Tempestta escrita por Krika Haruno


Capítulo 16
Prenuncio de Guerra


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora e boa leitura!



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Alisha estava reunida com Shion e Dohko. Ela explicava sobre o sistema de segurança do planeta.

— Contamos com uma barreira produzida através de geradores, ela protege o planeta.

— O planeta tem um escudo? - Dohko estava impressionado.

— Sim. É a nossa primeira linha de defesa. Então...

— Princesa! - Rana entrou as pressas.

— O que foi?

— Ox também foi atacado. Parece que a Euroxx estava lá quando aconteceu.

— A Euroxx? - Alisha levantou. - tem certeza?

— Sim, mas parece que não aconteceu nada com a rainha e já estão voltando para Ranpur.

— Já sabem quem atacou? -  indagou Shion.

— A policia está investigando. A senhorita Niive deslocou muitas naves para cá.

— Isso é ruim. - a princesa começou a andar pelo recinto. - ataques a planetas são muito graves.  A guerra de quinze anos atrás começou assim.

Shion e Dohko trocaram olhares. Aquilo era mal sinal.

O.o.O.o.O

A nave de Niive aportou no que tinha restado de Alessi, cidade de Ox. Por todo lado havia destruição. A diretora foi levada até a sede do governo, única área preservada. Ela ficou impressionada ao vê-la. Não era pequena, então o príncipe e seus amigos tinham feito um ótimo trabalho.

— Diretora. - Yoku se apresentou. - A nave para transportar os sobreviventes já chegou.

— Comece a evacuação. E os inimigos?

— Das cinco naves abatidas, tres foram completamente destruídas e duas viraram sucatas, mas conseguimos prender os pilotos.

— Leve-os para sede três e não avise a sede geral.

Yoku a fitou surpreso.

— Por mais que o presidente diga que ele está no comando, aqui é a minha área. Quero vê-los primeiro e... - pensou por instantes. - avise ao príncipe sobre eles.

— Ao príncipe? Mas diretora...

— Se eles estão envolvidos na morte da Célica, o príncipe tem que ser o primeiro a saber.

O.o.O.o.O

A Euroxx chegou em segurança a Ranpur. Da orbita Giovanni e os demais foram levados para o palácio. Evans, Etah e Beatrice os acompanharam.

— Senhor Evans quero todos os detalhes de tudo que aconteceu. - disse o canceriano. - onde está o Marius?

— Em Orion, mas já está a caminho.

— Orion? - indagou Lirya. Será que ele tinha ido olhar as naves?

— Segundo ele majestade. - disse o capitão da Euroxx. - era sobre o CEPHA.

Ela apenas meneou a cabeça. Aquilo era estranho.

— Mãe vá descansar. - pediu o italiano. - Hely vá com ela.

— Descansar? Num momento como esse?

— Sim, num momento como esse. Vá descansar. - a voz saiu mais imperativa. - Hely certifique-se disso.

— Mas...

— Senhora Tempestta. Esses últimos dois dias foram tumultuosos.  - a abraçou. - vá descansar por favor.

Ela bufou, mas acatou. Hely a acompanhou.

O grupo, mais os cavaleiros seguiram para sala de reunião. Ren juntou-se a eles minutos depois.

Marius já estava a caminho, assim como Urara que queria noticias de Shaka.

O.o.O.o.O

Em seu escritório Serioja estava consternado pelo ataque a seu planeta.  O seu desgosto só não foi maior pois sua família não estava lá.

A todo momento Iesa trazia dados dos ataques.

— Rihen estava reunido com os diretores de área há poucos minutos. Várias tropas foram deslocadas para os principais planetas.

— Como alguém invade quatro planetas e a policia não pega?

— Na verdade foram cinco senhor. Ox também foi atacado.

— São burros! - deu um murro na mesa. - Ox está no meio de quatro planetas! Ranpur, Lain, Alaron e Clamp e nem assim aqueles bastardos não pegaram?!

— Parece que em Ox a Euroxx interveio.

Serioja o fitou na hora.

— Como?

— Informações que chegaram disseram que a Euroxx partiu de Clamp e fez um pouso em Ox minutos antes do ataque.

— Isso quer dizer que a família real...

— Estavam em terra.

— Mas que idiotas! - deu outro murro na mesa. - poderiam ter exterminados aqueles Tempesttas e nem isso conseguiram! Acabaram com o meu planeta e não mataram aquele bastardo!

— O senhor desconfia de quem seja? - indagou na tentativa de desviar a atenção de seu senhor. Ele estava muito nervoso.

— Pode ser qualquer um. Piratas, conspiradores, até mesmo Irian. 

— O ataque as naves, a tentativa de assassinato da rainha e agora essas invasões podem ser obra do Irian? - Iesa não estava muito convicto.

Serioja parou para pensar, Iesa tinha razão. Ele não teria tanto poder ou teria?

— É uma possibilidade. - disse mais calmo. - da minha parte sei que não foi nenhum dos meus amigos. Temos que descobrir quem foi o mandante antes da policia. Essa informação pode nos ajudar. Mandou o pedido de audiência para Eron?

— Ainda não.

— Não mande. - levantou, passando a andar de um lado para o outro. - preciso de informações antes de vê-lo.  Niahm deve entrar em contato. Vamos esperar.

O.o.O.o.O

Ren passava todas as informações sobre os ataques para Eron e os demais. Os cavaleiros ouviam atentamente.

— Ren seja sincero, - iniciou Mask. - acha que os piratas são capazes disso?

— Já prendi muitos. Eles não tem capacidade para tal, mas tudo é possível.

— Levantaram a hipótese de ser aquela galáxia? - indagou Shaka.

— S1? - Ren franziu o cenho.

— Se for assim, - entreviu Saga. - Eles tem capacidade para andar em hadrens?

— Não Saga. - disse Evans. - não há hadrens em S1, em tese eles não tem tecnologia para isso.

— Quais foram os planetas atingidos? - indagou Kamus.

 - Esses. - Fez surgir um mapa 3D.

Ren apontou. Kamus olhava atentamente para eles. Beatrice que o fitou, notou o olhar centrado do aquariano.

— O pior que nossos radares não foram capazes de rastreá-los. - completou o superintendente.

— Se eles tem naves potentes, por que não atacaram alvos mais expressivos? - indagou Aioria.

— Porque queriam testá-las. - disse Kamus, tendo a atenção de todos. - os quatro planetas são em pontos inexpressivos.  A intenção deles não era o ataque propriamente dito e sim testar suas naves perante GS.

— E não podemos descartar a hipótese que o atentado contra a Beatrice e contra a rainha, estejam relacionado. - completou Dite.

Mask ouvia tudo em silencio.

