Os Descendentes e a Floresta Sombria escrita por Capitain Fabbris


Capítulo 3
Show de Luzes


Notas iniciais do capítulo

Gente, um capitulo curtinho para vocês sobre os descendentes. É narrado por Emma ♥ Espero que gostem.



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Nota: Avisar urgentemente as autoridades que o Edifício Prestes Maia está um caos.

Estava impaciente. Após quase ser degolada por um pássaro gigante, sofrer ameaças de um Deus com insanidade mental, ainda tive que caminhar dois países inteiros para chegar em um prédio abandonado e perceber que ele estava prestes a desmoronar.

Aos poucos fui percebendo onde estava, por muitas vezes já havia visto os sem teto fazer protestos e não querer sair do lugar, as ruas com um trânsito caótico, e alguém desatencioso sendo assaltado. É, grande São Paulo, avenida prestes Maia.

— Nós precisamos subir ai? – Leonel foi o primeiro a indagar, olhando de cima para baixo o lugar que parecia estar em ruinas.

Dei ombros, o prédio em si parecia ter sido uma construção – ou talvez um projeto de uma construção - rápida. A pintura amarela açafrão se destacava o contorno de todas as Janelas que pareciam nunca ter sido colocadas, e suas laterais brancas destacavam a sujeira de um prédio que nunca fora limpo.  Descreveria o numero de andares que o prédio tem, mas sempre que chegava na contagem do quinto, já havia perdido o rumo e a direção do que eu estava vendo. Mais um ponto para o TDHA.

— Não acho que temos muita escolha, não?

— Sei lá, Breno. – Respirei fundo e olhei em seus olhos – Eu trouxe vocês até aqui, de certa forma, vamos resolver isso e voltar para casa.

— Falando sobre Casa, Emma... – Isaque e Leo se viraram bruscamente com um sorriso no rosto.

— Não, a gente conversa depois. Vamos?

Suspiramos e juntos começamos a andar em direção ao prédio a passos lerdos e pesados, como se um grande peso em nossas costas estivesse atrapalhando o caminhar. Na rua, todos passavam e nos encaravam, mas por pouco tempo e, acredito eu, que estes já estão acostumados com isso.
Estávamos chegando perto da porta, a poucos metros de adentrar o local sem vida quando alguém surgiu do nada, eu diria.
Este alguém era do sexo feminino e possuía uma beleza forte e digna de uma mulher brasileira. Sua pele era morena com um brilho único que se destacava em seu corpo, olhos delineados e negros, boca em um tom vermelho escuro. Tinha o rosto fino e não havia pintura nenhuma sobre seu corpo, com um índio que víamos em livros escolares, muito menos penas ou nuas. Sua roupa parecida ser de lã tingida em um tom vermelho forte, e somente um pequeno sutiã que segurava seus seios volumosos e uma saia longa da mesma lã. Seus olhos brilharam ao nos ver e se aproximou, dando um sorriso que poderia iluminar o dia de qualquer um.

— Descendentes, Anauê! Sejam Bem vindos, eu sou a Picê! – acenou e balançou seus longos cabelos negros.

— Anal o que? – Isaque a encarou, com os olhos vidrados em seu corpo.

— Anauê é um comprimento – Respondeu – Me sigam e fiquem atentos.

Antes que pudéssemos responder, Picê já havia virado as costas e sumido nas sombras de dentro do Edifício Prestes Maia. Não há como explicar a sensação de estar em um lugar como esse. Todas as paredes estavam em ruinas, com pichações horríveis falando sobre a vida que os sem tetos tinham no local. Não havia energia elétrica e ao que parece, o “gato” que os moradores de rua faziam não estavam mais lá, mesmo assim, o lugar estava iluminado. Parecendo ouvir meus pensamentos, a índia se virou para nós, já perto da escada.

— Guaraci deixou uma parte de sua luz aqui – então uma se apagou – mas ainda temos problema com o saci.

— E Guaraná é quem? – Leonel sorriu, surgindo ao lado dela, do nada.

— Guaraci é o Deus do sol – voltou-se seu sorriso a ele, ignorando o nome – Não é a toa que ele gosta de Girassol.

— Ela só fala em rima ou é impressão minha? – sussurrei para Breno e Isaque, que não tinham se teletransportado magicamente ao lado de Picê.

— Você quem é? – Leonel estava ao lado dela, seus olho brilhando, tinha certeza que 50% da iluminação vinha de seu estado caótico pela mulher e não totalmente pelo Guaraná, o Deus do Sol. – Deve ser a Deusa da Beleza, né?

Picê riu, jogando seus cabelos de lado e aproximando seu rosto ao de Leo.

— Sou a Deusa da Poesia, meu caro – voltou a caminhar, ainda falando com o menino de olhos azuis – nada mais belo que a alegria, a poesia te deixa apaixonado.

— É, ela só fala em rimas – Breno sorriu.

— Sigam-me, vamos até o decimo andar. Mas vai ser rápido.

Começamos a caminhar atrás da Deusa em silêncio, admirando as paredes pichadas, as iluminação enigmática que não vinha de lugar algum. Era como se não existissem tetos e a luz solar entrasse nas escadas claramente. Sobre o quesito belo trabalho, o Deus do Sol era ótimo.

