Uma das mãos do Castiel me puxava com força para perto de si, enlaçada em minha cintura plana, enquanto a outra segurava minha nuca com certo cuidado. Nossos lábios ficaram juntos durante apenas alguns minutos, até que eu me afastei ofegante.

O "ruivo" tinha um sorriso bobo nos lábios, o que fez com que eu perdesse ainda mais o ar. Por mais que vivêssemos nos alfinetando, nunca pensei que meu sentimento por ele era recíproco.

—Sinto muito - ele falou com as bochechas levemente coradas. Espera, Castiel sentindo muito? Corando? Isto definitivamente era um sonho.

Então percebi que não, ele apenas estava tão surpreso quanto eu, afinal, meus olhos já começavam a arder de tão arregalados que deviam estar.

—Não sinta – murmurei abrindo o sorriso mais malicioso que consegui – Acredite "Cassy", você não quer sentir muito.

Enfatizei o apelido que ele recebera exclusivamente de sua mãe, o que o fez revirar os olhos e me puxar para si novamente. Mas não tínhamos tempo para essas coisas. Estava tendo uma reunião no ginásio na qual nos estávamos atrasados.

—Temos que ir para a reunião - falei empurrando o peito largo de Castiel. Ele bufou, odiava receber ordens.

—Você quer realmente ir para lá? - ele perguntou juntando as sobrancelhas e me oferecendo o sorriso mais bonito que conseguiu formar.

—Sabe que não temos escolha - falei decidida - E Castiel, eu gostaria que isso ficasse apenas entre nós por enquanto.

—Por quê? - ele balbuciou.

—Preciso de um tempo para digerir isso e me preparar para a reação do meu pai...

—Claro, ainda me lembro da reação dele quando nos viu junto, parecia que ele queria me metralhar com os olhos.

Não consegui deixar de gargalhar com isso, está certo que meu pai era super protetor, mas era um pouco de exagero dizer que ele seria capaz de fuzilar alguém por minha causa.

—Então, saia da minha frente tábua de passar, ou não responderei por mim se ficarmos mais um minuto a sós - falou se afastando. Neguei com a cabeça, seria difícil tirar o sorriso que estava em meu rosto.

Observei Castiel se afastar de mim, e quando comecei a andar alguém segurou meu braço. Alexy me olhou com um grande sorriso no rosto, o que fez com que eu cora-se. Lá se ia o "manter entre nós dois".

—Me conte tudo! - ele quase gritou, parecia uma criança na Páscoa. Dei de ombros o ignorando.

—Precisamos ir até o ginásio - falei apontando para tal destino - Te conto depois.

Ele soltou meu braço fazendo beicinho, um pouco decepcionado por eu não lhe dar os detalhes, mas eu não me sentia confortável falando desse assunto.

—E Alexy - falei andando - Não conte pra ninguém o que viu, não quero ninguém se metendo em minha vida.

Quando cheguei ao ginásio, apenas os alunos estavam lá. Parecia que eu estava atrasada demais. Olhei ao redor, todos estavam murmurando sobre algo, que, aparentemente, eu era a única que não sabia.

Me aproximei de Violette e Kim que estavam em silêncio, sentadas na arquibancada.

—O que está acontecendo? - perguntei olhando ao redor.

—Um professor novo, se entendi direito - Kim disse - Onde você estava, guria?

—Eu não me senti muito bem, estava respirando um pouco no Clube de Jardinagem. - menti - Professor de quê?

A última vez que tivemos um professor novo, não posso dizer que fiquei muito contente.

—Artes - Violette respondeu - A escola nos prepara uma apresentação.

Apresentação. Só de pensar em meus pais no mesmo ambiente que o Castiel, meu estômago embrulhava, então torci para ser só entre alunos.

—Acho que será um dia diferente - Kim explicou - Ao que parece o cara é muito bom e irá nos ajudar com nossas dificuldades, poderemos escolher o que fazer para o evento...

—Será algo mais livre - Violette murmurou distante, com um pequeno sorriso no rosto.

—Ah - exclamei - Obrigada meninas!

—Não foi nada, guria - Kim disse batendo com força em minhas costas - Agora se me der licença, vou ir para casa.

—Oh, já podemos...?

—Sim - Violette disse se afastando.

Suspirei e sai do ginásio barulhento, caminhando até o lado de fora da escola. Castiel estava encostado no muro, me esperando. Não era a primeira vez que ele fazia algo do tipo, mas agora era... diferente.

—Aí está ela - falou ele me analisando.

—Igualzinha à dez minutos atrás - falei o forçando a me olhar nos olhos - Não precisava me esperar.

—Mas como você não manda em mim, eu o fiz - falou cruzando os braços - Ou acha suspeito um amigo te acompanhar até em casa?

—Claro que acho, sabe, meu pai é quase um detetive - falei o zombando - Ele vai desconfiar na hora.

—Acho que teremos de correr o risco.

—Qual é? Você não tem que emprestar sua coleira pro Dragon?

—Olhe o humor dela! Isso tudo foi por causa do meu beijo? - ele riu da própria piada.

—Baka. - murmurei empurrando seu braço, o que o fez me puxar pela cintura, me roubando um beijo rápido - Não faça isso aqui...

—Você é paranoica, Emma - ele disse negando com a cabeça - Vamos logo, ou quer que seu pai se zangue? Crianças não podem ficar até tarde na rua.

Forcei uma risada, fazendo o máximo para ela soar falsa, mas acho que meu riso estava saindo com extrema facilidade hoje.