Quem Nós Somos? escrita por AndreZa P S


Capítulo 6
K - Fiz por merecer, não nego.




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"Eu nunca fiz questão de estar aqui, muito menos participar
E ainda acho que o meu cotidiano vai me largar
Um dia eu vou morrer
Um dia eu chego lá
E eu sei que o piloto automático vai me levar
Eu devia sorrir mais
Abraçar meus pais
Viajar o mundo e socializar
Nunca reclamar
Só agradecer
Tudo o que vier eu fiz por merecer"

Supercombo - Piloto Automático

 

Por Kile Woodwork

 

Desde que entramos no carro Eadlyn não para de sorrir. Um sorriso quase maníaco. Às vezes ela cantarola alguma canção que não conheço, parecia muito satisfeita, e com certeza não é porque eu estou ao seu lado. 

É porque ela conseguiu o que queria, nós estamos no carro do tio Carter. Importado, grande e reluzente. A cara da Eadlyn, e não a minha. Quando vi que meus tios nos veriam juntos pensei que iria ter um ataque cardíaco, não era para eles saberem que andávamos nos encontrando, vai que a peste abre a bocona e conta que eu to chantageando ela? Que tipo de sobrinho mal caráter eles pensariam que tinham criado? Tem momentos em que me arrependo de ter feito isso, teria sido melhor sufocar Erik enquanto ele dormia com o travesseiro. 

Não, se eu fizesse isso iria acabar sendo preso, melhor continuar com o plano, já estou na chuva então é melhor me deixar molhar. Já imagino a correnteza de perguntas que eles me despejariam no domingo pela a manhã, talvez até me esperassem acordados, afinal, deviam pensar que alguma coisa estava errada comigo. Sair para uma festa? Sair com a Eadlyn, que desde sempre fiz questão de ser indiferente? Estar usando roupas que normalmente não usaria? PENTEAR OS CABELOS?

Sim, com certeza meus tios desconfiariam de algo. Talvez pensem que Eadlyn é um extraterrestre e que está comandando alguma coisa além da compreensão, para que um de seus companheiros ET's pudesse usufruir de um corpo humano. No caso, o meu.  Acabo dando uma risada com este pensamento. 

— Do que está rindo? - Eadlyn me questiona. Seus olhos enormes me fitando insistentemente e o sorriso já não podia mais ser visto. 

— Não acho que seja da sua conta. - Murmuro, voltando minha atenção novamente para a estrada, e depois para o GPS. Entro na Avenida principal. 

— Se você estiver rindo de mim, então é da minha conta. - Retruca. Franzo a testa. Menina chata.

— E se eu estiver rindo de você?

Ela empina o seu nariz, pelo canto do olho vejo que ela se encolheu um pouquinho no banco. 

— É de mim mesmo? - Força ela.

Coço a lateral do meu rosto, minha barba cada dia maior. Pensei que Eadlyn me diria para tirá-la mas, para a minha surpresa, ela pediu para que eu continuasse a cultivando. 

— Você é deste mundo mesmo, ou veio de outro lugar... tipo Marte? - Abro um sorriso de canto. 

Eadlyn revirou os olhos.

— Só se for de Vênus, o planeta do amor e da beleza. - E então pisca, um sorriso pequeno surgindo em seu rosto. - E pare de olhar para mim, preste atenção na estrada, sou muito nova para morrer.

Suspiro, a garota tem razão, tinha quase me esquecido da estrada. Viro para a direita, entrando em uma rua larga, as casas não tinham cerca e a grama de todas elas estavam muito bem cortadas e verdinhas, mas não encontrei nenhuma planta e nenhuma flor. Tio Carter ficaria tentado a oferecer os seus serviços de jardinagem gratuitamente, apenas para ter o prazer de colorir aquele lugar. 

