HL: Pocket Girl - How Heroes are Born escrita por Mini Line, Heroes Legacy


Capítulo 9
Em qual mentiroso acreditar?


Notas iniciais do capítulo

Cheguei o/
Trago ótimas notícias. Todo o enredo de PG já está definido e posso garantir que o final estará lindo demais. (final da temporada, gente. Não vai acabar tão cedo as aventuras da baixinha.)
Quero agradecer a vocês que estão acompanhando, comentando, favoritando e tudo mais. Aos fantasminhas mais lindos que me fazem vibrar com os acessos no último capítulo postado.
Chega de enrolação.
Boa leitura.



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Já era fim de tarde quando a pickup vermelha de Will parou em frente a New York University. O rapaz havia recebido uma mensagem de Alice, pedindo para que ele a levasse para casa, pois seu carro havia sido mandado para o conserto de novo. Já era a sexta vez em duas semanas.

Como um exímio Faz-Tudo, o motorista temporário chegou mais cedo e foi até a recepção, onde foi recebido por um belo sorriso da moça que trabalhava ali.

Após alguns minutos de conversa, ela liberou o acesso de William e indicou onde era o estúdio de dança. Afinal, ele também sabia usar de seus encantos.

Não conseguiu disfarçar um sorriso ao perceber que algumas garotas que estavam no corredor, olhavam para ele sem nenhuma discrição. William sabia que era um cara considerado bonito, embora não gostasse muito do seu rosto com algumas marcas de acne aqui e ali e seu dente tortinho, do qual Alice jurava ser um charme.

Na adolescência, William não fazia todo esse sucesso com as garotas. Não! Pelo contrário, ele se sentava com orgulho na mesa dos excluídos.

Começou a praticar aikido aos quinze anos, para se defender de um valentão que adorava trancá-lo no armário. Com a derrota do oponente, as coisas começaram a mudar, mas Will, não.

Todos os dias, era na mesa dos excluídos que ele se sentava e jogava RPG com seus poucos amigos que tinha.

Seu gosto pela informática crescia cada vez mais e aos dezessete, invadiu o sistema da Scotland Yard, onde o pai trabalhava, apenas de brincadeira.

Ele não vasculhou os arquivos ou vazou informações. Seu desejo era apenas o de saber como ter acesso a qualquer coisa com alguns cliques. Seu desejo era de ser um Deus. Ser um Hacker.

Passava horas navegando pela Deep Web, onde aprendeu ainda mais sobre criptografia, códigos de acesso e claro, hacks de jogos. E foi nos chats de IP, usando o nick de Netuno que conheceu outros como ele, mas com um propósito maior — disponibilizar à população mundial informações que lhes são escondidas por governos e governantes corruptos.

Em dois mil e oito, William Carter entrou para a Anonymous, a organização sem líder e sem rosto, conhecida por seus ataques cibernéticos e por hacktivismo.

Ajudou na Invasão da RSA Security em dois mil e onze, roubando os dados da empresa que oferecia segurança contra invasões como essas.

Pouco tempo depois, por causa de uma aposta perdida, Will se desligou da Anonymous, mas com a promessa de manter olhos e ouvidos atentos para garantir a liberdade de expressão sempre que fosse necessário.

E mesmo com tamanho talento e inteligência, ele preferia passar os dias na escola, trabalhando como escravo por um salário meia boca. Mas nos últimos dois anos, aquele sacrifício valia a pena, pois todos os dias ouvia o som dos saltos ecoarem rapidamente pelo corredor em frente a sala de computação, seguido de um “Me perdoe, diretora. Isso não vai mais se repetir”.

 

William encostou no batente de porta assim que chegou ao estúdio e deu um discreto aceno para a professora, da qual ele conhecia melhor do que qualquer um ali.

A mulher que já passava dos cinquenta, embora não aparentasse, sorriu fraco para o rapaz, enquanto ritmava os passos ensaiados pela turma de doze alunos.

 

— Isso está terrível, classe! O que aconteceu? Semana passada vocês estavam mais animados.

 

— Semana de provas, Sra. Carter. Isso explica tudo. — respondeu uma das alunas, massageando o ombro.

 

— Eu estou de ressaca há dois dias. — Um rapaz magro e alto levantou a mão, fazendo todos rirem.

 

— Na idade de vocês, esses passos de dança eram o mesmo que caminhar.

 

— É porque a senhora não precisa caminhar carregando a Clair! — o garoto reclamou.

 

— Está me chamando de gorda? — A menina colocou as mãos na cintura, fingindo estar braba.

