Em Prata e Ébano: Uma História de Dois Dragões escrita por Jéferson Moraes


Capítulo 8
Força


Notas iniciais do capítulo

Saudações leitores! Como sempre, informações extras podem ser encontradas ao fim do capítulo.

Boa leitura!



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Força

Edwin

 

4º Era 201, 19 de Last Seed

 

— Você só pode estar de brincadeira – disse Edwin ao ver a neve que começava a cair. Falar sozinho estava tornando-se um hábito.

A medida que deixou Ponte do Dragão para trás, seguindo cada vez mais em direção ao sudeste, Edwin acreditou estar afastando-se do frio, mas sua esperança fora claramente mal-colocada. Quando a estrada terminou sua longa inclinação, passando a seguir reto para o leste, o aspirante a feiticeiro imediatamente notou a queda de temperatura. A grama verde deu lugar ao chão branco e fofo que já conhecia, e as pedras da estrada tornaram-se escorregadias debaixo de seus pés. Para piorar, uma fina nevasca começara a cair.

Edwin olhou para o norte. À esquerda do horizonte ele pôde ver a grande formação rochosa em forma de arco que se inclinava sobre o porto de Solitude. A capital de pedra ficava logo à beirada do despenhadeiro, cercada por suas muralhas. A sua frente havia um grande pântano semi-congelado que seguia para o norte, até perder-se no Mar dos Fantasmas. Pinheiros cobertos de neve decoravam a paisagem ao seu redor.

Talvez a cadeia de montanhas ao noroeste proteja Haafingar do frio — pensou ele. Isso explicaria porquê o clima tornara-se tão gélido repentinamente. Agora que Edwin caminhara o suficiente em direção ao leste, ele já não estava sob a proteção das montanhas. O frio podia atormentá-lo o quanto quisesse.

Como se lesse seus pensamentos, o Mar dos Fantasmas soprou uma súbita rajada de vento em sua direção. O ar afiado parecia atravessar suas roupas e cortar como lâmina.

Edwin puxou o manto de pele de lobo sobre si. Debaixo do manto, ele vestia novamente sua armadura. O couro fervido lhe oferecia proteção limitada, mas o breton recusava-se a viajar desprotegido. Skyrim não era uma terra carinhosa com viajantes, aquilo tornou-se claro assim que cruzou a fronteira.

Sua precaução provara-se astuciosa cerca de meia hora antes, quando três aranhas albinas surgiram dentre os pinheiros ao redor da estrada, avançando em sua direção. Tratavam-se de criaturas grotescas, medindo cada uma o tamanho de uma cabra, com oito pernas amareladas e um corpo tão branco como a neve que as rodeava.

Porém, embora pavorosas de início, as aranhas não demonstraram grande perigo. Edwin logo descobriu que as criaturas eram um tanto suscetíveis ao calor, e rapidamente as despachou com seus feitiços de fogo.

Só espero não encontrar nada pior no caminho até Winterhold.

Edwin então bufou, lembrando-se de que estava longe de ver Winterhold.

Melaran, o elfo petulante que encontrara no Palácio Azul, havia lhe falado de um colégio voltado ao estudo da magia localizado na cidade de Winterhold. Evidentemente, aquilo despertou seu interesse imediato.

Mas o entusiasmo o deixou assim que olhou o mapa. A província de Winterhold ficava no extremo nordeste de Skyrim. Enquanto isso, Haafingar, província onde Edwin estava, guardava a borda noroeste da nação. Em resumo, Edwin teria de atravessar toda Skyrim, de oeste à leste, para chegar ao seu destino.

Ele já havia perdido a conta de quantas vezes amaldiçoara os forsworn por terem matado seu cavalo, desde que deixara Solitude.

Antes de seguir em frente, Edwin puxou novamente o mapa de sua mochila. Ele já não estava na província de Haafingar, e sim em sua vizinha ao sudeste: Hjaalmarch. Se o mapa estivesse correto, a capital da pantanosa província, uma cidade chamada Morthal, encontrava-se a menos de uma hora de viagem.

— Uma parada para passar a noite, então – disse para si mesmo, tornando a guardar o mapa. Já passara da quinta hora da tarde, e Edwin temia que a nevasca fosse apenas piorar antes do anoitecer. Além disso, ele havia decidido evitar o feitiço de proteção contra o frio. Suas energias seriam mais úteis caso precisasse se defender.

