Em Prata e Ébano: Uma História de Dois Dragões escrita por Jéferson Moraes


Capítulo 4
Firmamento


Notas iniciais do capítulo

Saudações leitores! Como sempre, informações extras podem ser encontradas ao fim do capítulo.

Boa leitura!

Capítulo revisado e atualizado (08/06/2016)



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Firmamento

William

 

4ª Era 201, 16 de Last Seed

 

O Alto Conselheiro Lovinnar estava em meio a um discurso quando Svalda bocejou ruidosamente.

William repreendeu sua velha mestra de armas com um olhar sério, mas se a nord importou-se com a repreensão, ela não demonstrou.

Com um suspiro, o cavaleiro baixou o olhar em desânimo – Por que ela insiste em me acompanhar nessas reuniões?

Alguns meses atrás o Rei de Evermor, desejando reforçar sua lealdade pelo Império, reunira uma pequena quantia de sessenta homens afim de enviá-los à Cyrodiil, onde serviriam o Imperador como uma força de preservação da lei. Um gesto muito bem recebido uma vez que, com a desordem instaurada após a Grande Guerra, banditismo tornara-se uma prática comum na Província Imperial. Ao mando do Rei, Jehenna acrescentou trinta de seus próprios soldados à soma.

Não somente, o Rei também decretara que Sir William Silverbound seria o comandante da força militar.

William sentia-se honrado. Sua fama como comandante havia crescido no reino de Evermor desde o dia em que ele próprio organizou uma pequena força de combate com os soldados de Jehenna, e limpou a região ao redor da cidade de foras-da-lei. Dito isto, ele sentia que toda aquela expedição nada mais era do que um gesto de lealdade. E temia ter poucas oportunidades de mostrar seu valor.

Ele estava errado.

Pouco tempo após sua chegada em Cyrodiil, o Imperador Titus Mede II recebeu uma carta. Torygg, atual Rei de Skyrim, estava morto. Sua morte dera início à uma já aguardada rebelião na gelada província. Ulfric Stormcloak, líder da rebelião e responsável pela morte de Torygg, desejava separar Skyrim do Império.

Evidentemente, o Imperador enviara mais tropas à Skyrim afim de deter a rebelião, dando início à uma guerra civil. Metade de Skyrim apoiava Ulfric, mas a outra metade desejava manter os laços entre o Império e sua nação.

Por consequência atividades ilícitas apenas cresceram na Província Imperial, uma vez que o envio de tropas ao norte enfraquecera o já fraco policiamento da própria Cyrodiil. Saques e ataques à caravanas de comerciantes ou tráfego de skooma e açúcar lunar eram apenas algumas das muitas práticas que agora ocorriam em maior escala na província.

Com isto, a estadia de William em Cyrodiil fora mais agitada do que ele ousara esperar. Seus dias dividiam-se em caça e apreensão de foras-da-lei, aplicação e preservação da lei e, ocasionalmente, participação nas reuniões do Conselho Ancião.

Ter a permissão do Imperador de participar dos encontros do Conselho era uma honra, e William estava satisfeito em fazer parte delas. Mas a velha mestra de armas da corte de Jehenna, Svalda, não cansava de demonstrar que era conhecida por sua habilidade no combate, e não por sua apreciação pela política.

— E quanto à sua investigação, Comandante Maro? – perguntou o Alto Conselheiro.

William afastou as lembranças, concentrando-se na reunião.

O Alto Conselheiro Lovinnar era um altmer, possuindo a pele amarelada, alta estatura e orelhas pontudas características de sua raça. O elfo vestia um longo manto de seda vermelha, adornado às costas pelo brasão do Império: um dragão negro.

Ele dirigia suas palavras a um imperial de cabelos negros e sobrancelhas grossas. Seu rosto sério era adornado por um fino bigode e cavanhaque. O homem vestia uma armadura não muito diferente do típico uniforme de soldado legionário: couraça, ombreiras, braçadeiras e botas de couro fervido sobre roupas vermelhas. Mas sua vestimenta possuía duas características únicas: o couro fervido era tingido de preto, e o vermelho de suas roupas era de um tom mais escuro, aproximando-se do vinho. Além disso, em seu peito não se encontrava o brasão imperial e sim o símbolo da Penitus Oculatus, a guarda pessoal do Imperador: um olho negro sobre um fundo vermelho.

