Nos ficaríamos na sala de aula principal, onde já estava tudo o que iríamos precisar, ou quase tudo. Violette e Iris pareciam felizes por termos ficado na mesma equipe, apesar de Iris estar insegura de si mesma. Mas eu não me preocupava com isso, olhei para Castiel que me lançou um sorriso travesso e negou com a cabeça. Ele se aproximou de mim com cuidado.

–Não é possível que vai me seguir para tudo quanto é lugar - falou só para mim - Estou começando a pensar que já não consegue viver sem mim.

–Opa! Diga isso por si mesmo, Casty, acho que é você que não vive mais sem mim. - rebati no mesmo tom que ele usou.

–O que vamos ter de pintar? - Iris perguntou - Espero que não seja muito difícil.

–Também espero - murmurei - Mas acho que não terá nada de mais, afinal, será apenas uma oficina, não é?

–Não se preocupe, tábua, na pior das hipóteses você vai se sujar de tinta e tirar um zero - Castiel falou com sua educação de sempre*. Revirei os olhos e parei na porta, fazendo-o colidir com minhas costas, ele pousou as mãos em minha cintura por "extinto", para que eu não caísse com o impacto e acabou me puxando um pouquinho mais para si.

Iris que já estava dentro da sala, nos olhou corada, o que foi o suficiente para que eu me afastasse de Castiel.
Não ficamos muito tempo sozinhos na sala, mas os minutos que se passaram foram dolorosamente silenciosos.

Professor Boris foi o primeiro a entrar em nossa sala. O que nos deixou mais... a vontade.

–Então, o que falta para vocês? - ele perguntou de seu jeito alegre de sempre.

–Os pincéis - Iris respondeu, ela ainda carregava cor a suas bochechas - E ninguém disse o que devemos fazer.

–Ah, certo - falou o professor - Cada um dos grupos terá de escolher um dos pecados capitais para representar na oficina que escolheram, no caso de vocês a pintura - explicou de forma pausada - Qual vocês irão querer.

Isso foi o suficiente para fazer Iris voltar a ser um pimentão, não posso dizer que não sábio no que ela estava pensando.

–P-pecado? - ela gaguejou.

–Sim, façam uma votação - Boris disse, ninguém se voluntariou para iniciar, então ele escolheu alguém - Senhorita Emmatoy?

Ao ouvir meu nome sair de seus lábios minha mente girou. O dias a esse nome, por isso sempre me apresentava como Emma.

–Ira - murmurei, talvez porque era o que eu sentia quando ouvia meu nome.

–Gula - falou Iris quando os olhos do professor pousaram nela.

–Ira - Castiel falou, concordando comigo.

–Ficamos com a ira - Violette murmurou. Acho que tudo que ela dizia eram murmúrios.

–Ótimo - Boris sorriu - Castiel e Violette podem ir buscar os pincéis.

–Por que nós? - Castiel perguntou assim que recebeu a ordem.

–Porque Violette sabe onde eles estão e você é o único forte o suficiente para carregar uma caixa de pincéis.

Bufante Castiel saiu da sala, seguido por Violette. O professor saiu logo em seguida, deixando eu e Iris sozinhas.

–Ele gosta de você - ela me disse, a olhei curiosa, sem entender muito do que falava - Castiel, eu sinto que ele gosta de você.

Não pude conter o sorriso que tomou meus lábios, então abaixei a cabeça, encarando meus sapatos.

–E você dele... - concluiu.

–Não banque a detetive ou cupido - falei - É claro que gosto dele, somos amigos.

–Sim, mas acho que você não me entendeu - ela pareceu confusa com seus próprios pensamentos - Ah, deixe.

–Tudo bem.

Pouco depois Violette e Castiel entraram com os pincéis, e começamos a fazer o esboço, ou melhor, Violette começou a fazer o esboço, enquanto nos a observávamos.

–Está incrível! - falei quando ela terminou. Se a ira tivesse uma imagem, com certeza seria aquela.

–Como você sabe tanto assim disso? - Iris perguntou analisando a pintura - Parece tão real...

–Acho que todos já passamos por momentos em que ficamos assim, com tanta raiva... Acho que é tudo questão de inspiração. - Violette respondeu um pouco constrangida.

–O que fazemos agora? - perguntou Castiel cruzando os braços.

–Acho que devemos pintá-la...

Peguei uma palheta com cores neutras e começamos a trabalhar, até que Castiel passou um pincel cheio de tinta vermelha em minha bochecha. Revidei passando o que eu segurava em seu nariz, apesar de ter sido difícil acertá-lo, porque ele era alto e já estava preparado para o que eu pretendia.

Iris e Violette ficaram nos olhando, tentando proteger a pintura de qualquer dano, até que Castiel acertou a ruiva e elas se juntaram a nós.

–Ah, como é bom a juventude - falou um senhor entrando na sala. Julgando pelas roupas que vestia, era esse o tal professor - Veremos se a obra de vocês é tão boa quanto as que fizeram em seus corpos.

Paramos de nos mexer e ficamos o observando. Ele olhou para nossa obra com um olhar crítico e depois sorriu.

–Está perfeito - falou - Ótimo trabalho. Mas peço que não vão embora. A diretora acha melhor que os alunos permaneçam na escola durante a noite para ajudar nos preparativos par o evento que vai acontecer no dia seguinte. E se perceberem, teremos um grande trabalho pela frente.

–Vamos limpar o colégio? - indaguei.

–Sim, a diretora quer um trabalho perfeito, então quer tudo limpo, certas oficinas dão mais trabalho que outras, o que aumenta o período de limpeza, fora que ela deseja preparar toda a escola para receber os visitantes amanhã de manhã, ainda. - explicou rapidamente - A ajuda de vocês será crucial.

–Mas não podemos ir nem ao menos pegar nossas coisas em casa? - perguntei, estava ficando levemente irritada, olhei para Castiel, esperando que ele compartilhasse tal sentimento, mas ele estava sorrindo.

–Não será necessário senhorita, a diretora informava aos pais de todos sobre tal assunto enquanto vocês trabalhavam - falou o professor, tudo que ele dizia parecia poesia.

Ótimo, agora meus pais tinham estado ali e nem vieram falar comigo.

Neguei com a cabeça, fechando a cara.