Caminhantes escrita por Serin Chevraski


Capítulo 92
Esconderijo




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Lucy POV

Dormi igual uma pedra, então uma mão me sacudiu gentilmente.

— Lucy, vamos.

Esfreguei os olhos e descobri que dormi o dia todo? Está escuro e uma sombra falou comigo.

— Rogue?

— Shh... Estão todos dormindo. Venha.

Me levantei meio tonta, o homem colocou um agasalho grande em mim por causa da brisa noturna, e me ajudou a colocar os sapatos.

E assim como ele disse. Está bem escuro quando Rogue voltou. Descemos as escadas até a porta da mansão.

— Está tudo bem sair assim? -perguntei incerta, sussurrando na escuridão.

— Estamos fugindo -sua cara fez de "eu não me importo".

Pensei um pouco e não foi difícil perceber que Rogue estava assim por causa de Sting. Parece que ele ficou furioso pelo loiro ter entrado no quarto hoje cedo. E logo depois o arrastou para uma missão.

Com consequência, sua expressão abatida de acabar de voltar da aventura, apareceu bem evidente no rosto.

Na verdade, eu venero a sua paciência. E em vez de brigar com o loiro, você escolheu fugir?

Fiquei um pouco pasma com sua forma de resolver as coisas.

Mas faz meio que faz sentido. Não seria a melhor vingança para um dependente como Sting, ficar sem seu baú de boa comida?

As nossas malas já estavam prontas na frente da porta, e em cima delas, tinha um gato adormecido. Rogue deu um passo a frente para pegar tudo.

— Você parece cansado. Me deixa levar pelo menos a minha mala.

O moreno me encarou e me estendeu um exceed verde.

— Fada-san... -ele abriu as patinhas sonâmbulo e eu o abracei.

— Frosch -sorri para o gato. Pensando agora, eu não o vi faz um tempo.

Fiquei um pouco triste, porque dentro da minha memória, lembro que Frosch ficou magoado quando não o reconheci. O embalei nos meus braços com mais cuidado, e ele voltou a dormir.

— Vamos -Rogue sorriu ao nos assistir, e abriu a porta.

— Esperem -uma voz surgiu atrás de nós.

Congelamos.

Virei minha cabeça e na escuridão, uma mulher de braços cruzados nos encarou friamente.

— Aonde vocês vão? -uma Minerva de pijama exerceu sua aura intimidante.

— Estamos pegando férias -Rogue respondeu, indiferente.

— Sabe que podem levar uma punição por isso?

— Mi-chan, não vamos ficar tanto tempo longe -tentei falar rapidamente, para tentar persuadi-la.

Nesse segundo, a mulher paralisou. Ela deu alguns passos e vi seus olhos arregalados.

— ... Você voltou, Lucy?

Eu dei um sorriso.

Os olhos da morena foram ao Dragon Slayer, então para mim. Sua expressão suavizou, um pouco chocada.

Ela se aproximou e me deu um abraço, sem apertar, por causa do exceed entre nós.

— O que foi, Mi-chan!? -fiquei surpresa.

— Que bom que você voltou -sua voz tremeu um pouco.

— Sim, estou aqui.

— Minerva -Rogue advertiu.

— Cof... -a mulher deu um passo para trás e cruzou os braços, desviou o rosto e disse mal humorada- Bom, já que é assim, então o que estão fazendo aqui?

Ergui minhas sobrancelhas.

— Eu vou ajudar vocês. Mas só dessa vez!

Abri um grande sorriso.

— Obrigada, Mi-chan!

— Lucy, vamos -Rogue já saiu pela porta, com as duas malas.

Me virei para segui-lo. Pelo canto do olho consegui ver o sorriso de Minerva. E ela sussurrou:

— Bem vinda de volta, minha querida amiga.

 

Sting POV

Me encostei na moldura da janela e cliquei na lácrima.

— Ela voltou ao normal.

— Aah, você escutou isso, baixinha?

Fechei os olhos. Dei um sorriso. Dessa vez, vou deixar você escapar Rogue, mas na próxima eu vou chorar pelos cotovelos para você.

Então aproveite essas férias, irmãozinho.

Coloquei a mão no meu queixo, pensando em algo. 

Oh, talvez eu seja tio Sting logo?

Acabei rindo sozinho.

— Sting-kun, o que houve? -Lector esfregou os olhos, sonolento.

— Não é nada.

