Pensamentos de uma Noite Solitária escrita por Gin


Capítulo 4
O pesadelo da vida escolar


Notas iniciais do capítulo

Ninguém nunca foi verdadeiro comigo
Mas é normal, pois nunca fui com ninguém
Eu tinha bastante pessoas que poderiam ser chamadas de amigo
Mas hoje, sequer sinto falta de alguém
Eu causei tudo, eu fui o vilão
Eu destruí todas aquelas noites de sono
Eu quebrei o meu coração
Isso tudo
Tudo isso
Só pode ser uma grande conspiração



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Alguma vez você já reparou em como funciona a vida escolar? Não me refiro a séries, provas, passar de ano ou coisas do tipo, e sim na convivência, nos tipos de pessoa, e na forma como as pessoas agem em relação a tudo. Se nunca pensou, convido você a pensar sobre isso comigo por uns momentos.

Quando você está nas primeiras séries, todas as crianças parecem ser iguais, com pequenas diferenças nas personalidades. Elas tem um ego bem alto e sempre vão achar que estão certas, gostam de desafiar e estar por cima. Mas quando se é criança, você não tem noção das coisas.

No ensino fundamental, as coisas se diferenciam um pouco, pois você está começando a adentrar em um novo estilo de vida, e novos aprendizados que realmente vão ficando mais difíceis com o tempo. Se você saiu do colégio onde estudou o infantil, para ir ao fundamental, ótimo, você teve um leve “reset” na sua vida, pois tecnicamente era uma nova chance para começar tudo novamente, conhecer pessoas novas, e ainda experimentar algo que você não havia feito. Mas também, você pode ter sido separado daquele seu amigo legal a qual conversava todos os dias, se divertia bastante, e isso poderia ter feito você sentir falta e deixar de aproveitar o que aproveitaria. Se você ficou no seu colégio, então você não mudou muito a sua maneira de agir, mas aproveitou melhor os laços daquelas pessoas, brincou, se divertiu e descobriu algumas coisas que nem sabia que existia, até mesmo aquele sentimento que as pessoas falam tanto, como era o nome mesmo? Ah... amor. Não que você soubesse que era amor, pois naquela época tudo era muito confuso, e você não entendia nada, a não ser aquela história daquela série que passava todo o dia na televisão, disso você sabia! Mas lidar com seus sentimentos? Isso talvez, até hoje ninguém saiba.

Mas o ensino fundamental, ainda não seria o fim, ele seria um começo. Pois é nele que é decidido alguns amigos que vão lhe acompanhar pelo resto da vida, ou algumas experiências que você nunca mais vai querer ter de novo, as comidas favoritas, aquele cheiro, aqueles perfumes, e.... acho que estou me separando da vida escolar, mas logo irei retornar.

Muitos acham que é no ensino médio, que a vida realmente começa e poxa, eu não posso discordar tanto disso. Pois é lá que vemos como as pessoas são, suas personalidades, suas maneiras de agir, suas opiniões e formas de pensar. É lá onde temos as maiores experiências da vida adolescente, pois é ali que você vai entender, que você vai começar a ver como as coisas realmente funcionam, como as pessoas podem ser boas e ao mesmo tempo ruins, como é muito fácil ficar isolado em um canto, e como é difícil conviver com gente de pensamento diferente do seu. O ensino médio, é como um quarto a qual poucos tem a chave para entrar, e mesmo entrando, ele continua escuro, e você só consegue ver se ficar bastante tempo para adaptar a visão. Mesmo se você continuar no mesmo colégio que fez o fundamental, ainda é possível dar um segundo “reset” no ensino médio, porque basta olhar para todas as pessoas ali, e ter certeza de que nenhuma é exatamente igual ao que era, no fundamental. Isso porque, elas aprenderam, viram, escutaram, ou simplesmente estão mostrando uma pessoa que elas não são.

Eu diria que existem três tipos de pessoas no ensino médio, as que são dedicadas ao estudo, pois sonham com um futuro melhor, as conscientes. Aquelas que não se importam nada, pois não conseguem enxergar além do presente, que geralmente são as mais sociáveis da sala, e estão sempre conversando, falando alguma coisa inútil, os “populares”. E por último, aqueles que não conseguem se enturmar com as pessoas, pois é tímido, ou simplesmente não se encaixa ali, pois enxerga um mundo diferente. As primeiras, conseguem ser sociáveis moderadamente e ainda sim tirar boas notas tendo uma “certeza” de futuro garantido. As segundas, tem um alto teor de socialização, e conseguem conversar sobre muitas coisas, assim podem ser boas na lábia ou em algo parecido, mesmo muitas vezes não sendo nada disso. E as terceiras, estão preocupadas com o futuro, mas não de forma muito grande como as pessoas da primeira, elas querem ser sociáveis, mas não sem encaixam bem nos locais, como as pessoas da segunda. Algumas querem estar ali no lugar da segunda, ou então ter a capacidade de se esforçar ao máximo como a primeira, mas ela não consegue independente do quanto tente, pois isso, até o fundamental, era possível, mas no ensino médio... nunca foi.

Enquanto um extremo grupo está “aproveitando” a vida, existem alguns que não estão. Enquanto alguns são realmente sociáveis, outros são realmente solitários, e tudo que queriam era estar ali, meio estranho não? Os grupos não seriam formas de juntar alguém com mentalidades parecidas, ou diferentes para conversarem e prosperarem entre si? Então, aqueles que não se enturmam, não estão “aproveitando” a vida como as pessoas dizem, porque a juventude só é juventude se você tiver amigos. Será mesmo um pensamento real, ou generalista?

