Quem Nós Somos? escrita por AndreZa P S


Capítulo 22
K - Eu também não estou apaixonado, mas...


Notas iniciais do capítulo

Talvez esse capítulo tenha ficado um pouco mais ousado que os outros, but, suas brabuletas lindonas, garanto que ficou suave. Lembrando que a fic é +16, ou +13... esqueci, enfim. HEUHEUHEUHUEHEHE
Espero que curtam, eu gostei de escrever ^^
Boa leitura ♥



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"Bem, você só precisa da luz quando está escurecendo
Só sente falta do sol, quando começa a nevar
Só sabe que a ama quando a deixar ir
Só sabe que estava bem quando está se sentindo pra baixo
Só odeia a estrada quando está com saudade de casa
Só sabe que a ama quando a deixar ir
E você a deixa ir (...)

Olhando para o teto no escuro
O mesmo velho sentimento de vazio em seu coração
O amor chega devagar e passa muito rápido
Bem, você a vê quando cai no sono
Mas para nunca toca e nunca mantém
Porque você a amava muito
E você mergulhou muito fundo"

Let her go - Passenger

 

Por Kile Woodwork

 

—Você é tão frustante. Encantadoramente frustrante - eu murmurei, enquanto sentia nossos rostos próximos demais, até que nossos lábios se encostam em um beijo. Num primeiro momento, Eadlyn se manteve parada, quieta, tensa, mas não durou mais que dois segundos. Seu corpo inclinou-se para o meu, e uma de suas mãos voou em direção ao meu pescoço, puxando-me para si. Nossas línguas se moviam com urgência, parecia que o mundo estava acabando e aquele seria o último beijo que dariamos na vida. Só nos afastamos, um tanto relutantes, quando ouvimos assovios e o som de palmas, nossos rostos indo para lados opostos, mas continuamos nos encarando por alguns instantes. Eadlyn pisca os dois olhos umas três vezes antes de inclinar a cabeça para baixo, e então olhar para o restante do pessoal que parecia ter se animado de repente.

—Vão para o quarto! - Richard falou, e pelo o canto do olho vi que Eadlyn revirou seus olhos azuis, mas um leve tom de vermelho coloriu suas maças salientes do rosto.

—Não! - Diogo se manifestou, fazendo o sinal da cruz. - Nós dormimos no mesmo quarto, não sou obrigado a ver e ouvir nada. Vai tirar minha pureza.

Eu acabei rindo. Gostava de Diogo. Micaela bufou alto e faz uma careta que demonstrava duvida.

—A não ser que façamos uma suruba... - se manifesta Pietro, seus olhos com um brilho malicioso que me fez ter vontade de revirar os olhos. E foi isso mesmo que eu fiz. - O que vocês acham? - Conclui enquanto esfrega uma mão na outra, parecendo que está realmente cogitando essa possibilidade.

—Pietro, você me enoja - Eadlyz diz ao cruzar as mãos firmemente sob o peito.

—Quando voltarmos pra cidade, vou procurar um psicólogo pra você - fala Katherine, com a testa franzida e seu cabelo preso em um rabo de cavalo no alto da cabeça. - Porque não é possível.

Pietro dá de ombros, recostando-se tranquilamente no encosto da cadeira e enrugando seu nariz cheio de sardinhas - que nas bochechas também tem - e sacudindo seu cabelo castanho na altura das orelhas.

—Vocês são antiquados demais, vamos aproveitar a juventude!

—Vá fazer uma suruba com você e com a sua mão - Eadlyn diz.

—Esqueci que você tem ciúmes do Kile, mas não se preocupe, Ead, eu iria focar nas garotas, deixaria o bonitão só pra você - Pietro ironiza.

—Pior que tem ciúmes mesmo— retruca Fernanda com um certo desdém.

—Tem, é? - Eu pergunto, me virando de lado para fitar Eadlyn com um sorrisinho maroto nos meus lábios. Ela me encara com as sobrancelhas arqueadas, seus olhos levemente apertados.

—Claro que nã... - ela solta um suspiro áspero, parecia que tentava se acalmar. Meu sorriso apenas se acentuou; -que sim... claro que sim, você é meu namorado, não é? - Retruca, soando bem mal humorada.

—Como você pode ser tão ranzinza depois de um beijo desses? -Dandara quer saber, olhando vacilante de mim para Eadlyn sem parar, o que foi só um pouquinho estranho. A garota realmente parecia intrigada.

—Credo, até parece que vocês nunca beijaram ninguém. Foi um beijo, só isso.

