Caminhantes escrita por Serin Chevraski


Capítulo 24
O mundo conspira para que eu tome uma decisão




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Lucy POV 

Eu me encontro nesse maldito lugar de novo, daqui a pouco, ele chega. Mas será que é um sonho bizarro ou um que ele finalmente consegue falar... 

— É o que finalmente consigo falar, Lucy. -fala a voz atrás de mim. Levo um susto ao me virar e ver aquela cara de ruim do mago negro. 

— KYAAAAAAAAAAAAA! -berrei dando passos para trás, colocando minha mão sobre meu peito. 

Ele ergueu as sobrancelhas, mas continuou sério. 

— É surpreendente Lucy, que depois de tantos sonhos você consiga se assustar assim comigo. 

— É. Deve ser porque de vez em nunca são os que você fala comigo. Na verdade essa é a segunda vez. -respondi, tô nem aí se fui rude com O Zeref, estou de mal humor E com um quase enfarte- Virou vidente para saber o que penso? 

— Hummm... -fez ele pensativo- Não. É muito óbvio saber o que você pensa, só isso. 

— Finalmente veio me dar algumas respostas? O que significam aquelas palavras sobre Lisanna?  

— Acredita em mim? -ele perguntou com sua cara de sempre, a cara de expressar nada com nada. 

— Claro que não -falei sem pensar duas vezes- Como posso acreditar nas palavras do mago negro que me diz claramente “desconfie de sua companheira”!? 

— ... -ele não respondeu, apenas me encarou. Eu resolvi questionar outra coisa. 

— O que significa aquela profecia da Charles? Você pareceu entender a visão da última vez que te vi. 

— Lucy, você me parece mal, está bem? -perguntou ele depois de um tempo. 

— Preocupado comigo? -arqueei uma sobrancelha. 

— Talvez, eu preciso de Lucy Heartphilia para cooperar no que quero. -respondeu ele com simplicidade, eu suspirei pesado. 

— Zeref, você precisa de argumentos melhores para que eu coopere com você. Na verdade, preciso saber no que eu devo cooperar. 

— Hmmm... -o mago ficou pensativo- É impressão minha ou parece que você não está tão na defensiva? 

— Poderia me responder direito? -resmunguei para mim mesma, me irritando muito- Sabe, eu estou ficando com saco cheio de ver a sua cara feia de ruim quase toda noite. Já tenho problemas demais! Estou TENTANDO esquecer sobre você, bem que poderia me ajudar, mas de tanto te ver... Acho que cheguei a me acostumar com sua presença desconfortável -falei tudo de uma vez, respirei fundo, então aconselhei- Penso que devia ser mais... Sorridente...? 

— Se eu fosse sorridente, eu não seria o mago negro. Seria o mago da luz e do bem. -aaah, e essa pergunta desnecessária você responde, tá certo, certíssimo Zeref- Está dizendo coisas bem rudes para mim sabia? 

— Hum, você diz que não é meu inimigo e fala que não pode fazer nada contra mim aqui -dei de ombros- E ainda quer que eu te ajude. Já é hora de me acostumar, certo? Sem falar no mau humor.

— ... -o cara monocromático me estudou por alguns segundos antes de declarar- Tanto faz se você me xingue ou não, percebi que fizemos progresso e isso que importa, então vou falar algo útil, talvez ajude. -finalmente!- Tente sair de perto do Natsu Dragneel, vai procurar um amor novo. 

!? 

OI!? QUE DROGA É ESSA? POR QUE ZEREF ESTÁ ME DANDO CONSELHOS AMOROSOS? 

— Eu não quero conselhos amorosos Zeref! -falei tentando me conter de raiva, o que esse homem veio fazer aqui então!? VIRAR CUPIDO NEGRO!?- Mas que raios! -não aguentei e explodi, esquecendo que era o Zeref com quem eu estava falando- Quando finalmente penso que vou conseguir umas respostas, me dá um conselho amoroso? Quem você pensa que é? Eu. Quero. Saber. Sobre. A. Maldita. Profecia! Vai desembuchar ou não!? 

