Resident Evil: Esquadrão Alfa escrita por Rossini


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem.



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Brian moveu-se velozmente, posicionando-se ao lado direito da porta do apartamento. Olhou para seus companheiros e, em silêncio, indicou as posições que cada um deveria assumir. Takashi agachou em frente à porta, pronto para entrar. Randy ficou em pé, também de frente para a porta, apenas alguns passos mais afastado do que o japonês. Ivana posicionou-se ao lado esquerdo da porta. Todos estavam prontos e com armas em mãos.

Brian abriu a porta com força e, um a um, eles entraram no apartamento.

*****

Yuri entrou no apartamento, devagar. As mãos erguidas na altura dos olhos e todas as suas armas guardadas. Não queria assustar aquele homem – “Especialmente porque ele está armado...” – O veterano sabia que era capaz de assustar alguém mesmo sem armas. Ele relaxou o rosto, evitando ao máximo contrair o cenho.

Aos poucos, Yuri pôde ver o interior do apartamento. Sem pensar muito, ele continuou a entrar. Um passo depois do outro, sem pressa. Os olhos azuis analisando o que julgou ser a sala. No fundo do cômodo, atrás de um sofá velho, estava um homem armado.

O cano da pistola tremia e os braços do homem vacilavam, mas, ainda assim, a arma estava apontada para o russo.

Ao observar o rosto daquele homem, Yuri conseguiu ver que ele havia sido totalmente consumido pelo medo. Os olhos estava arregalados, mas o olhar parecia distraído. Não pareciam focar o grande homem barbudo que acabara de entrar em seu apartamento. Grandes gotas de suor brotavam da testa e das têmporas. Os lábios trêmulos e contraídos.

Yuri deu um último passo para dentro do apartamento, então os olhos do homem assustado se fecharam. Ao mesmo tempo, uma pequena explosão no cano da arma lançou o projétil para fora.

O disparo foi rápido e inesperado. O comandante não teve tempo de pensar, apenas obedeceu seus reflexos. Ele se abaixou, levando a mão direita ao coldre, e puxou a pistola, mirando seu agressor. Estava pronto para atirar. O dedo indicador já começava a pressionar o gatilho quando Yuri percebeu algo inesperado. Sua arma continuava a mirar o homem, mas o dedo já não estava tão tenso.

O homem estava debruçado sobre o sofá, aparentemente chorando. Seu corpo inteiro tremia. A arma estava no chão, próxima aos pés da mesa de centro.

A porta do apartamento se abriu, fazendo um som estrondoso ao atingir a parede. Yuri pôde ver o seu esquadrão entrando de forma muito organizada, como se trabalhassem juntos há muito tempo.

Um a um, os membros da equipe entraram no apartamento e se posicionaram. As armas apontadas para o homem, que continuava largado sobre o sofá velho.

Brian olhou para Yuri, que estava ajoelhado no chão com a Bereta firmemente apontada para o estranho:

— Senhor. – começou Brian, se aproximando do comandante. A arma ainda apontada para o homem atrás do sofá – O que aconteceu? O senhor atirou nele?

Yuri olhou para o rapaz, sem entender a pergunta – O que? Não! Foi ele quem atirou.

— Então... – com os olhos, Brian buscou por algum ferimento ou mancha de sangue – O senhor está ferido?

— Não. Pode ficar tranquilo, garoto. – ele apontou para o buraco que o tiro havia feito na estante ao seu lado – Tive um pouco de sorte.

O russo se levantou e guardou a Bereta no coldre. Sem tirar os olhos do homem, ele sinalizou para que todos continuassem alertas e se aproximou do sofá. Quando chegou perto, pôde ouvir a voz abafada do estranho, resmungando alguma coisa:

— Eu...Eu não... – soluçava - ...Não consigo...

 - Senhor? – Yuri chamou com a voz mais serena que conseguiu.

