Eu, Meu Noivo & Seu Crush — Thalico escrita por Helly Nivoeh


Capítulo 42
Todos os heróis devem usar capas


Notas iniciais do capítulo

Alguém aí pediu um capítulo novo?!
Boa leitura!
Recapitulando:
Thalia e Nico precisam e até concordaram em se casar, mas querem o divórcio logo depois.
Pra isso, precisam parecer um casal de verdade.
Com isso, Nico beijou Thalia na frente do acampamento todo.
Will se afastou de Nico, mas com a intervenção da Thalia, voltou a agir normal.
No entanto, com o surgimento de um novo casal, algumas medidas precisam ser tomadas pelo Acampamento.



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Narração: Nico Di Ângelo

 

Não, eu não liguei que Will me ignorou por vários dias. Não, eu não fiquei chateado dele rejeitar toda vez que eu chamava pra fazer algo. E não, eu não fiquei feliz quando ele voltou a falar comigo.

Óbvio que não, não acredite se Thalia disser isso.

Mas eu posso deduzi que a filha de Zeus teve algo a ver com a mudança positiva e repentina de Will, porque tudo começou quando ela estava xingando algo sobre "amaldiçoados e radiantes filhos de Apolo" quando Will chegou e deu uma piscadinha pra ela, me chamando em seguida para jogar pinochet com Quíron. Eu aceitei apenas porque Quíron é um bom centauro, não teve nada a ver com a companhia de Will. 

Mais tarde, no mesmo dia, Will também me chamou para praticarmos arco-e-flecha, algo traumático, mas mil vezes melhor do que treinar com Thalia.

Juntos nós acertamos onze flechas no alvo e uma em Cecil, de algumas dezenas de tentativas. Infelizmente tivemos que interromper porque Will era o melhor médico para, certamente, conseguir tirar a flecha do corpo do amigo sem causar uma hemorragia. Eu culpei nosso péssimo desempenho aos traumas da minha morte, não levando em consideração que aquele era nosso recorde de acertos.

Pensando bem, arco e flecha definitivamente não é o meu forte.

Mas, o lado bom, é que Will estava voltando ao normal e isso, ok, eu admito: eu senti falta. 

— O que quer fazer agora? — Perguntei ao ver Will terminar de arrumar as coisas na enfermaria. Havíamos combinado de fazer algo, mas não especificamente o que. — Jogar vídeo game? Vôlei? Aula de esgrima?

Will hesitou, abaixando-se para pegar uma maletinha branca,  como a de primeiros socorros, em uma das prateleiras. 

— Na verdade, preciso conversar com você. Podemos ir pro seu chalé?

— Meu chalé? — franzi a testa. — Isso não é proibido?

— Não se preocupe, é apenas uma visita a domicílio. — Will brincou, piscando o olho em seguida. — Ordens médicas.

— Tá… — Aceitei estranhando e Will deu um sorriso nervoso, pegando a maletinha. 

— Vamos!

Tentei interrogar sobre o que ele precisava falar comigo, mas foi em vão, Will dizia que falaria no chalé. O dia já estava anoitecendo e o céu se coloria em um belo crepúsculo enquanto seguíamos para o chalé 13.

— Fique à vontade. — Murmurei, me jogando deitado na minha cama.

Will se sentou na cama da frente, abrindo a maleta com cuidado.

— Fala logo, Solace! — reclamei e, em vez de me responder, ele me jogou um pacotinho laminado roxo, menor que minha mão. — O que é isso?

— Uma capa. — Will respondeu, rindo de um jeito nervoso. — Todos os heróis devem usar capas, principalmente os semideuses, não queremos ficar igual aos nossos pais. 

— O que? — perguntei confuso, a dislexia me impedindo de ler o que estava escrito. 

— Abra. 

Will mandou e rasguei o pacotinho com dificuldade, chegando a ter que usar os dentes. Deixei cair o conteúdo na minha mão: um círculo de borracha oleoso. 

— Isso não é uma capa! — reclamei, jogando o conteúdo no chão ao reconhecer.

— É sim, uma capa pro seu piupiu. — Will replicou sorrindo, me fazendo revirar os olhos. — Também chamada de camisinha, preservativo e até camisa de vênus, um nome bem estranho diga-se de passagem.  É um ótimo agasalho pra não ter filhotinhos. 

— Eu sei o que é uma camisinha. — revirei os olhos, constrangido..  

— Sério? — Will perguntou surpreso, arregalando os olhos antes de dar de ombros. — Bom, acho que isso me polpa da conversa de "de onde vem os bebês" e podemos seguir para a conversa de "como não ter bebês" e nem pegar doenças que fazem o seu piupiu cair. 