— Mas se queriam testar porque escolheram um alvo tão perto? - Miro apontou para Ox. -Fica bem perto de Ranpur.

— A policia poderia descobrir. - disse Shura.

— Ou não... - murmurou Mu.

— Shura, - o italiano o fitou. - pelo que viu em S1 e pelo que viu hoje o que acha?

— Eu não vi essas naves lá, mas sim outras do mesmo porte.  É uma possibilidade a ser levada em conta.

— Beatrice. - olhou para a auxiliar. - consegue se lembrar da nave que te atacou?

—  Não foi como aquelas.

— Aparentemente inocenta S1. - disse Ren.

— Mas não totalmente. - Mask levantou, passando as mãos pelos cabelos. A mecha branca ainda continuava. - não podemos excluir nada e...

O comunicador da mesa começou a apitar. Mask atendeu.

Alteza.— Niive fez uma reverencia. - desculpe interromper, mas tenho noticias sobre o ataque.

— Quais?

Conseguimos prender dois pilotos da nave abatida. Eu os interroguei mas não revelaram nada.

— Como eles são?

Um humano comum e um Router.

— Mande-os para mim imediatamente. Avisou a alguém?

O senhor é o primeiro a saber.

— Traga-os para Ranpur e não conte a ninguém, nem ao presidente. - olhou para Beatrice. - Essas conversas são gravadas?

— Sim senhor.

— Niive traga-os para mim, é uma ordem do príncipe de Ranpur. Qualquer fato que acontecer com relação a eles a responsabilidade é totalmente minha. Nessa missão está reportando a mim e não a policia.

Sim senhor. - ficou surpresa.

A comunicação cessou.

— Afrodite, - Mask o fitou. - você vai interrogá-los. Usando aqueles métodos.

— São humanos comuns, podem não agüentar.

— Irão agüentar. Não mataram a Célica? Que agora assumam as conseqüências.

Ren e Beatrice trocaram olhares. Que método seria usado?

— Ren, o que eu disse a Niive vale para você também. Está reportando a mim.

— Sim senhor.

— Vamos discutir agora como ficará a segurança. - olhou para Kamus. - sei que já deve ter pensado em algo.

— Na verdade, a policia já está fazendo, que é aumentar a segurança nos principais pontos. Vamos esperar esses pilotos chegarem aí teremos ideia de quem é o inimigo.

Discutiram mais alguns pontos e a reunião encerrou. Ainda na sala, Beatrice preparava os relatórios que passaria para Marius. A suas férias tinham ido para o espaço depois dos acontecimentos. Kamus que tinha saído junto dos demais voltou.

— Beatrice.

Ela assustou-se.

— Desculpe. - quase a tocou. - posso lhe pedir um favor?

— Qual? - não o fitou diretamente.

— Pode me arranjar um mapa da galáxia? Desses que usam para as demonstrações?

— Para que? - estranhou.

— Com base no seu atentado e nesse de hoje quero ver se existe algum padrão.

— Podem ter sido coordenados?

— Acredito que sim. - a fitou diretamente. - pode arranjar?

Ela tirou do bolso um aparelho.

— Sempre carrego um comigo para emergências. Pode ficar.

— Obrigado.

Quando pegou, as mãos tocaram-se. Os dois se olharam por longos minutos.

— Você está bem... depois daquele evento no parque...?

— Estou. Meus amigos estão tentando descobrir o motivo.

— Entendo. Bem... eu preciso ir. - ela abaixou o rosto. Deu um passo mas foi parada pelo corpo do francês. - Kamus...

O aquariano levou a mão até o rosto dela. Estava tentando, mas não estava conseguindo ficar longe dela. Beatrice por sua vez, tentava esquecê-lo, entretanto também não estava tendo sucesso. Os lábios do cavaleiro tocaram os dela, iniciando um beijo terno. Beatrice acabou deixando-se levar. A falta de ar os separou.

— Eu preciso ir. - ela pegou suas coisas e saiu apressada.

Kamus ainda ficou um bom tempo olhando para a porta.

Enquanto isso, Niive colocava os prisioneiros numa nave, enviando-os para Ranpur. Só não imaginava que a ordem dada por Eron tinha chegado a Rihen. Um policial o avisou.

Depois de "despachar" os amigos, Mask foi para o quarto. Sentia-se muito cansado. Antes de deitar mirou-se no espelho, olhando a mecha branca. Quando deitou, apagou.

O.o.O.o.O

Iskendar só conseguiu desembarcar depois de três horas e mesmo assim teve que alterar a memória de três tripulantes. Quando chegou em casa, foi direto para o banho.

Depois de se trocar deitou-se. Aquele dia tinha sido cansativo.

— De quem partiu os ataques...? - a voz saiu baixa. - e que barreira foi aquela? - lembrou-se de Eron.

Os pensamentos foram interrompidos pelo barulho de um bipe.

— Iskendar.

Onde você está??— Dara berrou.

— Ranpur...

— Volte para Sidon.

— Estou sem nave. - a voz saia no automático. Pensava nos poderes de Eron.

O que houve com ela?

— Ficou em Ox.

—  COMO É?

— Como conseguiu aquela lista?

Dara ficou em silêncio.

Volte para Sidon e conversaremos. Pegue um passe, eu pago.

O governante de Sidon desligou. Iskendar soltou o comunicador, lentamente os olhos foram fechando. Caiu no sono...

... Arrastava-se por um corredor, havia machucado a perna no acidente da nave e tentava desesperadamente sair dali. Olhou para o ferimento, este cicatrizava a relativa velocidade. Os olhos azuis fitaram o corredor, não demoraria para eles chegarem. Levantou e mancando tentava se distanciar. Foi quando sentiu um impacto nas costas... Acordou horas depois amarrado e amordaçado.

— Quinhentos tiens por ele.

— Mas é franzino.

— Nada que o trabalho não ajude.

— Fechado. Pode levá-lo.

Iskendar fitou os homens. Em menos de vinte e quatro horas passou de protegido de Samir a escravo...

O.o.O.o.O

As noticias que chegavam para Serioja não eram boas. Yumeria levaria meses para se recuperar do ataque. Seus aliados estavam em constante contato devido aos acontecimentos. Estava tão compenetrado que assustou quando Niahm abriu a porta.

— Senhor.

— É de espantar sua habilidade de penetrar nos ambientes. - o fitou. - passa por toda a segurança e chega como se fosse uma convidado.

— É o meu trabalho.

— Por que não disse que meu planeta seria atacado?

— Porque não tinha essa informação. Não foi só o senhor que foi pego de surpresa. E é por esse motivo que o príncipe convocou uma reunião com o superintendente da área 36. No meio dela, a diretora Jay informou que tinha pego pilotos que invadiram Ox.