— Caralho, porque não fizeram o escritório no primeiro andar? – falei, bufando enquanto subíamos o sexto conjunto de escadas.

— Esse lugar realmente não é fácil – sorriu Isaque – “Édificio”.

Mais uma piada para o acervo de Isaque. Meu Deus, porque ouvi isso? Até mesmo a Deusa parou para encará-lo. Seus olhos se fixaram nele incrédulos com a piada que acabara de ouvir. Mas sua cara séria durara poucos segundos, sorriu novamente, contendo uma risada.

Depois que você passa o sexto andar, já está tão cansado que não percebe os outros andares.Não tinha como estar mais cansado. Em certos momentos ouvia barulhos nas escadas e, acredito eu, que pelo estado do local provavelmente seriam ratos. Assim que chegamos ao pé da escada no décimo andar não havia como não saber onde seria a sala de reunião, ela se destacava das demais, que, entre várias portas quebradas e vão sem porta, estava ela, uma grande porta dourada, provavelmente de ouro, brilhando com a iluminação solar fantasma.

— uau.

Somente Leonel balbuciou, nós três fomos atrás dela em silêncio. Ao se aproximar da porta pude perceber que ela não era feita de ouro, mas sim detalhada com ele, desenhos mínimos se encrostavam em toda a madeira branca, personagens que já conhecia da nossa história, saci, mula sem cabeça. E alguns que eu nunca havia visto na minha vida.  Em sua parte superior, onde deveria estar o olho mágico uma placa grande avisava o que era o local “Sala de Reuniões Alfa” com um pequeno lugar para colocar uma placa solta em baixo, e nesta escrito “Responsável Atual: Picê”.

A índia abriu a porta com classe para um local incrível, e acenou para nos sentarmos a um sofá que cabiam duas pessoas. Me senti dentro de um ônibus as seis horas da tarde, mesmo assim o aperto não pode deixar de tirar toda a beleza do local. As paredes eram brancas no geral, transmutando sempre de um branco opaco a um brilhante, criando imagens de florestas espetaculares somente em uma cor, as mesas e cadeiras eram de mogno e todo o estofado, do sofá e de onde havia a mesa era de um vermelho escarlate, bonito e detalhado com patterns dourados. Na sua mesa, vários bolos dos mais variados tipos, café, leites, bolachas e biscoitos. Mesmo com a comida, o lugar cheirava a rosa.

— Creio que o banquete esteja ótimo – Picê sorriu, me tirando dos pensamentos – vamos conversar primeiro e comer por ultimo.

— Ah, acho que sim  - olhei, estranhando sua bondade – tudo bem né gente?

— Sim – Breno e Isaque sorriram.

— Eu só quero conversar com você – Legal. Leonel estava enfeitiçado.

— Beleza, vamos colocar o jogo na mesa. Meu nome é Picê e eu vou instrucionar vocês. – ela pegou uma caixinha de música em um canto de um dos móveis e colocou sobre a mesa, se sentando em uma poltrona confortável e nada apertada – Isso é o Extrion, e vai mostrar a vocês o que vocês são.

Provavelmente foi uma das coisas mais incríveis que eu já havia visto na minha vida. Assim que Picê abriu a caixa, um show de luzes começou a pairar sobre o cômodo que estávamos, brincando ao nosso redor até se centrarem entre nós. Uma voz parecia ecoar na minha cabeça, criando uma narração louca para tudo o que estava acontecendo.

As luzes se transformaram em um casal indígena. Eles estavam a espera de um bebê, e a índia de cabelos curtos urrava de dor. Foi quando um homem alto, que minha mente o chamara de Rudá colocou suas mãos sobre a barriga da índia, juntamente com o bebe parindo. Tanto o homem, quanto a mulher não o viram. Mas a criança agora era nascida Descendente de Rudá, protegida pelo amor, escolhida do amor. Ela e mais uma criança foram escolhidas por Deuses distintos. Logo quando cresceram, uma guerra aconteceu. As luzes das duas crianças podiam se ver adultas, batalhando com um monstro que eu nunca vira. A tribo indígena em questão estava em desespero. Ocas explodiram em um turbilhão de fogos enquanto o ser tentava destruir o local. Mas os dois adultos, anteriormente bebês conseguiram os derrotar.
O cenário mudou, casais indígenas, casais de todo o brasil, de toda a miscigenação que já havia ocorrido. Todos virando descendentes, com um problema em questão. E então as luzes se extinguiram, e o local ficou brevemente escuro, até a luz do sol voltar a imperar.

Picê nos olhava com atenção. E eu poderia imaginar que estava feliz conosco. Nós quatro estávamos com cara de espanto, virando de um lado ao outro tentando conseguir explicações. Então a índia se levantou e se o clima mágico estava bom, ela acabara de cortar. Picê estralou seus dedos longos e finos, fazendo a porta abrir bruscamente, no mesmo instante, três garotas caíram de cara no chão. Obviamente espionando a conversa.

— oh! Vocês três novamente – A Deusa da Poesia as encarou, revirando os olhos – explique pra eles, eu vou é para o meu deleite.

E ela sumiu.


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Notas finais do capítulo

Galeraaa! Espero que estejam gostando



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