Basta parar para pensar, e você vai ver ou lembrar, que toda sala, tem aquela pessoa que não participa de nada, é tímida ou simplesmente não se importa de estar em um grupo, que não parece dar a mínima para nada, que em todo grupo, fica sozinho, ou sempre faz par com a mesma pessoa, pois na maioria das vezes, é a única com quem conversa. E se eu for perguntar para alguém, o motivo dele estar sozinho, a resposta sempre será “É porque ele quer, pois a gente já chamou para estar no grupo”, ou, “Ele não se interessa em participar com a gente”. Obviamente isso também conta, mas se você parar para pensar, estar sozinho não é um problema tão grande, pois foi você mesmo que escolheu esse caminho não é? Errado. De fato, estar sozinho não é algo a qual se deva preocupar-se tanto, mas há um além. Não é estar sozinho, o problema vem quando você é obrigado a se isolar, pois mesmo estando em um grupo, você não consegue achar assunto, você não se sente parte dali, as pessoas lhe ignoram, ninguém parece contar o notar você, você treme, é tímido para conversar e diversas outras coisas. E muitas vezes, mesmo se esforçando para tentar sair disso, simplesmente não dá, pois isso não é culpa sua de verdade! E sabe o motivo? Porque até o fundamental, ninguém sabe o que está acontecendo, e no ensino médio você se vê na pressão, de que está percorrendo os últimos anos escolares. Como reagir a isso? Algumas pessoas tentam resolver nos estudos, outras sendo sociáveis e estabelecendo laços, e outras simplesmente não conseguem fazer nada. Enquanto os anos seguem, muita coisa acontece, e com certeza, se você comparar como foi no 1°ano, você não será o mesmo no 3°.

Talvez você não concorde, pois realmente ache que aqueles que se isolam, e não “aproveitam” a sua juventude, são culpados por isso, pois se eles se esforçarem, eles conseguem, e realmente tem vezes que é desse jeito. Mas você pode fazer coisas por si, se esforçar, mas não dá para controlar a opinião dos outros, e se você for mudar para agradar as pessoas, você fica ainda mais solitário, porque enquanto deixa os outros felizes, você vai se corrompendo, e apenas o fundo do poço parece lhe aguardar.

Quem está vivendo, está tentando encontrar a melhor maneira para se passar por essa fase, e é assim que se encontra. Se isolar é um problema sim, pois a pessoa precisa que alguém tire ela de lá, ela precisa que alguém veja que ela não esteja bem, que ela precisa de ajuda, que ela precisa de todas as maneiras, de um amigo. Mas o ensino médio é uma terra sem leis. Adolescentes querendo provar que são melhores que os outros, com um ego altíssimo, dificilmente se diferenciando das crianças já mencionadas. Ninguém parece se importar com ninguém, e se parece se importar, é para manter as aparências, ou ter o que conversar no grupo no dia seguinte, e não porque quer ajudar, e não porque quer se sentir bem ajudando. E quem entende que é assim, dificilmente se abre para alguma pessoa, mesmo se ela perguntar, pois não somos nós que nos isolamos, na maioria das vezes, são as pessoas que nos obrigam a entrar nesse terreno de desespero. Mas parece que ninguém percebe isso, nem os estudantes, nem os alunos, apenas um grupo, aqueles que fazem parte do terceiro grupo de pessoas que falei. Eles não conseguem se adaptar, porque entendem, eles sabem das coisas, e por saberem, acham difícil se fingir de ignorante perante as coisas, acham difícil ser alguém que eles não são, e ainda, acham melhor ser odiados pelo que são, do que ser amados por fingir ser alguém que não são, como quase todas as pessoas do ensino médio fazem.

Enquanto o tempo vai passando, as pessoas podem encontrar um motivo para estarem ali, podem encontrar uma forma de passar melhor o tempo, de se encontrar de verdade! E eu realmente espero que esse seja o seu caso.

Aqueles que seguem até o final, e continuam assim, ainda há mais um “reset” se aproximando, e não se preocupem, esse será o maior de todos, e vai mudar a sua vida como você nunca imaginou. Talvez você finalmente consiga seguir em frente, ou fique estagnado, adquirindo conhecimentos por si só. Mas de todas as formas, a sua vida escolar é passageira, e não importa o quão ruim ela foi, no fim você sente um pouco de falta. Porque era tudo muito complicado, mas tudo muito simples, nada acontecia e tudo faltava, e era assim uma boa maneira de viver.

O mundo não parece se importar tanto com os laços das pessoas durante a vida escolar, pois depende de como cada uma vai conseguir estabelecer e cuidar. Se você ainda carrega algum amigo do fundamental, ou do médio, guarde-o, pois vocês um dia podem se reunir e contar as coisas. Mas se você não guardou nenhum, assim como eu, também não se preocupe, tem coisas boas que estão por vir, e mesmo com todos aqueles problemas que tivemos durante nossa vida escolar, ainda tem algumas coisas boas que podem acontecer uma hora ou outra, eu estou esperando por isso, você também?


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Notas finais do capítulo

"... Eu não caibo mais nas roupas que cabia, eu não encho mais a casa de alegria..."