O homem levantou a cabeça. Estava nervoso e com medo. Tentava, com todas as forças, se acalmar.

— Meu nome é Yuri Sabrenski. O senhor está bem?

— Eu...atirei em você... – a voz era um misto de vergonha e arrependimento – Me desculpe...

— Você errou. – ele apontou novamente para o móvel danificado pela bala. O cenho se contraiu levemente. Estava receoso em relação ao estranho.

— Vesgo... – Randy falou baixo e sorriu. Continuou sorrindo, mesmo depois de sentir o cotovelo de Takashi batendo contra sua barriga.

O homem se levantou devagar. Ainda tremia um pouco, mas estava visivelmente mais calmo. Ele manteve a mão esquerda pressionando a lateral do corpo, onde havia uma grande mancha de sangue – Meu nome é Robert. Robert Richardson. – ele olhou curioso para o restante da equipe – Vocês realmente são uma equipe de resgate?

O grande homem barbudo manteve o olhar firme e respondeu com um aceno de cabeça – Fomos enviados para procurar por sobreviventes. Você está bem? – os olhos de Yuri pousaram sobre a grande mancha de sangue na lateral esquerda do corpo do homem.

Robert sorriu nervosamente enquanto tirava a mão do ferimento – O quê? Isso? É só um arranhão...Não precisam se preocupar.

Ivana se aproximou rapidamente do civil e, sem direcionar seus olhos aos dele, começou a analisar o ferimento. Robert, assustado com a movimentação repentina da mulher, deu alguns passos para trás, se esquivando das mãos dela.

A médica olhou para Yuri, como se pedisse ajuda.

— Deixe-a dar uma olhada na ferida. – o comandante estava impaciente – Ela é médica.

Robert pensou um pouco, mas acabou por assentir. A expressão em seu rosto mostrava claramente que não se sentia à vontade com a situação.

Ivana localizou o local onde a camiseta estava rasgada e, sob os protestos do homem, abriu mais ainda o buraco, para ter acesso à origem do sangramento.

Ela analisou cuidadosamente o local. Eram três cortes. Um deles era superficial, mas os outros dois eram profundos e estavam bem abertos. A disposição dos cortes lembrava uma mordida, mas era diferente de uma mordida de cachorro. A coagulação do sangue mostrava que a ferida havia sido causada há pouco menos de 4 horas.

A médica passou os dedos sobre a pele avermelhada ao redor dos cortes e pressionou-a levemente, fazendo uma secreção amarelada escorrer pela carne rasgada e o paciente urrar de dor. Um cheiro forte e característico irrompeu da secreção. Não havia dúvidas de que estava em um estágio avançado de infecção.

Ivana pegou a bolsa médica que levava na cintura e abriu-a no chão, revelando uma grande quantidade de remédios e aparatos médicos. Muito mais do que parecia caber na pequena bolsa.

Ela pegou um pequeno frasco que continha algum tipo de pomada, e uma faixa – Está bem infectado. Você precisa de tratamento urgente, caso contrário pode morrer por infecção generalizada. Vou passar essa pomada antibiótica e fazer um curativo. É o que consigo fazer no momento. – com a expressão completamente fria, ela olhou fundo nos olhos do homem – Vai doer.

Robert ficou tão apavorado com o comentário da mulher que quase esqueceu de gritar quando ela começou a espalhar a pomada nos cortes fétidos.

Randy e Brian estavam espantados com a frieza da médica. Ela não parecia sentir nenhum tipo de compaixão pelo paciente. Ele continuava urrando e xingando, mas a mulher simplesmente continuava a fazer o atendimento com seu olhar vazio, repreendendo o homem quando ele se mexia.

Ivana finalizou o curativo e guardou a bolsa na cintura – Isso deve ajudar, por enquanto. – a voz era suave e despreocupada. Ela olhou para Robert – Como conseguiu uma ferida dessas?

