Em Prata e Ébano: Uma História de Dois Dragões escrita por Jéferson Moraes


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

ATENÇÃO - Capítulo revisado e refeito em 30/08/17.

Saudações leitores! Bem-vindos à minha primeira fanfic.

Informações sobre a lore do jogo, bem como o uso que fiz dela, podem ser encontrados ao final de cada capítulo. Procure sempre ler.

Tenha em mente que eu usei muitos nomes próprios em inglês na fanfic. Eu pretendo traduzir alguns deles e outros não. Traduções também estarão disponíveis ao fim de cada capítulo, conforme eu julgar necessário.

Qualquer dúvida, crítica, sugestão ou elogio é só deixar um comentário. Sua opinião é sempre bem-vinda.

Sem demais, boa leitura!



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Em Prata e Ébano

Uma História de Dois Dragões

 

Quando desordem toma o seu lugar nos oito cantos do mundo,

Quando a Torre de Lata caminha, e o Tempo é remodelado,

Quando os três-vezes abençoados falham, e a Torre Vermelha treme,

Quando o reinado do Dragonborn termina, e a Torre Branca Cai,

Quando a Torre de Neve permanece dividida, sem Rei e sangrando,

Quando o Lorde da Noite acorda, e o Traidor retorna,

O Devorador de Mundos desperta

...

E a esperança, então, se forma

...

Em Prata e Ébano

 

***

 

Prólogo

 

4ª Era 201, 15 de Last Seed

 

            – Eu quero que vá embora – disse Walter, finalmente quebrando o silêncio.

            Edwin bufou em resposta, só então percebendo que havia prendido a respiração.

            Exílio então?

            Parte dele sabia que esse dia chegaria. As constantes brigas entre Lorde Walter e seu filho mais novo já não eram nenhum segredo, fosse para os membros da corte, fosse para os moradores da cidade. Depois de anos de discussão, anos de desavença, aquele era o único resultado possível, portanto não deveria estar surpreso.

            ... e ainda assim estava.

            Edwin fechou os olhos, concentrando-se no som da chuva. Parando para pensar, ele não tinha certeza de quando ela começara. Era frio e húmido perto da fronteira, mas não havia chuva quando ele esgueirou-se para a floresta de pinheiros ao redor da cidade, ainda ao cair da noite.

            Ele ergueu os olhos em direção ao pai, mas o Lorde de Jehenna não lhe devolveu o olhar. Walter tinha as mãos postas sobre a mesa, reclinando-se sobre um mapa de High Rock estendido sobre a superfície de madeira. Seus cabelos grisalhos, que alcançavam os ombros, caiam-lhe sobre as feições escondendo traços fortes e um rosto marcado por rugas que, combinados à sua espessa barba, o faziam parecer ainda mais velho.

            Posto atrás de sua mesa de reuniões, vestindo finos tons de azul e cinza, Lorde Walter formava uma visão austera e imponente, porém rígida como uma gárgula.

            Mas não seus olhos. Walter era conhecido por seus olhos azul-gelo que raramente lhe traíam os pensamentos. No entanto, naquele momento Edwin via algo neles. Um resquício de tristeza? Desaprovação? Ele não sabia, mas sentia-se ferido, muito além do que pudera previr.

            Sua boca se abriu, mas nenhum som veio. Ele sabia a resposta que deveria dar ao pai, mas sentia-se sem ar, sufocando, como se houvesse recebido um forte golpe contra o peito.

            Que seja.— por fim pensou. Seu pai fazia a sua parte, e ele faria o mesmo.

            Reunindo as forças que tinha, Edwin deu um passo à frente.

            Sentindo sua aproximação, Walter ergueu o olhar na direção do filho. Duas pedras azuis como gelo fulminaram na sua direção, congelando-o no lugar. Edwin podia ter herdado os olhos de Walter, mas ninguém os usava para tamanho efeito como seu pai.

            – Para onde pretende ir? – perguntou o lorde com rispidez.

            Edwin fez o melhor que pôde para esconder o desconforto.

            – Isso importa?

            – Eu não acho que você me entendeu – disse Walter – Eu quero que vá embora.

            Enquanto seu filho engasgava com as palavras, claramente confuso, Walter retornou o olhar ao mapa num gesto de desinteresse.

            – Você deixará High Rock – concluiu.

            Edwin tentou responder, mas mal gaguejava a primeira palavra quando um relâmpago o interrompeu, acompanhado de um trovão. Quando o clarão invadiu o castelo, iluminando os aposentos do Lorde por um breve instante, Edwin pôde ver bem o rosto do pai. Walter o encarava novamente, mas dessa vez havia algo diferente em seu olhar.

            Havia raiva.

            – Eu não terei meu filho andando pelo reino enquanto pratica suas... suas... bruxarias! – Walter gritou, pronunciando a última palavra como se fosse uma praga – Eu tolerei sua insubordinação por todo esse tempo mas eu não permitirei que manche o nome de sua família!

            O segundo golpe veio. Edwin deu um paço atrás, atingido por uma onda de sentimentos. Tristeza, frustração, raiva. Todas giravam em seu peito, deixando-o nauseado.