 

— Não, Clarinha. Mas levantar a Lice é muito mais fácil.

 

— Ih! Sabia que ia sobrar para mim. — Alice deu de ombros e sentou no chão, exausta.

 

— Parece que eu vou ter que mostrar como se faz. — A professora de dança deu um sorriso de canto para William, que arregalou os olhos. — Vai mesmo me deixar esperando?

 

Ela estendeu a mão, o chamando e mesmo contra a vontade, Will caminhou até a mulher e segurou sua mão, dando-lhe um beijo carinhoso.

 

— Viu, garotos? Comecem sendo cavalheiros. — Brincou. — Esse aqui é William Carter, meu filho. E espero que ele tenha vindo até aqui para ver a mãe, não apenas para ver a Srta. Harper.

 

Os alunos riram do comentário da professora e do constrangimento de William e Alice.

 

— Certo, querido. Ainda se lembra de como fazer isso? — A Sra. Carter colocou a mão esquerda no ombro do filho e com a direita segurou a mão dele, juntando seus corpos em seguida.

 

— Acho que sim. — Ele semicerrou os olhos, assentindo algumas vezes.

 

Alice ligou a música, louca para ver o amigo dançar e voltou para o lado dos colegas, que estavam todos sentados no chão, observando a professora.

 

— Em cinco, seis, sete…

 

— Espera! — Uma das alunas interrompeu, se levantando. — Deixa que eu faço a demonstração.

 

— Não perde a chance de se mostrar, Emily? — Alice provocou, levantando uma sobrancelha.

 

A garota de cabelos loiros e belos olhos azuis apenas sorriu para Alice, voltando-se para William.

 

— Faz tanto tempo que eu não danço com o meu irmão. Já estou com saudades.

 

Will abraçou a garota, dando um beijo no topo de sua cabeça.

 

— Odeio ter que admitir, mas os Carter tem uma genética… — Clair suspirou ao analisar o rapaz de cima a baixo.

 

— Lembra do Tango Santa Maria? — Emily perguntou, colocando a música.

 

— Quer mesmo impressionar, maninha?

 

Ele sorriu de canto e se aproximou devagar, no mesmo ritmo da música que já estava tocando, enquanto a garota mantinha um olhar teatral para o lado da plateia.

Ao chegar até ela, Will trouxe o rosto da irmã delicadamente para perto do seu com a ponta dos dedos, o acariciando. Juntou suas testas, fitando-a com um olhar sedutor que se desviou um breve momento para os lábios rosados de Emily.

Sua mão deslizou pela cintura dela, enquanto a garota segurava em seu ombro e tomava sua mão lentamente.

Começaram os primeiros passos devagar, sentindo a respiração um do outro devido a proximidade.

 

— Isso parece incesto. — Clair cochichou para Alice.

 

Quando a música acelerou, William girou a garota com força, fazendo-a dar umas três voltas rápidas e logo a segurou firme, acompanhando os passos precisos e velozes da irmã, rodopiando com ela pela sala.

A dança, cada vez mais sensual, deixou Alice boquiaberta. Não imaginava que Will sabia tudo aquilo, mesmo tendo uma das melhores dançarinas do mundo em casa.

Já no final da música, o rapaz puxou Emily e a sentou em sua coxa, segurando em sua nuca, quase tocando seus lábios.

 

— Isso com certeza é incesto. — Clair aplaudiu, ainda com os olhos arregalados.

 

— Will, eu não sabia que você dançava tão bem! — Alice se aproximou dele, surpresa com a apresentação.

 

— Existem muitas coisas que você não sabe sobre mim, pequena Lice. — O rapaz segurou o queixo da amiga e a fez olhar em seus olhos, quando um sorriso sugestivo surgiu em seu rosto.

 

— Idiota! — Riu fraco, tirando a mão dele de seu rosto com um tapa. — Também quero dançar com você qualquer dia desses.

 

— Acho que falta alguma coisa para você dançar com meu irmão, Alice. — Emily comentou ao passar do lado deles.

 

— Falta o quê? — Perguntou, confusa.

 

— Altura!

 

Aquilo foi o suficiente para a Harper fechar os punhos e avançar contra a garota, mas William a impediu, dizendo que não valia a pena.

Essa não era a primeira vez que Emily a alfinetava por causa de seu tamanho. E porquê todos sempre brincavam com isso, ela sabia distinguir muito bem quando alguém queria ofender.