Após vinte minutos de caminhada, um forte repleto de Legionários surgiu à esquerda da estrada, com as costas voltadas para o pântano. A visão dos soldados imperiais foi reconfortante. Edwin temia que a guerra civil atrasasse sua jornada, mas não haviam sinais de batalha na região, e o forte parecia bem protegido.

Logo adiante, uma curta ponte em arco, feita de pedra, cruzava um estreito rio que corria em direção ao pântano ao norte. O terreno tornou-se elevado além da ponte, e grandes formações rochosas, cobertas de neve, surgiram de ambos os lados da estrada.

A nevasca começava a piorar quando Edwin avistou uma placa à esquerda da estrada. A placa apontava para um caminho de chão batido que cortava o paredão de pedra, descendo em direção ao pântano. Entalhado na madeira podia-se ver o nome da capital da província: Morthal.

Edwin apressadamente desceu a trilha, desejando escapar da neve antes que esta piorasse ainda mais.

Isto é a capital de Hjaalmarch? – perguntou-se ao avistar a cidade, claramente desapontado.

Morthal era ainda mais simples do que Ponte do Dragão. A maior construção da cidade ficava logo a esquerda de quem entrava: uma longa casa de madeira de dois andares e duas alas laterais. Um estandarte ao lado da porta indicava de que se tratava do palácio do Jarl: Um símbolo em espiral de três pontas sobre um fundo verde-musgo e preto.

Todas as demais construções eram pequenas casas de madeira com teto de palha. Uma simples ponte de tábuas e toras seguia em direção ao rio que abraçava a lateral leste da cidade, dando forma à um medíocre porto onde encontravam-se amarrados diversos botes com equipamento de pesca.

Ao norte da cidade Edwin pôde ver uma ponte de pedra que cruzava o rio, separando Morthal do pântano semi-congelado. Além da ponte, uma serralheria movida por roda d'água ocupava a margem de águas gélidas.

Começava a escurecer e o frio apenas piorava. No entanto, um grupo de pessoas amontava-se em frente à casa do Jarl. Ao aproximar-se, Edwin pôde ouvir do quê falavam.

— E o que a Jarl pretende fazer a respeito? – perguntou um nord de barba longa e escura, vestindo um gorro de couro. Seu tom de voz mostrava indignação.

— Como iremos nos sentir seguros com um estranho como ele na cidade? – acrescentou um segundo nord, de queixo retangular e cabelos presos por um rabo de cavalo.

Um homem de cabelos compridos mantinha sua posição em frente a porta, tentando acalmar a multidão. Embora a qualidade de suas roupas denunciasse sua presença na corte local, ele tinha uma expressão cansada e abatida, acentuados pela barba mal-feita que manchava seu rosto.

— Por favor, já basta! – disse ele – Suas reclamações chegarão aos ouvidos da Jarl. Agora retornem às suas casas.

Com isto, o nord deu às costas ao moradores, ignorando os protestos proferidos em sua direção.

— Morthal já tem problemas o bastante! – outra pessoa gritou, mas o homem já adentrara a casa da Jarl, fechando a porta às suas costas.

— Bah! – o primeiro nord bufou – Não adianta de nada.

O grupo rapidamente se dispersou. As pessoas caminhavam com pressa, refugiando-se em suas casas da neve que caía. Edwin notou alguns olhares em sua direção, e podia jurar que ouviu um ou dois sussurros sobre “mais um forasteiro”.

Ele observou quando alguns moradores entraram em uma casa mediana, com uma coluna de fumaça saindo da chaminé. O local parecia ser uma estalagem, mas antes que pudesse dar um passo na mesma direção, Edwin sentiu alguém puxar seu braço.

— Você é novo aqui não é?

— Quem...? – indagou Edwin, voltando-se na direção da voz.

Um garoto de cerca de dez anos olhava para ele com curiosidade. A criança tinha cabelos pretos e vestia uma camisa avermelhada e calças escuras.

Antes que pudesse dizer uma palavra, o garoto continuou:

— Você é diferente não é? Não é como ninguém por aqui. Não só em Morthal. Em Skyrim.

— Como é?

— Não se preocupe. Há mais alguém como você. Ele não está aqui agora, mas está chegando.

