Uma Carta da Esperança escrita por Gabriel Manoel


Capítulo 3
A Primeira Carta


Notas iniciais do capítulo

Sem notícias de sua mãe, Drake se sente sozinho. Neste momento resolve recorrer a uma ajuda um tanto quanto diferente. Mas antes disso algo de extraordinário acontece, e a vida do pequeno garoto começa a caminhar para um bom acontecimento.



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Já se passara duas semanas desde a partida de sua mãe a Londres, Drake se desesperava por não ter notícias. E foi depois de ficar cada dia dessas duas semanas perguntando a seu pai e a seu irmão sobre sua mãe, que finalmente percebeu que apenas ele sentia falta dela. Mesmo não dizendo ou até mesmo demonstrando, Johnny sabia que durante a partida de Miranda, a casa não seria a mesma em todos os sentidos. Para tentar amenizar esta situação, logo prontificou em contratar uma babá de período integral, até por que sabia que não tinha paciência alguma para aturar tamanha energia e curiosidade de Drake. Além do mais "não é bom para os negócios eu andar junto com uma criança por ai, demonstra fraqueza"

Martha ficava com Drake quase que o dia todo, ele gostava dela a e achava uma senhora bondosa e gentil, e com o cheiro bom. Mas isso não o fazia sentir menos falta dos abraços quentes e calorosos de sua mãe. Já seu pai nem se preocupava com a falta de notícias de Miranda, para ele Martha a substituía muito bem, se surpreendia ao reparar que aquela senhora de setenta e oito anos conseguia cuidar de uma criança tão ativa como “aquele garotinho inquieto” como ele se referia a Drake, e ainda dar conta e manter a casa em ordem, coisa que ela mesma se prontificou a fazer.

Após um mês sem sua mãe, Drake mais uma vez passava o recreio da escola sentado em um pequeno canto no pátio da escola, lá ele via todos, mas ninguém o via, e continuava a questionar o motivo de não ter amigos. Sabia que muitos tinham medo de seu pai, mas isso era motivo para nem ao menos brincar com ele na escola? Pegou então seu pequeno caderno que levava por onde andava, o mesmo dado por sua mãe desde que tinha cinco anos. Passando levemente sua pequena mão sobre a capa de couro marrom, veio vagamente em sua memória lembranças de sua mãe o entregando o caderno seguido de um beijo e uma frase que quando, lembrou deu-lhe uma ideia incrível. Sua mãe o disse que aquele caderno serviria para que todas as vezes que se sentisse sozinho e triste ele o deveria usar para escrever uma carta, e quando questionou para quem seria esta carta, Miranda o disse que seria para a Esperança.

Nunca tinha entendido o motivo de enviar uma carta para esperança, mas naquele momento tudo fez sentido, foi no momento e que seus olhos brilharam, já sabia o que deveria fazer. Mas antes que pudesse abrir seu caderno, uma voz tímida e leve o interrompe com uma pergunta um tanto quanto incomum:

—Posso sentar aqui com você? – Drake olha e se depara com um garoto com aparentemente a sua idade, cabelos pretos como a noite, e olhos claros como o mar. Logo ficou assustado e sem reação ao ouvir a pergunta, nunca isso tinha acontecido antes.

— P.. P.. Pode! – Gaguejou Drake, seguido de um questionamento. Queria saber por que o garoto sentaria perto dele, com tantos lugares vazios.

— É que hoje é o meu primeiro dia aqui na escola, e vi você aqui e achei pudesse brincar comigo.

Essas palavras deixaram Drake imobilizado, aquele garoto conseguiu o deixar pior do que já estava.

— Então, é por isso que eu estou aqui neste canto, eu não tenho muitos amigos, para ser sincero não tenho nenhum. – Respondeu Drake com uma voz calma e um olhar cabisbaixo.

— Eu sou Peter, mas pode me chamar de Pete! – Estende a mão em direção a Drake com um sorriso bem espontâneo!

—Eu sou Drake, mas pode me chamar de... Bom acho que de Drake mesmo! -Os dois começaram a rir, e dali ficaram rindo e conversando até o fim do recreio, nem pareciam crianças, o diálogo entre eles era de adultos, os dois eram muito semelhantes em muitos aspectos, e quando voltaram para a sala, continuaram conversando. Mas em momento algum Drake o disse o porquê de não ter amigos, ou de estar sozinho naquele canto do pátio durante o recreio. E como Peter não o questionava sobre isso, resolveu deixar quieto.

