Caminhantes escrita por Serin Chevraski


Capítulo 94
Se Preparar




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Lucy POV

Já era de noite, quando me sentei na ponta da cama redonda, colocando os cotovelos na moldura da janela aberta.

Olhei para a luz da lua refletindo no lago e as flores que eram amarelas, se pintaram de um azul imaginário.

Virei o rosto levemente para trás. E pude ver através da luz leitosa, Rogue e Frosch dormindo profundamente. A colcha está bem organizada. Como esperado do Dragon Slayer das Sombras que é calmo, a sua forma de dormir também é bem pacífica.

Quero dizer, isso quando o botão de uma fera depredadora não está ligada.

Me arrepiei ao lembrar quando os olhos vermelhos brilharam perigosamente, com o desejo de devorar. A energia dele... É incrível.

Suspirei. Voltando a olhar para fora. 

Nesse momento, alguns vaga-lumes começaram a aparecer.

E essa visão me fez lembrar daquela noite em que dancei com Happy. Como será que está o pessoal da Fairy Tail?

Desde que saí, muitas coisas aconteceram e muito tempo passou.

— Não consegue dormir? -dois braços me abraçou por trás com um cobertor, e eu me aconcheguei em seu peito, logo vi suas pernas longas me rodearem.

— Estava pensando em algumas coisas.

— Está frio, Lucy -ele sussurrou no meu ouvido.

Eu sorri e continuei a observar os pequenos insetos pousando nas flores. Rogue me deu um beijo na bochecha, de forma bastante gentil.

— Rogue, eu amo você -falei abruptamente.

— Eu também te amo -sua resposta veio naturalmente.

Sorri ao escutar suas palavras. Peguei a sua mão que me abraçou.

— E quero estar com você Rogue, até o final da minha vida.

Seu nariz encostou na curva do meu pescoço e pude ver as pontas do seu cabelo negro.

— Sim, eu quero isso também.

Hesitei um pouco e respirei fundo:

— Então eu quero terminar o que deixei para trás.

Senti o seu corpo estremecer.

O empurrei levemente, me virei e o encarei séria.

— Eu quero voltar para Fairy Tail.

Os olhos dele tremeram.

— Quero concertar a minha despedida -sorri para ele.

— ... Eu vou com você.

— Isso é algo que eu tenho que resolver sozinha -neguei com a cabeça.

O rosto dele sem expressão me fez ficar com medo. Rogue tem a mania de esconder os sentimentos. Descobri isso da pior forma.

E agora, não consigo saber o que ele está pensando.

— Lucy -ele sorriu- Você é livre de fazer o que quiser. Eu vou te apoiar sempre.

Um pequeno vaga-lume se perdeu para dentro da janela e refletiu perto do rosto do homem. Os olhos vermelhos dele brilharam.

Ele se aproximou, dando um beijo nos meus lábios. Abracei o seu pescoço.

Rogue, a pessoa que me curou, foi você. 

E agora está na hora de voltar a enfrentar aquela coisa que parecia tão difícil antes. Os amigos que deixei para trás com lágrimas.

Rogue POV

Normalmente, eu odeio trens. Mas essa vez, eu desejei que essa viagem demorasse um pouco mais. 

Eu sei que Lucy voltaria para mim. Mas só de pensar que estaria separado dela por um tempo, me fez ficar relutante. 

Saímos da estação, voltando para a nossa cidade. E as coisas parecem ter se acalmado agora. Provavelmente já acabou o festival.

— Rogue -ela me chamou, apertei um pouco as nossas mãos unidas. 

Parei e me virei para ela. Lucy sorriu.

— O trem de Magnólia vai chegar.

— Eu sei.

A maga celestial ergueu nossas mãos unidas. Quem não quis soltar, fui eu. 

— Vai ser por pouco tempo -ela falou.

— Eu sei...

— Aonde Fada-san vai? -Frosch perguntou, pousado na minha cabeça.

— Eu... Vou ir ver uns amigos -respondeu.

— Fada-san vai embora? -a voz chorosa do exceed tremeu.