Savios Maro pôs-se de pé. Ele dirigiu-se formalmente à todos sentados ao redor da grande mesa redonda antes de responder.

— Eu temo informar que nossas investigações deram resultados – disse ele – De fato a Irmandade das Trevas ainda possui presença em Skyrim.

Sons de exclamação e sussurros tomaram o salão do Conselho Ancião.

A Irmandade das Trevas?— pensou William, surpreso.

A Irmandade era uma antiga ordem de assassinos de aluguel que, no ápice de seu poder, possuía forte presença em boa parte de Tamriel. Porém, a organização fora completamente erradicada de Cyrodiil anos atrás, sendo considerada extinta nos tempos atuais.

— Alto Conselheiro – um dos membros do Conselho se levantou – O casamento não pode ser atrasado mais do que já foi. A Guerra em Skyrim encontra-se em um impasse. Este momento é ideal para um acordo de paz com os rebeldes.

Evidentemente, o conselheiro falava do casamento de Vittoria Vici, prima do Imperador, com Asgeir Snow-Shod, membro de um clã influente de Skyrim.

William não era tão otimista quanto o conselheiro. Ele duvidava que o casamento significaria o fim da rebelião em si mas, com esperança, muitos dos que apoiavam a causa de Ulfric veriam a união como um fortalecimento entre Skyrim e o Império. No melhor dos cenários Ulfric perderia alguns aliados.

Porém, um casamento entre duas figuras políticas certamente atrairia a atenção de assassinos, e a Irmandade das Trevas era conhecida por ter assassinado líderes políticos no passado. O Imperador em pessoa planejava participar da cerimônia, mas ele nunca iria a Skyrim sob o risco de se tornar um alvo da Irmandade.

Uma discussão acalorada tomava conta do grande salão. Alguns diziam que o casamento era desnecessário, que o Império esmagaria as forças rebeldes dentro dos próximos meses. Outros duvidavam da credibilidade das investigações do Comandante Maro.

Pedindo por ordem, o Grande Conselheiro tomou a palavra.

— Comandante Maro – ele dirigia-se à Savios novamente – Não se ouvem boatos sobre a Irmandade desde a Crise de Oblivion – o elfo falava com desaprovação – Você tem certeza de que se trata mesmo da Irmandade das Trevas?

— Com todo o respeito, Grande Conselheiro – Savios respondeu – Eu não perderia o meu tempo em uma investigação sem fundações concretas. De fato, a presença da Irmandade em Skyrim é discreta, mas existente.

Lovinnar ergueu uma sobrancelha.

Discreta?

O comandante voltou-se novamente aos demais presentes antes de continuar.

— De acordo com meus agentes, tudo o que resta da Irmandade é um pequeno grupo de assassinos que mantem sua base de operações em algum lugar de Skyrim. Não sabemos ao certo quantos deles ainda restam, mas acredita-se que não passem de oito ou nove membros.

“De fato, boa parte da população de Skyrim crê que a Irmandade já não existe, mas há casos de mortes sem explicação por toda província, e ainda há aqueles que realizem o ritual negro afim de invocar um assassino ao seu serviço. Seguindo um misto de boatos e contos de superstição, meus agentes encontraram um antigo santuário da Irmandade, localizado no litoral norte de Skyrim, nas proximidades da cidade de Dawnstar. Este santuário estava abandonado mas não dava sinais de longo desuso, e proveu provas o suficiente para nos levar à conclusão de que a Irmandade das Trevas ainda é presente em Skyrim”.

Silêncio tomou o grande salão. A participação do Imperador no casamento era crucial. Sem ele, muitos veriam a cerimônia como um gesto vazio, ou uma tentativa tosca de comprar a lealdade dos rebeldes.

Lovinnar tinha uma expressão de dúvida.

— Bem... – disse com desinteresse – Se você tem tanta certeza de que a Irmandade encontra-se reduzida à meia dúzia de sobreviventes, então não há razões para...

— Não – Maro o interrompeu – Eu não permitirei que o Imperador vá à Skyrim agora.

O conselho entrou em desordem. Todos falavam ao mesmo tempo, muitos protestando, poucos concordando com a decisão do comandante.

O Grande Conselheiro novamente pediu por silêncio.

— Comandante – seu tom era severo – O casamento não pode esperar. A guerra encontra-se em impasse. Se esperarmos demais o equilíbrio pode ser quebrado e a oportunidade desperdiçada.