Edwin estava nitidamente confuso.

— Eu não...

— Mas você vai ter medo – a criança o interrompeu – Medo de que ele não goste do que você se tornou...

— Joric!

A voz zangada tirou o rapaz de seu transe. Ele voltou os olhos na direção de quem o chamava, ignorando Edwin.

Uma mulher jovem, de cerca de vinte anos, pisava furiosamente na direção dos dois, fitando a criança com cenho franzido. Ela era magra, de rosto comprido e cabelos pretos, como os do garoto. Trajava um vestido fino, porém velho, em um tom de vermelho-escuro que à muito havia desbotado, transformando-se em um marrom apagado.

— Quantas vezes já lhe disse pra não falar desse tipo de coisa com estranhos? – disse a mulher em tom mais baixo, segurando o braço do menino. Ela então voltou sua atenção para Edwin – Por favor, não dê atenção ao meu irmão – falou de forma atrapalhada – Ele... Ele não é doido. Eu juro.

Edwin, ainda confuso, atrapalhou-se com as palavras.

— Ahn... Não, ele só...

— Desculpe – a jovem o interrompeu – eu preciso mesmo ir.

A mulher contornou o breton, mantendo sempre a cabeça baixa de forma constrangida. O garoto, arrastado pelo braço, seguiu sua irmã sem dizer uma palavra. Ambos entraram no salão da Jarl tão rápido como haviam surgido.

Edwin ficou parado em meio à nevasca, fitando a porta do grande salão sem entender nada.

O que em Oblivion acabou de acontecer?

Por algum tempo ele permaneceu ali, refletindo sobre o que o garoto lhe dissera, mas o frio logo o lembrou da convidativa coluna de fumaça que saía da chaminé da estalagem. Por fim, Edwin deu de ombros, seguindo em direção à construção. Ele pensaria melhor a respeito quando estivesse aquecido e de barriga cheia.

A estalagem em si ficava à beira d'água, mais ao norte do salão da Jarl, numa região onde parte da água do pântano invadia a cidade. Uma passarela de madeira, suspensa sobre à água, passava em frente à varanda da estalagem. Ao lado da porta podia-se ler numa placa: Estalagem Beira-Pântano.

Deuses. Dar nomes ridículos à estalagens deve ser um costume de Skyrim— pensou ele ao abrir a porta.

A pior cantoria que Edwin ouvira em sua vida invadiu suas orelhas assim que ele entrou.

— Urgh! – o breton grunhiu – Parece o som de um urso destroçando um alce!

— Não – respondeu um nord idoso de barba grisalha, sentado ao lado da porta – É só o velho Lurbuk.

Edwin olhou na direção que o ancião apontava.

Lá estava um bardo, vestindo um colete alaranjado e manchado de poeira, e calças velhas verde-musgo. Ele cantava alegremente uma canção sobre um herói chamado Ragnar, enquanto gesticulava com as mãos a cada verso, como se quisesse representar cada cena da narrativa através de mímica.

Só havia uma coisa de diferente nele: o bardo era um orc.

O orc tinha a pele esverdeada e o maxilar inferior avantajado, ostentando grandes caninos inferiores que saltavam para fora da boca: características típicas de sua espécie. Ele também tinha a voz de um orc, o que não combinava nem um pouco com sua cantoria. Seu vozeirão parecia arranhar as orelhas de Edwin de dentro para fora.

Ooooooh! Você fala e mente e põe-se a bebeeeeeer! Mas eu creio ser hora de você sangrar e morreeeeeeeer!— continuou o orc, sem dar atenção ao breton que rangia os dentes em frente à porta.

— Psiu! Aqui!

Edwin voltou-se na direção do som, resistindo ao ímpeto de tapar as orelhas. Uma mulher de pele escura, uma redguard, o chamava por detrás do balcão.

— Bem-vindo viajante – a estalajadeira o cumprimentou ao ver o breton se aproximar – Não dê atenção ao Lurbuk. Ele é uma espécie de piada local.

A mulher tinha um rosto amigável, com maçãs do rosto arredondadas e nariz pequeno. Mas sua expressão era cansada e abatida.

Todos nessa cidade parecem cansados— observou Edwin.

— O que há de errado com ele? – perguntou, ainda de cenho franzido.

A redguard riu.

