HL: Pocket Girl - How Heroes are Born escrita por Mini Line, Heroes Legacy


Capítulo 28
Papercut


Notas iniciais do capítulo

AVISO IMPORTANTE!!!

Se, no meio do capítulo, vc tiver vontade de me matar, quebrar o aparelho q está usando para ler, ou desistir, não faça isso. Juro q vai melhorar. JURO!

VOLTEI, QUERIDOS!
Desculpem pela demora mais uma vez. O desânimo bateu hard, aí soma uma preguiça descomunal, problemas pessoais... Mas cá estou com O MELHOR CAPÍTULO QUE EU ESCREVI NA VIDA! Sério gente, nunca amei tanto algo que eu escrevi. Tá lindo. Então corre ler e para de perder tempo comigo.

Boa leitura ^^



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Algumas pessoas tem certa dificuldade em esquecer. Esse é o caso de William. O rapaz, mesmo no auge de seus vinte e oito anos, continuava com seu comportamento birrento e rancoroso dos quatro anos.

Jogando vídeo game em seu quarto, ouviu leves batidas na porta, mas antes que ele pudesse autorizar ou não, ela se abriu, em uma série de resmungos. Emily havia acompanhado Rachel até o quarto do irmão, mas a mulher dispensou as formalidades, deixando claro que não gostava da Carter, da mesma maneira que Alice não gostava da garota. De alguma maneira, Rachel ficou mais sensível aos sentimentos das pessoas ao seu redor, desde que ganhou seus poderes, embora não entendesse ainda que isso era apenas a estática de cada pessoa, por isso conseguia sentir a “aura” de superioridade falsa que emanava da garota. E se tem uma coisa que a Rachel odeia, são pessoas assim.

Ela não demorou em fechar a porta, antes que Emily dissesse mais alguma palavra, jogou a bolsa na cama e encarou William, cruzando os braços, enquanto ele fingia que continuava apenas na companhia de seu novo jogo.

 

— Você têm três segundos para crescer e agir como homem, antes de eu dar curto no seu computador — disse, simplesmente.

 

Suspirando, apertou o pause no controle e se virou para ela, deixando-a ver sua expressão enfarruscada. Sabia que ela não faria uma ameaça em vão.

 

— Por que não foi para casa? — ela perguntou.

— Porque esta é a minha casa. Olha, Rachel, eu cansei! Eu não pedi para ter poderes, nem para entrar em uma agência secreta, ou combater o crime como super-herói! Nós matamos uma pessoa!

— Nós matamos um verme! — corrigiu. — Você não faz ideia de como o mundo vai ficar melhor sem o Dean! Agora para de frescura e vamos ver a final do campeonato. Os alunos da Lice vão jogar.

— Eu não quero ver ela — disse baixo, desviando o olhar.

— Por que?

— Porque eu sou perigoso! Como vou encarar ela depois do que eu fiz? Sem contar que a última coisa que eu disse para ela foi um sonoro “eu te odeio”. Ela deve estar me odiando agora. — Will balançou a cabeça devagar, suspirando.

— Ela está preocupada. Queria porquê queria vir aqui, mas eu sabia que vocês acabariam brigando. — Rachel esboçou um sorriso e fitou os olhos do rapaz. — Ela gosta de você, Will. Para de ser idiota!

— A Lice disse isso?

— E precisa dizer, besta? Olha o quanto ela se preocupa. na cara que ela gosta.

— Ela se preocupa com todo mundo. Isso não é motivo para me dar esperanças — resmungou, dando de ombros.

— Às vezes eu tenho vontade de te eletrocutar até você virar carvão, sabia? Mais teimoso do que mula! Se ferrar você já foi hoje?! — Irritada, deu um tapa na nuca dele e pegou a bolsa, saindo do quarto.

— Aonde você vai?! — questionou, acariciando o local atingido.

— Beber! Já perdi tempo demais com sua teimosia! — Sem olhar para trás, bateu a porta com força, deixando-o sozinho com sua confusão.

— Mulher-Dragão! — disse alto, voltando a jogar. — Louca e estressada como sempre!