O homem desviou ligeiramente o olhar – Hmm... Eu... – ele parecia buscar pelas palavras certas – Eu estava correndo e esbarrei em um carro. – Robert sentiu todos os olhares se voltando para ele.

— Interessante... – Ivana começou a se levantar, os olhos fixos no homem – E em que momento você foi mordido? Porque isso – ela cutucou o curativo, fazendo Robert se contorcer de dor – Não é um arranhão qualquer.

— Quer nos contar o que está acontecendo, Sr. Richardson? – Yuri tinha os braços cruzados e o olhar cortante. Era evidente que não confiava no homem. O restante do esquadrão se aproximou, colocando mais pressão sobre o Robert.

O homem estava inquieto. Como um reflexo nervoso, ele coçou o braço esquerdo por alguns segundos – Bem... Eu... – ele parou, subitamente parecendo menos agitado – Vocês... sabem o que aconteceu com a cidade, não é? Uma verdadeira catástrofe.

Todos permaneceram quietos, esperando que ele continuasse.

Robert limpou a garganta – Ninguém sabe ainda o porquê, mas começou a acontecer uma série de assassinatos na cidade. A polícia estava fazendo o que podia, mas não chegavam à uma conclusão. – ele parecia um pouco tenso – As pessoas ficaram com medo. Não demorou até que o pânico tomasse conta da cidade. Imagino que não seja necessário dizer isso à vocês, mas o medo muda as pessoas. – ele tossiu com força – As pessoas se tornaram agressivas e descontroladas, atacando umas às outras. Foi em um conflito desses que eu fui mordido. Por uma mulher, - acrescentou -  Enquanto tentava ligar meu carro.

— E o que você fez com ela? – Brian perguntou prontamente.

Robert pareceu confuso ao olhar para o garoto que o questionava. Como se julgasse se devia explicações para ele – Desculpe. O que eu fiz com quem?

—Não se faça de desentendido! – a voz impaciente de Yuri agrediu levemente a orelha do homem – O que você fez com a mulher que te atacou?

— Que tipo de pergunta é essa? – Robert tossiu repetidas vezes– É claro que me defendi. Não é isso que vocês fariam? – a voz mostrava irritação – Vocês acham que eu ficaria lá sendo mordido e atacado, sem reagir?

— Certo. Só responda uma coisa. – o comandante descruzou os braços. Uma das mãos segurava o cinto e a outra repousava sobre o coldre – Quando você terminou de “se defender”, a mulher estava viva?

Pensativo, o homem olhou para o chão e permaneceu em silêncio. Seus olhos focaram a pistola que havia derrubado. A resposta para a pergunta do russo já era bem óbvia – Vocês vão me matar? – perguntou com a voz ligeiramente alterada pelo medo.

— Nós vamos te tirar daqui. O que vai acontecer com você depois não é problema meu. – Yuri abriu um dos bolsos e pegou um par de algemas, enquanto se dirigia ao homem – Mãos para trás! Sem gracinhas!

Robert obedeceu, ainda com os olhos em sua arma. Levantou a cabeça e viu que os demais membros do esquadrão de resgate estavam com a armas prontas. Não valia a pena arriscar. Ele sentiu o metal frio apertando seus punhos. Uma sensação de claustrofobia começou a percorrer seu corpo. Não sabia o motivo pelo qual havia mentido para eles. Talvez ele mesmo não acreditasse no que realmente estava acontecendo.

— Brian! Acompanhe o Sr. Richardson até o corredor. – com uma certa leveza, o comandante empurrou Robert em direção ao jovem. – Eu vou dar uma olhada nesse apartamento.

— Entendido! – segurando seu rifle apenas com a mão direita, Brian colocou a mão esquerda nas costas do homem e começou a conduzi-lo para fora, seguido por Randy e Takashi.

Ivana se aproximou do comandante, em silêncio. Os olhos azuis varreram o local antes de se voltarem à Yuri – Senhor... – ela chamou baixando ligeiramente o tom da voz – Não estou certa sobre a história que aquele homem acabou de nos contar.