 

— Agora que as duas pararam de disputar meu filho, posso anunciar o resultado das avaliações? — A Sra. Carter sorriu para os alunos, segurando uma folha nas mãos.

 

— Claro, professora. — Um dos alunos estava animado com a divulgação.

 

— Já aviso que sou Team Lice! A ideia dela foi melhor do que a minha mesmo. — Clair deu de ombros.

 

— Certo, todos se saíram muito bem e já podem comemorar a aprovação. Parabéns. — Fez uma pausa, olhando os rostos aliviados e felizes dos jovens. — Mas como só podemos escolher uma apresentação para a formatura, quem vai dirigir o espetáculo é Alice Harper.

 

Todos aplaudiram a pequena que deu alguns pulinhos de alegria.

 

— Parece que não me falta altura para uma coisa, Emily.

 

— E o que seria? — A garota perguntou, fingindo não estar interessada em saber.

 

— Ser melhor do que você! — Sorriu, jogando os cabelos para trás, enquanto dava as costas para a garota furiosa. — Vamos para casa, Will.

 

— Claro! — O rapaz beijou o rosto da mãe, se despedindo e se abaixou um pouco para que Alice subisse em suas costas.

 

Ele a carregou até o estacionamento, se divertindo com as piadas sem graça que ela contava.

Já no caminho para casa, Alice começou a observar William em silêncio, deixando o rapaz um pouco constrangido.

 

— O que foi?

 

— Nada! Só estava me perguntando… O que você não sabe fazer, Will? — Questionou, se ajeitando no banco do carro.

 

— O que eu não sei fazer? — Pensou por um minuto, enquanto virava à direita. — Não sei fazer você gostar de mim, Lice.

 

— Para o carro! — Disse rápido.

 

— Por que? Não precisa ficar braba por isso, garota!

 

— Para essa droga de carro, Will. — Disse alto, apontando para o final da rua, onde morava. Três carros da Nexus estavam parados em frente residência dos Harper.

 

— Nexus? Será que tem algum Neo-humano por aqui? — Ele parou à uma boa distância da casa de Alice, tentando ver ou ouvir alguma coisa, sem sucesso algum.

 

— Droga, era só o que me faltava! — resmungou, vestindo suas luvas sem dedos que lhe deixava invisível. Logo depois, tirou da bolsa sua pistola.

 

— Meu deus, Alice. O que é isso?!

 

— Existem muitas coisas que você não sabe sobre mim, grande Will. — Desceu do carro e ativou as luvas, desaparecendo na frente do rapaz. — Não venha atrás de mim. Eu vou ficar bem.

 

A pequena deixou William no carro e correu até sua casa, com mil coisas passando por sua cabeça. Temia a possibilidade de Benny tê-la entregado. Não suportaria uma traição da parte dele.

Não havia nenhum agente fora da casa, apenas os carros estacionados em fila. Poderia até pensar que era uma visita pacífica, se não fosse a Nexus.

A porta estava aberta e cinco agentes, três homens e duas mulheres, vasculhavam a parte de baixo da casa.

Furiosa, Alice puxou uma mulher pelos cabelos e bateu seu rosto na parede, fazendo a moça perder a consciência no mesmo instante.

 

— Ela está aqui! — disse um deles, ativando um comunicador em sua orelha esquerda, antes de levar um soco no estômago que o fez se curvar.

 

A Neo-humana aproveitou disso para dar uma cotovelada na nuca do homem, o deixando desacordado também.

 

— Por que não aparece para brincar, Pocket Girl? Está com medo de levar uma surra? — Uma mulher alta com longos cabelos loiros provocou, girando um bastão de ferro.

 

— Brincar com agentes da Nexus não tem graça. — Alice desativou a invisibilidade e cruzou os braços, sorrindo para a moça.

 

A agente avançou contra a garota usando o bastão para acertar suas costelas, mas Alice segurou firme na outra ponta e deu dois chutes altos na mulher. Girou o bastão e conseguiu derrubá-la, acertando mais um chute no abdômen da loira em seguida.

 

— A brincadeira acabou. — Tirou a arma da cintura e atirou na perna da agente, fazendo uma descarga elétrica percorrer o corpo dela. — Faltam dois.

 

Alice foi até a cozinha e atirou contra os agentes, mas sua munição havia acabado. Jogou a arma no rosto do homem mais alto e voltou para a sala, pulando a bancada da cozinha. Pegou a pistola no coldre do homem desmaiado e atirou no ombro do agente que já estava mais próximo, ativando a invisibilidade com um toque em sua luva.