— Não, eu só vou visitar eles por um tempo e vou voltar -ela ficou na ponta dos pés e acariciou as orelhas de Frosch- Até lá, você tem que se comportar bem.

— Aye... -o exceed fungou.

— Rogue... -ela se virou para mim, e eu soltei as nossas mãos.

A loira deu um passo para perto e deu um beijo suave nos meus lábios.

— Eu estou indo -falou.

Achei que estaria um pouco mais com ela, mas o trem chegou à estação, fazendo os fios loiros voarem, ela passou a mão no cabelo e sorriu.

— Vá e volte com segurança.

— Nos veremos logo, meu amor.

Ela virou de costas e entrou no trem.

Entre todas aquelas pessoas entrando e saindo, fiquei parado, assistindo ela ir.

Mentalizei que vai ser por pouco tempo. Mas os meus instintos de Dragon Slayer se recusaram a querer deixar ela ir.

Fechei levemente o meu punho. Esperei até o momento em que as portas se fecharam e o trem partiu.

— Rogue? -Frosch deu um tapinha na minha cabeça.

— Ah, vamos voltar para casa -falei. 

Só então eu me virei e levei a minha mala, caminhando pelas ruas de pedras.

Olhei como as pessoas estavam indo apressadas para os lugares. Há senhoras tomando chá confortavelmente em mesas bonitas. Em outro lugar tem padarias abertas cheirando a pão assado.

Crianças correndo pela calçada com risos altos. Vendedores ambulantes gritando ofertas aqui e ali. Alguns amantes andando de mãos dadas. Pequenas famílias passeando juntas.

E eu, no meio de tudo isso, caminhei como se fosse invisível e deslocado.

A verdade é que sempre fui assim. 

Então pensei como a minha vida deu um giro de cento e oitenta graus por causa de Lucy. Essa pessoa que está sempre sorrindo para mim.

Bom, antes era Sting quem me arrastava para os lugares. Foi incrivelmente barulhento e chato. Mas eu o penso como meu irmão. 

Meus olhos passaram pelas lojas. Eu vi um globo de neve com uma pequena casinha de madeira dentro.

Sim, esses dias foram surreais. Com uma felicidade incontrolável. Algo que pensei que nunca poderia ter, era meu. Um amor correspondido.

Continuei andando. Passei pela loja de joias, tinha brincos azuis, colares de pérolas, anéis de diamantes. Imaginei que todas essas coisas ficariam lindas em Lucy.

Fechei o meu punho.

Estou separado dela por um par de minutos e já sinto saudades...

Isso é tão idiota.

Virei tão dependente dela?

Andando um pouco mais, pude ver a mansão. 

Mas o anel brilhante na loja de jóias não saiu da minha mente.

De repente me lembrei daquele dia. Não foi a primeira vez que a conheci. Mas era uma noite aonde todo mundo estava festejando.

Esse momento, na festa de Natsu-san, a cidade inteira comemorou. Mas o eu que não gosto de festas, me senti deslocado. Como sempre.

Para a minha surpresa, havia mais uma pessoa tão deslocada quanto eu.

A pessoa que parecia ser a mais próxima de Natsu-san, aquela que deveria ser uma das primeiras a desejar a felicidade do parceiro, estava chorando secretamente cheia de amargura. Ao mesmo tempo, os olhos dela eram incrivelmente puros, enquanto ela dizia que seu "coração era horrível".

Eu que tenho uma besta dentro de mim me tentando à loucura, fiquei pasmo pela sua inocência em pensar essas coisas.

Naquele dia, me interessei por você, Lucy.

E nos olhos magoados dela, tinham uma grande inveja. Ela queria ser a noiva. 

Com uma promessa de estar juntos nas adversidades e alegrias.

Parei meus passos. 

Chegamos na frente da porta da mansão. Mas minha mão parou rente à maçaneta. A pulseira negra no meu pulso roçou minha pele folgadamente.

Tudo o que aprendi sobre relações, foi que os Dragon Slayers precisam fazer apenas uma promessa. 

Mas isso não é a mesma coisa para Lucy.

— Frosch, você volta para casa primeiro.

