HL: Pocket Girl - How Heroes are Born escrita por Mini Line, Heroes Legacy


Capítulo 29
Resgate — Parte 1


Notas iniciais do capítulo

Voltei o/

Dessa vez não teve uma demora imensa, não é? Isso é muito bom ^^
O capítulo ia ser único, mas tá estava com mais de 6.000 palavras e longe de acabar, então dividi em 2 partes. Vamos disfarçar e reiniciar a contagem regressiva kkk

Chega de enrolação e boa leitura ^^



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Os agentes estavam sentados na sala de reunião, embora quase nenhuma palavra fosse trocada. Jones comandava as operações de busca, enquanto tentava organizar seus pensamentos. Em três horas, moveu céus e terra para que os melhores agentes, não só de Nova York, mas de cada canto do mundo, comparecessem naquela missão. Infelizmente, Wallace Potter Jr. e Madison Grant não puderam comparecer, assim como seus amigos da Nexus italiana. Apesar de solicitar ajuda de tão longe, os próprios agentes de NYC se ofereceram para o combate, tudo para resgatar a pequena heroína que, em pouco tempo, se tornou parte da família.

Rachel e William estavam um pouco mais ao canto, trocando uma ou outra palavra. John e Delilah estavam em frente ao notebook, procurando informações e organizando as equipes ao mesmo tempo, como se cada segundo fosse decisivo. E era. Sayuri estava ao lado de Benny, que balançava a perna, graças ao nervosismo. Ele já não tinha mais unhas para roer, então começou a morder os cantinhos, mantendo o olhar perdido.

 

— Relaxa, vamos achar a meia metro. — Bianca tentou animar o garoto, enquanto as portas eram abertas.

 

Raven entrou primeiro, usando seu casaco sem mangas, já com a aljava presa em suas costas, e o arco dobrado e preso em um coldre em sua coxa esquerda. Liam entrou logo depois, fazendo seu braço biônico brilhar levemente com a luz da sala.

— Certo, estamos um pouco atrasados, então vamos cortar os cumprimentos. — Raven disse, apoiando as mãos na mesa. — O que temos, Jones?

— A escola em que a Harper dá aula foi atacada por duas Neo-humanas; uma mulher que cria ilusões e controla eletricidade, e uma que controla e transforma o corpo em papel explosivo, segundo o Johnson. Alice era o alvo desde o início. Ninguém se machucou, e poucos lembram do que aconteceu após os papéis aparecerem no campo. Alice não lutou. Só deixou-se ser capturada para que não fizessem mal aos alunos — passou o relatório, dizendo baixo as últimas palavras.

— Como o Spotlight conseguiu ver eles levando a Pocket através de um relâmpago, eu fiz o mapeamento climático de toda a América do Norte, mas o que procuramos está mais perto do que imaginamos. — John se levantou e entregou um mapa de Nova Jersey para Raven.

— Foi o Jared — Rachel disse simples, fitando as nuvens escuras pela janela. — Eu sinto.

— Rachel, não podemos nos basear em intuição nesse caso — Raven comentou, fitando a mulher.

— Não é intuição, isso se chama estática — Liam explicou. — Neo-Humanos com poderes eletrocinéticos tem a capacidade de sentir o campo elétrico de pessoas próximas ou com quem já tiveram algum contato físico.

— Eu não sinto a Lice. — Rachel voltou o olhar para Liam. — Sabe como posso ter certeza disso? Ainda não dominei essa coisa, preciso de ajuda.

— Bem, a única coisa que faz a estática de alguém sumir — Suspirou, desviando o olhar. —, é a morte.

A última palavra proferida por Liam fez com que todos ficassem em um silêncio agonizante, enquanto os olhos se voltavam para o agente. Raven desviou o olhar, observando os arquivos das Neo-Humanas, e procurando qualquer fagulha de esperança.

— Espera, um deles era uma eletrocinética, certo? — a morena perguntou, levemente animada. — Isso poderia atrapalhar a Rachel, não?

