cabelos brancos, as sobrancelhas brancas e a pele branca. As pontas dos seus cabelos compridos eram em um tom de lilás pastel, e ela tinha vários piercings espalhados pelo rostos. As roupas dos três jovens pareciam ter saído de um brechó bem barato, além de estarem sujas e rasgadas. Alice não sabia dizer se eles moravam na rua ou se aquilo era moda. Ela, sinceramente, não conseguia entender o por que de usar roupas de mendigo por livre espontânea vantagem. Eles estavam pegando algumas garrafas de bebidas e colocando embaixo da jaqueta preta do rapaz. Para disfarçar esse furto, pegaram alguns pacotes de cigarros e levaram ao caixa. Alice tentou sinalizar para que o caixa visse o que eles estavam fazendo, mas ele não notou. Estavam quase no caixa quando Alice abortou a garota de cabelo raspado. Ela se virou assim que Alice tocou no seu obro e a olhou com desprezo, fazendo-a  se encolher no vestido velho.

— Eu vi o que vocês estavam fazendo, e é bom pagarem por isso, por que se não eu vou avisar o caixa, e se necessário, a policia. – Alice tentou fazer uma pose de mulher importante, mas falhara. Aquelas pessoas eram muito intimidantes. Olharam de cima a baixo suas roupas e trocaram olhares misteriosos. Os três sorriram uns para os outros e se viraram para Alice. A garota de cabelo raspado se aproximou e colocou uma mão esquerda próxima das costelas de Alice. E ela sentiu. Sentiu algo pontiagudo perfurando sua carne de leve, e sentiu um liquido quente escorrendo pela cintura.

— Que bom que falou isso! – disse sorrindo, com voz rouca. – Muita gentileza da sua parte comprar essas bebidas para nós. Vamos, te levamos ao caixa. – a garota albina puxou pelo braço e a levou para o caixa, fazendo a apagar, todos fingiam ser grandes amigos para que o caixa e nem os outros fregueses percebessem.

O garoto pegou as bebidas e as compras de Alice e as carregou para fora, enquanto a albina e a careca seguravam uma em cada braço dela. Caminharam em silencio até a  parte mais escura do estacionamento da loja, onde as luzes dos postes estavam queimadas. Havia uma caminhonete laranja desbotada ali, estava enferrujada e Alice tinha certeza de que se passasse por cima de um quebra-molas, se desmontaria por completo. Quando chegaram a caminhonete, empurraram Alice para dentro dela, entrando logo em seguida, impedindo a saída da mesma. Fecharam as portas abruptamente. O garoto dirigia, enquanto a albina mexia no radio sentada ao lado de Alice. A de cabelo raspado ia quase esmagada do lado da porta, olhando para a vista.

Começaram a dirigir e foi quando Alice notou que estava em perigo. Ela até agora estivera em choque, mal respirava, mas ao se encontrar dentro do carro, com aqueles estranhos, lhe caira a ficha.

 - Quan... Quando vocês vão me deixar ir? Eu j-já paguei pra vocês. Prometo não contar nada a policia. – disse timidamente. Falou baixo mas os quatro estavam tão próximos que ela jurava que podia ouvir os brincos da careca batendo uns nos outros quando o carro dava algum tranco.

A menina albina se virou para ela e disse em uma voz calma, quase como a voz de uma menininha meiga.

 - Vamos te deixar ir quando tivermos certeza de que não vai contar nada, beleza? – disse ela, se virando para a careca e lhe pedindo uma sacola que estava logo abaixo do banco. Esta a entregou e dentro haviam algumas roupas extravagantes e curtas. A albina começou a se trocar ali mesmo, ficando totalmente despida, revelando seu corpo coberto de tattoos. Quando terminara de se arrumar, o carro havia parado na frente de um clube de streaptease. O garoto ficou olhando  para o outro lado da rua, onde haviam duas mulheres esperando por seus fregueses, enquanto a careca se preparava para sair do carro.

 - Não fica chateada, okay? Você sabe que esse é o meu trabalho. Eu tenho que pagar as dividas – disse a albina, olhando para a careca, que encarava seus sapatos. Esta não disse nada, apenas saiu do carro e ficou segurando a porta para a albina passar. Alice estava esperando o exato momento em que ela saísse para se atirar para fora do carro. Assim que a albina saiu, Alice fez um movimento para sair, mas o menino foi ais rápido. Segurou seu braço e com a outra mão livre, puxou um estilete do bolso e apontou para as costelas de Alice.

 - Nem pense nisso. E se você ousar gritar, já sabe o que vai acontecer. – falou mansamente, com voz baixa, e um sorriso nos lábios. Depois de falar isso, voltou a olhar para a janela, ainda segurando firmemente seu braço.

Alice olhou para as duas. Elas estavam com as duas mãos dadas, de gente uma para a outra. A albina encarava a careca, que olhava para o espaço entre elas no chão. Então as duas se abraçaram e a albina disse algo no ouvido da careca, se virando e indo para o clube. A careca ficou a observando, e só se moveu quando esta já estava fora de vista, depois entrou no carro sem dizer nada. O rapaz também não disse nada, e ligou o carro.

Seguiram para a auto estrada, que estava praticamente vazia. No radio tocava uma musica antiga de uma banda, que dizia algo sobre dois amantes morrerem juntos. Alice já ouvira essa musica antes. Depois de um tempo, olhou para a menina, que estava dormindo, enquanto o menino dirigia concentrado. Ela decidiu falar.

 - Olha, eu sei que vocês não querem que eu conte nada, então não vou contar, então por favor, me deixem ir embora. – o rapaz apenas sorriu, olhando para a estrada. – Pelo menos me diga onde estamos indo.

 - Estamos indo onde eu quero ir. E não. Eu ainda não sei como chegar.

 - Estamos andando sem rumo? – perguntou Alice. Tentou encontrar alguma placa de informação na  estrada, mas estava tudo muito escuro.

 - Não estamos sem rumo. Eu só não sei para onde estamos indo.

 - Isso é sem rumo.

 - Não é. Tem uma diferença. Sem rumo quer dizer que você não tem objetivo. Eu só não sei chegar lá. É diferente.

 - Não vejo diferença nenhuma. – disse Alice, nervosa. E se fossem a assassinar e se livrar do seu corpo na estrada? Se isso acontecesse, ela não entregaria nunca a sua matéria do jornal! E quem alimentaria Oliver? Quem pegaria as correspondências da Senhora Gertrudes? – ah! Já percebi que vocês estão me sequestrando e tudo mais, e que agora você esta tentando me deixar com medo, pra apenas não fazer nada depois, mas amanha de manha eu tenho que ir trabalhar, e tenho que terminar de escrever um artigo muito importante. Pra amanha. E eu mal comecei. Será que eu poço ir? – falou Alice, aumentando o tom de voz. A garota ao se lado se mexeu um pouco, ainda dormindo. O rapaz diminuiu um pouco, e se virou para Alice. Seus olhos eram tão pretos quanto a noite do lado de fora da caminhonete.

 - Fala baixo. Você não vai querer acordar a Jess. Se isso acontecer, esse corte nas suas costelas vai se tornar um arranhadinho comparado com o que ela pode fazer. – Alice se voltou para a careca, que agora possuía um nome, e se lembrou do corte na costela. Passou a mão pelo lado direito do corpo, e quando puxou mão de volta, viu que esta estava coberta de sangue.

 - droga! – sussurrou, fazendo a atenção do rapaz se voltar para ela. 


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Notas finais do capítulo

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