— O que? Além do fato de ele ser um orc e achar que sabe cantar? – ela deu de ombros – Ele paga o aluguel, e eu permito que ele fique. Se eu tivesse mais clientes eu me preocuparia com a cantoria toda mas... Tsc. Olhe em volta.

Foi o que Edwin fez. Além do velho sentado ao lado da porta, só havia mais uma pessoa na estalagem: o nord de gorro de couro que participara do protesto mais cedo. Ambos bebiam de suas canecas distraidamente, com olhares distantes no rosto, sem se importar com o orc.

— De qualquer forma – ela continuou – Meu nome é Jonna. Sou a dona do lugar. Tire as botas se quiser, sente-se ao lado do fogo. É sempre bom ver clientes novos.

— Os negócios não andam bem, então? – concluiu Edwin.

— Negócios? Que negócios? Morthal já costumava ser uma cidade quieta antes de a guerra começar – Jonna fez uma pausa – Agora... Vamos apenas dizer que a porta da frente é raramente usada. Eu juro, esse lugar não é muito melhor do que Winterhold...

Aquilo pegou Edwin de surpresa.

— Winterhold? Você é de Wilterhold?

Distraída com suas recordações, a estalajadeira demorou um instante para responder.

— Hun...? Sim. Meu irmão e eu morávamos lá, mas nos mudamos para Morthal já faz alguns meses. Por quê pergunta?

— Bom... Eu cheguei em Skyrim alguns dias atrás – respondeu – estava indo para Winterhold.

A expressão no rosto de Jonna mudou, e sua resposta veio com um ar de preocupação.

— Oh céus... Você não é um mago, é? Por favor, não vá incomodar o Falion. Ele já está bastante ocupado...

— Falion? Este é o seu irmão?

— Sim. Mas deixe ele em paz. Essa cidade já ocupa ele o bastante.

Edwin ergueu uma sobrancelha.

— Por que? Ele é o mago da corte?

Mago da corte?! – disse a estalajadeira com indignação – Você está em Morthal, viajante. O povo daqui não poderia se importar menos com magia.

— E então? O que o seu irmão faz?

Jonna olhou em volta, como se alguém pudesse ouvi-los sob a terrível cantoria de Lurbuk. Então, ela inclinou-se sobre o balcão, chegando bem perto de Edwin.

— Escute, breton – sua voz era quase um sussurro – A província de Hjaalmarch não é o lugar mais seguro para se viver. O pântano é perigoso, especialmente à noite, e certos incidentes vêm ocorrendo na região. O meu irmão vem tentando proteger essa cidade, mesmo que ninguém note.

— Incidentes? – perguntou Edwin – Que tipo de incidentes?

Jonna cerrou os lábios, assumindo uma expressão zangada.

— Você faz perguntas demais, breton – disse enquanto se afastava do balcão – Se não vai pedir nada é melhor que vá embora.

Edwin não respondeu, apenas baixando o olhar para o balcão de madeira. A canção do bardo terminara em algum momento durante a conversa, fazendo com que um silêncio desconsertante tomasse conta da estalagem.

O silêncio prolongou-se pelo que pareceram minutos. Jonna não disse mais nada, não ousando expulsar Edwin do estabelecimento. Talvez ela nutrisse a esperança de que ele comprasse alguma coisa, afinal de contas.

Enquanto isso, Edwin estava perdido em pensamentos. Ele novamente via uma oportunidade.

Winterhold ainda está longe. E a estrada pode guardar mais do que algumas aranhas albinas.

Ele desejava aprender magia, mas adiantaria de algo morrer antes de chegar ao seu destino? Ele sobrevivera ao encontro com os forsworn, mas apenas porque eram poucos, e Edwin fora capaz de surpreende-los.

O que acontecerá se foras-da-lei me emboscarem na estrada? Em um número maior do que eu sou capaz de lidar?

Edwin tomou sua decisão.

— Você não vai comprar nada, não é...? – perguntou Jonna de forma desanimada, vendo a mudança no olhar do breton.

— Não – respondeu – mas eu gostaria de falar com o seu irmão.

A redguard estalou a língua em desaprovação.

— Você ao menos ouviu tudo o que eu disse...? – ela suspirou – É sempre a mesma coisa. Vocês magos vem até Morthal atrás do meu irmão, e enchem ele de perguntas...

