"Aiiii...." Dipper acordou com uma horrível dor de cabeça, a boca se encontrava amarga e não tinha muita certeza do que que aconteceu na noite passada. 

O menino saiu cambaleando da cama, sedento por um pouco de agua fresca. Dipper fez seu caminho até a cozinha onde Stan lia o jornal. Assim que Dipper entrou, a postura de Stan se tornou desconfortável, o velho parecia desesperado para se esconder atrás do jornal. 

"Que horas são?" O menino perguntou enquanto enchia o copo com agua da torneira.

"Deve ser 1:30...." Stan respondeu sem olhar para Dipper. 

"Cara.... Não acredito que é tão tarde, foi uma péssima ideia deixar o Bill pegar meu corpo emprestado...." 

"Como é?!" Stan perguntou surpreso. Só então Dipper percebeu que tinha deixado escapar algo comprometedor. "Você deixou o Bill possuir seu corpo? Tipo ontem?" 

"Sim....... Talvez......" 

"Oh graças a Deus!" Stan não se preocupou em esconder o alivio que sentia por saber que o sobrinho-neto não tinha flertado com ele, isso havia perturbando-o a noite e a manhã toda. 

"Hnn?"  Dipper fez em confusão.

"Vai garoto, vai brincar." Stan disse com um sorriso no rosto enquanto voltava a ler o jornal. 

Dipper deu ombros e apenas foi em direção da porta da frente, ele queria encontrar Mabel e explicar tudo do dia passado. Mabel estava possivelmente assustada pensando que o irmão tinha sido possuído por um demônio, Dipper lhe devia uma explicação. 

Ele encontrou-a do lado de fora da cabana brincando com Waddles, ela parecia triste de certa maneira que até doía vela ali acariciado a cabeça do porquinho. 

"Mabel?"  

"Dipper! É você mesmo?" Ela perguntou surpresa em ver o irmão. 

"Sim sou eu." Dipper respondeu com um leve sorriso. 

"Oww Dipper!" Mabel correu em direção ao irmão gêmeo e lhe deu um abraço. "Eu achei que o Bill tinha te feito alguma coisa! Eu fiquei com tanto medo...." 

"Esta tudo bem. Eu o Bill fizemos um trato para salvarmos você, ele não ia me machucar." 

"Como você pode ta tão certo disso?! Ele é um monstro! Ele poderia ter te enganado!" 

"O que? Não! O Bill até pode ser um demônio, mas ele não é trapaceiro." 

"Você enlouqueceu Dipper! Ninguém deveria confiar naquela coisa! Muito menos você!" 

"Credo, o que você sabe? Você só viu o Bill uma vez e falou com ele duas, você não conhece ele como eu conheço!" 

"Do que você tá falando? Ele é um demônio, Dipper!" 

"Cara, só cale a boca!" Dipper saiu raivoso em direção a floresta, sem deixar Mabel segui-lo.  

O menino andou vários minutos dentro da floresta enquanto pensava nas palavras da irmã. 'O que ela sabe! Ele não o conhece como eu! Ele pode mudar...'. Dipper foi-se em direção do lago de Gravity Falls, lá ele teria certeza de que não seria incomodado. 

Na cabana, Mabel se encontrava triste novamente. Ela estava com tanto medo de Bill estar fazendo a mente de Dipper contra a própria família, que temia que Dipper estivesse sendo controlado mentalmente. A menina foi para a sala de estar encontrando ninguém em volta. Wendy apareceu atrás dela e lhe entregou uma cartinha. 

"O que é isso?" Mabel perguntou abrindo o papel. 

"Seu tivô me mandou te entregar." A menina ruiva disse. 

"Parece que é minha vez de limpar o quarto..." Ela comentou lendo o papel. "Teve noticias do Robin?" 

"Não." Wendy disse desanimada. O namorado da adolescente tinha sumido a algumas semanas, provavelmente vitima de um sequestro. 

"Eu sinto muito..." 

"Sente o que? Não foi sua culpa, eu sei que ele vai aparecer... um dia." Wendy disse forçando um sorriso. 

Mabel agradeceu a entrega da carta e se foi para o andar de cima para começar a faxina. Quando começou a revirar as coisas do quarto à procura de qualquer lixo nas gavetas e armários, Mabel encontrou debaixo da cama um livro familiar, era o livro de Stanford. Mabel ficou um pouco zangada com Dipper por ter pegada essa porcaria, ela iria se lembrar de dar-lhe um sermão quando ele chegasse. 

Nos armários e sapateiras, Mabel encontrou outros lixos do irmão, alguns de seu velhos livros de mistério, algumas notas e uma caixa velha de sapatos. Quando abriu a caixa, a menina encontrou um globo rachado, era muito bonito mas infelizmente ele estava pingando um liquido viscoso pela rachadura. Mabel achou melhor jogar aquilo fora antes sujar todo o armário. 

Enquanto isso, Dipper havia chegado no lago. O garoto sentou-se no gramado macio, olhando para o lago por um longo tempo. Dipper queria tomar alguns esclarecimentos com Bill de imediato, então ele deitou-se e adormeceu.  

Demorou algum tempo dentro do sonho de Dipper para que ele encontrasse o triangulo demoníaco, mas eventualmente ele o encontrou. 

"Bill!" Dipper chamou. O triangulo olhou para trás um pouco surpreso, porem feliz. 

"Pinheirinho! Eu queria falar com você." 

"Queria?" Dipper perguntou de forma irônica cruzando os braços. "Queria me falar o porque você se embebedou na noite passada com o meu corpo?" 

"Shhsh! Você fala como aquelas mulheres que tem maridos bêbados que chegam tarde em casa! Eu queria me justificar, só isso" 

"Bem, então fale." 

"Olha, eu sei que eu não deveria intoxicar seu corpo, mas você não entende oque é ficar sem tomar um gole por séculos! Vários séculos!" Bill comentou de maneira dramática. Dipper bufou com a desculpa, ele nunca pensou que Bill fosse do tipo que bebesse. 

"Você arrumou uma confusão entre mim e a Mabel..." Dipper disse virando a cabeça pro lado um pouco triste. 

"Ah, a Estrela supera! Ela não vai descobrir tão cedo." 

"O problema não é ela descobrir, o problema é que brigamos mais uma vez..." 

"Mas ela nem te agradeceu por termos salvado ela?" Bill perguntou aproximando-se de Dipper. O garoto acenou negativamente, erguendo a cabeça para olhar para Bill. "Não ligue pra isso, ela é só uma mal-agradecida..." 

Bill segurou os ombros de Dipper e deu pequeno beijo no namorado. Dipper sorriu no gesto de carinho de Bill, ele sempre estava lá para cuidar dele. 

"Queria que pudéssemos ficar assim pra sempre..." Dipper disse. 

"Do que esta falando? É claro que vamos ficar assim pra sempre!" 

"Acho que não... Um dia eu vou..." Antes que Dipper pudesse terminar, uma onda estranha passou pelo casal. 

De repente o mundo ficou colorido, o tempo passava, o mundo continuava, e Bill ainda estava lá.