Diminuiu seu tamanho para aparecer atrás do último agente e acertou sua nuca com a coronha da pistola, fazendo ele cair como um saco de batatas.

 

— Não disse que um dia eu te pegava, Srta. Harper? — A voz feminina vinha da direção da escada e Alice se virou lentamente, ficando visível.

 

— Agente Jones! Falando desse jeito, vou pensar maldade. — Seus lábios formaram um sorriso malicioso, enquanto seus olhos se prenderam aos da mulher.

 

— A brincadeira acabou, Pocket Girl. — Tirou o distintivo do bolso da calça e o mostrou para Alice. — Você está sob custódia da Nexus.

 

— Acho que não.

 

— Vai ser pior para você, se resistir.

 

— Estamos empatadas em três a três, por que não decidimos isso logo? — A garota fechou os punhos em frente o rosto.

 

— Nunca houve um empate, Pocket. — Jones guardou o distintivo e também entrou em posição de luta, chamando a adversária com a mão.

 

— Claro! Você nunca me pegou!

 

Dito isso, Alice desferiu um soco contra Jones, que foi defendido no mesmo momento em que ela revidou, acertando o rosto da pequena.

A Pocket deu um passo para trás e limpou o sangue no canto da boca, sem desviar os olhos da mulher.

As duas voltaram a trocar socos e chutes, embora nenhuma conseguisse acertar muitos golpes na outra. Elas eram ótimas lutadoras.

Ao conseguir uma boa distância de Alice, Jones saltou e bateu com os dois pés no peito da garota, fazendo-a cair e escorregar pelo chão. Sem tempo para sentir dor, ela se levantou e voltou a golpear a agente, acertando um chute alto em seu rosto e um soco no abdômen em seguida.

Cansada daquilo, Jones tirou a pistola do coldre em sua coxa direita, ao mesmo tempo em que Alice tirava a arma que roubara do agente de sua cintura e ambas apontaram as armas uma para a outra, trocando um olhar frio em silêncio.

 

— Abaixe a arma, agente Jones. — Jordan Reed entrou na sala toda bagunçada, desviando das pernas de um dos agentes apagado no chão.

 

A mulher prontamente obedeceu a ordem e guardou a pistola. Juntou os braços ao corpo, mantendo a postura reta em posição de sentido.

 

— Jordan, o que está acontecendo? — Alice apontou com a arma para a agente que permanecia imóvel

 

— Dispensada. — Com a voz firme da Sra. Reed, Valerie Jones se afastou um pouco, mas permaneceu na sala, encarando Alice.

 

— Será que alguém pode me explicar alguma coisa?

 

— Me dê a arma, Alice. — Jordan disse séria e estendeu a mão.

 

Sem reclamar, a garota fez o que a mulher pediu, cruzando os braços em seguida.

 

— Alice, seu pai foi preso pela Nexus, acusado de sequestro, tortura, roubo, incontáveis homicídios e outros tantos crimes que nem vale a pena listar.

 

— Isso não é verdade! Jordan, você é superiora dele há mais de dezoito anos! Sabe que essas acusações são falsas. — Seu tom de voz aumentou e suas mãos suavam frio, temendo a resposta da mentora.

 

— Eu estive esses dezoito anos ao lado de Jared apenas para juntar provas o suficiente para mantê-lo o resto da vida na prisão, Lice. — Jordan tentou tocar na garota, mas ela se afastou, indignada.

 

— Você traiu meu pai.

 

— Não, Alice. Eu estava cumprindo o meu trabalho como espiã da Nexus. O mesmo trabalho que sua mãe não pôde realizar. — Suspirou fundo e desviou o olhar, procurando as palavras certas para contar toda a verdade para a garota. — Meredith era minha melhor amiga, Lice. Ela era uma das melhores espiãs da Nexus desde os treze anos.

 

— Mas a Nexus chutou ela e o meu pai. — Interrompeu.

 

— Pelo contrário. Ela continuou na Nexus com a missão de espionar o seu pai. Por mais que ela o amasse, sabia que Jared era perigoso e aceitou o trabalho. Depois que ela morreu, eu pedi autorização para ficar no lugar dela e assim eu pude cuidar de você. Eu tentei adiar ao máximo esse dia, Alice, mas ele precisava parar.

 

— Parar com o quê? Jordan, eu não estou entendendo mais nada! — A pequena já não suportava segurar as lágrimas e escondeu o rosto entre as mãos, chorando baixinho. — Agora você vai querer me prender também?