— É bem possível. — Liam a fitou, sorrindo de canto. — Agora só precisamos encontrar a toca do lobo em Nova Jersey.

— Nova Jersey? — Bianca perguntou, se aproximando. — Era onde a minha irmã estudava, antes de ser atacada. Não deve ser coincidência.

— Espera, qual a possibilidade da sua irmã estar envolvida nisso, Bianca? — John perguntou, se voltando para a moça.

— Antes de sumir, ela aceitou estágio em um laboratório próximo a sua faculdade — Bianca respondeu. — Além do fato de adorar fazer origamis quando nervosa, o homem que a contratou se chamava Jared Harper.

— Certo, temos um possível suspeito. — Liam concluiu. — Jones, às suas ordens.

— As equipes estão terminando de se preparar. Nós…

 

Valerie foi interrompida pelas portas que se abriram mais uma vez. Todos os olhares se voltaram para o grupo parado na entrada, e a diretora se perguntou que diabos aqueles adolescentes faziam ali. Não tinha tempo para crianças, e tratou logo de dispensá-los.

 

— Não sei quem permitiu a entrada de vocês aqui, mas saibam que não é lugar, nem hora, para um passeio de excursão. Saiam imediatamente! — ríspida, aumentou o tom de voz, encarando cada um.

— Eu permiti a entrada deles, Sra. Valerie — Delilah se levantou, sorrindo para os colegas de classe. — Eles só querem ajudar.

— Isso está fora de questão! Não posso permitir que menores se arrisquem em um missão, Fada. Você sabe muito bem disso. Eles podem morrer.

— Não nos importamos, senhora — Richard interrompeu, entrando na sala. — A tia Lice significa muito para nós. Para mim. Não posso cruzar os braços, enquanto ela pode estar em perigo.

— Ela se entregou para nos proteger... — Alex se colocou ao lado do colega.

— E nós vamos nos entregar por ela, mesmo que isso nos custe a vida — Luke completou a frase do irmão, olhando nos olhos da mulher.

— Nós nos escondemos da Nexus, temendo que vocês nos colocassem em uma coleira, mas agora… Ninguém mais se importa. Só queremos nossa professora de volta. — Hayley sorriu, confiante. — Estamos prontos para usar tudo o que temos, e chutar algumas bundas.

 

Jones revirou os olhos e passou a mão pelos cabelos, pensando no assunto. Sabia o quanto estaria encrencada caso algum deles não voltasse inteiro, mas tinha certeza de que eles não desistiriam, tanto que Delilah explicou as habilidades de cada um, tentando convencer a diretora de que aquela era a melhor coisa a ser feita naquela situação. Apenas com o olhar, Jones pediu a opinião de Raven e Liam. Confiava no julgamento deles.

 

— Uma garota que grita, um cara fortinho, um cara com um olhar malvado e um outro faz cosplay de Shaka de Virgem, tirando os sentidos dos adversários… — Liam cruzou os braços, pensando no assunto. — Podem ser úteis.

— São quatro idiotas inexperientes. — A arqueira suspirou, os fitando.

— Eu também sou um idiota, então, por que não? — Ele piscou, antes de assentir com a cabeça para a diretora.

— Okay. Entrem. — Suspirou, deixando os ombros relaxarem. — Mas saibam que eu não vou me responsabilizar pelos danos causados em ninguém.

 

Animados, agitados e ansiosos, os alunos de Alice sentaram-se em um canto, próximos aos outros colegas, que os cumprimentaram em silêncio.

 

— Onde está a Annie e o Lorenzo? — Benny sussurrou para Richard.

— Trancamos eles no banheiro. — Assentiu. — Os poderes deles não são lá muito úteis nessa ocasião.

— Mas, e você, Clark? Não é nem Neo-Humano! Você não tem poderes para lutar.

— Chuchuzinho, não subestime o poder do meu soco! — Piscou, sorrindo de canto. — O maior poder vem do seu propósito. Então meu é muito maior do que do verdadeiro Clark Kent, neste momento. Vamos trazer a tia Lice.