—Mas foi bom? - Micaela questiona, seus olhos brilhando de expectativa. Juntou as palmas das mãos, para depois repousá-las na lateral de seu rosto oval.

—Micaela! - Repreendeu Eadlyn, agora corando fortemente as bochechas.

—Ok, ok... não está mais aqui quem perguntou - manfestou-se a moça, enquanto ergue suas mãos na altura dos ombros, fazendo um biquinho engraçadinho.

Franzo as sobrancelhas, uma das extremidades dos meus lábios erguendo-se em um sorriso sacana.

—Mas agora eu que quero saber. Foi bom, Eadlyn? - Indago, me controlando para não soltar a risada que está presa na minha garganta.

Eadlyn me fita parecendo indignada. Bom, não que seja díficil deixá-la indignada, mas é sempre interessante saber que eu causo este tipo de reação nela.

—Você só pode estar brincando - murmura, ao largar suas cartas na mesa e arrastar a cadeira para trás. - Sério, até perdi a vontade de jogar - diz, enquanto apoiava uma mão na mesa e se levantava. - Patético, vocês - resmunga, e eu achei aquilo meio engraçado, meio fofo, meio frustrante e irritante.

Quando ela já havia dobrado o corredor e o som de seus passos deixou de ser ouvido, Fernanda diz:

—Deve ter sido tão bom que ficou sem palavras - e deu uma risadinha, mas sem antes me lançar um olhar sugestivo e uma piscadela rápida.

 

Uns 40 minutos depois, quando todos já estávamos cansados demais para jogar e o Uno não estava mais tão legal assim, cada um foi para os seus respectivos quartos. Eu deixei para ir depois, queria que Eadlyn já estivesse dormindo quando chegasse lá. Não que eu estivesse meio que evitando falar com ela, mas... talvez, sendo sinceramente sincero, fosse este o motivo mesmo. Solto um suspiro longo, deixando os meus ombros tensos relaxarem enquanto caminho em direção à varanda. A porta faz um leve ranger quando a empurro para fora, e assim que o ar da rua envolveu o meu corpo, me encolhi instantaneamente. A chuva, que antes caia grossa e exigente do céu, agora parecia mais uma garoa fina, deixando a grama bem aparada dos Campestro com pontinhas brancas que lembravam, vagamente, a neve. Sento-me em uma das cadeiras de balanço que estavam ali. O vento agitava as árvores da fazenda e, meus cabelos que já estão com seus cachos abertos e grandes demais, também. Coloco a mão dentro do bolso da minha calça jeans, procurando aquece-las pelo o menos um pouco. Fecho os meus olhos, querendo manter minha mente como um quadro em branco, mas assim que o fiz, a imagem de Eadlyn rindo tingiu meu horizonte.

Acabo dando risada com a lembrança. Era engraçada, de fato... e ela parecia tão... sei lá, mais nova. Como se tivesse solta, e eu achei adorável, e simplesmente não consegui expressar o quão feliz fiquei em vê-la daquela forma de outro jeito. Seus olhos haviam se fechado em fendas, seu sorriso era praticamente do tamanho do seu rosto, mostrando para quem quisesse ver os seus dentes impecáveis. Sua testa franziu-se inteira enquanto ela ria, e seu rosto ficou muito vermelho... fora o som da risada, parecia que um porco estava sendo assassinado. E eu não sei porque achei aquilo tão fascinante.

Talvez porque eu não estava esperando por isso. E de fato não estava.

Também não contava que fosse beijá-la. De novo.

 

Quando volto para o quarto, um bom tempo depois, tomo o cuidado de não fazer barulho enquanto tirava os meus tênis e os deixava lado a lado encostados na parede próxima à cama. Pego meu pijama e vou me trocar no banheiro... simplesmente não queria que nenhuma das garotas acordasse na hora e me chamasse de pervertido. Deixava esse adjetivo a cargo de Pietro. Visto minha calça de moletom cinza, uma regata e jogo por cima um moletom azul escuro e liso. Delicadamente, puxo os cobertores para cima, e tento me deitar na cama sem fazer muito estardalhaço, mas, mesmo assim, a cama fez um som mínimo, ainda que alguém ali tivesse o sono muito leve, não acordaria.

Estou prestes a me virar para o lado oposto à Eadlyn, quando escuto sua voz dizer:

—Pensei que tinham te raptado lá embaixo - sua voz soa baixa e meio abafada, já que sua boca estava tapada pelo o edredom, deixando apenas seu nariz e seus olhos para fora. Olhos que me encaravam insistantemente. Me acomodo na cama, afundando minha cabeça no travesseiro, deitado de barriga para cima.