 

~*~

 

No vestiário do Estádio de Townsend High School, os Gatinhos do Lynx estavam alvoroçados, jogando roupas e uniformes por todo lado, enquanto ajudavam-se à vestir seus protetores para o jogo daquela noite. Não tinha um entre eles que não sentisse o frio na barriga ao enfrentar o time da Princeton High School, Eagles. Embora Townsend estivesse invicta por dois anos, o time adversário havia se destacado neste campeonato, mostrando que não estavam de brincadeira. Dali, já conseguiam ouvir o som das arquibancadas, que enchiam cada vez mais, pedindo o início do jogo, embora faltasse mais de quinze minutos para começar.

Entre os jogadores corpulentos, três esqueletos, se comparados aos atletas, tentavam manter o local organizado. Lorenzo, Luke e Alex estavam de detenção, e, segundo o treinador, não havia castigo pior do que juntar camisas suadas e fedorentas dos bancos do vestiário. E nisso, os roqueiros concordavam!

Concentrado em seu trabalho, e incomodado com o clima tenso e cheio de ansiedade dos jogadores, Lorenzo não percebeu que o capitão do time estava logo atrás dele, e o atingiu na cabeça com o cabo da vassoura ao se virar.

 

— Quem foi a bicha que fez isso?! — O rapaz se virou, irritado, mas logo suavizou sua expressão. — Bazzarello? Quanto que as franguinhas te pagaram para me matar? — brincou, passando a mão pelos cabelos.

 

Os músculos definidos de Richard ficaram em evidência, já que ainda não havia vestido a parte de cima de seu uniforme. Lorenzo, um tanto vermelho, desviou o olhar, engolindo seco.

 

Scusate, Foster! Não vi você. Mi scusi — resmungou, ajeitando a franja que caía sobre os olhos delineados.

— Se isso foi um pedido de desculpas, não precisa. Nem doeu. — Richard deu de ombros, rindo fraco. — Vai ficar e assistir a gente depenar as frangas?

— Talvez. — Assentiu rápido e passou pelo rapaz, encerrando a conversa.

 

Richard voltou-se na direção em que o garoto foi, e o observou, confuso, ele parar no meio do caminho e cerrar os pulsos, apertando o cabo da vassoura com a mão esquerda.

 

— Foster, buona fortuna! — disse, por fim.

— O que?!

— Boa sorte! — falou mais alto, sem se virar ou erguer a cabeça. — Foi isso que eu disse.

Grazie, Lorenzo. Grazie.

Prego. — Ao responder, ele saiu rápido. Não queria que ninguém percebesse o sorriso em seu rosto que não conseguia disfarçar.

 

Richard balançou a cabeça, sorrindo discretamente, antes de voltar a se vestir. Era o único que não estava pronto, mas todos estavam nervosos demais para prestar atenção nisso.

Faltando apenas cinco minutos para iniciar a partida, o capitão Foster chamou o time para formar uma roda ao redor dele, onde o rapaz observou cada jogador, mantendo um sorriso confiante.

 

— Certo, Gatinhos, não há o que temer. Este jogo já está ganho! Se nem as galinhas da nossa torcida tem chance com a gente, imagina essas frangas de Princeton! Vamos comer eles com farofa! — bradou, seguido pelos gritos e o alvoroço do time. — Que Gaga nos proteja e Bey nos dê força! Vamos sambar na cara das inimigas como passistas no carnaval do Rio de Janeiro!

— Clark, você tem uns dizeres tão estranhos. De onde tira isso? — Um rapaz alto riu, colocando o capacete.

— Memes brasileiros! Estranharia se você conhecesse, Roger. — Piscou para ele, antes de começar a correr para a saída.

 

A torcida foi à loucura quando os Lynx entraram em campo, rasgando a faixa com o símbolo do time; um lince negro de olhos vermelhos, cores do uniforme. As líderes de torcida entraram em seguida, fazendo um show de acrobacias e movimentos sensuais, tirando mais gritos da plateia. Richard olhou rapidamente para a arquibancada reservada para a sala 301, mas não encontrou Alice e Benny.

“Atrasados, como sempre!”, pensou, suspirando. Acenou para Annie, que gritou em resposta, embora não conseguisse entender o que ela dizia.

