O acaso escrita por Nathália Fernanda
Acordei e quando olhei para o lado, notei que ela não estava mais ali. Levantei e quando pensei em sair procurando-a, pude vê-la saindo do banheiro e vindo em minha direção.
— Bom dia, dorminhoca. – disse ela me dando um beijo na testa.
— Bom dia Fernanda. – respondi retribuindo o beijo, porém, na boca.
— Acordei faz um tempinho. Você estava dormindo feito um anjo, então não a acordei. Tomei café por aqui mesmo, mas já retiraram as coisas. Quer que eu vá à padaria comprar algo pra você?
— Perdi o horário do café da manhã? Que horas são? – perguntei procurando o meu celular pela cama
— São 12h00.
— Não precisa, já está quase na hora do almoço. Não sinto muita fome quando acordo.
— Tem certeza? Enquanto você toma banho eu posso ir lá.
— Por que você fez aquilo Fernanda?
— Oi?
— Por que você me beijou ontem?
— Porque eu senti vontade. Você me chamou atenção desde a primeira vez em que te vi na beira da piscina, quando te perguntei como conseguir outra chave. E como você não esboçou nenhuma reação contraria, continuei. E você gostou. Se não tivesse gostado, teria parado e já teria pedido para eu sair do seu quarto.
— Eu gostei sim, não nego. Mas estou confusa. Não sei se isso é certo, não sei se devo entregar meu coração a alguém novamente.
— Se você não quiser continuar, tudo bem. Eu te entendo, sei o que você está sentindo no momento.
— Eu tenho medo, sabe?
— O medo sempre vai te acompanhar. Você precisa permitir-se sentir as coisas sem que pense nas consequências que poderão surgir no futuro.
— O meu coração está tão quebrado. Não consigo imaginar que alguém possa consertá-lo.
— Eu posso.
— E se você não conseguir?
— Eu tento de novo. Mas não vou deixar você escapar de mim.
Senti minhas bochechas corarem e quando eu pensei em falar algo, ela começou a me beijar de uma forma tão suave que não pude rejeitar. Mas fomos interrompidas por alguém batendo na porta.
— Quem é? – perguntei, estanhando.
— A moça da limpeza. Faço a limpeza dos quartos a cada dois dias neste mesmo horário.
A limpeza. Esqueci completamente que havia incluído no meu pacote. O quarto estava limpo, eu o limpei ontem quando cheguei. Abri a porta e conversei com ela, disse que meu quarto estava limpo e que não precisava dos serviços dela no momento. Quando fechei a porta e olhei para a cama, pude ver que havia alguma coisa errada com a Fernanda.
— Fernanda?
Ela não respondeu.
— Nanda?
Nenhum sinal de resposta.
Fui até ela e quando a virei, notei que ela estava desmaiada. Sai correndo para procurar ajuda, e quando voltei para o quarto, ela já havia recuperado a consciência.
— Eu desmaiei?
— Sim. Fui procurar ajuda, mas você já acordou.
— Não precisa se desesperar quando isso acontecer. É um pouco normal. Tenho essa falta de oxigenação no cérebro desde pequena. Até hoje não me acostumei e fico meio perdida quando acordo.
— Eu realmente fiquei assustada!
— Fica tranquila, não é nada de mais.
— Estou com fome. Vamos sair para comer algo?
— Vamos, mas antes, preciso ir ao meu quarto trocar de roupa.
— Se eu te pedir para você ficar aqui comigo, você fica? Digo, com as suas malas e tudo?
— Só se você me deixar ajudar a pagar a estadia.
— Não.
— Então não fico.
— Tudo bem, você ganhou.
Depois que nos arrumamos, fomos para o mesmo lugar que jantamos na noite passada. Chegando lá, pegamos uma mesa um pouco distante de todos e fizemos nosso pedido. Assim que terminamos, ficamos um tempo em uma praça que achamos ali perto. Deixá-la segurar minha mão era como permitir que aquilo progredisse. Eu queria. Eu quero. Preciso deixar o meu medo de lado e seguir a minha vida com ela. Sinto que meu coração está começando a bater cada vez mais rápido ao ouvir sua voz falando comigo. Borboletas fazem a festa em meu estômago quando sua mão acaricia meu cabelo.
Ao voltar para a pousada, nos deitamos e começamos a assistir um filme. Agora, deitada com a cabeça em seu peito, eu percebi que de hoje em diante, seu colo é o meu lar.
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