— Por que diz isso? – levou a mão esquerda à barba, em curiosidade.

— A mordida. – ela cruzou os braços, como se a resposta fosse óbvia – Durante uma briga comum, uma mordida não deixaria mais do que uma marca, talvez até um corte leve. A profundidade daqueles cortes indicam que, o que quer que tenha mordido ele, queria arrancar um pedaço da carne. E quase conseguiu.

Yuri continuou a coçar a barba, com um olhar pensativo – É... – começou – Eu senti que ele não estava sendo totalmente sincero. Talvez ele saiba que não temos conhecimento do que realmente aconteceu e tenha inventado uma história.

Randy entrou no apartamento – Ivana! – havia muita urgência em sua voz – Vem rápido! Aquele cara não tá bem.

O comandante e a médica trocaram olhares e saíram do apartamento. Logo que chegaram ao corredor, viram Robert Richardson ajoelhado no chão, tossindo com força. Uma pequena poça de sangue se formava à sua frente, aumentando a cada tossida.

Ivana se moveu com velocidade e precisão. Após as algemas serem removidas, ela ajudou o homem a se deitar e verificou seus batimentos cardíacos. Robert continuou a tossir, e um pouco de sangue respingou no rosto da médica, mas ela sequer deu atenção. A temperatura do homem subia rapidamente e seu corpo começou a tremer:

— Merda! –ela exclamou com urgência – Segurem ele.

Brian e Randy seguraram o tronco de Robert, enquanto Takashi segurava as pernas.

Ivana analisou os membros inferiores e superiores do paciente e pôde ver claros sinais de palidez, indicando a falta de irrigação naquelas áreas. Ela abriu a bolsa médica e retirou uma pequena bolsa de plástico, cheia com um tipo de líquido e um longo e fino tubo flexível, com uma pequena agulha em uma das extremidades. Sem perder tempo, ela perfurou a pele do braço esquerdo do homem, fazendo uma ligação entre a veia e a pequena bolsa de soro fisiológico:

— Segure isso alto. – ela disse, enquanto entregava o soro a Brian – Isso deve melhorar a hemodinâmica e fazer o sangue voltar a circular nos braços e pernas.

Robert subitamente parou de tremer. Estava imóvel. A respiração era forte e apressada. Os olhos vermelhos estavam voltados para frente, sem focar nada.

— Ele está bem? – Takashi já havia se levantado e olhava para o homem deitado.

— É difícil dizer. – Ivana estava ajoelhada ao lado de Robert, novamente monitorando a frequência cardíaca. Levou uma das mãos à testa do paciente para checar a temperatura do corpo – Está com muita febre... e o coração está acelerado. Só pode ser um choque séptico. Estranho... – ela estava intrigada – Nunca tinha visto um vírus agir tão rápido.

— Você consegue salvá-lo? – Yuri se ajoelhou do outro lado do homem, de frente para a médica. Ele estava preocupado, apesar de manter a expressão séria.

— Estou fazendo o melhor que posso, senhor. – Os olhos frios de Ivana encontraram os de Yuri – Mas não temos condições para tratá-lo aqui. Ele vai morrer, senhor.

Ao ouvir as palavras da mulher, o veterano olhou para baixo. Viu Robert deitado no chão. O olhar era distante e o rosto inexpressivo. Sua respiração se mantinha acelerada, mas a amplitude de inspiração e expiração havia se encurtado. As pálpebras relaxaram, até quase se fecharem e a cabeça tombou para o lado esquerdo, como se o homem quisesse falar algo para Yuri:

— Perda de consciência. – a médica soltou o braço do homem e retirou uma pequena seringa de um de seus bolsos.

Curioso, Yuri observou a mulher enfiar a agulha no braço direito do paciente desmaiado. O tubo destacável da seringa foi rapidamente preenchido com o espesso líquido vermelho-azulado:

— O que está fazendo? – perguntou o comandante.