Edwin a interrompeu com um gesto, pedindo silêncio.

— Escute o que eu tenho a dizer antes – falou de forma educada, porém firme – Falion vem tentando proteger a cidade não é? Bom, eu gostaria de ajudar.

 

oooooooooooooooooooooooooo

 

As tábuas do velho porto rangiam sob os pés de Edwin, dando ritmo aos seus passos. Já era noite, então o porto estava vazio. Com a exclusão de alguns guardas, ele era a única pessoa a caminhar pela ponte de madeira.

A nevasca havia parado, para sua surpresa, revelando uma noite clara de céu estrelado. O reflexo de Masser e Secunda tremeluzia sobre às águas do rio.

Edwin parou. Se Jonna havia lhe dito a verdade, a casa de Falion era a quarta residência do porto.

Aqui vamos nós de novo— pensou ao bater na porta.

Após alguns minutos sem resposta, ele tornou a bater, duvidando da honestidade da estalajadeira.

Talvez ela só queria se livrar de mim, afinal...

Os nós dos seus dedos doíam, e ele chamava pelo nome do mago quando, uma voz furiosa veio do outro lado da porta.

— Se você veio até aqui para me acusar de sacrificar crianças ou comer o coração dos mortos, vá embora!

— Ugh – Edwin grunhiu. Será que todo mago em Skyrim precisa ser um desgraçado rabugento?

— Falion? Não, eu não vim aqui pra isso. Eu sou um viajante. Quero conversar.

A porta abriu-se alguns centímetros. Edwin não via nada do outro lado a não ser um olho castanho-escuro fitando-o pela fresta.

— Quem é você? – perguntou Falion de forma ríspida.

— Eu me chamo Edwin. Sua irmã disse que o encontraria aqui.

— Jonna? – disse o mago surpreso – Por que ela o mandou até mim? O que você quer?

Edwin não estava com paciência para rodeios.

— Eu quero me voluntariar como aprendiz, ou mesmo um ajudante.

Falion o encarou em silêncio por alguns instantes, antes de responder de forma ríspida e direta.

— Vá embora.

Edwin teve de ser ágil para segurar a porta antes que Falion a fechasse.

— Falion, sua irmã me disse o que você vêm fazendo. Eu estou disposto a ajudar!

— Eu não sei o que minha irmã lhe contou mas não é verdade! E não estou procurando por um aprendiz. Agora saia!

Maldição!

Edwin sentia-se angustiado. Ele não podia deixar aquela oportunidade passar, mas não tinha ideia de como convencer o feiticeiro.

Por fim, encontrou as palavras que procurava.

— Falion escute – disse ele – Eu sou um nobre, ou ex-nobre, de High Rock, mas fui exilado e desprovido de meus títulos quando me pegaram praticando magia – não havia a necessidade de acrescentar que tipo de magia era aquela – Eu cheguei em Skyrim à dois dias atrás, e venho procurando alguém para me ensinar magia desde então. Mas eu não sou um completo amador! Um grupo de forsworn me atacou assim que cruzei a fronteira, mas eu matei todos eles, e também me defendi de animais selvagens no caminho para Morthal. Eu sei que posso te ajudar! Tudo que eu peço em troca é que você me ensine!

Palavras toscas. Ele sabia. Uma mera súplica de alguém que apelava para a compaixão de um estranho. E ainda assim Edwin sentiu-se estranho enquanto falava. O breton não saberia dizer o porquê, mas podia sentir que havia colocado cada fibra de seu ser por trás de cada palavra. O seu discurso fora simples e atrapalhado, mas havia força nele, uma força que Edwin não lembrava de ter sentido antes.

Por um longo tempo, o mago apenas o observou, como se pesasse cada palavra que ouvira. O silêncio arrastou-se dolorosamente.

— Está frio aí fora – disse por fim, abrindo a porta – Entre. Vamos ouvir melhor essa história ao lado do fogo.


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Notas finais do capítulo

Hjaalmarch: província pantanosa que fica no noroeste de Skyrim. Faz fronteira ao norte com Haafingar, ao sul com Whiterun, ao oeste com o Reach e ao leste com o Pale.

Fora isso, não acho que esse capítulo tenha algo que já não foi explicado anteriormente. Mas fiquem à vontade para tirar dúvidas nos comentários, como sempre.



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