— Isso é sério? — questionei, não acreditando que Will teria essa conversa comigo.

— Seríssimo, há muitas doenças que fazem o piupiu cair, ou ficar bem feio e até te matar. Tem que se cuidar…

— Estou perguntando se é séria essa conversa. — O cortei, cada vez mais constrangido. 

— Ah sim… É sério sim.  Meu pai é o deus curandeiro e das pragas, eu e Alexia ficamos com a missão de ensinar os semideuses sobre saúde sexual e, agora, meu amigo, é sua vez.

— Pois me pule, tá? — pedi, nervoso. — Eu sei que tem que usar camisinha e blá blá blá. 

— E você sabe como usar uma camisinha?

— Claro, ué, é só vestir. — dei de ombros. 

— Então me mostre.

— O que?! — Quase gritei, escandalizado com o pedido. 

— Me mostre. — Will repetiu, sem se abalar.

— Eu não vou colocar uma camisinha agora, ainda mais na sua frente!

— Não estou falando pra você colocar no seu piupiu. — Will murmurou, pegando algo de dentro da maletinha. — Tome isto.

— Um milho? — perguntei confuso. Era uma espiga fina, não muito grande e pontuda. — Eu não vou colocar camisinha em um milho! — completei, ao entender o plano.

— Pode ser no seu piupiu também. Fique à vontade. — Will cruzou as pernas e se recostou na cama, um sorriso zombeteiro nos lábios. 

— Por que diabos você trouxe um milho?! Dentro todas as opções! — Poxa, toda hora um me lembrando do meu passado milheresco. 

— Porque parece um piupiu. Olha, tem até pentelhinhos!

Passei a mão no rosto, incrédulo, sem saber como fazer meu amigo voltar a razão. 

— Will, eu não vou colocar camisinha em um milho. 

— Largue de ser chato, eu trouxe ainda um pontudo e fino para facilitar colocar a camisinha. — Will replicou, pegando em seguida mais preservativos na maleta. — E uma cartela, pra depois você tentar sozinho no próprio piupiu. Agora, vamos: coloque capa no seu milhozinho, sim?!

— Eu não vou fazer isso. — Disse resoluto. 

— Tudo bem, então vou contar uma historinha… — Will ameaçou deixar a conversa ainda mais constrangedora. 

— Pelos deuses, não! — supliquei, choramingando. 

— Era uma vez um milhozinho curioso e com frio... — Will me ignorou, começando a contar como se fosse uma história de ninar.

— Por favor, não! — Supliquei novamente. 

— Um dia, ele encontrou uma caminha quente e agradável, um buraquinho que era uma caminha perfeita pra ele dormir. E sabe o que aconteceu?

— Solace, pare… 

— O milhozinho virou pipoca. — Will finalizou, indo de zero a cem muito rápido. — A caminha estava cheia de germes gosmentos que grudaram no milhozinho e fizeram explodir um monte de pipocas no milhozinho, deixando ele cheio de perebas. 

— Eca, você está me deixando com enjoo. — murmurei, imaginando a cena, mas não como uma metáfora, e sim como a mensagem que Will queria passar: um orgão doente. 

— Eco vai ser seu piupiu se pegar uma DST.  — Will replicou. — Agora calado, que eu ainda não terminei. 

— Por favor, me mate antes de continuar. 

— Antes de virar pipoca, o milhozinho deixou algumas sementinhas na caminha agradável. Essas sementinhas ficaram ali, mesmo depois do milhozinho ir embora e foram crescendo, crescendo, até se tornarem milhos gigantes que explodiram a caminha para sair e depois dominaram o mundo. E fim.

Olhei para Will completamente sem palavras. Qual exatamente era a moral daquela última parte da história? Ele tava falando de gravidez ou DST? Sinceramente, não sei. 

— Agora, se o milhozinho tivesse usado uma capa protetora para deitar na caminha, você acha que tudo isso poderia ter acontecido?

— Não. — revirei os olhos. — Não teria acontecido. 

— Peeeeeeeeim! — Will fingiu uma sirene. Mas que raio de onomatopeia é essa?! — Errado. Se ele estivesse com a capa do jeito errado, tudo isso poderia ter acontecido sim. É por isso que você precisa aprender a vestir direitinho. Então, coloque a capa no milhozinho antes que eu conte outra história dessa.

Eu poderia protestar? Poderia, mas ninguém merece outra história de Will.

— Tem que ser um milho? — Choraminguei novamente.

