Iguais mas Diferentes escrita por Laris


Capítulo 5
Ela é igualzinha a mim!




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A sexta chegou e eu combinei de ir lá ver o show da banda da garota que parece comigo, a Manuela. É até bom para eu ver se eles cantam bem.

Coloquei uma roupa mais simples porque sabia que era uma festa no interior. O Omar ia vir com seu motorista para me buscar e na hora que ele chegou eu ainda demorei um pouco para terminar de me arrumar.

— Oi Omar. – Eu disse entrando no banco de trás do carro, do lado dele, ele sorriu para mim.

— Vamos atrasar para o show, você demorou.

— Demorei muito para escolher uma roupa, nunca fui em nenhum evento no interior.

— Garotas... – Ele disse. – Tem que escolher a roupa ideal para tudo.

— Claro que sim. – Eu disse sorrindo.

— Pronta para conhecer sua sósia? – Ele me disse.

— Claro. – Respondi.

O caminho para esse vilarejo era meio longo, foi mais ou menos umas duas horas de percurso.

Chegando lá estava bem barulhento, tinha uma praça lotada de pessoas. E pelo que o Omar me disse o show estava acontecendo em um coreto que ficava no meio da praça.  Quando sai do carro já pude ouvir a música.

“ Sou menina do interior, eu sou o que sou.”

Ela cantava até bem.

“A minha riqueza vem da natureza.”

Fui seguindo o Omar até o palco.

“Minha alegria é viver.”

Olhando de longe ela parecia um pouco comigo mesmo.

“Vem, dei pouco da vida ainda sou pequena”

Quando chegamos mais perto fiquei boquiaberta, ela era igualzinha a mim!

“Te faço cantigas, te faço um poema”

Minha alegria é viver!“

O Omar falou perto do meu ouvido para eu ouvir.

— Eu disse que ela era muito parecida com você!  

Eu respondi acenando com a cabeça.

— Você disse, mas não imaginei que era tão parecida, parece que sou eu lá cantando! – Eu disse ainda boquiaberta.

Ficamos lá assistindo até o show acabar, eu ainda estava assustada como poderia ter uma pessoa tão parecida comigo.

Depois fomos direto embora, e no caminho fiquei pensativa. Eu não sábia que sósias poderiam ser iguais. É muito estranho.

— O que você está pensando? – O Omar me perguntou curioso.

— Só estou estranhando como pode existir uma pessoa tão igual a mim.

Ele não disse mais nada, imagino que esteja pensando o mesmo que eu.

Quando estávamos chegando na minha casa ele me disse:

— Amanhã vou ir nesse vilarejo conversar com essa garota. – Ele disse determinado, nós éramos muito parecidos nesse ponto. Não conseguíamos viver com dúvidas sobre as coisas, quanto aparecia algo intrigante tínhamos que investigar para resolver.

— Tudo bem. Eu vou procurar saber se meus pais tiveram alguma outra filha que eu não conheço.

Ele concordou e me disse:

— Amanhã à noite vou ir correr, sei que você disse que não tem interesse, mas tenho certeza que você ia gostar muito se fosse. – Ele disse.

— Não me interesso muito por essas coisas Omar, mas vou pensar. – Eu disse já com a intenção de não ir, mas ele ficou animado.

— Ok, te vejo amanhã então! – Ele sorriu enquanto eu saia do carro e eu acenei para ele.

No dia seguinte acordei bem tarde porque custei a dormir ontem pensando na garota.

Hoje não ia ter treino na gravadora, mas eu queria que tivesse. Ficar em casa é muito chato! Mas dediquei meu tempo para treinar.

A noite me lembrei da corrida do Omar, mas não estava muito afim de ver isso. Quando fui jantar meus pais estavam na mesa. Eles não estavam se falando, não entendo como eles conseguiram ficar juntos até hoje.

— Olá. – Eu disse me sentando na mesa. – Chegou agora pai?

— Sim, querida. Como foi seu dia? – Ele disse enquanto a Laura colocava o prato dele.

— Foi normal. – Eu disse.

— O meu dia não foi muito bom. – A Regina disse irritada. – Culpa do seu pai.

— Ninguém te perguntou nada. – Eu disse para ela e ela olhou brava para mim.

— Você é muito insolente Isabela. – Ela disse se levantando irritada.

— Não fala assim com ela Regina! – Meu pai brigou.

— Ela que me respondeu! - Ela gritou com ele.

