Inevitavelmente Sua escrita por Nah


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem!!♥



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— Você o dispensou assim? – Carol tinha lágrimas nos olhos pelas risadas, enquanto eu contava a merda que havia sido o meu ultimo encontro. Bem, pelo menos para o cara. Eu estava muito bem e satisfeita com a situação.

Estávamos em um barzinho na orla, conversando amenidades entre goles de margarita. Carol era a única pessoa em quem eu confiava, a única amiga que eu conseguira manter. Ela entendia as minhas nóias— até achava engraçado –, mas não me julgava. Nos conhecemos na faculdade, e desde então nossa amizade se mantém firme e forte.

— O cara ainda me ligou chorando e implorando pra eu dar uma chance. Desliguei na cara dele. – Carol me olhava com desaprovação, tentando segurar o riso. Dei um sorriso irônico, colocando meu cabelo solto para um lado. – O que foi? Os homens fazem isso com as mulheres o tempo todo. Ele não tem moral pra achar ruim. E bom, se achar, eu só lamento. Acho é pouco.

Carol ficou séria e deu um gole da sua bebida. Eu desviei meus olhos, prestando atenção no ambiente a nossa volta. A todo o momento chegavam pessoas para aproveitar o começo da noite de sexta. Amigos, amigas, e casais. Deprimente, pensei ao ver mais um casal entrar.

— Você devia parar com isso. – Carol roubou minha atenção, e eu a olhei intrigada. – Queria muito te ver feliz, com alguém. Desse jeito vai acabar sozinha.

— Antes sozinha do que mal acompanhada. – Carol revirou os olhos e mudou de assunto. Ela sempre desistia de teimar comigo sobre isso. Eu sou impossível nesse assunto.

Odeio os homens, com todas as minhas forças. Venho em todos esses anos da minha vida transformando a tentativa deles de me conhecer na pior experiência. Para eles, é claro. Os acho o tipo mais desprezível que existe no mundo. Prefiro mil vezes passar o resto da minha vida sozinha com 500 gatos a deixar um homem entrar na minha vida e tentar arruinar ela. De novo.

*

Na segunda-feira acordei 2 horas antes do despertador marcar 7 da manhã – horário que eu deveria começar a me arrumar para o trabalho. Um pesadelo havia sido o causador disso. Acordei encharcada de suor e com o coração quase saindo pela boca. Havia lágrimas nos meus olhos. Sentei e me encolhi contra os travesseiros, puxando o cobertor para cima do meu corpo, tentando encontrar nisso algum tipo de escudo que me protegesse.

De novo não.

Estava cansada desses pesadelos. Cansada de ter aquilo marcado em mim. Simplesmente não conseguia me livrar dos fantasmas do passado. E, provavelmente, nunca conseguiria.

Saltei da cama, empurrei uma roupa de academia no corpo e saí para fazer uma corrida. Liguei o iPod, colocando no volume máximo, como se isso conseguisse bloquear meus pensamentos. “Mine – Beyoncé ft. Drake” entorpecia meus ouvidos, e a cada passo que eu dava a raiva ia crescendo dentro de mim. As imagens daquele pesadelo – que não passavam de lembranças reais – nublavam minha cabeça, me impediam de pensar em outra coisa, enchiam cada poro meu de raiva e revolta. Queria poder me vingar diretamente naquele merda que me fez tão mal. Mas como não podia me vingava em todos da sua espécie. Homens. Foi o único modo que encontrei de canalizar toda minha raiva e não surtar. Bem, não surtar sempre.

Voltei para meu apartamento sem folego e engolindo o choro. Odiava fraquejar. Para mim, a raiva é muito melhor que a tristeza. Esse havia se tornado o lema da minha vida.

Abri a porta encontrando a empregada começando seu trabalho na sala de estar. Ela sorriu forçado pra mim, soltando um “bom dia”. Ignorei e continuei meu caminho para o chuveiro. Saia cinza de cintura alta, blusa de seda branca, altos scarpins pretos e em menos de 1 hora já estava estacionando na garagem do prédio da minha empresa. Eu havia tido sorte nesse quesito da minha vida. Encontrei essa empresa quase falida e consegui a fazer crescer pouco tempo depois de concluir minha faculdade de administração. Hoje ela é uma das mais prestigiadas do mercado.

Subi no elevador até o 13º andar, e quando a porta do mesmo se abriu um murmurinho se instalou no andar quando meus funcionários notaram minha presença. Com certeza não estavam fazendo o que deveriam: trabalhar. Segui em direção a minha sala, meus saltos fazendo barulho no piso e vários “bom dias” para mim. Sorri forçado para alguns. Aquelas pessoas me davam tédio.

Pouco depois do almoço, Joyce, do RH, apareceu na minha sala para falar sobre a contratação de um diretor de criação, para suprir a minha ultima demissão. O cara era um incompetente, fui obrigada a desliga-lo.

— Eu analisei uns currículos com as assistentes, há 3 ou 4 que são muito bons, mas um em especial chamou a minha atenção. – Joyce disse, colocando a minha frente um currículo. Felipe Bragança, li. – Ele parece ser realmente bom, de acordo com o currículo. Ganha em disparada de todos os outros que analisei.

Dei uma análise breve no papel a minha frente. – Se formou nos Estados Unidos. Uau. – falei baixo pra mim mesma. – O chame para a entrevista então.

— Já fiz isso senhora. Ele virá agora à tarde. Depois que fizer a entrevista na minha sala, o encaminho para cá.

— Bom. – falei, devolvendo o currículo para ela. Voltei minha atenção para meu computador.

— Com licença. – ela disse, recolhendo os papéis. Fiz um gesto com a mão a dispensando, sem tirar os olhos do meu trabalho.

Algum tempo mais tarde, meus olhos já estavam cansados de tanto analisar projetos e papéis. Me recostei na minha cadeira, me permitindo fechar os olhos por alguns segundos. Ao fazer isso, as imagens novamente invadiram minha mente sem permissão. Abri os olhos um segundo depois, transtornada e um tanto assustada. Fazia um tempo que não me sentia assim, cheguei até a pensar que estava superando, o mínimo que fosse.

Senti meu estomago embrulhar e corri para o banheiro que havia na minha sala, e me debruçando sobre o vaso sanitário despejei todo o meu almoço. Meus saltos incomodavam pela posição em que eu estava, e os tirei dos pés, os jogando contra a parede com raiva, lágrimas marcando meu rosto. Encostei na parede do banheiro e me permiti escorregar ate o chão, não parando de chorar momento algum. Abracei meus joelhos, me mantendo naquela prece. Batidas incessantes na porta da minha sala me despertaram. Me levantei, enxuguei meu rosto e dei leves batidinhas tentando recuperar a cor nele, e recolhi meus sapatos, calmamente. Quem quer que fosse que esperasse. Joguei os sapatos embaixo da minha mesa e me sentei, apoiando a cabeça nas mãos. As batidas continuaram.

— Entre, entre! – eu gritei irritada, é, gritei, mas não estava nem aí.

A porta se abriu e eu levantei a cabeça, para encontrar Joyce com um olhar assustado e alguém atrás dela, de quem meus olhos não conseguiram se afastar.


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Notas finais do capítulo

Continuo??