 

— Não, Lice. — Rachel desceu a escada, carregando um caderno velho com capa de couro gastada. — A Jordan quer a nossa ajuda, só isso.

 

— Você também mentiu para mim todos esses anos, Rachel?

 

— Acredite, fui pega de surpresa tanto quanto você. — Jogou o caderno para a garota que o analisou, confusa. — Acabei de encontrar isso nas coisas do Sr. Harper. Se for ler, é melhor sentar primeiro.

 

— É o diário do meu pai. Ele nunca me deixou nem encostar nisso aqui. — Folheou as primeiras páginas, reconhecendo a caligrafia do homem.

 

— E com razão. — Rachel suspirou, observando a amiga avaliar o conteúdo. — Por que não pula as partes menos bizarras e vai para o dia do seu nascimento?

 

Confusa, Alice se sentou no sofá e começou a ler as anotações de Jared datadas do dia quatro de outubro de mil novecentos e noventa e seis.

Tudo parecia normal nos relatos daquele dia, até que ele começou a descrever a discussão que teve com Meredith e as atrocidades que cometeu logo depois.

 

— Ele… ele empurrou a minha mãe da escada? Isso é falso! Ele sempre me me contava como ela caiu. — Alice mal enxergava o que estava escrito nas folhas finas e gastas do caderno antigo, devido as lágrimas que se acumulavam em seus olhos.

 

Continuou a leitura, onde Jared descrevia com matou a própria esposa no hospital, injetando uma espécie de veneno no soro, que não deixava rastros de sua ação.

Inconformada, Alice jogou o caderno longe e se levantou, levando as mãos até a cabeça que parecia rodar.

 

— Isso não pode ser verdade! Eu não sei o que a Nexus está planejando, mas eu não acredito nisso! — Apontou para o caderno no chão, enquanto as lágrimas desciam por seu rosto.

 

— Você não conhece o pai que tem, Lice. — Rachel se aproximou, fitando a amiga com seu típico olhar duro e mal-humorado. — Eu estive ao lado dele por tantos anos e sei bem do que ele é capaz de fazer. E você também sabe. Não lembra quando ele mandou você roubar aquela arma alienígena da Nexus e você se viu obrigada a matar mais de dez agentes? Não lembra como ele ficou irritado por você não trazer a arma, sem nem se importar com os caras mortos?

 

— Eu não sei em quem devo acreditar! — gritou, acertando um soco na parede.

 

— Acredite em você, Lice. — Jordan puxou a garota e a abraçou forte, acariciando seus cabelos castanhos. — Sei que tudo isso veio de repente para cima de você, mas preciso que você avalie a situação com calma. Se você quiser, a Nexus vai te aceitar como agente e esquecer todo seu passado, assim como fizemos com a Srta. Grey.

 

— E se eu não quiser? — Alice se afastou e cruzou os braços, fitando a mulher com as sobrancelhas franzidas.

 

— Então você será convidada a esquecer de sua vida de vigilante e agir como uma humana comum ou vai fazer companhia para seu pai na cadeia. — Valerie falou séria, encarando a garota.

 

— Podemos deixar essa conversa para depois? Tenho uma missão da Nêmesis para cumprir. — Ignorou as três mulheres na sala e subiu a escada, sendo seguida por Jordan e Rachel.

 

— Do quê você está falando, Lice? — Rachel chegou ao quarto da garota pouco depois que ela e a viu tirando a roupa, sem se importar com os olhares.

 

— Meu pai pediu para eu pegar um pacote em San Diego. Então eu vou lá para tentar descobrir alguma coisa. — Vestiu uma camiseta vermelha e uma calça escura, procurando o papel com o endereço.

 

— É perigoso, Alice. Você não vai.

 

— Jordan, você não manda mais em mim. — Respondeu simples, vestindo uma jaqueta de couro preta, onde guardou sua credencial da Nêmesis no bolso, junto com endereço do Hotel San Diego Plaza.

 

— Alice…

 

— Deixa ela fazer isso, Jordan. Vai ser bom para ela. — Rachel interrompeu, saindo do quarto. — Vou esvaziar aquela garrafa de tequila do seu pai. Ele não vai precisar dela mesmo!

 

— Sabe onde encontrar o sal e o limão. — Alice sorriu para Rachel, calçando suas botas. — Saiba que se eu descobrir mais mentiras suas, Sra. Reed, eu mesma vou tirar o meu pai da prisão e ai de quem entrar no meu caminho.

 

A vigilante saiu rápido do quarto, e optou pela porta dos fundos, já que não queria dar explicações para Will agora.

