Minha família não é pobre. Meu pai trabalha como contador no moinho, meu irmão mais velho é um navegador e minha mãe é professora particular em outra cidade. Normalmente eu ficava em casa, porem com o incidente que aconteceu com meu irmão caçula, meus pais não queriam tirar o olho de mim.

Mamãe tinha decidido que eu iria com ela para a casa da família Tanaka. Ficava em outra cidade, mas eram apenas três horas de viagem. Eu não queria ir... Mais fui obrigada... A mansão dos Taanaka era grande com quatro andares, jardim e quintal. Ao bate4r na porta um dos empregados abriu;

— Bem-vinda Sra.Konori, o Sr. e Sra. Tanaka querem falar com você antes que vá para o quarto de Ruki-sama. - Virou-se para mim e disse com um sorriso gentil - Vejo que essa é a pequena Yui-chan. Olá minha criança, eu sou Kyoshi, o mordomo da família. Me chame caso precise de algo.

Sem saber o que fazer me escondi atrás de minha mãe. Ele soltou uma pequena risada, minha mãe me olhou e sorriu e eu ruborizei. Nós duas entramos na mansão, o mordomo fechou a porta atrás de nós e foi embora, entre os corredores.

— A casa é grande, é muito fácil perder-se se não conhecer nada por aqui. Então fique aqui até eu voltar, ou se preferir vá até o jardim brincar um pouco, caso fique entediada. - Acenti com a cabeça e lhe garanti que não faria nada. Assim que a vi desaparecer pela grande escadaria, comecei a explorar a casa. Eu sei que essa atitude foi uma grande imprudência de minha parte, mas não deve me culpar, eu só tinha 10 anos na época.

Andei um pouco pela casa, que era tão grandiosa e glamorosa por dentro e por fora. Os móveis eram em uma madeira polida e elegante, os quadros presos nas paredes mostravam nobres em seus trajes de elegância no alto da glória. No ar pairava um perfume de rosas e brancas... Minhas prediletas...

Andei um pouco pela casa até ouvir um bela melodia. Era uma voz fina e grave ao mesmo tempo, as letras eram cantadas com acordes magníficos. Segui aquela voz tão bela e doce, até o terceiro andar onde uma porta semi-aberta com um pequeno feixe de luz me chamou. Adentrei o quarto. Quando entrei vi um garoto pequeno, com provavelmente a minha idade. Seus cabelos brilhavam a luz do sol com um tom preto, azulado e um pouco roxeado. Seus trajes estavam impecavelmentes arrumados, seus olhos u meio azuis e um pouco negros me encararam, quando me viu. Parou de cantar e me observou.

Foi ai que tive certeza. Eu realmente tinha certeza.

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