— Qual o número da casa da tal Suzanna? - Pergunto, enquanto diminuo a velocidade, os olhos de todas as pessoas olhando para o carro, provavelmente curiosos para saber se quem estava dentro era tão chamativo quanto o próprio veículo. Odiava chamar atenção. 

— É aquela ali. - E aponta para umas três casas a frente, na parte esquerda da rua. Havia luzes coloridas, e se eu prestasse atenção, teria conseguido ouvir o som da música alta. Algumas pessoas estavam paradas no pátio, outras já vomitavam, isso que era recém 20:30 da noite. Estaciono o automóvel logo atrás de um luxuoso carro prata. 

— Não vamos ficar muito tempo, apenas o suficiente para que Erik nos veja juntos, estamos entendidos? - Aviso enquanto desafivelo o cinto de segurança. Eadlyn faísca seus dentes para mim. 

— Sim, senhor, Capitão. - Debocha. Respiro profundamente, e quando estou prestes a abrir a porta do carro, ela segura o meu braço. - Kile, sério... seja simpático, pelo o menos um pouco... eu sei que você sabe sorrir. 

Arqueio uma de minhas sobrancelhas.

— Sorrio apenas quando sinto vontade. 

— Faça isso que estou dizendo, que no futuro você vai me agradecer. 

Ajeito os meus óculos no rosto.

Cherie, já falei que não quero fazer parte disso tudo...

— Woodwork. - Ela me corta. - Se você quiser realmente que Erik engula isso aqui - Eadlyn aponta o seu indicador de mim para ela, - você terá que se esforçar um pouco mais do que ser um velho de 100 anos, num corpo de jovem. 

Franzo o cenho e, sem querer, acabo bocejando. 

— Vou ver o que posso fazer. Vamos logo? Já estou cansado disso tudo. 

Eadlyn faz uma careta, frustrada comigo. Estava começando a gostar de como é fácil deixá-la frustrada e indignada. Me observa com os lábios franzidos por alguns segundos antes de se virar e abrir a porta do veículo. Imito o seu movimento e, assim que saio, ativo o alarme e guardo as chaves no bolso da minha calça jeans justa demais para o meu gosto. Ela faz a volta no carro e então estende uma das mãos para mim, um sorriso agradável repuxando seus lábios para cima, parecia uma imagem da Barbie. Plastificada. Acho estranho aquele gesto, mas assim que pego sua mão e viro para trás, vejo que já tínhamos platéia, e que Eadlyn já começara a atuar. 

Respiro lentamente e solto o ar em pequenas e rápidas lufadas. Eu sou capaz de fazer isso, não vou morrer de tédio. Tudo dará certo. 

Uma menina de cabelos vermelhos e curtos, vestindo uma roupa bastante sensual e provocante, se aproxima de nós com um grande e afetuoso sorriso. Me lembro dela no Campus, nunca sequer me olhou por mais do que dois segundos e, quando o fazia, seu olhar não era dos mais simpáticos. 

— Suzanna, você está linda! - Murmura Eadlyn, abraçando rapidamente a garota. 

— Obrigada, meu amor, você também está maravilhosa! - Exclamou com um falso entusiasmo. Será que Eadlyn é tão egocêntrica a ponto de não perceber, ou será que fingiu não perceber a falsidade? Suzanna foca a sua atenção agora em mim, seus olhos verdes olhando-me de cima a baixo, e um sorriso de aprovação apareceu em seu rosto. A única menina que havia me olhado assim, fora Fiorella, minha ex namorada. - E Erik? - Pergunta, ao observar nossas mãos dadas. 

Abro um sorriso malicioso.

— Não sei. - Ela dá de ombros, o sorriso perfeito ainda ali.

— E quem é este moço bonito? - Suzanna pergunta, trocando olhares comigo. 

— Meu novo crush. 

— Mas até uns dias atrás você estava namorando com Erik!