— Fizeram prisioneiros?

— Sim. Nesse momento estão indo para Ranpur.

— Fique de olho. - levantou. - quero saber quem são e para quem trabalham. Fique de olho em todos os passos do príncipe e da policia.

— Sim senhor. - Niahm acenou e saiu.

Segundos depois Iesa entrou.

— Senhor Serioja.

— Niahm já me deixou a par.

— Ele esteve aqui?? - indagou surpreso.

— Entrou por essa porta. - apontou. - não viu?

— Levantei apenas para fechar a janela... - murmurou. - como...

— Isso prova o quanto ele é eficiente. - sorriu. - vamos esperar a reunião de hoje no palácio para agir.

O.o.O.o.O

Urara estava inquieta. Normalmente dotada de frieza e racionalidade, agia agora por impulso. O coração só aquietou um pouco quando chegou a orbita de Ranpur. Estava arriscando o sucesso de uma operação por conta de um sentimento.  Levou a nave ate o palácio real, pousando em uma das pistas de pouso. Soube pelos policias que faziam a ronda, que a rainha estava repousando. Eron estava recolhido em seu quarto e seus amigos espalhados pelo palácio.

Procuraria então por Hely para obter mais informações sobre o ocorrido já que ela foi testemunha ocular dos fatos. Precisava serenar a mente antes de encontrar Shaka.

Ela passava por um corredor, quando olhou para uma das varandas. O coração parou a ver a figura loira. Shaka estava na companhia de Mu conversando.

O ariano desviou o olhar.

— Você tem companhia. - fitou o amigo sorrindo.

O indiano não entendeu, então Mu apontou com o olhar. Ele virou-se deparando com Urara.

— Vou deixá-los conversar.

Mu caminhou ate a entrada, cumprimentando de forma cortes a diretora. Urara apenas acenou, voltando sua atenção para Shaka. Estava aliviada por vê-lo bem. Pegando coragem aproximou.

— Vejo que está bem. - disse, tentando controlar a voz.

— Felizmente tudo correu bem. E você, como está?

— Bem. O senhor Noah solicitou sua presença em Obi. Será que pode me acompanhar?

— O momento não é um dos melhores, mas verei com o Giovanni. Creio que ele não irá se opor.

Os dois fitaram-se. Urara sentia sua mente borbulhar. Não entendia aquele turbilhão de sentimentos que assolavam seu coração. Shaka também lutava para se manter indiferente, mas a presença da diretora mexia com todo o seu ser. Queria beijá-la.

— Urara...

— Sim...?

— Eu não consigo segurar.

Não disse mais nada, beijando-a. Nos primeiros segundos ela nem se mexeu, surpresa pela ação, contudo acabou rendendo-se. Ela também ansiava por aquele contato...

— Shaka... - a voz saiu entrecortada.

— Eu não consigo conter mais meus sentimentos, eu...

— Não diga nada. - cortou-o. - não agora. Teremos oportunidade para conversar.

— Como quiser. - não se abateu com a frase.

— Preciso conversar com o príncipe.

— Vamos até ele.

Enquanto isso, a nave que conduzia os pilotos presos seguia em direção a Ranpur, entretanto no meio do caminho, ela foi interceptada e abatida. A noticia deixou todos perplexos.

Mask estava num sono profundo, tanto que nem percebeu quando sua mãe entrou no quarto para da-lo a noticia.

— Eron. - já tinha chamado-o diversas vezes. Fitou o cabelo, ele estava todo azul. - Eron.

Continuava dormindo. Ficou preocupada, pois poderia ser conseqüência do tal cosmo. Foi até o corredor chamar alguém para ajudá-la. Acabou por encontrar Miro.

— Pode me ajudar?

— Aconteceu alguma coisa rainha?

— Eron não acorda. Já tem dez minutos que o chamo e nada.

— Ele costuma ter sono pesado, mas... - a acompanhou.

Miro chamou algumas vezes e nada.

— Vou chamar um médico.

— Me permite fazer algo antes? - a fitou. - pode parecer meio esquisito, mas pode dar certo. - queria sorrir, mas não podia.

— Claro que pode.

— Afaste-se, pois ele pode acordar de forma abruta.

Ela obedeceu ainda sem entender o que ele faria. Miro aproximou-se bem da cama.

— CAVALEIRO DE CANCER O QUE FAZ DORMINDO A ESSA HORA?  - mudou a voz para parecer a de Shion. -  GIOVANNI ACORDE IMEDIATAMENTE!

— Estou acordado! - acordou dando um pulo da cama. - mestre eu...

Miro não parava de rir, enquanto Lirya fitava-os com espanto.

— Seu %*&#! - gritou o italiano. - *#%@!

O escorpião gargalhava.

— Palhaçada! - berrou. - quase me matou de susto! Seu %*&#!

— Modere o linguajar, sua mãe está aqui. - apontou.

Mask levou a mão a boca imediatamente.

— Mãe?!? - voltou o olhar para o grego. - você me paga.

— Senhora Lirya, como vê ele não tem nada. - sorriu. - perdoe-me o método.

— Tudo bem. - ainda estava espantada. - pelo menos acordou. - sorriu.

— Deveria mandar prender você!

— Já fiz meu papel.

Miro saiu rapidamente antes que Mask fizesse aquilo mesmo.

— Shion parece ser bem enérgico. - comentou.

— Não imagina como aquele lemuriano pode ser demoníaco quando irritado. Espero que Alisha amanse a fera.

— Como?

— Os dois estão se conhecendo.

Lirya ficou de boca aberta. Jamais imaginaria os dois juntos.

— Estou surpresa. - murmurou.

— Queria alguma coisa?

— Sim. Noticias de Clamp.

— Os prisioneiros chegaram?

— Não. A nave deles foi derrubada.

— O que???

Na sala de reunião, o clima era tenso. A única pista para descobrir os autores dos atentados estava perdida. Evans e Marius, que tinham chegado a pouco foram informados.

Mask entrou nervoso.

— Alteza. - Marius e Evans reverenciaram.

— Já estão a par?

— Sim.

O italiano olhou para a tela que continha a mensagem de Niive sobre o incidente. Ao final da transmissão um silencio abateu sobre a sala.

— Estão brincando conosco. - cerrou o punho. - Marius, diga a Rihen que ele tem carta branca. Quero que encontre os responsáveis custe o que custar e não importa quem esteja envolvido. Vão pagar caro por isso.

Quase ao mesmo tempo Serioja recebeu a noticia.

— Quiseram eliminar rastros... - murmurou. - marque uma reunião com príncipe para depois de amanha.