 

Rogue POV

Eu a arrastei no meio da noite, como um ladrão e a levei para o trem meio vazio depois da meia noite. Ela simplesmente me seguiu sem fazer perguntas para aonde vamos.

Dei um sorriso e sentei ao seu lado. 

— Rogue, você quer um comprimido?

Foi uma pergunta que já virou um hábito para ela. Neguei com a cabeça e me apoiei em seu ombro, segurando firmemente sua mão.

— Só preciso disso.

O rosto dela corou e ela sorriu, também se aconcheando em mim. Frosch deitou nas pernas da loira, morto de cansaço. 

Pensando agora, corremos a tarde inteira por conta de Sting. Aquele homem sem senso comum! Se ele fosse um pouco menos denso, eu não teria fugido assim. Bom, acho que as vezes umas férias também não é ruim.

O trem começou a estremecer. Mentalizei sobre o que devemos fazer, para tentar afastar o enjoo. Quando chegarmos à aquela vila remota, tenho que comprar alguns mantimentos. Ninguém sobrevive sem comida... Acho que umas duas caixas é o suficiente para uns três ou quatro dias?

Também não planejo ficar muito tempo longe. 

Acariciei a palma de Lucy com os meus dedos.

Só queria estar um tempo a mais com ela. Dei um sorriso satisfeito.

Mas tem uma coisa que me preocupa em tudo isso... 

Olhei levemente para o ventre dela, enquanto cheirei o seu perfume. 

Mudou, o seu aroma está diferente, agora pude sentir que estava misturado com mais uma coisa. O meu mana.

Lembrei mais uma vez sobre o que Skiadrum me disse. Estremeci as sobrancelhas preocupado.

A chance de conceber na primeira noite eram altas. Claro, isso não era uma lei que acontecia cem por cento de certeza. Mas as chances ainda são altas.

Agora eu sei porque. No segundo que ela se misturou com o meu mana, um instinto se apoderou de mim. De repente Lucy pareceu muito deliciosa. Lambi meus lábios. Um desejo possessivo de querer reivindicar ela para mim se juntou com a felicidade de marcá-la.

E ao mesmo tempo fiquei assustado. Me senti violento e tóxico. Com medo de machucá-la e ao mesmo tempo, Lucy passar a me odiar.

Esse sentimento protetor e possessivo que ficou mais forte por causa do monstro dentro de mim. Um desejo de prendê-la e não deixar que escape das minhas garras.

Eu o suprimi. 

Por que não existe nada mais importante que Lucy. E mais do que tudo, eu quero que ela se sinta livre, como uma borboleta.

Um dia, ela vai descobrir esse seu lado feio, Rogue.

Não, ela não vai. Sorri.

Nunca vou deixar machucá-la.

Só preciso de uma chance, você sabe disso. 

Isso não vai acontecer.

Mesmo que não seja você. Eu sei o que está te preocupando. Que pode nascer um monstro através do seu sangue. Um filho seu, tão sinistro e incontrolável. Porque você é assim também.

Meus dedos tremeram.

— Qual o problema? -ela perguntou, percebendo minha inconsistência de humor- Está passando mal? Quer um remédio?

— Não... Não é nada.

A preocupação na sua voz era tão honesta, que me acalmou. Fechei os meus olhos levemente. Então tive uma leve ilusão. 

Uma linda criança que se parecesse com Lucy. Loira e de olhos cor chocolate.

Ah... É verdade. Mesmo que eu possa ter um sangue contaminado. O bebê também será de Lucy. 

Beijei levemente os dedos da loira.

Não tem como um monstro nascer. De repente senti que já podia amar a criança que nem mesmo existia ainda.

 

Frosch POV

Eu conheço esse caminho. A gente vinha aqui sempre que Rogue estava triste.

Tem uma densa floresta. E dentro da floresta, tem um lago. No meio do lago, tem uma ilha. E nessa ilha, tem a casa de madeira. Para chegar na casa, tem que usar um barco.

Chegamos bem cedo, nublado e meio frio.

Não entendi muito bem. Mas Fada-san sabia quem é Fro!

Cantarolei:

— Lá, lá, lá.

— Fro, está de bom humor? -ela perguntou para mim.

— Aye!

E acariciou minha cabeça. Fro gosta quando fada-san acaricia minha cabeça!

Fiquei mais feliz.

— Lucy, cuidado -Rogue deu a mão para Fada-san descer do barco, comigo nos braços dela.