— Pegando uma amostra de sangue. – ela respondeu sem olhar para ele – Esse vírus não é comum. A velocidade com que ele age é muito elevada. Quero examiná-lo mais tarde.

Brian, que continuava ajoelhado ao lado de Robert segurando a bolsa de soro, percebeu que o homem havia acabado de falecer. O tórax, que antes se movimentava rapidamente devido à respiração acelerada, cessou completamente suas atividades:

— Perdemos ele. – disse em voz baixa, enquanto soltava a pequena bolsa de soro, quase vazia. Seu rosto mostrava uma grande frustração. Uma pessoa que ele deveria salvar havia acabado de morrer, bem diante de seus olhos. Não era a primeira vez, mas isso não queria dizer que mais fácil de se lidar.

Yuri, percebendo a frustração de Brian, colocou a mão sobre o ombro dele – Vamos, garoto. – a voz era calma e acolhedora – Fizemos tudo o que podíamos.

O jovem se levantou abruptamente e se afastou do corpo. O semblante se mantinha contraído.

Randy se aproximou do comandante, com um sorriso bobo estampado em seus lábios – Acho que ninguém mais quer ficar nesse andar, certo? – a brincadeira não foi bem recebida por nenhum de seus companheiros. Ele deixou de sorrir e limpou a garganta – Acho que devemos seguir para o próximo andar, senhor. Não acho que possamos encontrar mais nada aqui.

Yuri chegou a estranhar a seriedade do atirador. Olhou em volta, passando seus olhos por cada centímetro do corredor – Acho que você está certo, Randy. – ele começou a ir em direção às escadas, seguido pelos demais membros do esquadrão – Estamos perdendo tempo. Vamos fazer uma busca rápida pelos outros andares e sair logo desse prédio. Não aguento mais ficar aqui.

O esquadrão desceu, mais um vez, as escadas e parou em frente à porta que dava acesso ao 3º andar. O ritual continuou o mesmo: Yuri sinalizou a todos que esperassem e colocou o ouvido na porta. Dessa vez, no entanto, o resultado foi um pouco diferente. Ele ouviu um ruído estranho vindo do corredor. Era um som animalesco e nojento. O comandante se afastou da porta e sinalizou para que todos se preparassem.

As porta se abriu, mas nenhuma luz se acendeu dessa vez. Fora a iluminação que vinha da porta aberta do elevador, estava tudo escuro. O corredor estava ainda mais sujo do que o anterior. O cheiro de podridão preenchia completamente o ar. Próximo à porta do elevador, havia uma figura de costas para eles. Era uma pessoa. Estava de joelhos. As roupas sujas e rasgadas, como as de um mendigo. O som aumentava e se tornava mais claro à medida que a equipe se aproximava, em silêncio. Era o som de alguém mastigando de boca aberta.

Um ruído agudo ecoou pelo corredor, quando Ivana pisou em um caco de vidro. Todos pararam, e permaneceram atentos.

Sem parar de mastigar, a estranha pessoa começou a se virar na direção deles. O rosto se revelava lentamente. Aos poucos, eles puderam ver a face deformada de uma mulher. O lado direito do rosto havia sido dilacerado. Grandes cortes na bochecha deixavam expostas as fibras musculares, igualmente danificadas. O olho havia sido destruído, deixando apenas um grande buraco de sangue coagulado no lugar. A boca continuava a mastigar, fazendo grandes pedaços de carne sangrenta caírem no chão.

Logo que a estanha começou a se levantar, todas as armas foram apontadas para ela:

— Parada! – rugiu Yuri, quando a mulher deu seu primeiro passo débil na direção deles – Não dê mais nenhum passo!

Não adiantou. Ela soltou um lamento cansado e continuou a se aproximar deles.