— Pensei que seria mais fácil se você se identificasse com a espécie. 

— Sério?! 

— Estou brincando, é só que é mais fácil de colocar, é pontudinho olha. 

 — Não pode ser qualquer outro vegetal?

— Tipo o que? Uma pinha sexy? Acho que esses são bem dificeis de colocar, não acha?! — Will replicou sarcástico, me fazendo imaginar uma pinha de tanguinha.  

— Por favor, diga que essa não é uma piada sobre Thalia.

— Se você prefere que eu minta. — Will riu, dando de ombros. — Agora ande, coloque uma capinha no meu milhozinho.

— Me dê logo isso. — reclamei por fim e Will me entrou a espiga de milho e uma embalagem de camisinha. 

Desenrolei o preservativo com uma careta, vendo como o tecido era molenga e pegajoso. Peguei a espiga  e tentei encaixar, sem sucesso. 

— Você precisa desenrolar a camisinha depois de encaixar na ponta. — o filho de Apolo aconselhou. — Tome, tente outra. 

Suspirei e aceitei a camisinha, indo abrir  segundo pacotinho com os dentes como fiz com o primeiro. 

— Com os dentes não. — Will advertiu. — Nem com facas, espadas ou tesouras, você pode danificar o preservativo. Qualquer furinho a torna ineficiente. 

Suspirei e, com muito custo, consegui rasgar com os dedos. Posicionei a ponta da camisinha na ponta da espiga, tentando firmar a espiga com a mão direita e enfiar a camisinha com a esquerda, mas além de difícil de encaixar, Will me reprendeu outra vez.

— Você precisa segurar a pontinha, ou vai entrar ar e ela vai estourar. Você precisa das duas mãos para isso.

— Você pode segurar então? — repliquei irritado, sem saber como fazer isso. 

— Quer que eu segure sua espiga? — Perguntou em um tom malicioso, me deixando vermelho.

— Não! Só não sei como segurar. — Quase gritei emburrado, o fazendo rir mais. 

— Prende entre as pernas, ué. — ele deu de ombros. — É onde fica seu piupiu mesmo.

— Eu não vou fazer isso!

— Então quer que eu segure sua espiga? — repetiu malicioso, me fazendo escolher a menos pior.

Segurei a espiga entre minhas pernas de uma forma muito vergonhosa e, com dificuldade, consegui encaixar a camisinha na ponta. Tentei desenrolar várias vezes, segundo a ponta como WIll mandou, mas continuava estranho e muito pegajoso. 

— Vou te dar uma dica. — Will me interrompeu, debochado. — A camisinha está do avesso. 

Praguejei e virei o preservativo, tentando novamente. Depois da quinta tentativa, consegui desenrolar por toda a espiga, com o cuidado de tirar o ar, ouvindo as palmas do Will em seguida. 

— Isso aí, parabéns! Agora o seu milhozinho é um super herói bem protegido!

Will brincou, me fazendo revirar os olhos e jogar o milho nele. 

— Ah, e caso no dia do vamo ver, você tenha dificuldade de fazer seu milhozinho brotar, é normal. — Will continuou, me deixando mais vermelho. — Por isso é mais um motivo para treinar usando a camisinha, você se habitua melhor e diminui o nervosismo.

— Milhozinho crescer? — perguntei, tentando entender a analogia. 

— É, você sabe… ficar com vontade… ter uma ereção, o nervosismo pode fazer o rapazinho dormir, broxar, sabe?

— Pelos deuses, Will, podemos encerrar esse assunto?! Por favor?! E nunca mais falar disso?!

— Poxa, pequeno gafanhoto, só estou cumprindo meu papel de instrutor, médico e seu melhor amigo: quem mais pode te dar instruções saudáveis de sexo?! Por mais que eu adoraria ver suas pipopinhazinhas, eu não quero ser titio tão cedo! 

— Relaxe, Solace, eu não pretendo ter nenhuma pipopinhazinha, muito menos tão cedo. 

— Mas nunca se sabe com os hormônios à flor da pele. — Will retrucou. — Há um mês você odiava Thalia Grace, hoje em dia estão se agarrando pelos cantos. É melhor prevenir cedo. Por isso, tome.

Will me jogou umas vinte camisinhas, me fazendo arregalar os olhos.

— Para treinar como vestir e claro, use sempre que não for um treinamento!  Se precisar demais, basta pedir.

— Vou fazer é balão com isso tudo. — repliquei, jogando um travesseiro em cima dos pacotes laminados. Hazel surtaria se visse isso.