Naquele dia Drake chegou em casa com uma alegria contagiante, tão grande que nem se tocou que tinha voltado da escola sozinho, e que não tinha ninguém em casa. Subiu correndo as escadas até seu quarto, e em um único pulo se jogou em sua cama, e arremessou sua mochila contra o armário apenas segurando em sua mão seu caderno junto a uma caneta. Pretendia escrever uma carta para contar para sua mãe sua grande novidade, mas antes que ao menos pensasse mais a respeito lembrou da esperança e se questionou. “Se quando eu estou triste e me sinto sozinho eu devo escrever cartas para a esperança. Quando eu estiver feliz também tenho que contar para ela. ” E com esse pensamento logo pegou se caderno e começou a escrever:

“Olá Dona Esperança, eu acredito que a senhora não me conhece, mas meu nome é Drake. Essa é a primeira vez que eu estou escrevendo para a senhora.

Minha mãe disse que eu devo lhe escrever todas as vezes em que eu me sentir sozinho e triste. Mas... sabe, eu sempre me senti assim, mas nunca escrevi antes por que minha mãe sempre esteve comigo, só que agora ela não está mais. Para ser sincero, não faço ideia para onde ela foi, só sei que faz muito tempo que ela não está aqui. Meu irmão Blane me disse que ela se foi a apenas um mês, mas eu acho que é muito mais tempo. Bom... mas deixa eu contar mais sobre mim!

Como eu já disse meu nome é Drake e eu tenho oito anos. Eu não tenho nenhum amigo, mas eu acho que a culpa é do meu pai. As pessoas tem medo do que ele faz, acho que isso faz com os pais dos garotos da minha escola não deixem eles brincarem comigo. Para ser sincero com a senhora, não sei o que ele faz, mas sei que não é coisa boa...”

Naquela carta Drake se abriu como jamais tinha feito antes. Contou seus mais profundos sonhos e aflições, e não parou por um instante. Se sentia confiante e seguro ao escrever aquelas coisas, era como se a senhora esperança o conhece tão bem, a ponto de que as palavras saiam quase que automaticamente, sem nenhum esforço. Depois de contar em grandes detalhes suas emoções, notou que já havia escrito duas folhas de relatos sobre sua vida. E decidiu encerrar a carta com uma notícia boa, para “amenizar” a situação, como ele mesmo pensou.

“... Então, como eu já tinha dito antes, eu deveria escrever esta carta para dizer o quanto eu me sentia triste e sozinho. Só que na verdade hoje eu não me sinto assim, mesmo ainda com saudades da minha mãe, hoje conheci um garoto na escola. O nome dele é Peter, é um menino bem legal, e a melhor parte é que ele não tem medo do meu pai, acho que é por que ele acabou de chegar na cidade. Será que quando ele souber, ele vai deixar de ser meu amigo?” – Por um instante Drake parou de escrever e fixou o olhar a parede, ficou segundos imóvel e intacto, como se tivesse caído em um universo alternativo, onde nada do que aconteceu tivesse acontecido. - “...Bom, mas isso não importa, até isso acontecer eu vou brincar bastante com ele. Muito obrigado senhora esperança.”

Drake encerra a carta, dobrando lentamente as duas folhas em três partes, o cuidado nunca foi tão grande. Em seguida fez um envelope de folha de sulfite, assim como sua professora de artes havia o ensinado. Ele guarda as cartas no envelope e o cela, sem saber o que escrever no verso do envelope, pensa por alguns instantes: - “Para a senhora Esperança”

Neste momento Drake percebe que já está de noite, e sua fome já está sendo notada pelo barulho que faz sua barriga. Resolve então guardar a carta na mochila onde ninguém. Desceu lentamente as escadas, afim de ouvir algum barulho oi ruído que ficaria que há alguém em casa. Logo percebe que está sozinho, fixa o olhar ao horizonte, e por minutos fica imóvel, não faz ideia do que fazer. Várias perguntas fluem em sua mente neste momento: “O que será dele agora? , E se ninguém voltar? , Será que o abandonaram?”

Mas a pergunta que o deixava mais inquieto era: “Onde estão?”


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Notas finais do capítulo

Aonde estão todos da casa? E será que a carta terá um destino?



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