—Não que você fosse se preocupar - rebato com os lábios franzidos.

—Realmente, fico contente em saber que você está ciente disso - retrucou imediatamente.

—Estou muito ciente disso, mas... só por curiosidade mórmida mesmo, você não se prestaria a pagar nem mesmo um resgate para salvar a vida deste pobre e inocente rapaz? - Pergunto ao fechar os olhos e abrir um sorriso divertido.

—Pobre você não é. Inocente, não sei...

—Tem duvidas sobre a minha inocência? - Indago, fingindo um tom de ultraje na voz.

—Talvez. Você já namorou? - Me questiona.

Ainda de olhos fechados, franzo a testa, achando a sua pergunta inusitada.

—Bem, já. E antes que me pergunte, foram duas vezes.

—Nomes?

—Por que quer saber?

—Nomes, Kile.

—Fiorella e Katherine.

—Katherine, a namorada de Dandara? - Me zoou, mesmo que não estivesse olhando para ela, sabia que a garota sorria.

—Não, não era ela. Mas bem que poderia ser, Katherine é linda.

Eadlyn bufa alto, e eu sabia que ela havia revirado os olhos, mesmo que não tivesse me dado ao trabalho de fitá-la para confirmar. Eadlyn fica em silêncio, a quietude invadiu o quarto, e era para o clima estar calmo e propício para uma bela e agradável noite de sono, mas meus músculos teimavam em se tensionar. Respiro profundamente algumas vezes, até que, aos poucos, começo a relaxar. Quando estou, finalmente, pronto para limpar minha mente para embarcar no meu sono, geralmente sem sonhos, a respiração de Eadlyn me chama atenção. Está levemente acelerada, e assim que estou prestes a abrir a boca para perguntar se a menina está bem, ela murmura baixinho:

—Kile, por que você me beijou? - Quer saber, sua voz intrigada e exigente.

Como ainda estou de barriga para cima, viro meu rosto para poder olhá-la enquanto penso em alguma resposta convicente para lhe dar. Mas a verdade, é que eu não tinha uma.

—O gato comeu sua língua? - Diz ela, ao fazer uma careta entediada e erguer uma sobrancelha.

—Não comeu.

—Tá, e não vai me responder?

—Você quer saber a real mesmo?

—Óbvio, senão nem teria me dado ao trabalho de te perguntar.

—É que eu gosto do sabor que a sua boca tem - respondo a verdade, mesmo que isso meio que parecesse fragmentos dela, dos quais eu não tive acesso, pelo o menos por enquanto, dos pedaços que faltavam. Uma meia verdade, mas que não foi intencional.

Nos encaramos por vários segundos, e enquanto isso mal piscávamos. Eadlyn apoia um cotovelo no colhão, erguendo o seu tronco um pouco para cima, seus cabelos escuros caindo perfeitamente pelo seu pescoço e ombros.

—Eu não estou apaixonada por você - diz com o rosto sério, sua mandíbula trincada e a voz um pouco indiferente.

Olho, disperso, para os seus lábios que, mais uma vez naquela noite, estão próximos demais dos meus.

—E eu também não estou apaixonado por você - falo, agora olhando em seus mares azuis.

Há uma pausa carregada, antes que minha mão - praticamente por vontade própria - estivesse em sua cintura, puxando o seu corpo para mim. Eadlyn não resistiu, seus lábios se afastaram um do outro, e eu sabia, sentia, que ela queria a mesma coisa que eu.

—Então por que você não me beija de n...

E eu não precisei ouvir o restante da frase para por minha mão em sua nuca, segurando seus cabelos entre os meus dedos e beijá-la mais uma vez. Eadlyn mordeu o meu lábio inferior, enquanto suas mãos apoiavam-se acima do meu peitoral. Com certa dificuldade, inclinei o meu pescoço para cima, simplesmente não estava suportando ficar mais que 1 segundo sem sua boca na minha; mas a garota para e sorri, com certeza estava me provocando. Quando fiz menção de puxá-la novamente, ela se esquivou, suas sobrancelhas se erguendo.

—Peste - sussurro, meio irritado.

—Imbecil - retruca, meio debochada.

Sem esperar que ela me provocasse ainda mais, com minhas mãos em em seu quadril, a empurro para o lado, tomando o cuidado de não ser agressivo demais, mesmo que talvez tenha sido. Subo para cima do seu corpo, e ela me fita com os olhos intensos... e eu não pensava direito, minha cabeça, no momento, está cheia de Eadlyn.