— Parada, senão eu atiro! – O comandante apontou o rifle para a testa da mulher.

Mais um passo. Yuri deu um tiro no chão, perto dos pés da estranha, mas ela continuou a avançar lentamente, com seus passos vacilantes.

Um projétil bateu contra o joelho da mulher, fazendo-a ir ao chão. Yuri olhou para o lado e viu Randy, empunhando sua Glock 17:

— É isso que acontece com quem não obedece. – brincou o atirador, mas rapidamente se calou quando viu que a mulher se arrastava na direção deles.

Randy deu mais três tiros nas costas dela, fazendo costelas se partirem e pedaços de carne voarem pelo corredor. Nada parecia surtir efeito. Cansado e confuso, ele decidiu atirar na cabeça. O projétil de 9mm perfurou o crânio da mulher com violência. Um líquido enegrecido escorreu pelo rosto mutilado. Estava morta.

Ivana se pôs a examinar o corpo da mulher, enquanto Takashi foi até o elevador para verificar o que a estranha estava comendo. A imagem que tinha diante de si, aliada ao odor acre, quase fizeram o japonês vomitar. Ele se afastou, lutando contra a forte ânsia que havia o atingido:

— É uma pessoa! – a voz de Takashi fraquejava, tentando conter o mal-estar que sentia.

Os demais se aproximaram da carcaça ensanguentada e fétida. Era uma imagem tenebrosa. O rosto havia sido quase que completamente desfigurado, faltavam pedaços dos braços e pernas e o tórax estava totalmente aberto, deixando exposto o que havia sobrado das tripas:

— Canibalismo... – a voz de Randy soou séria e receosa. Nem mesmo ele conseguia brincar nessa situação.

— Não faz sentido! – Yuri olhava da carcaça ao corpo da mulher – A cidade está fechada há apenas dois dias. Não podem ter esgotado as reservas de comida à ponto de terem sucumbido ao canibalismo... Não entendo...

Takashi foi até o canto do corredor e começou a vomitar. Nunca havia se deparado com uma cena tão grotesca.

Ivana voltou a examinar o corpo da mulher. Algo não estava certo.

Ela avaliou os buracos de bala, os cortes profundos e a fibra muscular exposta. A coagulação do sangue não batia. A médica, sem entender, ajoelhou-se no chão. O rosto refletia a confusão que se formava em sua mente.

Vendo o cenho da mulher transformado pela incerteza, e deixando de lado o quão estranho foi ver o rosto dela finalmente deixando de ser inexpressivo, Yuri se aproximou de Ivana – O que foi? – a voz saiu com mais preocupação do que deveria.

— Não faz sentido... – ela olhou para o comandante, novamente com sua face desprovida de emoções, mas com um leve resquício de receio em seu olhar – O sangue, a pele, as feridas... – Randy e Brian se aproximaram para ouvir Ivana. Takashi continuava no canto, cuspindo o restante de bile que havia ficado em sua boca – Não fomos nós que matamos essa mulher. De acordo com a decomposição da pele, ela já está morta há uns...três dias.

 O efeito da notícia foi o mesmo em todos. Mesmo o japonês, que estava afastado do grupo, tinha os olhos arregalados em puro espanto e dúvida.

Yuri abriu a boca mas, antes que pudesse dizer qualquer coisa, o som de metal sendo amassado e vidros quebrando invadiu o ambiente.

Rapidamente, todos entraram no apartamento 32 e foram até a janela. Lá embaixo, na calçada, uma viatura da polícia havia batido contra o prédio. Parecia haver algum tipo de movimentação no interior do carro. Quem quer que estivesse dirigindo, parecia estar vivo, mas não tinham tempo para descer e ajudar. Um grande caminhão em chamas estava se aproximando, em alta velocidade. Iria bater contra o prédio em poucos segundos.

Yuri empurrou todos para longe da janela – Corram! – seu grito foi seguido por um estrondoso som de explosão.


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