— Ops.

Tudo tremeu, e Rogue a pegou no colo.

— Você está bem?

— Sim -ela sorriu.

Então Rogue pegou as malas atrás da gente, junto com duas caixas grandes, cheias de comida.

— Tem certeza que não precisa que eu leve algo? -a loira perguntou.

— Não, mas pode abrir a porta para mim?

Rogue pegou tudo como se fosse leve. Fada-san me levou para a casa de madeira que conheço bem e abriu a porta. Mostrando uma cozinha pequena, tendo algumas prateleiras na esquerda com algumas panelas, um fogão a lenha na direita e uma mesa no meio.

— Coff, coff -ela tossiu- Está meio empoeirado.

— Bom, é que só eu venho aqui as vezes -Rogue falou.

— Fro também!

— Sim, Frosch também -ele sorriu para mim.

As coisas que ele trouxe foram colocadas no canto do chão.

— Vamos ter que limpar, aonde está o balde e os panos? -Fada-san perguntou, olhando em volta.

— Aqui -ele pegou as coisas, trazendo um balde cheio de água do lago- Pode deixar que eu faço isso, Lucy...

— Não -ela me deixou no chão e arrancou o pano da mão do Rogue.

— Lu...

— Não.

Fada-san se virou, passando o pano na mesa, Rogue riu. Eu invoquei aera e comecei a fazer o que sempre faço aqui.

Abrir todas as janelas!

Voei e abri a janela da cozinha, então passei pela porta para o próximo cômodo. Conectado à cozinha, existe um quarto com uma grande cama redonda ao lado de uma janela que começa da altura da cama, e vai até o teto. Abri ela também. Então voei para a porta ao lado do quarto, tem um banheiro com uma grande banheira. Abri a janela aqui.

A casa no meio do lago é pequena e tem só três cômodos. Não é grande como a outra casa perto da guilda, mas não fez diferença. Fro gosta daqui também.

Limpamos a manhã toda e lavamos os lençóis. Voei para ajudar a pendurar.

— Frosch, venha aqui -Rogue chamou.

— Aye!

Invoquei aera e voei para ele.

— Frosch, você quer comer o quê?

Olhei para a mesa de madeira. Tinha peixe, batata, frango... Tombei a cabeça de lado, perdido.

— Fro ficou confuso, Rogue -fada-san me pegou no colo.

— Então vou fazer tudo.

— E quem vai comer tudo isso? -ela riu.

— Então, o que você quer comer?

— Hmm... Frango! Que tal, Fro?

— Fro quer frango! -concordei.

— Bom, então porque não vão lá fora enquanto faço a comida? -Rogue falou, pegando algumas lenhas.

— Mas eu... -fada-san falou.

— Está tudo bem. Brinque um pouco com Frosch.

— Hum -ela assentiu.

Olhei em volta. Essa cozinha é pequena e tem muita lenha para o fogão. Antes de sair pela porta da cozinha, indo direto para o jardim que é um mar de flores coloridas, pude ver Rogue pegar uma madeira e acender o fogo.

— Waaah, como o ar é fresco! -fada-san disse alegre.

Pisquei, olhando para as flores.

— Fro gosta de flores! -falei de bom humor.

Já vim aqui várias vezes com Rogue. Mas é a primeira vez que alguém diferente vem com Fro! Invoquei aera e a puxei com a pata.

— Sim, as flores são lindas.

— Fro e Rogue plantou.

— Vocês plantaram!?

— Aye.

Mostrei as plantas amarelas.

Sentamos e comecei a pegar algumas flores, Fada-san também pegou algumas e começou a enroscar uma na outra.

Brincamos bastante tempo com as flores, então alguma coisa caiu na minha cabeça. Olhei para cima e vi fada-san colocar uma coroa amarela em mim.

— Você está lindo Fro! -ela riu.

— Aye! -dei um buquê para ela.

— Para mim? Obrigada!

Escolhi as mais bonitas, e fada-san gostou! Cantarolei feliz.

— O que vocês dois estão fazendo? -Rogue apareceu com um cesto no braço.

— Estamos fazendo coroas de flores -fada-san sorriu.

Ele se sentou com a gente e abriu o cesto, mostrando sanduíches de frango.

— Aqui, Frosch -ele me deu um grande.

O mordi. Era delicioso!

Me senti muito feliz.

Aqui é o esconderijo de Rogue e Fro,

Mas agora, é de Fada-san também.


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