Coloquei a mala no chão, com o gato em cima dela.

— Aonde Rogue vai? -ele ficou confuso.

— Eu tenho uma coisa a fazer.

Me virei apressado. Comecei a correr.

Eu fui estúpido.

Ela disse que queria fazer isso sozinha. Mas senti sua mão tremer levemente.

Foi o que meu instinto disse para mim. Eu devo estar com ela.

Procurei com o olhar a loja de joias. 

Entrei com urgência. Abrindo a porta com alta velocidade e o sino preso tocou estridente.

— Bem vindo! -o vendedor sorriu para mim.

— Eu... -arfei levemente- Eu quero um anel...

— Eu preciso saber o número?

Congelei levemente. Eu não sei o número dela!

— Se for encomendado, precisaria saber do número. Se não sabe o tamanho, que tal um mágico? -o profissional trouxe uma bandeja com alguns anéis- Estes podem se ajustar no dedo da pessoa.

Existem de várias cores de tamanhos, alguns com pedras de cortes quadrados, outros com cortes redondos, de cores verdes, amarelos, roxos, vermelhos... Tem anéis de prata, bronze, dourados... Até eu fiquei confuso em qual poderia ser bom.

— É para uma amante? -o vendedor sorriu, ao ver minha cara de perdido.

— É... Alguém que eu quero ter como esposa -respondi francamente. Me senti um pouco desconfortável em falar com um estranho.

Ele balançou a cabeça levemente e começou a falar, trazendo uma nova bandeja com anéis apenas dourados.

— Então esses que são de ouro é melhor.

Franzi as sobrancelhas. Entre de todas as cores, o metal prateado parecia mais bonito. Então o homem falou:

— O ouro é o metal mais precioso e é o mais escolhido para essas ocasiões por representar a imortalidade, meu senhor. 

— Hmm...

— E a pedra? O senhor gostaria de qual?

Olhei atentamente. Tinha verde, roxo, vermelho, azul...

— Se é para uma ocasião especial, quer ver a mais valiosa?

— É importante ser valioso? -o encarei friamente- Ela vai gostar se for?

— Bom, normalmente as mulheres gostam de coisas luxuosas.

Não, Lucy não parecia alguém ambiciosa. O pai dela era um comerciante muito rico antes da falência, e ela fugiu com nada dessa casa. Semi cerrei mais os cílios, olhando para os anéis.

— Alguns casais escolhem através da cor também. Já que o senhor tem uma cor avermelhada nos olhos, que tal essa? É de rubi.

Lucy disse que gostava da cor dos meus olhos. Mas não sabia se ela iria gostar de usar um anel vermelho. Talvez ela goste?

Ainda assim, não me senti muito satisfeito.

— Nesse caso, gostaria de escolher através do significado da pedra?

— As pedras tem significado? -fiquei confuso.

Existem essas superstições?

Não... Do jeito que Lucy é, talvez ela até conheça essas coisas sentimentais.

— Sim senhor. E normalmente, a pedra usada é de diamante, por ser uma das gemas mais duras, tem o significado de amor inquebrável.

O anel que ele me mostrou foi um metal dourado com uma pedra transparente.

Na verdade, não fiquei muito interessado nesse anel. Eu queria dizer à Lucy que meu amor é infinito?

Me deu uma estranha sensação.

— Se não gosta dessa... -ele sorriu pacientemente, então perguntou- Qual é a mensagem que o senhor gostaria de dar para a sua parceira?

Pensei um pouco. Mas o que eu poderia desejar à ela?

— Eu não sei -murmurei- Apenas... Eu quero que ela nunca deixe de sorrir.

Pensei o quanto ela é importante para mim.

— Então eu acho que esse seria o ideal.

Ele me estendeu uma caixa com um anel de uma pedra azul profundo. Eu o peguei para ver mais de perto.

— Esse é o lápis-lazuli. Se for para dizer em forma mais romântica... Significa "Me deixe proteger você e curar a sua dor".

Meus dedos na caixinha se apertaram um pouco.

Lucy, agora, eu irei atrás de você mais uma vez. Sorri.


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