Harry Potter And The Slytherin Tale escrita por DewDrop-chan


Capítulo 2
The Serpent’s Appeal


Notas iniciais do capítulo

Pra quem não sabe muito inglês, "SweetBroom" pode ser traduzido como "VassouraDoce".



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Já fazia mais ou menos uns quarenta minutos desde que Rony se levantara da cadeira para ir à Madame Malkins sozinho, antes de cair na tentação de gastar todo o dinheiro dele com comida ao invés de reparar o traje a rigor. Apesar de a mesa deles ser vizinha a uma janela, nenhuma das pessoas do lado de fora parecia reconhecível por trás do vidro embaçado. Hermione de vez em quando dava olhadinhas para os lados, como se estivesse estranhando o lugar. E analisando bem, havia mesmo algo de diferente no Três Vassouras naquele dia; apesar de sempre repleto de gente, o estabelecimento nunca esteve tão lotado e, ao mesmo tempo, tão cheio de cadeiras vazias. Alguém talvez tivesse enfeitiçado tudo para que o local crescesse por dentro cada vez que alguém entrava. Por outro lado, isso não seria de todo estranho. O Três Vassouras era localizado numa rua bruxa, e, o mais importante, num ponto comercial bruxo em época de festividades natalinas.
Harry tentou concentrar a atenção na cerveja amanteigada de seu copo, mas não conseguiu. Passou a mão sobre a testa. Estava suando, o que era estranho, o ambiente não estava quente o bastante para isso. O garoto da Corvinal ainda lia O Profeta Diário, e a nova página à mostra agora tinha como destaque um informativo sobre a criação de dragões na Romênia. Lino acabara de virar o terceiro copo grande de cerveja amanteigada e agora tomava um pequeno de chocolate. Neville estava folheando o livro da garota de trança que, ao que parecia, era alguma enciclopédia botânica, enquanto a própria garota conferia um tipo de lista de compras anotada num pedaço de papel dobrado, com a ajuda do colega de capa sentado ao lado, e lentamente caixinhas e embrulhos diversos eram postos por eles sobre a mesa.
– Torta de abóbora da SweetBroom?
– Confere.
– Whisky fluorescente?
– Confere.
– Meias novas?
– Meu pai comprou ontem. E os bombons-surpresa de pimenta?
– Confere.
Havia algo naquele diálogo tão simples que estava incomodando Harry. Deu mais um gole na cerveja amanteigada, mas parecia nem sequer ter gosto... era como engolir vento. Tudo ao seu redor, a cadeira, a mesa, tudo parecia ser feito de vento. A garota de trança... Qual o nome mesmo dela? Celina? Não... Selene. Isso, o nome dela era Selene! E o garoto que conversava com ela e o garoto de cachecol? Nada, não tinha nem idéia dos nomes. Mas não tinha muita importância, nem prestou atenção ao rosto deles – para Harry eles eram de vento também. Era a voz de Selene que o estava incomodando, aquele tom esguio e polido, chegando aos ouvidos do jovem bruxo tal qual o sibilar de uma serpente...
– Harry?
Ele deu um pulinho de susto sentado na cadeira ao sentir a mão sobre sua mão. Como voltar ao próprio corpo depois de uma tenebrosa viagem às nuvens; Hermione o salvara e trouxera-o de volta.
– Harry, você tá tão pálido... Está se sentindo bem?
– Hein? Ah, estou sim... Só tava pensando numas coisas.
– Então vê se pára de pensar nessas “coisas” antes que você desmaie!
Harry deu um sorrisinho constrangido. Devia estar parecendo um doente idiota, suando frio e encarando o caneco de cerveja amanteigada sem beber. Mas era bom saber que tinha alguém se importando com ele... Esse era um dos motivos que o fazia gostar tanto de Hermione.
Rony voltou, e largou-se na mesma cadeira que ocupara antes de sair. A expressão de seu rosto era um misto de frustração e raiva que chegava a ser deprimente. Agora foi a vez de Harry engolir o repentino mal-estar e ficar preocupado com o amigo.
– Erh... Como foi a ida na Madame Malkins?
– Quer mesmo saber?
– Ué, quero...
– Eu não fui.
– Como assim não foi?!
– Eu não fui! Tinha uma plaquinha na porta avisando que a loja só vai abrir de noite! De noite, Harry, de noite! – ele repetiu, como se a informação ainda não tivesse sido captada direito – No horário em que a gente já vai estar de novo em Hogwarts!
– Puxa, Rony, eu sinto muito, muito mesmo...
– Deixa pra lá! Eu não queria ajeitar aquela maldita roupa mesmo! – ele resmungou, num tom irritadiço – Eu não queria ir naquele baile mesmo! Eu não queria dançar mesmo! Eu não queria... oba, to com sede! – Rony pegou o caneco de cerveja amanteigada do Harry e bebeu tudo de uma só vez.
