Uma Carta da Esperança escrita por Gabriel Manoel


Capítulo 1
Sob a mesa




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Como que uma criança de apenas oito anos podia ter um pensamento tão maduro. Era o que pensava Miranda, não conseguia entender como seu filho Drake era tão maduro e responsável, final ele era apenas uma criança.

Mesmo sabendo que havia algo de errado com seu filho, Miranda sempre o apoiava em suas filosofias, até porque sabia que seu marido jamais o apoiaria.

Mas algo a perturbava, pois temia que Drake fosse corrompido a levar a mesma vida que seu marido Johnny levou seu filho mais velho, Blane de dezoito anos.

Uma família completamente conturbada, mas quem a via jamais diria isso em voz alta. O medo e a insegurança falavam mais alto.

Johnny era chefe da quadrilha de tráfico estrangeiro em sua cidade. E Blane com apenas dezoito anos já era envolvido em certos crimes e acertos de conta, já que seu pai nunca deixava nada barato. Os acertos de contas dele eram sempre com um cadáver no final do acordo, e isso assuntou Blane muito no início, nas logo se acostumou e se familiarizou com a vida que depois de um certo ponto começou a realizar as execuções ele mesmo.

Miranda ainda lembrava do brilho no olhar do filho, que foi deixado por um olhar de ódio. Mas sempre seguia firme e não se abalava diante de outros.

Mas mesmo com tantos conflitos, a família seguia a rigorosas tradições. O jantar só era servido quando todos estivessem sentados.

Mas, após mais um dia de rotina, a família se senta ao redor da mesa fria e redonda de madeira, uma mobília velha que rangia ao menor toque, Drake se divertia com isso. Afinal era uma criança sozinha, pois não tinha amigos por conta de seu pai, mas isso nunca interferiu em sua criatividade. Fazia dos ruídos da mesa, os barulhos de um navio pirata, mesmo não sabendo o que era um pirata, mas achava legal por ter ouvido seu irmão tocar no assunto. Mas quem disse que ele se importava com o que era, a única coisa que importava era que “esse tal de pirata tinha um navio” e isso já bastava para aquele pequeno garotinho, que via o mundo como um mapa de exploração.

Todos comiam silenciosamente, apenas os ruídos da mesa que estrelavam na sala de jantar.

—Precisa arrumar está mesa sabia – Miranda puxa assunto.

—Sabe que não faço este tipo de trabalho. – Johnny olhou bem fundo aos olhos da esposa, e voltou a comer lentamente.

—Mãe, está comida está muito boa! – Drake se antecipa em elogiar a mãe.

—Achei meio seco...

—Então meu querido esposo, na próxima vez peça para uma de suas amiguinhas íntimas para fazer para você.

Miranda se levanta da mesa enfurecida e caminha rapidamente em direção a cozinha, seus paços fortes e intensos mostram a indignação em seus pensamentos.

—Realmente precisava disso pai? – Retruca Blane.

—Eu já te disso que não quero que me chame de pai! Seu miserável!

—Me desculpe Senhor Strainer...

Uma resposta fria e triste silenciou a sala. E durante cinco minutos o silêncio tomou conta daquela casa, a única coisa que ainda se ouvia era o ranger da mesa. Drake e Blane abaixaram a cabeça, todos sabiam o que Miranda estava fazendo naquele momento, foi quando ouviram os choros, choros de dor e sofrimento, mas que não era apenas dor inferior, mas ela havia cortado os pulsos novamente. Miranda não demonstrava sua tristeza e infelicidade as outras pessoas, mas em sua casa não escondia a vergonha e desespero, seus surtos eram tão graves que não se incomodava em multar-se em frente a uma criança. A marca em seu corpo não era apenas pelas agressões que sofria de seu marido e seu filho, mas também de autoagressões em que as vezes era pior ainda.

Drake ficava confuso a cada obstante, como que sua mãe estava bem em um instante e no outro surtava desta maneira. Em seu pensamento achava que talvez tivesse uma outra pessoa dentro dela, talvez uma dupla personalidade, as vezes ela era legal e depois se transformava em uma pessoa que ele não conhecia. Isso o perturbava, tirava seu sono, achava que a responsabilidade era dele já que seu pai já havia dito a ele que sua mãe era louca, e não tinha mais solução nenhuma e se caso ele continuasse incomodando, ele se tornaria igual a ela.

Mas mesmo sendo um garoto valente ele tinha medo disso, sabia que sua mãe se deprimia com uma simples palavra, como havia acontecido naquele momento.

Um por um se levantou da mesa calado, ouvindo apenas os gemidos. Drake foi o último, quando seu pai e seu irmão se levantaram, ele rapidamente puxou a cadeira, subiu em cima e empilhou os quatro pratos. Descia sentando na cadeira com cautela, segurando os pratos bem firme, mas como isso já era comum, simplesmente deu um pequeno salto. E ao ver que tudo ocorrera como esperado, andou lentamente em direção a cozinha pois já estava preparado para ver a cena de sua mãe ensanguentada. Mas ao entrar na cozinha se surpreendeu em ver sua mãe sentada na mesa, abatida, com um olhar fixo em um papel, mas ele não fazia ideia do que estava acontecendo, a única coisa que importava era em como ele poderia ajuda-la.

Colocou lentamente os pratos na pia, e se aproximou, um paço e uma respiração, era cauteloso pois sabia que sua mãe em momentos de crise perdia o controle de suas ações, mas se espantou ao repara que não havia sangue ou faca, simplesmente um papel e lágrimas que escorriam rapidamente em seu rosto e se chocavam sobre o papel. Então ele parou, e antes que pudesse perguntar ou questionar qualquer coisa a ela, foi interrompido por uma voz, suave, entretanto angustiada:

— Sobe!

Drake se espantou, sabia que desta vez havia alguma coisa diferente. Mesmo assim ignorou a ordem de sua mãe, e se aproximou mais ainda.

Eu mandei você subir!

O susto e o medo tomaram conta do pequeno garoto, que começou a correr em direção as escadas, cambaleando entre as pernas. E em questão de segundos, chegou em seu quarto e com uma força inexplicável batel a porta. Um pequeno silêncio se estendeu sobre a casa. Drake se joga na cama e começa a pensar, e se responsabilizar sobre o que acontecia com sua mãe.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Espere para ver oque vai acontecer a seguir!



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