Eadlyn, Eadlyn, Eadlyn.

Meus lábios desenhavam a linha de seu maxilar, e quando encontrei a pele macia de seu pescoço, me concentrei ali, enquanto deixava minhas pernas uma de cada lado de seu corpo esguio, cuidando para não jogar todo o meu peso em cima dela. Penso duas vezes antes de deixar uma marca em sua pele clara, mas aquilo com certeza a provocaria, então não fui capaz de me conter, assim que dei por mim, meus lábios já haviam deixado um chupão em seu pescoço. Eadlyn inclina o seu tronco para cima quando desço uma mão para sua coxa, e então sussura algo que não pude compreender direito.

Olho para o seu rosto abaixo de mim, e parei apenas por um momento para adimirá-la, antes de a beijar de novo e de novo. Eadlyn, então, arranha as minhas costas e está prestes a erguer o meu moletom, quando eu seguro o seu pulso firmemente e deixo o seu braço na cama, acima de sua cabeça. Ela me olha confusa, frustrada, ofendida.

—Que foi? - Pergunta com os lábios avermelhados e inchados, piscando pra mim de um jeito tão... atraente;e eu quase esqueci o motivo de ter parado.

Quase.

—Estamos em um quarto com outras 4 pessoas - a lembrei, minha voz surpreendentemente entrecortada. Solto um pigarro antes de concluir: -, a não ser que queira acordá-los e aceitar a proposta do Pietro. Mas já vou avisando, vou apenas observar - digo, abrindo gradativamente um sorrisinho maroto.

Eadlyn franze o cenho e então vira o rosto para o lado, emburrada.

—Então sai de cima de mim - resmunga, parecendo furiosa de repente.

Me inclino para baixo, depositando beijos demorados em seu pescoço, e eu vejo com agrado enquanto ela estremece abaixo de mim, nossas peles arrepiando. Ela engole em seco, parecendo que estava voltando ao mesmo estado de tensão de antes, mas então, do nada, ela me dá um tapa na cabeça.

—Sai! - Diz, autoritária.

Faço uma careta, enquanto um riso contido tremia o meu corpo. Me jogo para o lado, e coloco o travesseiro sobre a minha cabeça, para evitar que o som da minha risada acordasse os demais.

—Do que está rindo, idiota? - Quer saber, indignada.

—Você me bateu!

—Se continuar rindo vou bater de novo.

A encaro, ainda com um sorriso nos lábios, e roubo um selinho dela. Vi os seus olhos arregalando-se antes de me virar de costas para ela, deitando em posição fetal. Ouvi ela resmungando algo como "babaca", mas a partir daí, tentamos nos manter o mais afastados na cama o possível.

Tentei dormir... mas foi em vão.

 

No dia seguinte, nós dois estávamos nos evitando. O que foi bom, porque simplesmente, depois de ontem a noite, o clima ficou meio... esquisito demais. Os avós de Richard e Micaela resolveram dar uma churrasco para se despedir de nós. O senhor Jacob está envolvido, junto com Josafah e Micaela, na carne que está sendo assada, enquanto que Katherine, Louise, e a senhora Elizabeth estão empenhados em fazer os acompanhamentos do churrasco e saladas. Estou sentado em uma das duas longas mesas de madeira dispostas no gramado, o céu está nublado e carregado, mas ao menos não chovia. Um copo com cerveja está na minha mão há mais ou menos meia hora, e volta e meia meus olhos disparavam para a mesa seguinte. Eadlyn está lá, sentada no extremo dela, o mais longe de mim que dava, conversando sem muito entusiasmo com Dandara, que parecia alimentar a maior parte da conversa, quase como um monólogo. A garota inclinou seu corpo para o lado, e o cotovelo cravou-se na mesa, sua cabeça tombando para baixo, sendo segurada pela a sua mão. Como se sentisse que alguém a observava, ela voltou os olhos de repente para onde eu estou sentado. Ela fica me encarando, provavelmente esperando que eu desviasse o olhar, mas eu não faria isso. Era divertido encará-la. Eadlyn, então, balbucia em voz baixa pra mim:

"Imbecil".

Abro um sorriso de canto e lhe mando um beijo no ar, o que serviu somente para ela revirar os olhos e voltar a me ignorar.

—Se você não beber, eu vou roubar de você - ouvi a voz de Richard, que até então não havia reparado que estava sentado ao meu lado. Me viro para ele, minha expressão confusa.

—Ahn?

Ele aponta para o meu copo praticamente cheio.