Logo o juiz chamou os capitães para tirar cara e coroa, mas não foi a moeda jogada que prendeu os olhares para o alto, mas uma chuva de papéis, que parecia vir de lugar nenhum, sujando rapidamente o gramado bem aparado do estádio.

 

— Que estranho — comentou um dos jogadores. — O que devemos fazer, capitão Foster?

— Juntar esses papéis. Óbvio! — Clark respondeu, olhando para o alto. — Quanto antes terminarmos isso, antes começamos a partida.

Os espectadores, irritados com a demora, começaram a colaborar com os times, juntando os papéis que caiam na arquibancada. Lorenzo, que estava próximo de Annie, Hayley e os gêmeos Henderson, pegou um punhado de papel que enroscou em sua roupa, mas logo os jogou. Podia jurar que sentiu alguma coisa vinda deles. Uma mistura de raiva, torpor e resignação, deixando-o confuso e nauseado. Sabia que aqueles papéis não eram coisa boa. Estavam todos em perigo. O vento levemente aumentou sua força, fazendo os papéis dançarem ao redor dos alunos, grudando em seus corpos, e não demorou muito para que os mais novos começassem a se desesperar ao notarem seus corpos sendo cobertos por folhas brancas.

Aos poucos, os gritos foram silenciando-se, e casulos de papéis espalharam-se por todos os lados, sem dar chance para ninguém escapar. Então, do céu, um emaranhado de folhas brancas desceu, até tomar a forma de Papercut, que pairava sobre o campo com ajuda de suas asas de papel. Ela olhou ao redor, mantendo sua expressão vazia, enquanto buscava por Alice, sem sucesso.

Suspirando, a moça fez um movimento suave com sua mão, que fez um dos casulos levitar até sua frente, enquanto os papéis se soltavam do rosto de um garoto.

 

— Onde está a Pocket Girl? — perguntou, simplesmente. Sua voz firme arrepiou o menino.

— Eu… eu não sei! Eu não faço ideia de onde ela está ou quem ela é. Por favor, me deixa sair. Por favor! — Desesperado, o garoto mal conseguia controlar o tremor em sua voz.

— Não sabe? Então vou facilitar para você. Onde está Alice Harper? — disse lentamente, aproximando-se do garoto.

— A Srta. Harper é a Pocket Girl? — Ele arregalou os olhos, surpreso. — Eu não sei onde ela está e, mesmo que soubesse… — Engoliu seco, tomando o resto de dignidade e coragem que tinha. — Mesmo que eu soubesse, não diria nada a você! Ninguém aqui vai entregar a Srta. Harper! Desista!

— Desistir?

 

Ela desviou o olhar, erguendo um outro casulo, mas a uma certa distância deles. Ainda pensativa, Papercut levantou e estalou os dedos, fazendo os papéis explodirem e virarem apenas um emaranhado de cinzas e fumaça.

 

— Eu não vou desistir. — Movimentando os dedos, ela fez os papéis cobrirem o aluno novamente e desceu ele até o gramado. — Natalie, venha até aqui e me ajude a procurar a garota — disse, tocando o comunicador em sua orelha.

 

Demorou apenas alguns segundos para que um raio descesse das nuvens, revelando o corpo de uma mulher loira e alta, vestindo um jeans apertado e jaqueta de couro.

 

— Qual o plano? — perguntou a mulher, pronta para a missão.

— Vamos perguntar para eles. Alguém deve saber onde ela está.

— Não perca seu tempo! — A voz firme fez com que as mulheres se virassem, surpresas. — Eu estou bem aqui.

Alice estava sem seu disfarce, mas usava as luvas especiais, a máscara, que a ajudava a respirar em seu tamanho diminuto, e com a katana de sua mãe nas mãos. Encarou a mulher com um olhar tão frio quanto de suas adversárias, pronta para a briga.

 

— Pocket, você vem comigo.

— O único lugar que eu vou com você é para a prisão e garantir apenas que você nunca mais se aproxime dos meus alunos! — bradou, erguendo a espada. — Vamos, me enfrente!