 

Benny sorriu para o amigo, sentindo-se mais confiante, embora a demora que se seguia, o fizesse ficar cada vez mais impaciente. O telefone não parava de tocar, John continuou a procurar uma localidade mais exata para as buscas, e os novos integrantes da operação foram preparados com armas não letais e coletes a prova de balas.

As últimas ordens eram dadas com maestria pela diretora, quando, mais uma vez, as portas foram abertas bruscamente, e a doutora Klinger entrou, ofegante, sendo seguida pela agente Muller.

 

— Perdão, Diretora Jones. Eu tentei impedi-la, mas…

 

Valerie silenciou a agente apenas erguendo a mão, enquanto encarava, sem humor algum, a cientista.

 

— Eu lembrei. Eu lembrei de tudo. Rápido, a Lice está correndo um grande perigo. Eu sei onde o Jared está. Posso levá-los até lá.

— Não confiamos em você, Millicent! Por que, logo agora, tão de repente, você lembraria de tudo? — Rachel cruzou os braços, fitando a mulher. — Era esse seu plano desde o início? Atrapalhar a gente? Ah, vadia. Eu vou arrebentar sua cara!

— Rachel, para! — Benny gritou, impedindo que ela prosseguisse. — Ela não está mentindo!

— E como você sabe?

Sabendo! — retrucou. — Alice confia nela, e eu também. Mas se duvidam, eu vou conferir.

 

Benny se aproximou da moça, e ela mesma ergueu o rosto, acostumada com ele invadindo suas memórias.

 

— Vem, Will. Não vou ficar assistindo essa palhaçada. E também precisamos nos preparar.

 

Rachel puxou o rapaz pela mão. Ele, por sua vez, não respondeu nada. Parecia um fantoche nas mãos da amiga, sem qualquer controle de suas vontades. Desde que foi avisado do sequestro, ele não disse quase nada, não comeu, nem questionou as ações de ninguém. Culpava-se por não estar ao lado de Alice quando ela mais precisou. Sentia-se um lixo. Sem contar que suas últimas palavras o assombravam como um fantasma o tempo todo.

Ainda na sala de reuniões, Benny, sem os óculos, vasculhou a mente da mulher, encontrando todas as informações, antes preenchidas com espaços em branco. Vez ou outra, respirava fundo, sem conter o som de surpresa que saía de sua boca. Todos observavam em silêncio, curiosos para saber o que ele via, mas ninguém ousou atrapalhar com perguntas.

Os minutos se arrastaram lentamente, até que, vacilante, a mão de Benny repousou no ombro de Millicent, buscando apoio. Ele sussurrou o nome dela, tirando-a do transe. Suas pernas tremiam e a visão cada vez mais turva, o deixava nauseado e tonto, principalmente com a ajuda do zumbido em seu ouvido.

A cientista mal teve tempo de voltar a si, e já precisou segurar o garoto, antes que ele desabasse no chão, com o nariz sangrando.

 

— Droga, Benjamin! Já disse para não se esforçar desse jeito! — ela resmungou, tentando mantê-lo de pé.

— Deixa comigo. — Richard segurou o amigo, como se fosse feito de plumas, e o sentou perto da janela. — O que a Taylor diria se te visse assim?

— Que eu sou um Dumbo inútil ou que quebraria minhas pernas. — Riu fraco, respirando fundo. — Precisamos sair agora mesmo! A Klinger está falando a verdade. A Lice… ela… Aquele homem, ele é louco. Perigoso.

— Certo. — Jones assentiu, recarregando sua arma. — Vocês têm exatos sete minutos para se prepararem. Fada, Sayuri e agente Muller, vistam os uniformes. Agente Johnson, você está dispensado por hoje.

— Não mesmo! — Ele se levantou, limpando o nariz. — E não tente me impedir, Diretora. Nem você, louca das flechas! — Apontou para Raven, lançando-lhe um olhar feio.