— O mundo gira, a fila anda, e eu não sou do tipo que fica para trás! - Diz Eadlyn com tanta naturalidade, que me fez cogitar a possibilidade dela estar sendo tão falsa com Suzanna, quanto a própria está, com certeza, sendo com ela. 

Suzanna solta uma risada curta. 

— Você não presta.

— Acho que não sou a única aqui, né? - Murmura de forma dissimulada. Suzanna não responde de imediato, apenas abre um sorrisinho amarelo, e então me encara. - E você? Tem nome?

— Kile Woodwork, prazer. - Digo ao estender uma mão para ela. A garota me fita atentamente, parecia que estava tentando procurar em seu pequeno cerébro cheio de machos, bebidas, roupas e festas, onde devia já ter me visto. - Estudamos no mesmo campus. - Complemento, um sorriso educado apareceu por milagre em meu rosto. 

Ela estreita seus olhos.

— Woodwork?! - Agora seus olhos arregalaram-se. - Você... está tão... - ela corou as bochechas levemente, enquanto gesticulava com as mãos e procurava alguma palavra para usar.

— Bonito? Gato? - Propôs Eadlyn ao deslizar uma mão pelo o meu braço, seu olhar é pretensioso, orgulhoso, afinal, fora ela quem me fantasiou esta noite. Me lançou uma piscadinha. 

— Bem, sim... quase não te reconheci, Kile. - Eu acho que ela nunca havia pronunciado o meu nome em voz alta. Queria revirar os meus olhos e ir embora, dizer que eu sou o mesmo nerdão de sempre, e que não queria ser amigo dela, nem hoje e nem nunca, mas fiquei ali e sorri. Não foi isso que Eadlyn pediu para eu fazer? Sorrir? 

— Bom, Suzanna, acho que você tem outras pessoas para receber, não é? - Eadlyn diz. - Nos vemos depois, estaremos lá dentro!

Suzanna ainda me olhava de um jeito estranho.

— Tudo bem, Ead... e quando Erik chegar é... pra eu dizer algo? 

— Por favor, não diga nada!

A garota assente com a cabeça, um sorriso aparece em seus lábios vermelho sangue.

— Se você não quiser que eu diga, prometo que não direi. - Comunica ela, seu sorriso aumentando de tamanho gradativamente. Eadlyn dá um abraço superificial em Suzanna, e lhe agradece, no segundo seguinte me puxa para dentro do casarão de sua... amiga? Amizade assim não me servia.

— Por que você não pediu para ela contar direto para o Erik? - Eu quero saber, enquanto entravámos em uma sala que se transformara em uma pista de dança, os móveis arrastados para os cantos. Ali dentro a música é ainda mais alta, parecia que o som retumbava dentro de mim e, para melhorar, as luzes piscavam a cada segundo em várias cores diferentes. 

Eadlyn põe uma de suas mãos no meu pescoço, fazendo com que eu me inclinasse para ela. Enquanto ela falava, seus lábios roçavam de leve a minha pele. 

Prendo o ar por um segundo.

— Suzanna vai contar. - Diz, a voz alta o suficiente para que eu lhe pudesse escutar.

— Mas você pediu...

— Ela va contar. Conheço aquela garota, ela nunca foi com a minha cara, porque sabe que eu sou um milhão de vezes melhor. Você acha que vai perder a chance de fazer fofoca ao meu respeito? Ainda mais para o Erik? - Eadlyn bufa. - Não, não vai. 

— Então porque você ainda conversa com ela? - Pergunto, minhas sobrancelhas franzindo-se. 

Eadlyn revira os olhos.

— Por que ela me bajula, e eu gosto de me sentir superior. - Responde. - E tem muitas pessoas curiosas nos olhando agora, então se você puder, por gentileza, por suas mãos na minha cintura, eu agradeço. Não quero que pareça que tenho um namorado frio e que não gosta de encostar em mim. 