— Eu não vou lutar contra você, Alice Harper. Minha missão é de resgate, não de assassinato. E eu vou levá-la de volta, por bem ou por mal! — Esboçou um sorriso, olhando para a companheira. — Natalie, coloque o Johnson em pé. Código três.

 

A mulher caminhou entre os casulos e ergueu um deles, enquanto deixava seus olhos tomarem um tom acinzentado intenso. Ela sorriu, vitoriosa, e arrastou, sem dificuldade alguma, o corpo até os pés de Alice, que observou tudo em silêncio, atônita.

Violeta estendeu as mãos, e os papéis que cobriam o rapaz voltaram para ela, revelando apenas o rosto machucado de Benny.

 

— Benny?! — sussurrou ela, com os olhos arregalados.

— Lice, por favor, vá com elas. Eu não quero morrer! Por favor, não deixa ela me matar! — O garoto implorou, olhando nos olhos de sua professora.

— Eu vou matar você! — Tomada de ódio, a Pocket tentou avançar, mas foi impedida por uma corrente elétrica de Natalie, que a paralisou por um instante. — Eu não sei quem você é e o que quer comigo, mas eles não tem nada a ver com isso. Solta eles e tente me enfrentar, se for capaz!

Violeta apenas estalou os dedos, fazendo-o explodir, sem piedade alguma, na frente de Alice.

— Eu avisei. — Deu um passo à frente, fitando a mulher. — A vida dos outros alunos está nas suas mãos, Pocket Girl. Você não quer um show de fogos aqui, não é mesmo?

 

A boca de Alice entreabriu devagar e sua respiração acelerou, em um instante de paralisia, enquanto a katana, que pertenceu a sua mãe, escorregava de sua mão. Seu rosto já estava totalmente molhado pelas lágrimas e o desespero tomou conta de  todo seu corpo.

— Benny! — gritou por fim, caindo sobre os joelhos e chorando alto. — Benny! Não! Sua maldita! Eu vou matar você!

— Não, Pocket. — Violeta apareceu em sua frente, segurando o seu queixo e aproximando seu rosto levemente. — A culpa foi toda sua.

 

Alice cuspiu no rosto da garota e recebeu um tapa violento, fazendo-a cair deitada no chão. Com raiva, Papercut ergueu as mãos na direção dos alunos, mas Alice se levantou rapidamente e se pôs na frente da moça, desesperada.

— Não os mate, eu imploro! — Desviou o olhar, entregando-se à dor que consumia seu peito. — Não tire mais nada de mim.

Violeta limpou o cuspe em seu rosto, enquanto fazia com que seus papéis começassem a cobrir o corpo da mulher.

— Já os soltei — disse, vendo os papéis já tomarem conta da cintura de Alice. — O que me irrita, é o fato dos seus alunos estarem dispostos a morrer por você — cuspiu as palavras, enquanto os papéis chegavam no peito da mulher. — E você apenas se jogou aos meus pés, sendo enganada por uma morte falsa. Natalie tem um dom precioso. Já ouviu falar em Kitsune? Um ser incrível, que controla a eletricidade e é capaz de criar ilusões, como tudo isso que você acabou de presenciar.

 

Fez os papéis pararem na altura do pescoço de Alice, e assentiu para Natalie, que desfez a ilusão, mostrando todos os pais, alunos, jogadores e professores desacordados, mas bem.

 

— O seu Benny está vivo e saberá que você desistiu dele na primeira oportunidade. — Sorriu de canto, enquanto os papéis voltavam a enrolar o rosto de Alice, que arregalava os olhos. — Parabéns pelo seu fracasso, Pocket Girl.

Ao enrolar a mulher por completo, Violeta levou a mão até o comunicador, trocando o canal e fazendo uma ligação rápida para o Jared.

— Aquisição da Pocket Girl concluída.

 

Sem esperar por uma resposta, ela desligou e trocou um olhar com a Kitsune, que assentiu, sorrindo de canto.

Chegando no estádio, ainda a tempo de ver sua professora ser capturada, Benny gritou e correu em direção às mulheres, mas não foi rápido o suficiente. Elas desapareceram assim que um raio as atingiu, levando-as para o esconderijo de Jared.