— Se você atrapalhar, não pense que não vou acertar seu braço de novo. — Raven encarou o garoto com frieza, enquanto abria seu arco. — Eu já estou pronta.

 

***

 

No laboratório, onde Rachel levou William, ela digitou uma senha em um painel fixado na parede, que se abriu, revelando uma vitrine, onde dois manequins vestiam uniformes, lado a lado.

 

— Queria mostrar em outra ocasião, mas esta missão exige um traje à rigor. — Ela esboçou um sorriso, satisfeita em vê-lo fazer o mesmo.

 

Embora fosse um tanto colado para o seu gosto, ele adorou. Ambos tinham o mesmo design, mas as cores eram diferentes. O dele levava dois tons de azul, sendo o mais claro, predominante. As laterais do abdômen eram brancas, assim como uma faixa ao lado das pernas e braços. No lado esquerdo do peito, havia um floco de neve, representando seu poder. Já o de Rachel era cinza escuro, com detalhes mais claros, e preto nas laterais, como no uniforme do Netuno. Já o símbolo em seu peito era um raio acinzentado, assim como os que controlava.

Sem tempo a perder, vestiram-se ali mesmo e voltaram para a sala de reuniões, onde todos já esperavam, prontos para sair.

 

— Delilah e Carol, vocês vão na frente, fazendo o mapeamento do território pelo céu. Esta é a missão de vocês, então nada de enfrentar inimigos que vocês não conhecem!

— Sim, Diretora. — A agente Muller assentiu, ajustando o cinto de seu uniforme, que evitava de que ela saísse flutuando para todo lado.

— Precisamos dar codinomes para os novatos. É arriscado demais expô-los tanto — continuou a mulher, pensativa.

— Bem, nós já temos algo em mente. — Hayley assentiu. — Todos da banda me chamam de Vocal. Alex é o Pain e o Luke é o Touchless.

— Posso ser o Batman? — Richard brincou, recebendo um olhar duro da diretora. — Ai, gente. Eu não sei, tá! Nunca pensei que ia virar um agente secreto.

— Você não é um agente.

— Obrigado, Spotlight! — Ele revirou os olhos, cruzando os braços. — Mas ao invés de perderem tempo com nomes, podem me chamar de agente Foster.

— Já existe uma agente Foster! — Benny franziu o cenho.

— Ai, Benjamin. Eu vou dar na tua cara!

— Basta! — Valerie bateu as mãos na mesa, encerrando a discussão. — Quarterback. Assim que vamos te chamar e fim do assunto. Cada novato vai acompanhar um veterano, e como veteranos, já estou incluindo vocês, Spotlight, Tíbia, Netuno e GreyThunder. John, você vem comigo.

— Certo, Jones. — Ele se levantou e se voltou para Delilah. — Se cuida, está bom? Vamos ficar logo atrás de você.

— Não precisa se preocupar, John. Ainda tenho uma coisa para te perguntar, então não morrerei antes disso. Eu prometo. — A Fada deu um beijo suave no rosto do rapaz e abriu as asas, flutuando na sala. — Pronta, Antigravity?

— Pronta, Fada Violeta. — Carol assentiu, sorrindo, embora estivesse um tanto ansiosa. — Permissão para sair?

— Permissão concedida. — Jones balançou a cabeça, enquanto abria a janela, por onde as duas saíram. — Vamos. Chegou a hora de trazer nossa mascote de volta. Ninguém rouba nossa Chaveirinho e sai impune.

 

Permitindo-se sorrir, Valerie colocou seus óculos escuros e caminhou em direção a saída, seguida por Liam e Raven, mas parou na porta e puxou Millicent bruscamente pelo braço, encarando seus olhos azuis.

 

— Esteja avisada, doutora. Se isso for uma armadilha, não vai acabar nada bem para você!

 

A mulher não respondeu nada. Apenas encarou a diretora de volta e soltou-se, puxando o braço com força. Deu as costas para ela e caminhou até a mesa, onde John ainda acertava algumas coisas em seu computador, e mostrou a localidade exata de onde Jared se escondia. Uma fábrica de ventiladores abandonada há anos, onde ele mantinha o laboratório no subterrâneo.