Ele me olhou, continuou calmo. 

— Eu não preciso de uma Lucy Heartphilia que tem um coração confuso. É inútil. 

— Isso não é você quem decide. -grunhi- Deixa a minha vida pessoal romântica em paz. 

Ele suspirou, levantou a mão e caiu um pedaço de papel quadrado do ar indo diretamente para sua palma. Não me surpreendi, isso é um sonho mesmo, tudo é possível. 

— Olhe isso Lucy, o que vê? 

— Hã? -como chegamos em uma conversa sobre folhas de papel!? 

— Vamos, você quer que eu diga algo útil de verdade, certo? O que você vê? 

— Um papel. -respondi revirando os olhos. Ele o deitou, deixando a parte que se escreve virada para cima. 

— Se colocarmos a folha quadrada assim, veremos uma linha, quase invisível, mas está lá, na nossa frente. Como uma resposta óbvia. E no momento... -ele me mostrou a face da folha- Em que vermos ela, a presença da folha se torna ampla. Agora, a folha é quadrada. -balançou a folha na minha frente- Mas se a virarmos, ela vira losangular. 

Não respondi, pensei um pouco. 

— Aonde quer chegar, Zeref? -fui ficando mais calma. 

— Ponto de vista. -falou ele, fazendo a folha desaparecer- Lembra do que eu disse na última vez? Sobre inimizade? 

— Sim, que você é meu inimigo, mas não é meu inimigo. Quando a história é de Fairy Tail, você é o vilão. Mas quando a história sou eu... -comprimi meus lábios, não posso continuar a frase. Não posso acreditar no que ele tinha dito sobre Lisanna. 

— Quando a história é Lucy Heartphilia, Lisanna Strauss sempre será uma vilã. -ele completou- Ponto de vista Lucy. Pense. Como é meu papel nas duas frases? 

Eu pensei, Zeref nas duas frases, como é Zeref para Fairy Tail e para mim? Então comecei a entender. 

— Particularmente, Zeref não tem exatamente um significado para mim... Porque o personagem Zeref, não fez exatamente parte da história da minha vida, portanto... Não é meu inimigo em uma visão individual... Mas por eu ser da Fairy Tail, em que Zeref tem história até demais, ele, que é inimigo da Fairy Tail. É meu inimigo em visão coletiva... Aaah... 

— Muito bem, você não é escritora por nada. 

— Sim, nós escritoras precisamos saber de vários pontos de vista -sorri orgulhosa- Ahn? Espera... ESPERA! COMO SABE QUE EU ESCREVO? 

— Hm... Fontes desconhecidas. -respondeu ele com simplicidade. QUE FONTES DESCONHECIDAS!?- Não vai demorar muito para que eu te conte a verdade Lucy, tenha mais um pouco de paciência, mas por enquanto leve o meu conselho, se distancie de Natsu. Procure um novo amor, isso será útil no futuro, ou talvez não. 

— Eu falei, NÃO. TE. INTERESSA. MINHA. VIDA. ROMÂNTICA. -exclamei indignada, até quando Zeref vai ficar falando nisso!? Nem parece ser o cara ruim que todo mundo tem medo! 

— Olha para você -disse, erguendo as sobrancelhas- Nem consegue mais sorrir direito, a maioria das vezes está sorrindo para segurar o choro, o que faço com uma inútil dessas!? -jogou na cara dura- Antes você sorria como uma estrela, agora parece que apagou, ache alguém novo para amar e só volte depois disso. 

E o maldito sumiu, eu acordei.  

Esse mago é muito desnecessário e me faz passar frustração de entender nada à toa. SEM FALAR QUE O MALDITO ME DEU UM SERMÃO! 

Suspirei e murmurei para mim mesma: 

— Não vai demorar muito para me contar... Me pergunto qual o significado de "pouco" para alguém que viveu mais de quatrocentos anos. O seu pouco pode significar anos e continua sendo pouco. 

Amanhecia em Magnólia e me espreguicei. O ar está bom hoje.  