— O que pensa em fazer senhor? - indagou Iesa.

— Talvez a invasão a Yumeria possa me trazer lucro.

Na sede geral da policia galáctica, Rihen recebia a noticia do abate.

— Nada sai do meu controle... - murmurou.

O dia seguinte foi de muito trabalho para Mask e os demais. As investigações a cerca dos ataques continuavam nas mãos do presidente da policia, que não poupou xingamentos pela perda dos pilotos.  Marius usava suas habilidades para desviar a atenção do presidente para não investigar Irian.

Shaka, que havia viajado com Urara estava em Obi.

O.o.O.o.O.o

Dara aguardava Iskendar no interposto em Sidon. Quando viu o rapaz respirou aliviado.

Cumprimentaram-se rapidamente indo para a residência do senhor. Acomodaram-se no escritório.

— O que foi fazer em Ox? - indagou logo de cara.

— Respondo, se me disser o que sabe sobre aquela lista. - disse frio. - aquelas naves não foram detectadas pelos radares da policia.

— Juro que não queria envolvê-lo nisso.

— Diga Dara.

— Foi um ataque de S1.

O rapaz não acreditou.

— Estive em S1, eles tem um exercito forte, mas não a ponto de ter naves como aquelas.

— O que viu está apenas em Bellji. - Dara levantou, indo para perto da janela. Viu no horizonte que uma nevasca aproximava. - o verdadeiro exército de Haykan está alem de Bellji. Ele mantêm bases no interior.

— Está querendo dizer que Haykan tem um exército poderoso?

— Sim, mas não sei se supera o de GS. Os ataques foram para testar as naves. E parecem que tiveram sucesso.

— Os alvos já eram conhecidos?

— Sim, usaram pessoas daqui para pilotar.

— Traidores?

— Piratas.

— Mas tem algo que não entendo... os radares pegariam um grande frota navegando pela galáxia. São mais de oito horas entre S1 e Ox por exemplo. E oito horas dentro de hadren, fora dele...

— Eles passaram por um.

— O que? - exclamou. - Como? Eles têm tecnologia para isso?

— Passaram pelos hadrens ainda em estudo. Eles não são monitorados pela policia.

— Como sabe disso? - levantou.

— A maioria da população do meu planeta é composta por foras da lei. Sidon é um lugar pouco importante para GS e extremamente próximo a S1. É natural que eu tenha conhecimento de tudo.

— Jhapei. - disse. - Ela te passa todas as informações.

— Sim. Tudo que acontece em Ranpur e Bellji eu fico sabendo. Ela me alertou dos ataques.

— Então posso deduzir que os ataques as naves, o atentado contra Beatrice e da rainha foram obra de S1.

— Sim. - o fitou. - eles são os responsáveis.

Iskendar silenciou. Aquilo era muito grave.

— Haykan sabe da sua ligação com Jhapei?

— Não. Estou encurralado. Seja pela policia ou por S1 não tenho escapatória. - andou até ele. - por isso queria te manter fora disso. - tocou nos ombros. - Era um risco você saber essas informações ainda mais sendo quem é.

— Haverá mais?

— Daqui dois dias. Jhapei não me passou as localizações, mais creio que os alvos sejam maiores.

— Ranpur?

— Provavelmente não, mas será no grupo dos nove. - afastou. - porque foi para Ox?

Iskendar começou a rir.

— Se eu te contar quem estava em Ox não acreditaria.

— Quem?

— Eron e toda a comitiva real.

— Como é que é? - Dara até sentou.

O garoto contou o motivo de Eron está lá.

— Haykan teve a chance de terminar a guerra numa tacada só.

— Sim amigo. - Iskendar também sentou. - contudo mesmo que ele tentasse a Euroxx estava lá. Não seria fácil, ainda mais...

— Diga.

— Dara, - a voz ficou séria. - quando me contou dos amigos do Eron pensei que era delírio seu, mas eles não são normais. Eu te contei das rosas, mas aquilo não foi nada perto do que eu vi.

— Como assim? - indagou intrigado.

— Enquanto fugia dos ataques, um deles apareceu e liberando um raio dourado dos próprios punhos destruiu uma nave. Ele destruiu uma nave sem portar arma alguma. O atlantik criou uma barreira em torno da sede do governo. O Eiji criou uma segunda do mesmo porte.

— Mas eles fazem barreiras. Eu faço, você faz.

— Não como eles amigo. Nós, - levantou. - podemos criar em torno de nós, eles criaram em torno da sede. Foram metros de cumprimento e de altura. Foi uma coisa absurda.

Dara ficou ressabiado, vira o poder do Eiji em Obi.

— Somado isso, o Eron.

— O que tem?

— Ele também criou uma barreira. - a voz saiu fria.

— Igual a sua?

— Igual a minha. - riu. - a barreira dele circundou a dos dois e depois ele sozinho protegeu a sede. Aquela aura amarela surgiu e uma mecha branca apareceu no cabelo dele. Dara, aquele pirralho tem algo fora do comum. Olhei no livro, não tem nada que fale sobre os poderes dele. Atrevo a dizer que o pirralho é o Tempestta mais forte que já existiu.

— Nem Soren?

— Soren é um bosta perto dele.

— Como é possível? - ficou pensativo. - ele tem a mesma carga genética de todos os Tempesttas. O pai de Soren foi um humano comum, assim como a rainha Lirya.

— A resposta está em VL. - o garoto começou a caminhar. - algo aconteceu no período que ele ficou por lá. Da mesma forma que acho que tem algo com os amigos dele.

— Talvez em Alaron tenha algo...

— Não tem. Tudo que havia sobre os Tempesttas, Samir me mostrou. Não há nada lá.

— E o que pensa em fazer?

— Eu preciso descobrir o quanto posso ser inferior a ele. - o fitou. - se teremos dois dias de trégua, será tempo suficiente. Quando Jhapei te informar os alvos, seguirei novamente para Ranpur.

— Seus planos mudaram?

— S1 ter um exército e Eron ser forte, são duas variáveis que não podem ser ignoradas. - sorriu.

— Tome cuidado Iskendar. Está lidando com forças poderosas.

— Eu sei.

A noite seguiu calma para os habitantes de GS depois dos ataques. Sem qualquer outro incidente a galáxia amanhecia tranqüila, marcando o décimo quinto dia da volta do príncipe Eron.

Iskendar tinha acordado cedo, há dois dias estava na casa de campo de Dara no interior de Eire. Por esse tempo procurava o que ele poderia ter de especial. Sabia que nunca chegaria aos pés de Eron, mas queria saber o quão inferior era. Estava no jardim. O vento frio indicava que uma nevasca ocorreria a qualquer momento.