Embora não admitisse ou agradecesse, Jones sabia que, se não fosse uma armadilha, Millicent estava dando a maior ajuda de que precisavam naquele momento: tempo.

Os agentes e heróis se reuniram no estacionamento, dividindo os alunos de Alice entre os carros e passando mais instruções para eles.

Luke e Alex sorriram um para o outro, sentindo o coração acelerar ao se aproximarem do perigo desconhecido.

 

— Eu vou estar logo atrás de você, Alex. Eu te dou cobertura e você derruba quem estiver na frente. Só não confunda os caras bons com os caras maus — Luke brincou, embora suas mãos suassem frio, tirando uma risada fraca do irmão.

— Certo, eu vou tentar. — Assentiu de cabeça baixa, mas logo voltou o olhar para o gêmeo.

Não morra! — disseram em uníssono, antes de se abraçarem forte e seguirem, um para cada carro.

 

A Fada Violeta e a Antigravity já estavam alguns quilômetros à frente, reportando, vez ou outra para Jones, apenas para afirmar que o caminho estava tranquilo.

Os vários carros saíram rápido, rumo à Nova Jersey. Bianca estava apreensiva, não por causa das lutas que enfrentaria, mas pela chance de encontrar Violeta e trazê-la de volta. Raven, que dirigia o carro em que ela estava, observou a moça ao seu lado, logo voltando o olhar para a estrada.

 

— Sabe o que precisa ser feito quando encontrar sua irmã, não sabe?

— Sei — respondeu firme, sem olhar a arqueira. — Não precisa se preocupar com isso. Eu vou detê-la.

— Sua equipe virá? — perguntou, tentando quebrar o gelo.

— Só uma deles. Os outros estão machucados. — Deu de ombros. — Ela já vai ser de grande ajuda.

— Certo. — Assentiu. — Eu li alguns relatórios da Pocket e da Jones sobre você, Tíbia. Quando isso acabar, vou levá-la comigo.Tem um grande potencial e eu vou aproveitar disso melhor do que a Lice. Tudo bem para você?

— Talvez, se a proposta melhorar, quem sabe? — Bianca permitiu que um sorriso de canto surgisse em seu rosto, enquanto desviava o olhar para a arqueira, que também sorriu, discretamente.

 

No carro de Rachel, o silêncio incômodo entre os três ocupantes, deixava Benny ainda mais nervoso, batendo o pé no chão o tempo todo, enquanto estalava os ossos dos dedos e suspirava vez ou outra.

Irritada com os movimentos repetitivos do garoto, ela respirou fundo, antes de passar um olhar feio para ele.

 

— Será que você pode parar com isso?! Vai acabar furando o assoalho do carro!

— Desculpa, Rachel. Eu estou com medo. — Abaixou a cabeça, fitando as mãos.

— Olha, Benny, eu sei que você e a Lice tem uma ligação mais forte do que você possa imaginar, mas você pode se machucar feio ou atrapalhar a missão, sem contar no risco de…

— Eu não estou com medo de morrer — cortou a mulher, desviando o olhar para a janela. — Não estou com medo de lutar! Meu medo é de não chegar a tempo. Eu estou com medo de encontrar a Alice morta!

— Existe essa possibilidade? — Richard perguntou, assustado.

— Não, não existe! — Rachel disse rispidamente, evitando que os garotos vissem seu olhos vermelhos. — Jared não faria isso. Ele ama a Lice, apesar de ser louco. Não. Ele não mataria a filha.

— Ele matou a mulher, Rachel. Eu vi coisas horríveis na mente da Millie, vivi cada uma da perspectiva dela. Não duvidaria tanto assim da capacidade desse monstro.

— Se você tivesse ideia de quem ele é, talvez não o chamasse assim — ela resmungou, seguindo as coordenadas que recebera de Delilah.