Lembrei da noite anterior, sobre Natsu... Meu deus, por que ele me persegue feito fantasma mal assombrada? É isso que recebo por me apaixonar e dá-lo para outra pessoa? 

Que se dane o Salamander! Para de me assombrar! Aonde compro anti-Natsu por aqui? Eu... Só queria que ele me deixasse em paz! 

Suspirei e me levantei. As coisas que Zeref disse, não só fizeram sentido algum, como abordou esse assunto. Isso está enchendo o saco! 

Quando me despi e senti a água passar na minha pele, num banho quente, finalmente minha mente foi se limpando e me acalmei. Coloquei uma roupa simples, a de sempre: saia e uma camisa, uma sapatilha e tudo a base de azul. 

Abri a porta da minha casa! bati nas minhas bochechas para me acordar, fui descendo as escadas com um sorriso, já pondo a mão na chave do Plue. Vamos Lucy! Hora de ir para a guilda e...  

Uma mão vem com tudo na minha direção, recebi um belo tapa no rosto e caí de costas no chão. Botei minha mão no lugar que começa a arder, fico paralisada e minhas pernas trêmulas, olho para cima com cara de taxo. 

— Li... Lisanna? -murmurei surpresa. 

A albina me condenava com o olhar, segurando a mão que usou para me dar um tapa contra o peito.  

— Estava tudo tão perfeito... -sussurrou ela- Mas dá para concertar... -parecia falar mais para si do que para os outros, e... Vi uma centelha sombria no olhar dela? 

— Lisa... Lisanna? -chamei temerosa, o olhar dela agora era de tristeza, a centelha que vi foi ilusão? 

— Lucy! -seus olhos azuis estavam marejados- Por que Lucy? Pensei que éramos amigas! Quem foi que mais me apoiou quando eu chorava na solidão? Ou quando eu ficava deprimida porque Natsu não me notava, mesmo seguindo ele por toda parte? FOI VOCÊ! Então por quê!? -ela desviou o olhar para o chão, caindo lágrimas de seus olhos. 

— Lisanna... Eu... -meu coração parou, se enchendo de culpa. 

— Natsu... Mesmo se casando comigo... Mesmo sorrindo do meu lado... Por quê ele se machucou tanto por você Lucy? Ele brigou com Laxus até ficar completamente enfaixado! Consegue imaginar a minha dor? A dor de quem ama tanto ele? 

Eu comprimi meus lábios, olhei para o chão, frustrada. Eu sei como é Lisanna, sei como é esse sentimento... Por que eu também amo... 

— Lucy... -eu a encarei, ela escondeu o rosto nas duas mãos- Ontem ele sumiu... Fiquei tão preocupada! E quando ele voltou... Veio com Happy nos braços e... E... Uma cara tão abatida, quado eu perguntei... -Lisanna retirou as mãos do rosto e me encarou com fúria, eu arregalei meus olhos- Ele disse o seu nome! ELE DISSE “LUCE”! Por quê Lucy!? Por quê!? O que houve!? Cadê a amiga que me apoiava!? Apenas... -a voz dela foi falhando- Apenas deixa ele ir... Ele é meu... O Natsu é meu... Deixa ele ir Lucy... Por favor... 

Não aguentei mais. Mordi meu beiço inferior, meus olhos marejaram. 

Me levantei e corri, nem escutei se Lisanna me chamou, apenas corri. Corri como uma covarde, fugindo da albina. 

Não sei se passaram minutos ou horas que eu corria por toda Magnólia. Apenas me sentei em um parquinho que encontrei, escolhendo o balanço. Nesse momento, os brinquedos estavam vazios, sem nenhuma criança, melhor assim, me ajuda a pensar. 

— O que eu fiz? -perguntei- Natsu é casado... Não posso continuar a alimentar sentimentos por ele. E como ele é um idiota sem noção, vai continuar me perseguindo...  

Fiquei encarando o nada por minutos, então sorri. 

— É irônico Zeref, seu conselho vem a ser útil de última hora... Já que você diz que não é meu inimigo, então vamos seguir essas suas palavras. Vamos confiar, me mostre que posso acreditar nesses seus conselhos. 