— O que eu tenho de especial...? - deixou as palavras pelo ar.

Inerente a ele, tinha a regeneração, conseguia respirar no espaço, criar uma barreira de proteção e alterar a memória das pessoas. Essa ultima habilidade Eron não tinha e sim Soren. Se tudo seguisse a risca conseguiria também ativar hadrens.

Ele sentou num banco e fechou os olhos. A neve começou a cair.

— "O que eu tenho de especial?" - indagava-se, sentindo a neve sobre sua face. Ficou por longos minutos em silencio, pensando em sua condição.

— Senhor Iskendar. - um empregado de Dara apareceu no jardim. - seu casaco.

— Obrigado Kirei. - vestiu.

— Apesar da neve está um bonito dia não está? - indagou Kirei olhando os flocos. - gosto desse tempo.

— Também me trás boas recordações. - lembrava-se de seu tempo em Sora.

— Poderíamos ter o poder de parar o tempo, nem que fosse por alguns segundos, para aproveitar melhor esses momentos. - pegou um floco.

— Infelizmente ninguém pode fazer isso.

— Apenas os elementares tinham esse poder. Eles controlavam o tempo. Talvez o filho de Soren consiga.

— Eron? - o fitou.

— Ele é um descendente Tempestta.

— Conhece sobre os poderes deles?

— Não muito. Minha esposa tinha um parente que trabalhou no palácio na época da rainha Bruni. Ele nos contou das faculdades que a rainha e o jovem Soren tinham. Talvez se Soren não tivesse morrido outras poderiam ter aparecido. Até essa de controlar o tempo.

Iskendar ficou em silencio. Se Eron não tinha essa faculdade, provavelmente ele também não teria

— Eles são esquisitos. - levantou. - obrigado por tudo Kirei.

— Já vai voltar?

— Tenho coisas a resolver.

O jovem despediu-se do senhor, indo para o galpão onde sua nave estava guardada. Pensou que aqueles dias naquele lugar pudessem clarear sua mente, contudo tinha sido em vão. Talvez no final das contas não passasse do elo mais fraco da família. Talvez nem um hadren era capaz de ativar. Fez alguns ajustes na sua nave e guardava o material utilizado. Quando chegou ao solo ouviu um ruído. Tinha colocado muito peso na prateleira e estava despencando. Tudo foi de repente...

Iskendar só teve tempo de proteger o rosto, mas subitamente...

— O que... - abriu os olhos. Olhou para o chão não havia nada e nem tinha sido acertado. Ergueu os olhos. - merda!  - Gritou afastando, fazendo o material ir ao chão. - o que...

— Senhor Iskendar. - Kirei abriu a porta. - escutei...

— Coloquei as coisas na beirada.

— Não se machucou? - aproximou.

— Não. Pulei a tempo. – respondeu rápido.

— Se tivesse acertado, tinha machucado.

— Sim... - olhava as coisas. O que tinha acontecido? Por segundos viu o material suspenso no ar, como se tivessem parado.

— Pode ir senhor. Eu cuido de tudo. – disse Kirei.

— Obrigado.

Meia hora separava o local da cidade. Iskendar não foi diretamente para a casa de Dara, ficando em sua nave. Ele esticou as mãos e uma barreira o envolveu. Ele já fizera aquilo muitas vezes e atlantiks e eijis conseguiam fazer o mesmo.

— Não foi isso que aconteceu... - murmurou desfazendo a barreira.

Não chegando a uma conclusão, foi para a residência de Dara. Entrou, abrindo a porta do escritório de forma abrupta.

— O planeta está sendo atacado? - Dara o fitou. - Não entre assim.

Dara jogou nele uma caneta, Iskendar assustou-se e com isso a caneta parou a centímetros do rosto dele, ficando suspensa. O governador arregalou os olhos.

— Não sabia que seu poder telecinetico poderia fazer isso. Ou foi sua barreira?

Iskendar abriu os olhos, a caneta foi ao chão.

— Eu... – murmurou confuso.

— O que foi Iskendar?

— Jogue qualquer coisa em mim. Se possível de repente.

Dara arqueou a sobrancelha, analisando atentamente o rapaz. Pegou outra caneta, mas não jogou de imediato. Passado alguns segundos jogou o objeto. Iskendar criou sua barreira. Escutaram o choque da caneta na barreira azulada e ela indo ao chão.

— Foi diferente... - murmurou o policial.

— O que está acontecendo com você? - levantou.

— Não sei... hoje mais cedo... - contou sobre a queda dos aparelhos. - tenho certeza que não é a minha barreira. - olhava para as mãos.

A conversa foi interrompida pela entrada brusca de uma serviçal.

— Senhor Dara, o deposito está pegando fogo.

Os dois saíram correndo. Nos fundos do seu terreno Dara mantinha um deposito, onde armazenava combustível.

— Não disse que estava trocando os motores a combustível fóssil por elétricos? - indagou Iskendar.

— Estou.

— Tem sorte que está a quilômetros de Ranpur. Seria preso por estocar esse tipo de coisa. E eu por te acobertar.

— Não enche. - estava preocupado, pois corria o risco de novas explosões.

A equipe técnica já estava no local, fazendo o controle para que o fogo não se alastrasse. Todavia, um dos tonéis foi atingido pelas chamas. Houve uma explosão e a onda de calor foi para cima de Dara e de todos que estavam ali. Iskendar ergueu os braços para se proteger, ficando paralisado com o que viu. Dara trazia os olhos arregalados e o olhar alternava-se entre o garoto e as chamas. Elas estavam contidas, como se estivessem dentro de uma bolha de ar. Iskendar impulsionou as chamas para frente, fazendo-as recuar, ate serem extintas.

— Dara... - o rapaz o fitou completamente assustado.

O governador não pensou duas vezes, pegou uma barra de ferro e lançou contra ele. Rapidamente Iskendar fez a sua barreira. A barra chocou-se contra a parede azulada.

— O que está fazendo?

Iskendar mal desfez sua barreira e outra barra de ferro veio ao seu encontro, só que dessa vez a barra ficou suspensa, como se algo a tivesse parado. Dara começou a jogar tudo que estava a sua frente contra o policial e todos os objetos paravam no ar.

— Você ficou doido?!! - gritou Iskendar.

Quando ele percebeu, Dara estava diante dele pronto para desferir um soco. Ele criou a barreira, mas o governador de Sidon parou a milímetros do objeto.

— Quer que eu quebre a minha mão?

— Você que está me atacando!! - desfez a barreira. - ficou maluco?

— Não.

Dara aproveitou a distração e desferiu outro soco. Ao contrario da primeira vez, o punho dele ficou parado. Ele pressionava, mas alguma força tentava repeli-lo. Forçou mais um pouco, mas a força foi mais forte. O homem foi jogado longe.