 

— Lice! — gritou, embora soubesse que ninguém poderia ouvi-lo.

 

Ao seu redor, apenas corpos por todos os lados, dos quais não fazia ideia se estavam vivos ou mortos. Com lágrimas deixando seus olhos azuis, levou as mãos até a cabeça, sem ter ideia de o que fazer.

 

~*~

 

Assim que a Nexus foi avisada do ataque à escola, três carros marcados pela estrela de oito pontas chegaram ao local e logo começaram uma varredura em busca de provas e suspeitos. O campo de futebol parecia mais com um campo de guerra, devido a grande quantidade de jovens desacordados espalhados pelo chão.

Valerie e John ajudavam alguns deles a se levantar, quando Benny correu até eles, visivelmente abalado.

— Jones! Levaram a Lice. Preciso de ajuda. Não posso deixar que matem minha professora — Benny falou, chorando alto. — Por favor, Jones. Por favor.

— Calma, Benny. — Ela abraçou o garoto, acariciando seus cabelos negros. — Vamos achá-la. Nada de ruim vai acontecer. Até parece que não conhece a Pocket. — Riu fraco, embora também estivesse preocupada. — Vamos voltar. Seus amigos estão todos bem, e nós temos muito trabalho para fazer.

Ele assentiu e se afastou da mulher, secando os olhos por baixo dos óculos. Sentia-se tão inútil quanto equações de matemática, na sua opinião.

Depois que os agentes voltaram para a base da Nexus, a notícia se espalhou como uma praga e todos começaram a correr de um lado para o outro, preparando a missão de resgate.

Valerie chamou Bianca no canto e sussurrou:

— Preciso que você entre em contato com a Nexus de Londres e diga que a Diretora Jones está pedindo reforços nível Alpha.. Preciso do Liam e da Corvo.

— Certo, vou chamar os dois — a mulher respondeu, fitando a agente. — Foi algo muito grave?

— Pegaram a Pocket — disse apenas isso, e deu as costas para Bianca.

 

Valerie sempre foi conhecida por ser fria em seu trabalho, e não seria agora que permitiria mostrar seus olhos marejados para uma novata.

Aquela notícia atingiu Bianca mais do que ela gostaria de admitir. Não porque levaram uma das suas mentoras, mas principalmente por quem fez isso. Sua irmã mais nova, Violeta.

Ainda um pouco desnorteada, ela foi até a cabine de comunicações, entrando em contato com a agência londrina.

— Aqui é a Tíbia, alter ego de Bianca Bernardini. Solicito reforços nível Alpha! — pediu ao colocar os fones de ouvido. — A Diretora Jones solicita o agente Liam e a Corvo para uma operação de resgate.

— Estão a caminho.

 

~*~

 

Após uma curta viagem de volta, Violeta deixou o corpo de Alice cair no chão, ainda enrolado nos papéis. Natalie sentou-se em uma cadeira, enquanto seus outros parceiros, Jacob e Ian, encostaram em uma parede, deixando apenas a Papercut e a Pocket Girl no centro da sala, fitando o homem atrás da mesa.

— Chegamos.

— Pode soltá-la, Papercut — Rose disse, aproximando-se dos rapazes.

 

Na parede atrás da mesa de Jared, havia um telão, que mostrava Alice ainda bebê, dando os primeiros passos em direção ao pai.

A garota apenas assentiu, enquanto movimentava a sua mão direita e fazia com que os papéis voltassem para o seu corpo.

Alice puxou o ar com força ao ser liberta, tentando reconhecer o local e, logo que recuperou o fôlego, atacou Violeta, acertando um soco em seu rosto.

— Desgraçada! O que você quer de mim?!

— Ela não quer nada, Lice. — Jared virou lentamente a cadeira em que estava sentado, vendo as imagens da garota na infância, e sorriu, recebendo a filha.

— Ainda bate como uma garota. — Violeta provocou, limpando pouco de sangue do pequeno corte em seu lábio inferior.

— Você?! Finalmente teve coragem de me encarar, Jared? — pronunciou o nome com desprezo, fitando o homem.