E mais uma briga começou. Não aguentava mais. Sempre era assim quando estávamos todos juntos.

— Quer saber, vou sair! – Eu gritei e sai da sala. – Volto mais tarde!

Mandei uma mensagem para o Martín e esperei, ele não respondeu, que novidade!

Resolvi ir na corrida do Omar, qualquer coisa era melhor do que ficar em casa hoje. Precisava espairecer. 

Chegando no quintal da casa eu liguei para o Omar ir me buscar e ele ficou animado no telefone.

Fui para fora para esperar ele que chegou um tempo depois dirigindo o carro do pai dele.

— O que é isso Omar? – Falei olhando assustada para o carro.

— Resolvi pegar emprestado. – Ele sorriu e sabia que estava aprontando.

— Emprestado? – Ergui uma sobrancelha.

— No meu ponto de vista sim, peguei emprestado, só meu pai que não sabe.

— E você vai dirigir? Nem pensar que eu vou entrar no carro sem você ter carteira. Vou voltar para casa. – Eu disse me virando.

— Não Bela, vamos, por favor? – Ele insistiu. – Eu sou ótimo motorista.

Avaliei a situação, ou eu voltava para casa e teria que lidar com mais uma briga ou ia com o Omar arriscando minha vida. Claro que eu ia escolher arriscar minha vida. Me virei e fui em direção ao carro e o Omar ficou animado de novo e abriu a porta do passageiro para mim e eu entrei.

No caminho o Omar me perguntou:

— O que aconteceu na sua casa?

— Como você sabe que algo aconteceu? – Eu estranhei.

— Eu te conheço Bela, você nunca viria comigo hoje se não quisesse sair de casa e você está usando roupas simples, tenho certeza que nunca sairia de casa assim se não fosse na pressa.

Eu reparei nas minhas roupas, que droga! Tinha esquecido que estava com roupas normais, nem pude me produzir. Ele reparou minha reação.

— Não se preocupe, essas roupas estão ótimas para onde a gente vai. Mas me conta, o que aconteceu?  

— Meus país brigando de novo, foi um jantar normal na casa dos Junqueira. – Eu disse irritada.

— Imagino como é difícil. – Ele disse compressivo sem tirar os olhos da pista, ele estava bem devagar, acho que era para não me assustar, e ele dirigia muito bem.

— Hoje fui no vilarejo e conversei com a garota que é igualzinha a você. – Ele disse. – Ela é a sua cara, mas suas personalidades são diferentes. Ela é muito boazinha.

— Ei, eu também sou boazinha. – Eu disse sorrindo para ele.

— Você não é nada boazinha Bela. – Ele sorriu de volta.

— Eu sei, e eu gosto de ser assim. Ela deve ser uma bobinha.

— Ela é meio bobinha mesmo. E acredita que trabalha em uma sorveteria com um menino cego!

— Que estranho! Você perguntou o nome dela? – Eu disse curiosa.

— Sim, ela se chama Manuela.

Passei o resto do caminho pensando em quem era essa Manuela, a semana passou tão rápido que nem tive tempo de pesquisar nos arquivos dos meus pais alguma informação.

O lugar da corrida era afastado da cidade e quando chegamos fiquei observando e tinha várias pessoas com carros legais e animadas.

O Omar me guiou até um grupo de pessoas.

— Oi pessoal! – Ele disse quando chegamos.

— Oi! – Um menino disse e se virou para mim. – Você trouxe a Isabela! – Ele disse fazendo uma reverencia para mim, era o Benjamim, ele era da nossa sala e muito amigo do Omar.

— Oi. – Eu disse séria para ele.

O Omar me apresentou para o resto do grupo, mas nem gravei o nome de ninguém.

— Não acredito que você trouxe o carro do seu pai! – O Benjamin disse surpreso.

— Quero correr para valer hoje! – O Omar disse.  – Vou ir lá me inscrever, já volto Bela.

O Omar seguiu no meio da multidão e eu fiquei esperando. Os amigos dele estavam conversando sobre coisas que não me interessavam então só fiquei de braços cruzados avaliando o local.

— Você e o Omar são muito amigos né? – Uma garota ruiva que estava no grupo perguntou, mas eu não lembrava o nome dela, e ela disse isso como em um tom desafiador.

— Sim. – Eu só respondi assim.

— Só amigos? – Ela disse e senti uma pontada de ciúmes na voz dela, ela ficou me encarando.