— Dara! - Iskendar correu até ele. - você está bem? Ficou doido?

— Estou bem. - sorriu. - Parabéns Iskendar.

— Pelo que? - o ajudou a levantar.

— Assim como os eijis e atlantiks você tem a habilidade natural de criar barreiras. Acontece que você tem outra forma de se proteger. Você pode criar e manipular campos de força.

— Como? - arqueou a sobrancelha.

Dara voltou a se sentar. O fogo no deposito já não era tão importante quanto a nova descoberta.

— "Você já sabia disso, não sabia?" - pensou, lembrando-se do pai do jovem.

— Fala Dara! O que foi aquilo?

— Os atlantiks são os únicos que possuem telecinese. Podem manipular e ler mentes, voar, ou fazer objetos levitarem, teletransportar... Os Tempesttas também a tem, mas menos potente. Se não me engano, a família real pode teletransportar e mover objetos e pessoas.  Você consegue fazer isso.

Iskendar não disse nada.

— Sua telecinese parece que se desenvolveu para um lado. Pode criar campos de força e talvez até projetar objetos. Com o devido treinamento seu campo de força poderá ser capaz de repelir objetos sólidos, gás, líquido, sons, até mesmo bloquear uma investida mental de um atlantik.

Iskendar ouvia tudo abismado. Aquilo nunca tinha se manifestado antes.

— O príncipe tem isso?

— Pode ser que sim. Você precisa desenvolver isso. Um atlantik seria o mestre ideal, mas...

O policial começou a rir.

— Eu vou treinar sozinho. - deu as costas saindo.

— Aonde vai?

— Ranpur, testar meus poderes.

O.o.O.o.O

Logo de manhã Serioja já estava no palácio de Ranpur. Havia esperado as coisas normalizarem, mas estava na hora de agir.

— Senhor Serioja.

— Alteza. - fez uma leve mesura.

— Obrigado. Eu queria ter chamado-o a mais tempo, mas...

— Eu sei muito bem alteza. Lamento muito pela dama real.

— E eu por seu planeta. - indicou uma cadeira. - Mas tem a minha palavra que os culpados serão punidos.

— Eu não duvido. É sobre eles que vim falar. Sei que a policia está cuidando do caso, contudo queria ficar a par. Foi o meu planeta. - disse com pesar, na tentativa de enganá-lo.

— Compreendo perfeitamente. - levantou. - pelo que pude me informar sobre os procedimentos do conselho, conforme o nível do conselheiro ele tem mais participações. O líder da bancada do conjunto dos planetas do sudeste é o senhor Usuy. Ele já está de idade e diante dos acontecimentos não sei se será capaz de exercer uma boa liderança.

Serioja ouvia com atenção.

— Vou nomeá-lo para o cargo. - o fitou.

— Alteza, o senhor Usuy é muito competente. - disse apenas para causar boa impressão, pois no fundo queria o afastamento dele.

— Sei disso, mas preciso de uma liderança mais presente e eficaz e o senhor me mostrou isso. Aceita o cargo?

— Se é um desejo de vossa alteza.

— Avisarei a Marius. A partir de amanhã será o líder da bancada.

— Fico profundamente agradecido com sua generosidade alteza. Não irá se arrepender.

A reunião terminou minutos depois.

Serioja não saiu muito contente, pois almejava muito mais poder, mas por hora dava-se por satisfeito. Quando conseguisse um traidor, ou descobrisse o autor dos atentados aí sim seria muito bem recompensado por Eron. E quando isso acontecesse seu plano de destituir os Tempesttas do poder seria concretizado.

O.o.O.o.O

Haykan estava num palanque diante de centenas de soldados. Orrin estava ao seu lado, na companhia de mais dois homens. Ele ergueu a mão fazendo todos silenciarem.

— O momento que tanto aguardamos está chegando. Conseguimos infiltrar em GS e agora será questão de tempo para termos aqueles seres em nossas mãos.

Os soldados gritaram em apoio ao líder.

— Hoje daremos mais um importante passo. Espero que vocês façam o que for necessário para a glória de S1.

Mais gritos ecoaram.

— Eu gostaria muito de ir senhor. - disse Orrin.

— Tenha paciência meu caro comandante. - o fitou. - não irei mandar meu melhor soldado para esse tipo de luta. Seu momento irá chegar.

— Como quiser.

Haykan fitou os outros dois.

— Quanto as vocês providenciem que tudo saia conforme o plano.

— Não iremos falhar senhor.

Haykan voltou a atenção para o horizonte.  Uma grande esquadra de naves partia em direção a GS.

O.o.O.o.O

Aldebaran tinha acordado cedo. Sentado na varanda do apartamento de Niive olhava o nascer. Pensava em Célica e em tudo que ela poderia desfrutar se sua vida não tivesse sido ceifada tão cedo. Até tinha imaginado levá-la ao santuário.

— Aldebaran?

Virou o rosto. Niive estava na porta.

— Estava acompanhando o amanhecer.

— É muito bonito. - aproximou. - pena que Kanon...

— Aquilo dorme demais. - sorriu. - fico feliz pelos dois.

Agradeceu sem graça.

— Gostaria de ter vivido isso com ela. - abaixou o rosto.

Niive o fitou compadecida. Se tinha sido um golpe para todos, imagine para ele.

— Eu a conheci quando foi trabalhar no palácio. - sentou perto dele. - Ela tinha uma personalidade um tanto volátil e despreocupada com tudo. As mulheres do meu povo são criadas para serem fortes, independentes e objetivas. Digamos que o amor fica em segundo ou até em terceiro plano.

— Eu percebi. - sorriu. - ela me disse que só queria o meu corpo.

— Pois é... mas... - tentava arranjar as melhores palavras. - a Hely me contou as ultimas palavras dela. - pegou a mão dele. - você se tornou importante para ela. No principio poderia querer apenas o seu corpo, entretanto eu acho que ela começou a gostar de você. Não tenho duvida que as coisas entre vocês aprofundaria.

— Eu nunca vou esquecê-la.

— Sei que não. - levantou. - eu preciso ir trabalhar. Fique a vontade.

— Poderia me explicar como faço para ir até Niniveh? Gostaria de visitá-los antes de eu ir embora.

— Irei arranjar um transporte para você.

— Já levantaram? - Kanon chegou a porta.

— As pessoas trabalham Kanon. - Niive o fitou impaciente.  - ainda mais nesse caos.

— Vão descobrir os culpados. Giovanni prometeu aos pais da Célica e ele irá cumprir. - disse o taurino.