— Duvido. — Will riu, se colocando em pé. — Acho que você vai gastar tudo com uma certa piazinha, isso sim. 

Will riu, piscando o olho e me deixando vermelho.

Não, meu amigo, eu definitivamente jamais gastaria com uma piazinha ou qualquer espécie feminina.

— Solace, chega.

— Apenas quando acabarmos aqui. — Will sorriu, me jogando de volta a espiga com a camisinha.

— Como assim não acabamos?!

— Você não acha que vai ficar com a capa para sempre, não é?! Tem que tirar!

— E como faço isso? — perguntei, revirando os olhos. Melhor ele já me explicar logo do que eu tirar errado e ter que repetir todo o processo, desde o momento de inserir. 

— Primeiro que você deve tirar com o milhozinho ainda duro. — Will explicou. — Você deve fechar a abertura com a mão e ir tirando lentamente, para não derramar se tiver… hã… leite. Depois é só dar um nó no meio dela e jogar no lixo. 

Obedecei, achando bem mais fácil que colocar. 

— Muito bem, Nico. — Will bateu palminhas novamente. — Só mais uma coisa: lembre-se de que camisinha não é só pra não ter neném. Previne várias doenças também. Mesmo se um dia você quiser trocar as piazinhas por milhozinhos, é preciso usar. Inclusive no sexo oral, o que  muita gente esquece. Seja com meninas ou com meninos. 

— E você? — rebati, cansado da aula. — Usa com quem?

Will hesitou por um segundo, o que não era do seu feitio, antes de sorrir encrenqueiro.

— Eu uso pra fazer balão! — Will riu, mas parecia desconfortável. Ele começou a fechar a caixa, como se finalizando a aula. — Escute, se você precisar de mais e estiver com vergonha de pedir, tem uma caixa verde cheia na entrada da enfermaria, no topo da prateleira à esquerda. Fique à vontade pra pegar.

— Ei! Me falaram que ali ficavam as ataduras velhas, isso sim!

— Você era um neném quando chegou aqui. — Will riu, já de pé pronto para sair. — Nós queríamos deixar na caverna da Rachel, assim os campistas mais novos não iriam pegar. E combinamos com ela de sempre fingir uma profecia falando que se não usasse o piupiu ia murchar pra sempre, mas aparentemente era um sacrilégio para o poder do oráculo. 

— Acho que eu nunca pisaria os pés lá. Já é ruim o suficiente pegar essas coisas, imagina ganhar uma profecia de brinde.

— Na minha cabeça seria engraçado. Imagina ir todo feliz transar e descobrir que pra isso tem que enfrentar o fim do mundo.  Infelizmente, Rachel ainda está sem o poder do oráculo e Quíron não deixou. 

— Alguém sensato, pelo menos. Podemos encerrar essa conversa e fingir que isso nunca aconteceu? Por favor? Eu só queria jogar vídeo game hoje.

— Podemos, mas sempre que tiver dúvidas pode me perguntar.  — Will se prontificou, sorrindo. 

— Prefiro fingir que isso nunca aconteceu.

— Olha você até que reagiu bem. Thalia jogou um raio em Alexia. 

— Thalia teve essa mesma conversa? — Estranhei, imaginando quanto deve ter sido desconfortável para a ex-caçadora.

— Aham, há algumas semanas. Alexia disse que foi a pior reação que viu desde que entrou no acampamento e olhe que já fizemos isso várias vezes.

— Tá explicado porque ela foge de Thalia sempre que a vê. 

— Ossos do ofício. — Will deu de ombros, se dirigindo até a porta. — Vamos, vou deixar minha maleta na enfermaria e podemos fazer o que você quiser. 

— Qualquer coisa que não envolva capas. — Murmurei, seguindo Will e desejando esquecer aquela estranha aula.

 


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Notas finais do capítulo

Oiii pessoinhas!
Dessa vez voltei relativamente rápido né?!
A história desse capítulo surgiu em uma conversa com embaixadora do Team Pipopinha, a Dama do Poente.
Como essa ideia surgiu há muitos anos, não tenho certeza de quem foi a ideia do Will e do Nico terem "aquela conversa".
De qualquer forma, os créditos vão para nós duas :D
Espero que tenham gostado da aula, anotado direitinho e se lembrem: USEM CAPA!
Qualquer erro, dúvida ou probleminha estou a disposição!
Ademais, deixem um comentariozinho, vai?!
Pessoal tá usando capa de invisibilidade, mas não é essa que o Will mandou usar!
Me sigam lá no Twitter @hellyIvone e até mais!!



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