A seguro pela a cintura, puxando o seu corpo para o meu. Não vou mentir dizendo que a garota é feia, ou que não é atraente, mas não me sinto a vontade com ela assim tão perto. O seu perfume é adocicado, o que não combina com a sua personalidade.... Ou será que no fundo ela é assim? Eadlyn, para mim, é um ponto de interrogação gigantesco.

— Se tivesse tocando um rock das antigas, isso seria muito mais fácil. - Murmuro, próximo ao seu ouvido. Só assim para podermos nos comunicar com clareza, sem correr o risco de outras pessoas se intrometerem e escutarem o que dizíamos. 

Uma menina a poucos metros de distancia cochica com uma outra garota enquanto olha em nossa direção. O que está acontecendo? O problema está com a Eadlyn, que terminou e começou a "namorar" no mesmo dia, ou com o fato do novo namorado dela ser eu?

— Escuta a música, dê uma chance a ela. - Diz.

— Mas não tem letra nenhuma. 

— Música eletrônica geralmente não tem, mas sente a batida. 

— Está me dando dor de cabeça. - Resmungo.

— Você é tão velho, quantos anos têm? 89? Nem o meu vô Clarkson é tão velho quanto você. 

— Eu tenho 22, e você? 12?

Eadlyn bufa. 

— Você é desprezível. 

Abro um sorriso de lado. 

— Finalmente concordamos em algo, também te considero um ser desprezível. - Me afasto para poder vê-la ficar emburrada. E ela realmente ficou, sua expressão se fechou completamente. Por dentro eu estou rindo. Ficamos em silêncio por um bom tempo, nossos corpos a centímetros de distância. Olho para a parede clara e observo os ponteiros correndo, os segundos correndo, os minutos correndo. 

Mas quem queria sair correndo dali era eu! Será que falta muito para Erik chegar? Toda vez que desviava o olhar para alguém ao meu redor, sempre acabava vendo alguém me encarando, ou olhando de Eadlyn para mim, e aquilo já está me deixando de saco bem cheio.

— Por que as pessoas não param de nos olhar? - Questiono. Ela se desvincilha de mim e acena para uma menina que mal piscava enquanto nos olhava. 

— Porque agora você é meu namorado, você é um de nós agora. - Fala, seu tom de voz pretensioso. 

Bufo.

— Quanta irônia. 

Ela dá de ombros.

— Não acredito que você não está gostando de toda a atenção que estão nos dando. - Eadlyn arqueia as duas sobrancelhas. 

Suspiro, e aperto a ponte do nariz.

— Na verdade, não. 

— Você não é normal, sabia? 

— Depende do ponto de vista sobre normalidade, sobre o meu ponto... - paro de falar quando encontro o olhar de Erik. Ele está dançando com uma menina alta e loura, apertando sua bunda como se tivesse sovando um pão. Seus lábios estão curvados para baixo. - Ei, aquela menina com Erik não é Julieta? 

— O quê?! - Eadlyn se vira imediatamente, parecendo surpresa demais. Assim que ela os encara, Erik inclina-se para baixo e tasca um beijo em Julieta, mas sem antes lançar-nos uma piscadinha. Olho para Eadlyn, e ela fica sem piscar por um momento, até que seu rosto adquire um delicado tom rosado, e então me puxa para baixo, encostando nossos lábios imediatamente.

Aquilo não estava nos script, jamais a obrigaria a me beijar.  Mas agora fora a vez dela se vingar, e ela está me usando para isso. Bem, estamos dando mais veracidade ao nosso teatro, não? 

Eadlyn quando beijava parecia um furacão, tive a impressão de que queria levar de mim tudo o que podia, ou me engulir até que estivesse no centro do vendaval. É agressivo, provocante e sexy. Quase selvagem. Deslizo minhas mãos pelas as suas costas, incoscientemente puxando-a para mais perto. 