— Não, não, não, Lice. Não! — Suspirou, levantando-se. — Não comece com seu drama. Não temos tempo para isso. Agora que estamos aqui, faltando apenas o Benny para a família se completar…

— Fica longe do meu irmão! — bradou, batendo as mãos na mesa. — Eu juro que acabo com você se encostar nele! Entendeu?

— Aqui, você não acaba com ninguém, filha. Sério. Olha para você. O que a Nexus fez com você?! A minha Lice nunca ameaçaria o pai. Sabe o que é isso? Falta das palmadas que a Jordan não deixou eu dar em você! — Ele cruzou os braços, sorrindo de canto.

— Meu pai nunca daria soro em teste para a filha, nunca mataria minha mãe, nunca mandaria matar o meu irmãozinho na barriga da mãe dele. Nunca destruiria a minha família! — Alice já mal conseguia falar, devido ao choro preso em sua garganta, que não conseguiu mais controlar. — A Jordan foi a única pessoa que me amou de verdade por todos esses anos, e você tirou isso de mim também. Você merece morrer!

— Oras, Alice! — Rose revirou os olhos e cruzou os braços. — Depois de te enganar a vida toda, você ainda acreditava na minha mãe? Como você é ingênua!

— Eu sempre esperei o dia pelo qual iria quebrar esta sua cara de nojo, Rose. E este dia chegou! — Alice deu um chute alto, acertando-o no rosto da moça.

 

Antes que pudesse continuar a bater na garota, Ian e Jacob a seguraram, mas não por muito tempo. Diminuiu seu tamanho e atingiu o estômago de Ian com um soco e acertou um chute poderoso na canela de Jacob.

— Eu vou esquecer essa estrela que eu carrego no peito e vou matar você, Jared Harper! — gritou, avançando contra o homem.

 

Ian e Jacob caíram no chão, massageando sua barriga e canela, respectivamente. Natalie apenas riu dos dois, enquanto a Violeta lançava uma shuriken de papel na direção de Alice, abrindo um corte pequeno em sua bochecha, fazendo a mulher parar pouco antes de subir na mesa.

— Se tentar atacá-lo mais uma vez, arrancarei sua cabeça.

— O que significa isso, Violeta? — Uma voz feminina foi ouvida e todos se voltaram para ela.

 

Espantada, Alice recuou um passo, batendo o quadril na mesa. Uma fina linha de sangue escorria por seu rosto, sujando a camisa branca que usava.

 

— Senhora Harper! — exclamou a garota, um pouco surpresa com a aparição da mulher. — Não desejava que tivesse escutado isso — comentou baixo, fitando o chão, levemente envergonhada.

 

Meredith foi até a garota e levantou seu queixo devagar, sorrindo para ela. Mas logo sua expressão doce e gentil se apagou, e a mulher acertou um tapa no rosto dela, deixando a marca de seus dedos.

 

— Saia agora! E se encostar novamente na minha filha, é sua cabeça que vai rolar.

— Sim, Sra. Harper. Sinto muito. — Assentiu com a cabeça, caminhando para o lado de fora e sendo acompanhada pelos amigos.

— O que você fez? O que você fez? — Alice sussurrou, assustada.

 

Seus olhos estavam arregalados, sua boca, entreaberta, e seu coração batia tão rápido quando imaginou que fosse possível. Suas pernas começaram a tremer, assim como suas mãos, que suavam frio.

Meredith sorriu, emocionada, e caminhou em direção à filha, desejando apenas abraçá-la como tanto imaginou, desde o momento em que descobriu que esperava um bebê. Mas a garota recuou e fechou os olhos com força, encolhendo os ombros e soluçando baixinho.

 

— Não toque em mim, monstro! Você não é minha mãe! Ela morreu quando eu nasci. Você é uma aberração! Um monstro. Monstro!

— Jared — disse rápido, irritada. —, esses são os modos que deu para nossa filha?

— Lice, essa é sua mãe. Meredith Harper, minha esposa e sua mãe — explicou, colocando uma mão sobre o ombro da moça.