            Vamos Edwin. Apenas acabe com isso— ele cerrou os punhos, contento a tempestade.

            – Que seja – respondeu quase cuspindo as palavras – Dê-me essa noite para me preparar e irei às docas amanhã pela manhã.

            – Não. Isso também não servirá – Walter respondeu, ainda com um resquício de irritação – Os tripulantes do barco fariam perguntas demais, e rumores logo se espalhariam. Não, sua partida deve ser discreta.

            À essa altura a paciência de Edwin se esvaía. Ele cruzou os braços, encarando o pai impacientemente.

            Aonde ele quer chegar?

            A resposta não tardou a vir.

            – Você cruzará a fronteira.

            Os braços de Edwin caíram, pendendo bambos de seus ombros. Ele encarou incrédulo a tranquilidade do pai, não confiando no que ouvira.

            Ele... ele está falando sério?

            Cruzar a fronteira. Isso só podia significar uma coisa.

            Skyrim. Ele que eu vá para Skyrim.

            Edwin podia sentir a raiva subindo por sua garganta, seu rosto fervendo. Todos os sentimentos que o perturbavam se esvaíam e davam lugar à fúria.

            – Cruzar a fronteira?! Você só pode ter ficado doido! – ele gritou, apontando o dedo para o pai – Há guerra civil em Skyrim, e selvagens no Reach também! Você sabe disso!

            – Nos últimos meses os conflitos com os rebeldes têm ocorrido cada vez mais ao leste, bem longe da fronteira – Walter respondeu de imediato – Justamente por isso os selvagens têm concentrado seus ataques cada vez mais ao sul, aproximando-se de Markarth. Sua travessia será segura.

            A calma na voz do pai apenas enfurecia Edwin cada vez mais. Seus braços tremiam, e ele cerrava os punhos com tamanha força que suas unhas embranqueciam.

            Como se soubesse disso, Walter soltou um riso de deboche antes de acrescentar:

            – Mas não se preocupe. Mesmo que encontre forsworn no caminho, duvido que eles lhe fariam mal. Afinal, você daria um excelente bruxo, ou xamã, ou seja lá em Oblivion que nome os selvagens usam.

            – Eu não aceitarei isso... – Edwin rosnou – Eu não cometi crime algum, você não tem o direito!

            – Edwin, escute bem...

            Ao ouvir seu nome, o Breton deu um salto. O tom de Walter mudara. Ele não falava com raiva como antes, mas sim com extrema seriedade.

            – Você partirá amanhã pela manhã, da forma mais discreta possível. Eu providenciarei um cavalo, bem como suprimentos para sua viagem – ele ergueu o olhar novamente, desta vez fitando diretamente os olhos de Edwin – Se não houver colaboração de sua parte eu farei com que parta agora, levando as roupas que está vestindo, e o que quer que tiver nos bolsos. Eu não lhe dou outra opção.

            Outro relâmpago refulgiu, seguido de um trovão.

            – Já terminamos. Agora saia.


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Notas finais do capítulo

Glossário:

Breton: Povo que veio da mistura entre Elfos Reais e humanos. Atualmente são os principais moradores de High Rock.

Forsworn: Infamo povo que vive entre High Rock e Skyrim, ocupando território em ambos os lados da fronteira. Conhecidos como selvagens que adoram Príncipes Daédricos e atacam viajantes.

High Rock: Nação do extremo noroeste do continente de Tamriel. Lar dos Bretons.

Jehenna: Originalmente um pequeno vilarejo pesqueiro no extremo nordeste de High Rock, ao lado da fronteira com Skyrim. Na fanfic, Jehenna é uma cidade de importância considerável, tendo sua própria corte local, subalterna ao reino de Evermor.

Reach: Província do extremo Oeste de Skyrim. A palavra também é usada para se referir ao território leste de High Rock (em resumo, a região da fronteira).

Oblivion: Dimensão habitada por Daedras, em muitos aspectos comparável ao conceito de "inferno" da vida real. A palavra em si é frequentemente usada como ofensa ou xingamento.

Observações:

Jehenna: O vilarejo aparece somente em dois jogos da franquia. O segundo jogo (Daggerfall) e em Elder Scrolls Online. Em ambos, Jehenna é só uma cidadezinha vazia com um pequeno porto. Para os propósitos da fanfic eu tomei a liberdade de mudar isso. Na história, Jehenna é uma cidade mediana sob o comando de uma corte local, subalterna ao reino de Evermor.

Datas: Eu não pretendo usar datas em todos os capítulos, mas elas vão aparecer com frequência e vão ter um papel importante na passagem do tempo da fanfic. Pra quem não está familiarizado com o formato de datas do universo Elder Scrolls, segue uma explicação básica:
Existem doze meses, assim como nosso calendário (embora a quantidade de dias não seja a mesma). As datas são sempre escritas em: [Era] [ano], [dia] de [mês]. Ou seja, este capítulo se passa no ano 201 da 4ª Era, no dia 15 do mês Last Seed. Um dia antes da data oficinal do jogo começar (quando você começa um novo jogo, ele sempre inicia no dia 16 de Last Seed).

Obrigado pela leitura!



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