Nos largamos apenas quando não tínhamos mais ar o suficiente para respirar, e imediatamente nós dois nos viramos para ver qual tinha sido a reação de Erik. Ele ainda beijava Julieta, parecia que queria engolir a cabeça dela toda para dentro de sua boca, mas seus olhos estão abertos e nos encaravam. Abro um sorriso de lado, até que Eadlyn me puxa pela a mão para fora do casarão, seus pés pisavam firme no chão e sua expressão era sorridente, mas ajulgar pelo o seu aperto forte demais, podia jurar que ela estava morrendo de raiva. 

Paramos em frente à porta do carro do tio Carter. 

— Já vamos embora? - Pergunto enquanto deslizo as duas mãos pelos os cabelos. 

— Você não disse que queria ficar apenas tempo o suficiente para Erik nos ver juntos? - Retruca, a testa franzida. Ela faz a volta e abre a porta do carona, e eu entro em seguida. 

— Agora que estava começando a ficar divertido. 

Ela bufa. 

— Não foi divertido. - Diz, indignada.

— Pra mim foi. - Ligo a chave na ingnição. - Mas pensei que iria atingir Erik em um nível mais profundo se namorasse você, acho que devia ter escolhido alguém mais importante para ele. - Provoco.  Eadlyn me fuzila com os olhos, eu quase podia ver uma fumacinha saindo de suas narinas.

— Você não sabe o que está dizendo. Ele sempre, sempre disse que achava Julieta feia, que não sabia como ela conseguiu se juntar com a gente. - Ela dá um tapa alto na própria testa. - Como Erik é rídiculo. Julieta? Sério? Ele quis se vingar de mim, mal sabe que não conseguiu me atingir. 

Manobro o veículo com cuidado para não bater em nenhum dos vários carros que estão por ali. 

— Sério? Pois pra mim parece que conseguiu atingir, sim. - Falo, tomando o cuidado de não deixar nenhum sorriso aparecer em meu rosto, com medo de ser agredito até a morte dentro do carro. 

Eadlyn desliza as mãos pelo o rosto. 

— O problema é Julieta. Sempre soube que ela não era a minha amiga de verdade, mas não consigo deixar de me sentir traída em um nível muito, muito baixo. 

— Acho que no fundo... bem no fundo mesmo, lá no fundo do fundo do fundo, existe um ser humano em você, Eadlyn. - Falo, enquanto entro na mesma Avenida que nos tinha levado à festa de Suzanna. 

— Você é tão idiota.  - Xinga ao revirar os olhos.

— Você já disse isso, cherie

— Foda-se, se eu quiser eu posso repetir mil vezes. - Retruca. 

Eu ia retrucar de volta, ia mesmo, mas... aquilo que queria transbordar dos olhos de Eadlyn eram lágrimas? (Não, não eram lágrimas de sangue, e sim, também estou surpreso.)

Ficamos em silêncio por um tempo. A estrada praticamente vazia, então me dou ao luxo de observá-la, estava muito intrigado, não sabia que ela era capaz de chorar.

— O que que é? Nunca viu uma menina quase chorar? - Pergunta, passando as mãos pelo o rosto, de repente já não havia mais resquícios de fragilidade em seu olhar.

— Não foi QUASE, você chorou. 

— Não, foram duas lágrimas no máximo, eu não chorei. 

Franzo a testa. 

— Pessoas choram quando são magoadas, Eadlyn, não tem problema nenhum nisso, é saudável. 

Ela faz uma careta. 

— Não fui magoada. Não sou do tipo que se magoa por qualquer coisa, isso foi apenas um... - Eadlyn desvia o olhar para a janela, parecia que procurava alguma desculpa para me dar. - Um momento onde percebi que tinha uma fã a menos. 

Continuo a olhando de soslaio, mas ela se fechou. Cruzou os seus braços, e fingiu que eu não estava ali. Durante todo o trajeto de volta, eu me perguntei quem era realmente a Eadlyn Schreave. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


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