 

Aquele era o momento que o Harper mais temeu durante os últimos vinte anos. Ali estavam as duas mulheres que mais amou durante toda a vida, mas não sabia como encará-las. Não depois de tudo o que fez.

Serviu um copo d’água para Alice e fez ela sentar-se em sua cadeira, enquanto procurava as palavras certas para iniciar aquela conversa.

Jared contou para elas toda a verdade. Desde o assassinato de Meredith, o momento em que se arrependeu de tê-lo cometido e seu plano de consertar as coisas, devolvendo a mãe que Alice merecia ter. Explicou que, no meio do caminho, muitas coisas mudaram, outras mulheres, inclusive Jessica, mãe do Benny, surgiram, e que, mesmo buscando, vez ou outra, desistir de Meredith, sentia que sua dívida com Alice era muito maior do que seus desejos, e isso o impulsionou até àquele momento.

 

— Eu sei que vocês não vão me perdoar, e nem espero isso, mas eu só quero que saibam que tudo, tudo o que eu fiz, foi por amor a você, minha princesinha. Eu só queria que você tivesse uma família.

— Eu tenho uma família. — Alice se levantou, mais calma, e encarou os pais. — São meus amigos, meu irmão. Eu nunca pedi isso, pai. Nunca. Você é louco e eu odeio você, por me fazer sofrer tanto em nome de um desejo egoísta, que não veio de mim, mas de você. Eu sinto muito, mãe, mas não dá para esquecer tudo o que ele fez e brincar de família feliz com vocês. Eu queria muito que tudo fosse diferente, que você tivesse cuidado de mim, que eu nunca tivesse virado Neo-Humana, mas não dá para voltar no tempo e consertar as burradas do meu pai. Desculpa, mas não dá. Eu vou embora. E, por favor, deixem eu e meu irmão em paz! Se me amam tanto quanto dizem, vão querer me ver feliz, realizada. Espero que entendam de vez e acabe aqui tudo o que se iniciou há mais de vinte e cinco anos atrás.

 

Jared, sem ter coragem de encarar Alice, assentiu, derrotado. Ela tinha razão, e ele sofria por dentro por não ter percebido isso antes.

 

— Alice — Meredith também se levantou, com tristeza em seu olhar. —, se não for pedir muito, mande notícias. Só quero saber se você está bem.

— Eu… É claro, mãe — sua voz mal saiu, devido ao nó em sua garganta. — Obrigada por entender. Cuida desse maluco para mim?

— Como sempre cuidei, Lice. Eu prometo. — Ela também não segurou as lágrimas, dando um passo à frente. — Será que eu posso abraçar você, só uma vez? Por favor.

 

Sem aguentar mais aquele aperto, correu para os braços da mulher que lhe deu a luz, abraçando-a com força, enquanto choravam alto.

 

— Eu sinto tanto minha filha, tanto!

— Eu também, mãe. Eu também. Desculpe por tudo.

— Não, querida. Eu peço desculpas — sussurrou, cravando uma seringa com um composto vermelho no pescoço da garota, que caiu de joelhos. —, mas você não vai a lugar nenhum!

— Meredith, o que você fez?! — Jared correu até Alice, impedindo que sua filha batesse com força no chão.

 

A mulher se manteve inexpressiva, enquanto jogava a seringa, agora vazia, para o outro lado da sala.

 

— Neutralizador e calmante. Essa garota mimada precisa de uma boa lição.

— Você enlouqueceu? — bradou o homem, assustado com a reação da mulher, fria como gelo.

— Não, Jared. Você que enlouqueceu ao me trazer de volta à vida!

 

 

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Amores, por favor, me digam o que acharam. Eu to muito ansiosa pelos reviews, porque aqui iniciamos a contagem regressiva para o final de PG. Faltam 5 capítulos! E também porque eu amei esse capítulo. Então se você amou, deixa ali só um "AMEI!", não ligo. Só quero a opinião de vocês.

Aos lindos que eu ainda não respondi:
Estou animadda demais e vou aproveitar pra adiantar o próximo capítulo, mas assim que a adrenalina acalmar aqui, vou responder a todos.

Obrigada, gente. Amo vocês demais. Muito mesmo.

Beijos da Mini e até o próximo =*



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