William balançou a cabeça em concordância. De acordo com cartas vindas do norte, os rebeldes tinham quatro das nove províncias de Skyrim, e outras quatro eram leais ao Império. Todos os olhos estavam voltados para a província de Whiterun, que mantivera-se neutra até então. Talvez o casamento os ajudasse a escolher um lado.

— Eu entendo sua preocupação, Grande Conselheiro – respondeu Maro – Afinal, lidar com diplomacia faz parte de suas obrigações. Mas a segurança do Imperador é minha obrigação, e eu não estaria cumprindo com ela se permitisse que o Imperador fosse à Skyrim neste momento.

O elfo batia com o dedo na mesa impacientemente.

— O que sugere então?

— Uma pequena operação será suficiente – respondeu o imperial – Me dê algumas semanas.

O Alto Conselheiro protestou.

— Você não espera que eu permita que desperdice soldados caçando um bando de assassinos que supostamente estão extintos?

— Eu não pretendo desperdiçar soldados legionários, Alto Conselheiro – Savios respondeu – a Penitus Oculatus tomará conta disso.

Com uma pausa, Maro olhou para William antes de continuar.

— E se Sir William estiver de acordo... Eu gostaria de levá-lo também, junto de alguns dos seus soldados – um meio sorriso formou-se no rosto do Comandante – Ele provou ser mais do que capaz nas últimas semanas, e sua não filiação oficial com o Império ajudaria a manter a discrição da operação.

Foi a vez de William se levantar.

William trajava sua armadura de placas decorada em prata com padrões de pequenas correntes, representando os “elos de prata” da família Silverbound. O aço e a prata reluziam à luz dos candelabros, dando-lhe um aspecto nobre.

Quem via William jurava ver Lorde Walter alguns anos mais jovem. O cavaleiro tinha as feições do pai: traços fortes, queixo quadrado e um semblante sério. Porém, mantinha seus cabelos curtos e a barba sempre aparada, ainda que fosse mais volumosa que a do irmão mais novo. Além disso, seu olhar possuía um distinto ar de gentileza, mesmo que carregasse o mesmo azul-gélido característico de sua família.

Todos no salão o observavam quando começou a falar.

— E de quantos homens estamos falando, Comandante Maro?

O imperial respondeu em um tom leve.

— Oh, não muitos. Discrição será uma parte importante desta operação. Cerca de dez soldados serão o suficiente – o comandante fez uma pausa – Para ser sincero, é na sua presença em que estou interessado. Sua capacidade de raciocínio seria de grande ajuda, e sempre é bom ter um mago de batalha capaz ao seu lado.

Uma verdade parcial. De fato, William possuía algum conhecimento arcano, mas não considerava-se um mago de batalha. Ele não tinha interesse pelas áreas de destruição ou conjuração, preferindo estudar alteração e restauração. Como resultado, seus feitiços tinham pouco potencial ofensivo, servindo para aprimorar sua eficiência no combate corpo-a-corpo através de magias de proteção ou de cura. Chegada a hora de eliminar o oponente, William o fazia com sua lâmina como qualquer guerreiro, e não com bolas de fogo ou dardos de gelo.

— Como queira. Será uma honra ser de seu auxílio – por fim respondeu – No entanto, terei de passar o comando de minhas tropas para outra pessoa, antes de partir.

— É claro – respondeu o comandante – A última coisa que desejo é interromper os serviços que tem prestado ao Império.

Então está decidido— pensou William. A ideia de retornar a Skyrim não lhe era muito agradável. Ele passara pela gelada província em seu caminho à Cyrodiil, mas não perdera tempo admirando a paisagem. O país era frio demais para o seu gosto.

Mas a possibilidade de participar da aniquilação da Irmandade das Trevas fazia valer a pena qualquer desconforto da vigem. Aquela expedição estava provando ser uma oportunidade ainda melhor do que ele havia esperado.

— Se os senhores estão de acordo – interrompeu o Alto Conselheiro – passemos ao tópico seguinte...

 

oooooooooooooooooooooo

 

A armadura de William produzia sons metálicos a cada passo que dava. Ao seu lado, Svalda o acompanhava em silêncio. Juntos, cruzavam a rua de pedras brancas no Distrito Jardim Verde.