— Espero que sim. - pensou um pouco. - faremos o seguinte. Na altura do almoço venho te buscar. Te deixo em Niniveh e eu vou até a casa dos meus avós, quando voltar te busco. Agora com esses acontecimentos, irei me ausentar muitos dias.

— Combinado.

O.o.O.o.O

Dara em seu escritório, analisava a compra de algumas naves e munição para a proteção de Sidon. Devido a aproximação a S1, o planeta poderia ser um possível alvo.

— Dara.

Ele ergueu o rosto.

— É sempre uma surpresa vê-la. - sorriu. - como tem passado Jhapei?

— Ocupada. Ser espiã de S1 e ainda trabalhar para Serioja requer muito tempo.

— Serioja é o menor dos problemas. Sente-se. O que a trás aqui?

— Informações.

Dara fitou o rosto jovem da garota. A conheceu ainda criança, quando ela chegou num carregamento de escravos. Apesar da galáxia ser bem desenvolvida em alguns pontos remotos, onde a mão da policia não chegava, ainda tinham essa prática. 

Ela provinha de um planeta bem ao extremo norte da galáxia. Dara ficou com pena de ver uma pessoa tão nova nessa vida e resolveu comprá-la, dando-lhe posteriormente a liberdade.  Não tinham a visão de pai e filha, mas tinham carinho um pelo outro. Por ser muito perspicaz e inteligente acabou indo trabalhar para S1. Dara tinha boas informações daquela galáxia através dela, entretanto ali, ninguém sabia do seu real trabalho.

— Quais?

— Alvos. Haykan quer avançar mais.

— E onde serão? - tentava imaginar quais planetas seriam "contemplados."

— Alaron e Clamp.

— Como? - arregalou os olhos. -  Querem atacar o grupo dos nove? - não acreditou.

— Prepare-se. - levantou, pois não poderia ficar mais tempo ali. - a intensidade será maior e mais rápido que imagina.

O rosto de Dara ficou sombrio. Se Haykan queria atacá-los, no mínimo tinha um bom arsenal, já que os dois ficavam muito próximos a Ranpur.

O.o.O.o.O

Desde o inicio da manhã Rihen estava trancado em sua sala. Todas as ações estavam saindo conforme seus planos. Ele olhava para as informações que foram passadas para ele. Hoje, seus planos começariam de verdade. Virou o rosto vendo dois porta retratos. O primeiro tinha sua família: ele mais jovem, com sua mulher e os dois filhos. No outro, ele adolescente na companhia de Samir, Marius, Evans e Soren. Eles usavam o uniforme da academia.

— Tudo que faço é por todos vocês. Mesmo que meus atos pareçam insanos, vou criar uma GS sem guerras. - apertou o comunicador de sua mesa. - quero que retire naves de vigilância de Clamp e Alaron e as leve para o entorno de Ranpur.

— Sim senhor.

 As costas acomodaram no encosto da cadeira.

— Que o caos comece.

O.o.O.o.O

O espaço na área cinqüenta estava calmo. Por não ter planetas naquela região o fluxo de naves era nulo. Tanto que não havia testemunha para o hadren que abriu. Aquele meio de transporte era  natural e exclusivo da galáxia GS e apenas uma fonte forte poderia indicar a aquela esquadra qual e onde aquele hadren conduziria. Os tentáculos azuis terminaram trazendo com eles duas naves de grande porte. Suas extensões eram de novecentos metros cada. As duas saíram do hadren posicionando lado a lado. O compartimento traseiro começou a abrir deixando passar outras naves, uma de seiscentos metros, duas de trezentos e várias pequenas de doze metros. A nave de seiscentos foi cercada por várias naves de doze metros e as duas de trezentos posicionaram lado a lado. Assim que o processo terminou a nave de grande porte ativou seu escudo, desaparecendo completamente. Sem esconder o insígnia da ordem a qual pertenciam, o grupo dividiu-se tomando rumo opostos.

O.o.O.o.O

Ganhando uma nave de velocidade maior Iskendar chegou a tarde em Ranpur. Testaria um pouco mais seu poder antes ir até o palácio, observar as atitudes de Eron.

No palácio, Eron fazia uma reunião presencial com Marius e Ren e por holograma com Evans e os governadores de Maris e Eike. Rihen foi convocado, mas não o localizaram.

A falta de uma resposta mais efetiva por parte do presidente da policia, deixava o canceriano ansioso.

O.o.O.o.O

Shaka e Urara faziam a refeição em silêncio. Depois do beijo trocado no palácio, não tinham voltado ao assunto. O pedido de Noah em ver o indiano, no fim, foi providencial, pois depois da previsão dos ataques a Ox e demais planetas, a Enraiha não emitiu nenhuma visão.

A diretora estava com os olhos fixos na tigela de sopa. Não tinha coragem de olhar diretamente para Shaka sem se lembrar dos beijos. As palavras de Noah martelavam sua mente. Ela não poderia está apaixonada.

O indiano observava a diretora. Estava ali praticamente há dois dias. Se o assunto entre eles não poderia ser resolvido, não havia motivo para permanecer ali. O melhor a fazer era voltar para Ranpur.

— Pode conseguir um passe para mim?

Ela o fitou assustada, pois estava com a mente longe.

— Passe?

— Vou voltar hoje para Ranpur. Não pude ajudar muito o senhor Noah com a Enraiha então não há motivos para permanecer aqui.

— Tem razão... - murmurou. - vou providenciar.

— Obrigado. - levantou. - se me der licença, eu irei a sede do governo me despedir de Noah.

— Como quiser. - abaixou o olhar.

Shaka não rendeu mais e Urara recriminou-se pelas atitudes.

No grande salão Noah olhava para a bola azul.

— Senhor Noah.

— Shaka? - estranhou vê-lo ali. - algum problema?

— Não. Vim apenas me despedir, irei voltar para Ranpur.

— Com a Urara? - indagou ressabiado.

— Sozinho. Não posso continuar no apartamento dela, sou inconveniente.

— Inconveniente? - Noah sorriu. - não é o que vejo. - fitou a mão dele. - Tiveram alguma conversa diferente?

— Não. Apenas assuntos que dizem respeito ao planeta. Estou voltando hoje, caso precise de mim, basta me chamar.

— Deveria ficar um pouco mais, sei que as coisas vão se arranjar.

— Do que fala?

— Nada. Não basta um lado querer... - murmurou. - agradeço a ajuda. - mudou de assunto.

— Disponha.

Deram as mãos e Shaka estava prestes a dar as costas quando a bola azul brilhou. Uma imagem foi revelada para os dois. Viram várias naves cercando um planeta encoberto por nuvens.

— Um ataque? - Shaka o fitou. - onde?