Me levantei, respirei fundo e berrei: 

— EU TOMEI UMA DECISÃO, ESTÁ ESCUTANDO MAGO NEGRO IDIOTA!? VOU SEGUIR O SEU CONSELHO! 

Algumas pessoas que passavam pela rua me encararam com receio, outros surpresos. Pombos voaram assustados. E eu sorri mais uma vez. Lucy Heartphilia tem uma decisão tomada. 

Levy POV 

Ficamos tão chocados com o rumo das coisas que acabamos não fazendo nada, assistimos a tensa briga de Natsu e Laxus, depois acompanhamos com o olhar Lucy ir-se embora... Ontem resolvemos deixar quieto, mas hoje... Esperava que ela aparecesse na guilda, queremos perguntar a ela sobre as visões. 

— Aonde a Lu-chan se meteu...? -já ficava nervosa, não vi nem Natsu, nem Lisanna também. 

— Essa garota tem muito que explicar. -falou Erza, sentada no balcão devorando um bolo com ferocidade. 

— Calma Erza, vai se engasgar. -alertou Gray. 

— Cala a boca Gray, eu como as coisas da forma que eu quiser! -revidou a ruiva. 

— Bom, Titânia não se engasgou nenhuma vez -comentou Gajeel- Mesmo sento o vigésimo sétimo pedaço. 

— Quero só ver... Espera, quanto!? -se surpreendeu o mago de gelo- Erza! Pare agora mesmo de comer! Se não vai engasgar, vai ter uma bela dor de barriga! 

— Já mandei calar a boca! Vai colocar uma roupa e aproveita vai pro inferno! 

— Calem-se! -gritei impaciente- Gray, coloca uma roupa. -ele percebeu que estava de cueca e correu procurar uma calça e uma camisa- E Erza, chega de bolo! -falei tirando o garfo e prato dela. 

— Mas Levy! -ela protestou. 

— Mas nada! Não adianta se empanturrar de bolo, não resolve essa droga toda, nem resolve mistério nenhum! Sem falar que faz mal para a saúde! 

— Levy! Devolve esse bolo! -falou ríspida, deu medo, mas não cedi, me aproximei e sussurrei. 

— O que o Jellal vai pensar quando te ver gorda!? 

Os olhos dela se arregalaram na hora, pareceu ficar vermelha como seus cabelos e ela me olhou furtivamente, sussurrando de volta: 

— Eu não sou gorda Levy! 

— É, isso é um mistério -riu Gajeel se intrometendo- O caso da ruiva que se empanturra de bolo e continua magra. Inédito. -e soltou uma gargalhada. Erza ficou mais corada e eu repliquei com um tique na sobrancelha, com raiva: 

— Fica quieto Gajeel idiota! Não se intrometa em assunto de meninas! 

— Está nervosa baixinha. Mas a culpa não é minha se as conversas vem até os meus ouvidos de Dragon Slayer -reclamou ele. 

— Ei, vocês. -Gray voltou, mas dessa vez estava vestido devidamente- Estão brigando ainda? 

— Não -respondi, lançando um olhar para Erza e Gajeel- Chega de brigas, estou preocupada com a Lu-chan, vocês estão aqui por causa disso também, certo? 

— Eu estava. -disse Erza se levantando num suspiro- Mas por hoje parece que a loira não vai aparecer. Estou indo para Fairy Hills. Minha preocupação com ela continua por amanhã. 

— Então já vai? -Gray perguntou, Erza sorriu se forma assustadora. 

— Tenho que polir as minhas armaduras. Comprei uma nova coleção: Torturas infernais. 

Todos nós sentimos um frio na espinha, observando Erza sair da guilda. 

— Não importa o que aconteça, Erza sempre será a titânia assustadora -comentou Gajeel, suando frio, 

— A... Aye... -concordou Gray de olhos arregalados.

Passamos a tarde assim, Gajeel foi arranjar um prato gigante de parafusos, Gray ficou zanzando pela guilda, até que Juvia resolveu atacá-lo e ele sair correndo. Mas Lucy não apareceu.


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