—A cerveja. É pecado disperdiçar este néctar dos deuses.

—Depois reclama quando eu digo que você é tipo um alcoolátra mais ou menos controlado - Diogo diz, sentado em frente ao Campestro.

—Idiota, se é uma pessoa controlada, não tem como ser alcoolátra.

Diogo dá de ombros, e eu abro um sorriso.

—Você é especial, então - retruca, enquando dá uma risadinha.

Richard revira os olhos e se volta para mim novamente.

—Vai querer? - Me questiona, lançando um olhar furtivo para o meu copo. Ergo as sobrancelhas, e entrego a cerveja que, com certeza, já está quente.

—Valeu, cara.

—De nada - respondo, antes de dar mais uma rápida olhadinha para Eadlyn do outro lado. Quando fui fitá-la, percebi que seus olhos já estavam em mim, mas assim que me viu, virou-se para frente e fez cara de paisagem.

—Vocês brigaram? - Diogo pergunta de repente. Coço a lateral do meu rosto, e depois minha nuca. Demoro apenas um instante para entender a que ele se referia.

—Bem... de certa forma... na verdade, eu não sei - confesso, enquanto deslizo um dedo pelo o meu queixo barbudo.

—Sei bem como é, Patrícia tem dessas também - murmura, com a voz frustrada e, ao mesmo tempo, soando como se já estivesse acostumado.

—Mas Patrícia perto da Eadlyn deve ser uma santa - Richard diz, me fazendo concordar levemente com a cabeça e dar uma risada breve.

—Não que Louise seja muito melhor, né, Richad - Diogo murmura, ao puxar seus fios ruivos para cima, prendendo os cabelo em um coque atrás da cabeça.

—Não mesmo! - O Campestro concorda, dando de ombros. - Mas já estou há 2 anos e meio com ela, então... já aprendi a como amaciar a fera.

—Mulheres são todas iguais, eu acho - reflete Diogo, os olhos castanhos perdidos em algum ponto no céu.

Ah... se para eles mulheres são todas iguais estão enganados. Eadlyn é diferente.

É pior.

Após o almoço, guardamos as malas na Van de Richard e não demoramos muito para voltar para o campus, todos mais ou menos sentados nos mesmos lugares de quando viemos. Quanto mais próximo nos aproximávamos do centro, mais o céu ali adiquiria uma tonalidade mais azulada e menos cinzenta.

Durante o trajeto, minha tia me ligou:

—Oi, titia.

—Oi, meu amor - ela fala com a voz animada. - Você disse que voltaria para casa hoje. Estão vindo já? - Sondou.

Olho vagamente pela a janela, a vegetação abundante dos arredores da fazenda, já davam lugar à casas e prédios, e a estrada de terra batida, dava lugar à estrada de asfalto liso.

—Estamos sim.

—Eadlyn está com você? - Questiona.

Franzo a testa.

—Sim, está... mas porque tantas perguntas? - Indago, completamente desconfiado.

—Nada!! - Exclamou. Estreito os olhos em fendas. Ela estava daquele jeito... de quando está prestes a aprontar alguma. - Passe aqui em casa com Eadlyn antes de voltar pra univesidade.

—Por quê?

E minha desconfiança apenas aumentava.

— Porque sim e não retruca. Até mais, filho.

—Até...

Pedi para Richard nos deixar na casa dos meus tios, e assim ele o fez. Nos despedimos com um certo ar de expectativas, afinal, havíamos nos  dado bem durante a viagem, será que essa sensação de 'camaradagem' iria persistir quando as aulas voltassem? Ou melhor, será que irá resistir ao fim do término do meu suposto relacionamento com Eadlyn?

Eu joguei uma das alças da mochila pesada que carregava no ombro, e estava prestes a rumar para a varanda de casa, quando Eadlyn pergunta:

—De quem é esse carro? - Quer saber, parecendo pensativa.

Dou de ombros, mas meu cenho acabou franzindo-se. Visita? O que a minha tia está aprontando?

—Não faço a mínima ideia - murmuro, meio disperso.

—Talvez seus tinham tenham decidido que já estava na hora de você dirigir algo decente - retruca, enquanto caminhava na minha frente, olhando por sobre o ombro para o carro que está estacionado próximo ao meio fio. - Tomara que seja isso - reflete, parecendo um pouco apreensiva.

Deslizo meus dedos pela a lateral do meu rosto. Bem, dependendo de tia Marlee, aquele carro poderia significar qualquer coisa.


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Notas finais do capítulo

Tcharan!