– ...
– Fora isso, ainda tem alguma coisa que a gente esqueceu? – disse o garoto ao lado de Selene, verificando a lista na mão dela.
– Acho que não, Ced.
– “Ced”? Seu nome é “Ced”? – Hermione deu um risinho, achando o nome engraçado.
– Cedwick Fox, ao seu dispor, milady. – o garoto sorriu e deu um beijinho na mão de Hermione, fazendo a jovem bruxa ruborizar.
Só aí Harry se viu obrigado a reparar no tal ‘Ced’, porque Rony acabara de dar nele um chute involuntário por debaixo da cadeira, e o outro retribuíra chutando sua canela por engano. Cedwick era pálido, embora não tanto quanto Selene, tinha olhos castanho ultra-claros e um cabelo negro curto que, apesar de penteado para trás, deixava alguns fios perto da testa pendendo naturalmente soltos, numa displicência suave que lhe aumentava o charme. Se Harry fosse mulher talvez admitisse tê-lo achado bonitinho.
Selene inclinou-se para Cedwick e cochichou algo em seu ouvido, baixo o bastante para ninguém além dele ouvir. Fosse o que fosse, a reação dele foi largar a mão de Hermione com um ímpeto que lembrava o de levar um choque elétrico e colou o rosto na janela, com uma súbita aparente impressão de ver alguém conhecido em meio à multidão e aos flocos de neve. Nesse movimento, a capa de inverno lhe escorregou alguns centímetros para baixo, permitindo a visão da reluzente insígnia de Sonserina no lado esquerdo do peito do uniforme escolar. Harry viu, de relance, Hermione remexer-se inquieta no seu respectivo assento.
A sineta de entrada na porta do Três Vassouras não parava de tocar um segundo, e bruxos e mais bruxos adentravam o recinto. Seria quase impossível distinguir alguém dali à distância. Pessoas se espalhavam e buscavam mesas desocupadas em meio a um mar de capas. Selene cochichou mais alguma coisa a Ced, recolheu os pacotes dela, levantou-se da cadeira e saiu.
Hermione fitou uma única caixinha deixada em cima da mesa, depois a garota que se levantara e sumira em meio à multidão clientela. Não estava mais à vista, mas ainda devia estar dentro do estabelecimento.
– Ei, espera, você esqueceu a...
A bruxa de cabelos castanhos levantou-se da cadeira e ergueu o braço para chamar a outra de volta, mas teve o pulso agarrado por uma mão enluvada.
– Não ponha essa sua mão suja na minha namorada, Granger.
O olhar de Hermione percorreu a luva negra, o braço envolto por um uniforme escolar com a capa de inverno por cima e se deteve no rosto da pessoa que a prendia, nos olhos cor de grafite e no cabelo louro-platina cheio de gel penteado cuidadosamente para trás. Draco soltou o pulso de Hermione e olhou para a própria mão, como se tivesse acabado de tocar em algo demasiado nojento que deixara algum resíduo, e sussurrou aquela palavra que era a marca da fala de todos os sonserinos já bem conhecidos por Harry:
Sangue-Ruim...
Isso mesmo, “Sangue-Ruim”. De novo aquele termo. Parecia que o soco que Hermione lhe acertara no terceiro ano não havia sido suficiente.
– RETIRE O QUE DISSE, MALFOY! – Rony berrou, saltando da cadeira e empunhando a varinha para o pescoço de Draco.
Algumas das pessoas presentes nas outras mesas viraram-se para olhar a cena. O rosto de Ronald Weasley estava quase tão vermelho quanto seu cabelo. Que feitiço iria usar? Qualquer que fosse, causaria confusão. E pela expressão de Rony seria o mais doloroso e punidor que ele conseguisse pensar.
– Rony, não faz isso! – Hermione agarrou o braço de Rony e o puxou para trás.
– Rony, calma, não faça nenhuma besteira! – Harry ajudou Hermione a segurar o amigo ruivo e fazê-lo baixar a varinha – É isso que ele quer! Fazer você se meter em encrenca!
Rony bufou, mas deixou-se ser guiado pelos dois amigos até a saída. Logo após a porta, Hermione olhou para trás com uma careta, enojada pela atitude de Draco. Mas também, quando é que o Draco não os deixara enojados?
Harry respirou fundo, aliviado. Conseguira. Estavam saindo do Três Vassouras. Estava são e levando os amigos com ele, levando Hermione para longe dos insultos injustos e Rony para longe dos problemas com o Malfoy. E ele levava a si mesmo para longe de Selene, aquela garota-serpente querendo que a presa olhasse-a nos olhos para hipnotizá-la e dar o bote.
Voltou-se à lista de compras e sorriu. A próxima parada: Zonkos.

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Notas finais do capítulo

Mandem reviews! o/