 

— Sra. Reed, por que não disse à ela que Jared escapou? — Valerie entrou no quarto, encontrando Jordan em frente a janela, perdida em seus pensamentos.

 

— Ela ainda não pode saber, Jones. Caso o contrário, ela iria atrás dele, atrapalhando toda a investigação. — Explicou, sem se voltar para a agente.

 

— Acha mesmo que ela vai entrar para a Nexus?

 

— Provavelmente não. — Suspirou. — Em último caso, a Corvo será acionada.


~*~

 

Queens, 02:25 am

 

Já havia algumas horas que a jovem de longos cabelos negros e lisos como seda, caminhava pelas ruas escuras e vazias do Queens, aparentemente perdida.

Carregava uma mala grande e uma mochila no ombro direito, enquanto suas pernas pareciam congelar devido ao frio da madrugada.

Ela vestia apenas um uniforme colegial japonês, composto por uma saia preta muito curta, uma blusa de mangas longas da mesma cor, com gola parecida com o uniforme de marinheiro, tendo um lenço vermelho amarrado na frente da blusa.

A meia branca mal cobria seus joelhos e os sapatinhos parecidos com os de uma boneca também não ajudavam a aquecer seus pés.

A garota suspirou, ao perceber que entrou em uma rua sem saída e voltou-se para o lado que veio, dando de cara com três pessoas.

 

— Parece perdida, criança. Será que podemos ajudar? —  A mulher que acompanhava os dois homens se aproximou devagar, sorrindo para a garota.

 

— Eu preciso chegar à Manhattan, podem me dizer a direção, por favor? — A japonesa fez uma breve reverencia, típica de seu país e voltou os olhos para os desconhecidos.

 

— Nossa, moça. Você está muito longe. — Respondeu um deles.

 

— Seria melhor você passar a noite com a gente e amanhã te levamos até lá. — O outro se aproximou mais ainda, fazendo a garota recuar.

 

— Eu preciso chegar ainda hoje. — Ela disse rápido, encostando nas grades do final do beco.

 

— Relaxa, garotinha. — A mulher acariciou os cabelos da estrangeira, descendo a mão até a boca da menina, onde havia um piercing de argolinha no canto direito. — Vamos cuidar bem de você.

 

Mas rápido do que a garota imaginava a mulher a prensou contra a grade, apertando os seios dela.

Tomada por ódio, a japonesa deu um chute na canela da mulher, fazendo-a se afastar.

 

— Isso é tudo que sabe fazer, vadiazinha?

 

— Não. Não é. — Respondeu simples, tirando da grande mochila uma katana brilhante, onde pendia no cabo um pingente com o Kanji “Fogo”

 

Os homens recuaram um passo, observando a jovem rir baixinho, mantendo o olhar coberto pela franja reta.

 

— Qual é? Nós não vamos nos divertir mais? — Ao levantar a cabeça, as íris da menina estavam em chamas e seu rosto, inexpressivo.

 

A sequência foi apenas o som da lâmina flamejante castigando sem piedade o corpo daqueles molestadores, fazendo o sangue jorrar pelas paredes do beco. Antes de arrancar a cabeça da mulher que implorava por sua vida, a garota criou uma bola de fogo nas mãos.

 

— Quem… quem é você? — Perguntou a mulher assustada.

 

Com um sorriso formado em seu rosto, a menina estalou os dedos e os três corpos começaram a queimar, em meio os gritos desesperados da mulher.

Um movimento rápido de sua katana foi o suficiente para ela cortar o pescoço da infeliz, acabando com seu sofrimento.

Tirou um lenço branco do bolso e limpou a lâmina da espada, antes de a guardar na bainha, dentro da mochila.

 

— Eu sou o Demônio do Fogo. Kasai no Akuma!


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Notas finais do capítulo

E então, meus amores. Gostaram? Quero muito saber o que estão achando da fic e dos personagens.
AGORA UM AVISO MUITO IMPORTANTE!!!
A continuação daquela parte onde a Lice vai buscar a encomenda do Jared está no capítulo "Simili" de N-perfects. Fic muito boa que faz parte do HL. Se você quiser saber o que vai rolar, terá q passar por N-perfects, mas garanto que não vai se arrepender, pois a fic é boa e o crossover está cheio de ação.

https://fanfiction.com.br/historia/692094/HL_N-Perfects/

Obrigada a você que leu até aqui, em breve tem o spin off, juro!
Beijos da Mini e até o próximo =*