Mesmo após a Grande Guerra, a capital do Império tinha arquitetura admirável. A Cidade Imperial, construída em boa parte de mármore branco, era perfeitamente redonda e dividida em sete distritos. Seis deles eram organizados como os espaços entre os aros de uma roda, mas o Distrito Jardim Verde encontrava-se no centro, tendo a mesma forma esférica da cidade em si. No centro da capital encontravam-se o Palácio Imperial e a Torre Ouro-Branco.

Era noite quando a reunião finalmente acabou. William e sua mestra de armas dirigiam-se ao Distrito Talos Plaza, considerado o mais nobre dos bairros da cidade. Enquanto seus soldados tomavam abrigo com os demais guardas da cidade, William, Svalda, e os demais de nascimento nobre, dormiam em estabelecimento geralmente usado como estadia por ricos comerciantes de passagem pela capital. O Imperador fizera a gentileza de pagar pelas despesas da sua estadia.

O cavaleiro agora tinha sua espada atada à cintura. Ela fora deixada no salão de armas do palácio, uma vez que entrar armado no salão do Conselho Ancião era proibido.

Tratava-se de uma espada longa. O aço do cabo fora polido ao ponto de brilhar. Couro marrom revestia o punho. Mas o que mais chamava a atenção era sua lâmina. A tonalidade do metal deixava claro que era feita de prata. Por isso, William a chamava de Lâmina Alva.

De início o cavaleiro detestara a ideia de ter uma espada de prata. Embora magnifico em joias ou pratarias, o metal não era ideal para a fabricação de armas. Ele era mais leve, e poderia se quebrar com mais facilidade. Mas seu pai insistira.

— Um Silverbound deve ter uma lâmina de prata – dizia ele.

E logo William vira-se com a lâmina prateada atada ao cinto. Com o tempo, ele acostumou-se com a arma, mas o cavaleiro ainda temia pô-la sob muito estresse e danificar a espada.

Isto, e ele tinha de lidar constantemente com pessoas perguntando se ele era um caçador de vampiros.

William bufou.

— Algo o perturba, pequeno lorde? – Svalda o observava com curiosidade.

A nord vestia sua armadura de aço com ombreiras largas e peitoral avantajado, fazendo-a parecer ainda maior do que já era – ela era alguns centímetros mais alta que William –. Atado por tiras de couro, um machado de duas mãos pendia de suas costas.

Seus cabelos dourados, presos por um rabo-de-cavalo, caíam abaixo da metade de suas costas. Seu rosto era típico dos habitantes de Skyrim: feições fortes, mesmo para uma mulher. Algumas rugas denunciavam sua idade, acumuladas sobre seu semblante sério e nos cantos de seus olhos verdes. Uma pintura de guerra cobria boa parte de seu rosto: a pata de um urso, pintada em verde-escuro.

Svalda fazia parte da corte dos Silverbound desde que William podia se lembrar. Ela dizia ter lutado na Grande Guerra, e ter vagado por Tamriel como uma mercenária algum tempo após. Eventualmente ela foi parar em High Rock, em Jehenna, onde os Silverbound lhe ofereceram o cargo de Mestre de Armas do castelo.

Ela foi responsável pelo treinamento marcial de William e Edwin.

— Não é nada – tranquilizou-a o cavaleiro – Apenas velhas memórias.

— Ainda preocupado com seu irmão?

William não pode conter um sorriso. A mestra de armas enxergava através de seus pensamentos.

Foi a vez de Svalda bufar.

— Eu ainda digo que você vai branquear esses cabelos de carvão que você tem – ela falava em seu conhecido tom ríspido – O que de pior pode acontecer? Você acha que seu pai e seu irmão vão saltar sobre a garganta um do outro enquanto estamos fora?

William desviou o olhar, observando o jardim que dava nome ao distrito. Não fosse pela destruição causada pela Grande Guerra, o jardim seria uma linda visão. Mas agora, plantas misturavam-se a pilhas de entulho, e boa parte da cidade estava em reconstrução.

Ele amava seu irmão, mas Edwin sempre foi... diferente. Ele nunca demonstrou muito interesse pela política, ou pelos demais assuntos que influenciavam a vida da nobreza de High Rock. Não só isso, Edwin apresentava uma estranha frieza, mesmo para um Silverbound.

William lembrava-se bem da expedição de caça de dezessete anos atrás, quando foram atacados por salteadores. Edwin matou pela primeira vez naquele dia. Na ocasião seu irmão tinha catorze anos, sete anos mais jovem que William, mas não pareceu se abalar.