— Quem ele é, Rachel? Um monstro! Eu tenho pena da Lice, muita pena, por ter ele como pai. Ninguém merece ter que chamá-lo por esse nome. Ele nem merece esse nome! — Assentiu, tentando se acalmar. — Um pai desaparecido e morto é muito melhor do que alguém como ele.

 

Rachel apenas balançou a cabeça e esboçou um sorriso melancólico. Tinha pena dele, e imaginou qual seria sua reação quando descobrisse que era filho de um monstro. Sua vontade era de contar, apenas para ver a cara surpresa dele, mas sabia que não tinha esse direito. Estava nas mãos de Alice, de qualquer forma.

 

O tempo passou mais devagar do que parecia, e os quilômetros pareciam se alongar ainda mais. Os comunicadores trabalhavam o tempo todo, enquanto Delilah e Carol davam coordenadas e desvios, dificultando qualquer pessoa que pudesse estar vigiando.

Alguns poucos quilômetros antes dos carros chegarem na fábrica, as duas garotas se ocultaram entre as nuvens, enquanto Delilah usava sua visão aumentada. Parecia tudo tão calmo e deserto que, por um instante, imaginou que Klinger tinha dado uma pista falsa, apenas para dar tempo para Jared. Mas logo percebeu, atrás de uma árvore, um homem abrindo o zíper da calça, o que fez com que ela erguesse as sobrancelhas, torcendo os lábios.

 

— Sra. Valerie, ela não mentiu. Do lado de fora tem apenas um agente. Esperamos suas ordens.

— Antigravity, acho que você pode dar um jeito nele. Mantenham o silêncio, acima de tudo! Boa sorte, meninas.

— Entendido, Jones. — A agente Muller assentiu, ajustando seu cinto para descer.

 

Delilah continuou sobrevoando a fábrica, enquanto formava mais nuvens carregadas ao redor.

Carol pousou atrás de uma caminhonete, e caminhou, abaixada, até onde o homem assobiava, distraído, enquanto esvaziava a bexiga.

 

— Olha o passarinho — disse a agente, fazendo ele se virar, todo atrapalhado.

 

Sem perder tempo, ela acertou dois socos no guarda e um chute em seu rosto, fazendo-o cair, desacordado. Suspirou, aliviada por ele ter caído de bruço e levou a mão até a orelha, ligando o comunicador.

 

— Esse já era, diretora. Vou dar uma verificada nos fundos da fábrica. Eu estou… — Ao virar-se, se deparou com cerca de dez agentes da Nêmesis, armados, mirando em seu peito. — encrencada.

 

Ela mal conseguiu terminar a palavra, e abriram fogo contra a moça, que fechou os olhos, apenas esperando a morte certa. Mas logo os abriu, encontrando um muro de terra entre eles, e a Fada mais acima.

Delilah ergueu uma mão aos céus e, quando a abaixou, um raio atingiu o solo, entre os agentes, lançando-os para longe.

 

— Droga! Eu disse para manter silêncio! — Jones bateu no volante e acelerou, conectando-se com todos os agentes daquela missão em seguida. — Mudança de planos. Formação ofensiva. Todos aqui em, no máximo, oitenta segundos. Vamos circular o prédio e bloquear qualquer saída.

— Faço em cinquenta — disse a Corvo, fazendo com que Alex segurasse firme no banco de trás.

 

Dentro do laboratório, as luzes piscaram e as prateleiras tremeram quando Delilah lançou o raio, chamando a atenção de todos os agentes. Jared correu até a sala de controle, onde reconheceu a Fada como uma agente da Nexus. Pensou por um instante, antes de dar a ordem de evacuar o prédio por uma saída lateral, e encarregou os cientistas de levarem apenas uma pesquisa ou outra, deixando todo seu trabalho para trás. Reuniu os agentes em frente a entrada da fábrica e parou de caminhar de um lado para o outro, roendo o canto das unhas.