— Alaron... - murmurou, com o rosto grave, pois via o emblema das naves. - a guerra começou.

Noah pediu para que dessem o alerta de invasão a todos os planetas do grupo dos nove, principalmente para Alaron, mas ele temia que não tivesse tempo...

Shion e Alisha passeavam nos jardins do palácio de mãos dadas, ato esse iniciado pela princesa. Apesar de todos os problemas nos outros planetas, para ela aqueles dias estavam sendo mágicos. Shion era um homem gentil e sábio. Ela pensou que os anciões achavam que aquela relação não era de bom tom, mas incrivelmente viam com bons olhos já que Shion pertencia aos atlantiks de VL e era servidor de uma elementar.

— E é assim que consertamos nossas armaduras. - disse fitando-a.

Alisha não tinha ouvido uma única palavra, apenas olhava para o ariano.

— Alisha?

— Desculpe. - deu um sorriso tímido.

— Não escutou uma única palavra. - tocou carinhosamente a face dela.

— Estava pensando em nós.

— Nós? - sentaram debaixo da Nias.

— Tem mais quinze dias que está aqui. O que acontecerá a seguir?

Ele ficou em silencio. Fazia-se a mesma pergunta. Queria ficar com Alisha, mas tinha suas obrigações no santuário.

— O Aiolos vai assumir seu lugar? - ela indagou, lembrando-se de uma conversa passada.

— Ele é meu sucessor... mas tenho que prepará-lo.

— Entendo. - abaixou o rosto.

— Alisha, meus sentimentos por você são verdadeiros. Eu gosto de você.

Ela sorriu.

— Não vamos pensar no futuro agora. - pegou na mão dele. - teremos tempo.

— PRINCESA ALISHA! - Rana corria em direção a ela. - Princesa!!!

— O que houve Rana? - assustou com a expressão dela.

— Estamos sendo atacados.

Os dois voltaram para o palácio, onde vários policiais estavam reunidos numa sala.

— Princesa. - um atlantik de meia idade aproximou. - veja isso.

Olharam para um telão. A orbita de Alaron estava cercada por dezenas de pequenas naves e uma de porte maior. Não tinham entrado na atmosfera devido a barreira.

— Assim que detectamos a movimentação ativamos a barreira.

— De onde são essas naves?

— S1, alteza.

— O que?!

— Quanto tempo essa barreira resiste? - indagou Dohko.

— Uma hora talvez. Já enviamos nossas tropas e um pedido de ajuda a sede da policia. A senhorita Niive já foi avisada.

— Use todas as nossas defesas eles não podem chegar até aqui.

— Sim alteza.

Dohko e Shion trocaram olhares, aquilo não era bom sinal.

Enquanto isso em Clamp...

— Anda logo Kanon! - gritou Niive impaciente.

— Ele é sempre assim. - disse Deba. - sempre se atrasa.

— Kanon!

— Já estou aqui. - apareceu na porta. - fui só no banheiro.

A diretora soltou um suspiro entediado. Pegaram uma via indo para o local onde a nave dela estava estacionada. De lá partiriam para Niniveh.

A sede três da policia estava tranqüila. Devido as ultimas ordens do presidente, aquele local não estava fortemente vigiado, tanto que nem notaram a chegada de uma esquadra poderosa. Quando perceberam estavam perto demais. Yoku foi alertado.

— Yoku!! Estamos sendo atacados.

O auxiliar cuspiu a bebida, ao escutar aquilo. Ele olhou para trás vendo pelo vidro várias naves aproximando do planeta.

— A diretora vai me matar. - deu um soco no botão azul.

Rapidamente o alerta foi emitido ao planeta. Pilotos correram para suas naves.

A nave de Niive emitiu um bipe.

— O dia hoje vai ser cheio. - apertou. - Jay.

Diretora estamos sendo atacados!!! Dezenas de naves estão na orbita, nossas naves estão sendo abatidas.

— Como...? - não acreditou. - Yoku.

— Nós...

A ligação foi cortada. Ela arqueou a sobrancelha.

— Ele desligou? - comentou Kanon.

— A comunicação foi interrompida. Que porra está acontecendo?

Kanon arregalou os olhos ao escutar. Assim como Deba.

— O que é? - ralhou. - eu falo como quiser.

— Niive, acho que aquilo responde sua pergunta.

O taurino apontou para o pára-brisa. A diretora ficou pálida, se isso era possível, pois viu dezenas de naves surgirem entre as nuvens.

O.o.O.o.O

Stiva estava na sede da policia. Na sala do presidente andava de um lado para o outro. Por mais que tudo fizesse parte do plano, não queria que seu planeta fosse alvo.

— É para um bem maior Stiva. - disse Rihen notando a apreensão dele. Temia que ele fraquejasse.

— Eu sei.

— Clamp irá renascer.

— Eu sei senhor. - o fitou. - só que...

— Não tenho ao meu lado homens fracos. Se arrependeu, saia daqui imediatamente.

— Não senhor. Eu sei que as coisas devem acontecer. Foi só um momento. Passou. - disse mais firme.

— Espero que seja mesmo. Não vou tolerar fracassos.

O.o.O.o.O

Mask e os demais estavam na sala de reunião. Lirya entrou as pressas.

— Eron! - gritou.

— O que foi mãe? - levantou assustado.

— Aconteceu alguma coisa majestade? - indagou Marius.

— Liguem na freqüência cinqüenta. Alaron está sendo atacada.

— Como? - perguntou Evans.

Ele nem precisou de resposta, em segundos as linhas de comunicação começaram a apitar.

— Evans.

Senhor, recebemos um pedido de ajuda de Alaron. Estão sendo atacados. - disse um policial.

— Por quem?

Não sabemos ao certo, mas as naves tem um grande poder destrutivo. Alaron não irá agüentar.

Mu pensou no mestre e em Dohko.

— A Galaxy e Antares?

Estão em Maris, levarão muito tempo para chegar.

— Evans parta imediatamente. - disse Mask. - e...

Outro bipe.

— Senhor Noah? - indagou Marius ao ver a imagem dele.

— Desculpe a intromissão, mas é urgente. Fizemos uma previsão. Alaron será atacada.

Na sala ficaram todos em choque. A voz do policial chamou a atenção novamente.

Senhor...— a voz do policial saiu tremula.

— O que foi agora? - Evans temia que as noticias piorassem.

Recebemos um comunicado de Clamp. Também estão sendo atacados.

— Por Atena... - Mask sentou. - mais um ataque combinado... Ren leve o maior numero de naves que puder, divida em dois grupos, Clamp e Alaron.

— Sim senhor.

Os cavaleiros olharam entre si, a situação só estava piorando.

 


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