William tinha agora trinta e oito anos, mas recebera treinamento e educação para a vida de cavaleiro desde criança. Ele havia estado em muitas batalhas desde então, embora nem de longe tivesse a experiência de sua mestra de armas. Enfrentara bandidos, forsnworn, necromantes, e até tomou parte em uma curta campanha contra o reino de Northpoint. William não era um covarde, mas mesmo ele lembrava-se de como sua primeira morte o atingira. Por meses foi perturbado por sonhos, tornando a ver o rosto do homem que matara inúmeras vezes.

Para William, ser capaz de matar mesmo sendo tão jovem, e não sentir nada, era quase... não-natural.

E ainda havia a obsessão com magia.

Sendo ele mesmo um praticante, William respeitava a magia. Mas também compreendia que tinha responsabilidades para com sua família. Ele perdera a conta de quantas vezes conversara com o irmão a respeito de seus deveres como um Silverbound, mas ele não ouvia.

Apesar de discordar das decisões do irmão, William o respeitava. Mas seu pai, Walter, não era tão compreensível. Ele abertamente desaprovava as maneiras do filho mais novo, e não cansava de demonstrar sua opinião. Como resultado, o relacionamento de Edwin e seu pai não era o mais amigável. A presença de William servia como um apaziguador de ânimos, mas o cavaleiro temia que em sua ausência algo ruim poderia acontecer.

— Pelos Nove, William! – a guerreira grunhiu – se você continuar com a cabeça nas nuvens vai acabar engolindo uma andorinha.

Removido de seus pensamentos, o cavaleiro respondeu com um sorriso desajeitado.

— Ainda com aquele “mau pressentimento”? – perguntou Svalda.

O sorriso desapareceu do rosto de William.

— É mais do que um simples mau-pressentimento, Svalda – respondeu, ainda observando o jardim.

Ela revirou os olhos.

— Você não está falando daquela baboseira supersticiosa de novo, está?

William olhou para o alto, em direção ao céu estrelado. Era dia dezesseis de Last Seed. Naturalmente, a constelação do Guerreiro assumia sua posição dominante no centro do céu.

Doze constelações decoravam os céus de Nirn. Elas mudavam de lugar com o passar dos meses, cada uma delas tendo seu mês correspondente, quando assumiam uma posição central sob o firmamento. Muitos habitantes de Tamriel atribuíam traços distintos de personalidade àqueles que nasciam sob uma constelação específica.

William nascera em dezoito de First Seed, logo, sua constelação guardiã era o Lorde.

Por sua vez, Edwin nascera em vinte e três de Sun's Height. Normalmente, suas estrelas guardiãs seriam o Aprendiz. Mas naquela noite, não era o Aprendiz que comandava o firmamento.

William lembrava-se bem da expressão de seu pai quando ambos aguardavam em uma das varandas do Castelo Silverbound, enquanto sua falecida mãe passava pelo trabalho de parto. Lorde Walter observava o céu noturno em um misto de dúvida e desaprovação.

Pois havia uma décima terceira constelação, não atribuída à nenhum mês do ano. Uma constelação de mau-agouro que vagava livremente pelos céus, por vezes roubando o lugar de outras estrelas.

Na noite em que Edwin nasceu, a constelação que dominava os céus era a Serpente.


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Notas finais do capítulo

Começando com uma tradução difícil.
Penitus Oculatus: Do latim, penitus (profundo, interno) e oculatus (observador, testemunha/algo que observa). A tradução literal seria “olhar interno” ou “testemunha interna”.

Uma observação quanto ao Grande Conselheiro: No período em que o jogo se passa não há como saber quem é o atual Grande Conselheiro do Império, então Lovinnar é criação minha.

Glossário:

O Conselho Ancião: facção política de Cyrodiil que auxilia e reforça o governo do Imperador, liderada pelo Grande Conselheiro. Em caso da ausência de um Imperador, o Grande Conselheiro assumo o título de Regente, comandando o Império até que um novo Imperador seja escolhido.

Açúcar lunar: Substância nativa de Elsweyr. Um pó branco de sabor adocicado que pode ser usado como tempero, mas tem o potencial para se tornar uma droga perigosa e viciante. É ilegal dentro do Império, mas tem papel importante dentro da cultura de Elsweyr.

Skooma: Narcótico extremamente perigoso e altamente viciante, ilegal dentro do Império. É criada através da destilação de açúcar lunar.



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