 

— Não vai demorar para vários agentes da Nexus invadirem o local. Eu não sei quão bem preparados eles estão, e aquela menina com asas já me assustou. — Jared riu fraco, tentando esconder o nervosismo. — Eles vem atrás da Lice. Eu… A única coisa que vocês tem que fazer é matar o maior número possível deles. Leta, minha filha.

— Sim, Sr. Harper. — Ela se pôs a frente, fitando o homem.

— Confio em você para ficar no comando, certo? — Colocou as mão nos ombros dela, sorrindo discretamente. — Tome cuidado e vá para Nova York assim que estiver terminado por aqui. Não se arrisque demais. Não me perdoarei se algo acontecer com você.

— Não irei decepcioná-lo, senhor. — Assentiu a garota, antes de ser surpreendida por um beijo em sua testa, fazendo-a franzir as sobrancelhas.

— Não precisa mandar a sua nova filha — Meredith entrou no galpão, olhando a moça com desprezo. — Eu vou lá e vou esmagar todos eles de uma só vez.

— Não, não vai! — disse firme, encarando a mulher.

— Então tente me impedir se for capaz!

— É. Eu sou capaz.

 

Surpreendendo a todos ali, Jared atirou no peito da mulher com um dispositivo de choque, ajustado para uma alta descarga, que a fez tremer por alguns segundos, antes de despencar no chão. Com lágrimas nos olhos, ele respirou fundo, passando a mão pelos cabelos.

 

— Eu já estou cansado disso! — gritou. — Essa não é a mulher por quem me apaixonei. Não é! — Fez uma pausa, enquanto a pegava nos braços. — Escrevam isso. O Projeto Y foi o maior fracasso da minha vida.

 

Os agentes, constrangidos, trocavam olhares em silêncio, mas logo se agitaram ao ouvir o som dos carros freando bruscamente em frente a fábrica.

 

— Boa sorte! — Foi tudo o que ele disse, antes de sair apressado com Meredith no colo.

 

Ele não se demorou em sua sala. Apenas parou em frente a uma casinha de bonecas, protegida por uma barreira de energia cinética, semelhante a um campo de força. Dentro dela estava Alice, com não mais do que vinte centímetros e desacordada, usando um vestido cor de rosa, com anágua e babados, além dos sapatinhos pretos e as meias brancas até o joelho. O neutralizador, além de causar dores intensas, mantinha ela pequenininha, sem controle do seu tamanho.

Jared desativou a barreira e, cuidadosamente, pegou-a, deixando-a na palma de suas mãos. Um sorriso pesaroso fez com que algumas rugas aparecessem no canto dos olhos do cientista, ao observar sua filha, tão frágil como quando a viu pela primeira vez.

 

— O que eu fiz com você, pequena? O que eu fiz? Eu sinto tanto! Só espero que você possa me perdoar um dia. Eu amo você!

 

Com lágrimas nos olhos, colocou a garota de volta na casinha e ativou a barreira, deixando-a protegida. Mais uma vez, pegou Meredith no colo e saiu por uma passagem que apenas ele conhecia, já que não confiava em nenhum de seus funcionários.

~*~

Do lado de fora da fábrica, a equipe de apoio se preparava para invadir, enquanto alguns dos agentes especiais se dividiam em grupos menores para controlar a situação ali no pátio e ao redor, impedindo que qualquer um escapasse.

Jones, Raven, Benny e Rachel estavam prontos para entrar, aguardando apenas a permissão da diretora.

 

— Liam, você está no comando do pátio e cuida do Quarterback. Antigravity, cuida da lateral esquerda, com a ajuda da Vocal. Fada e Kasai no Akuma, vão para a direita. Os fundos fica com a equipe Gamma. Assim que eu autorizar, Netuno segue com o Pain e o Touchless. Tíbia, sabe qual a sua missão. Enquanto ela não aparecer, ajude os gêmeos a se manterem vivos. Corvo, hora de explodir algumas coisas.

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Então, pessoal? Ansiosos para a parte 2? Ela vai ser postada amanhã ou depois. Espero vocês lá ^^

Beijos da Mini e até o próximo =*



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