— Sim, só amigos. – Eu encarei ela de volta até ela desviar os olhos. Se ela continuar falando assim comigo ela vai ver.

Ela fez um sorrisinho falso e disse.

— Você é tão fofa! Adorei te conhecer!

Eu ri internamente, era mais uma das bobinhas apaixonadas pelo Omar. O Omar chegou atrás de mim e entendi porque ela estava falando sorrindo e falsa daquele jeito.

Eu olhei para ela sem sorrir.

O Omar pegou no meu braço e disse que ia me mostrar o lugar até chegar a hora dele correr, enquanto saíamos eu virei para a menina e acenei para ela perceber que ela não era nada importante para ele e ela me fuzilou com o olhar.

— Essa menina está apaixonada por você. – Eu disse em tom de desprezo me virando para ele.

— Sério? – Ele disse sem demonstrar nada, mas tenho certeza que ele já tinha percebido, provavelmente já tinha até ficado com ela.

— Sim, e ela estava com ciúmes da gente. Até parece! – Eu disse, não tinha necessidade de ter ciúmes, nós éramos só amigos.

— Nem liga para ela não. – Ele me disse, mas eu nem estava ligando mesmo.

— Olha para frente. – Eu desviei o rosto dele e olhei para frente e vi a pista, estava logo abaixo, uns 5 metros e tinha uma escada que dava acesso a ela. Era toda de terra e muito legal, mas parecia perigosa.

— Não é perigoso correr aí não?

— Não é, já corri várias vezes e nunca deu problema. – Ele disse em um tom confiante.

— E onde eu vou assistir? – Eu disse olhando em volta, não tinha arquibancada, nem bancos, nada.

— Você senta onde quiser. – Eu olhei assustada. – Mas calma, trouxe uma coberta para você colocar no chão para sentar.

Fomos até o carro buscar a coberta e escolhi um lugar que tinha total visão da pista.

Colocamos a coberta no chão e sentamos.

Assistimos as primeiras corridas juntos, todos os carros tinham que dar 5 voltas na pista e eram 3 carros por corrida porque a pista não era tão espaçosa, que não era muito grande, mas tinha muitas curvas, a velocidade era tão alta que estava difícil acompanhar, mas era muito empolgante, e os motoristas eram habilidosos.

Falaram o nome do Omar no alto falante e ele levantou.

— Me deseje sorte! – E saiu andando.

Fiquei nervosa quando vi ele entrando no carro.  Mas o nervoso passou rápido e fiquei animada de novo, porque quando ele começou a correr eu vi que ele tinha prática.

Ele começou atrás, mas na segunda volta ele passou pelo segundo carro quase voando e ficou bem perto do primeiro. Então em uma das curvas da terceira volta ele aproveitou que o primeiro deu uma descontrolada e ultrapassou. Na quarta volta fiquei assustada quando o carro que estava em segundo tentou ultrapassar o Omar e bateu de lado na traseira do carro amassando ela e fazendo o Omar perder o pouco do controle, o que fez o segundo ultrapassar ele, nessa hora já me levantei e fiquei super preocupada. Mas o Omar se recompôs e veio com toda velocidade a tempo de ultrapassar o outro carro na linha de chegada. Ele ganhou!

Quando ele chegou eu disse para ele

— Você até que corre bem. – Disse sem demonstrar minha animação.

— Bem? Eu sou o melhor! – Eu revirei os olhos em desprezo. – Mas então, você gostou de ter vindo? – Ele sorriu para mim e eu sorri de volta.

— Gostei. Confesso que foi legal. – Eu fiquei séria de novo. – Mas e o carro do seu pai? Aquele outro carro fez um grande estrago na lateral dele.

— Não se preocupe, meu pai vai sair para viajar amanhã bem cedo então nem vai dar tempo de ele ver o carro. E eu aproveito a viagem para mandar arrumar. – Ele pareceu tranquilo.

Despedimos dos amigos dele, e aquela menina chegou toda bobinha elogiando o Omar. Se ela soubesse que se apaixonar pelo o Omar era perigo na certa, não estaria nessa. Coitada.

Ele me deixou em casa e foi embora.  Quando entrei estava silencioso, parecia que meus pais já tinham ido dormir. Era 1 da manhã.

Fui para o meu quarto, tomei um banho, coloquei meu pijama e fui deitar. Eu estava cansada hoje, dormi rapidinho.


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