Desvio de Chamada escrita por nywphadora, R Kermillian, nywphadora
As portas do elevador deslizaram, abrindo passagem para o moreno. O cabelo desgrenhado e os olhos vermelhos deixavam evidentes os efeitos da bebida, o mesmo poderia se dizer do modo como andava: tropeçando nos próprios pés.
Parou em frente ao quarto n° 867 e enfiou as mãos nos bolsos, procurando o maldito cartão. Depois de muito vasculhar, revirou os olhos, lembrando-se do bolso interno na jaqueta.
“Maldito seja” pensou, o puxando para fora.
O cartão escorregou de sua mão, e ele abaixou-se brevemente para pegar, introduzindo logo em seguida na abertura da porta, que abriu-se, assim que reconheceu o código.
Empurrou brutalmente a porta, e adentrou o quarto escuro. Sua mão direita deslizou pela parede, buscando o interruptor que, ao ser encontrado, fez todo o apartamento ser iluminado.
Fechou rapidamente os olhos, ao senti-los queimar, devido a claridade repentina. Fez uma careta, tentando abrir os olhos e, quando finalmente conseguiu, sacudiu a cabeça, estressado.
Fazia pouquíssimo tempo desde que ele decidiu sair da banda. Sentia como se tivesse se livrado de uma coleira, pois era isso que a Modest foi para a One Direction. Uma prisão. Tentando controlar o que eles vestiam, falavam e faziam. Foi a pior decisão que já tomaram em suas vidas.
Se ele soubesse, naquela época, o rumo que as coisas tomariam, jamais concordaria. E sabia que os outros meninos também se sentiam assim, apesar de nunca terem conversado sobre isso. Era pressão demais.
Semanas passaram-se desde que conversou com os garotos pela última vez. Não podia dizer que deixar a banda foi uma decisão fácil, pois não foi. Ele esperou que os outros tomassem a mesma atitude, mas nenhum deles tinha ido com ele, só observaram quando ele foi embora.
Olhou para o celular jogado em cima da mesa, intocado.
Se fosse Liam, ele jamais encostaria em um celular, estando bêbado.
Mas ele não era Liam.
Pegou o celular, olhando fixamente para a tela bloqueada. Precisava conversar com eles. Tinha deixado a banda, mas isso nunca significou acabar com a amizade que tinham, muito pelo contrário.
Deslizou o dedo pela tela, inconscientemente, desbloqueando. Desenhou o padrão de segurança, fazendo a tela inicial aparecer. Foi rapidamente para a agenda, ponderando qual dos quatro números discaria. Por fim, escolheu o de Liam.
Aproximou o celular do rosto, ouvindo o apito repetido, indicando que estava ocupado. Ele suspirou, encerrando a chamada. Por fim, decidiu ligar para Niall. Também deu como ocupado, e não foi diferente nas outras ligações.
Ele sentiu um nó na garganta. Estavam ignorando-o, isso era claro como a água.
Jogou o celular com raiva na mesa, sorte que a tela não rachou. Passou as mãos pelo rosto, tentando se acalmar, e levantou-se, decidindo tomar um longo banho.
[...]
Pelo resto da semana, os números continuaram dando ocupado. Até que, em um momento, eles pararam de ser chamados, o apito sendo substituído pela voz feminina e irritante.
“Esse número se encontra desligado, ou fora da área de cobertura. Por favor, tente novamente mais tarde”.
Sua fúria apenas crescia. Não bastava terem ignorado-o por toda a semana, ainda tinham que trocar de número?
Na terceira semana, porém, as coisas mudaram.
— Alô?
Zayn coçou o olho, confuso.
— Ahn... Desculpe, liguei para o número errado — disse, estranhado.
Desligou, sem esperar pela resposta. O celular marcava como se ele tivesse ligado para Louis, mas não era possível. Aquilo era a voz de uma garota.
— Será que o Louis tá saindo com alguém? — murmurou, não lembrava de ter lido algo assim nas revistas, porque só assim que ele conseguia notícias dos ex-colegas de banda.
Levantou-se e arrastou o notebook pela mesa, buscando algo parecido. Nada. Nenhum site de fofoca tinha registrado algo, sequer, semelhante. O fim do relacionamento com Eleanor era a única notícia relacionada a Louis, e isso fazia um bom tempo que tinha acontecido.
Eles não tinham sorte para o amor... Não com as fãs exigentes por perto.
As fãs eram mais importantes para a Modest do que o bem estar de cada um deles. Não que eles não amassem suas fãs, mas sentiam-se sufocados às vezes. Tinham direito de ter um relacionamento. Tinham direito de amar!
Ele pegou o celular, e ligou novamente para o número de “Louis”.
— Número errado de novo? — a mulher do outro lado perguntou.
— Ahn… Com quem falo? — perguntou, coçando a nuca, nervoso.
— Acho que eu quem deveria perguntar isso — havia um rastro de riso em sua voz.
— Certo. — sacudiu a cabeça. — Aqui é Zayn Malik. Com quem falo, por favor? — questionou, começando ficar irritado.
— Zayn Malik? Aqui é a Rihanna, meu bem. — debochou.
— O quê? — perguntou, exaltado. — Eu só quero saber de quem é esse número, poderia me ajudar? — replicou, bufando de raiva.
— Como posso saber que não é um sequestrador ou maníaco? — retrucou a garota.
Ele respirou fundo, tentando conter a raiva, sem muito sucesso.
— Que tipo de sequestrador liga para a vítima? — gritou.
Do outro lado, houve um silêncio.
— Bom argumento — admitiu.
— Ótimo. Agora, eu poderia saber com quem tenho a honra de... — ele foi interrompido novamente.
— Mas isso não quer dizer que não seja um trote. Afinal de contas... “Zayn Malik”? Sério isso? — ela insistiu.
— Quer parar com as gracinhas? — grunhiu.
— Tenho cara de quem está brincando?
— Eu não estou vendo a sua cara, sabe.
— Depois eu quem estou de gracinhas.
Zayn bufou, transtornado.
— Quer me dizer logo o seu nome? — insistiu. — Não quero nada com você, quero saber apenas com quem estou… — ela o cortou novamente.
— Isso já é querer alguma coisa.
Bufou. Estava fazendo muito isso nos últimos minutos, percebeu.
— Está bem. — disse, tentando conter-se. — Eu só quero saber por que o seu número está na minha agenda.
— Ué! A agenda não é sua? — ela parecia divertir-se às suas custas.
— Não me provoca… — disse em tom baixo e completamente irritado.
— Você ligou para uma pessoa que nunca viu na vida e ainda quer que lhe dê explicações? Faça-me o favor!.— estressou-se a garota.
Antes que pudesse dizer mais alguma coisa, ela desligou.
— Filha da... — ele olhou chocado para o celular.
Aquele foi o último pingo de água para que o copo transbordasse… Nesse caso, a raiva.
Como se não bastasse, seu celular bipou, indicando que ele tinha recebido um SMS. Focou seus olhos no visor e passou a enxergar vermelho.
“Jay-Z mandou lembranças”.
Seu punho lançou o iPhone contra a parede, fazendo-o estilhaçar. Gostaria de estrangular a dona daquela voz irritante.
[...]
Toda a vez em que ele tentava excluir os contatos de Louis, Liam, Harry e Niall, não conseguia completar a ação. Tinha a esperança inútil de que, algum dia, um deles iria ligar para ele, que tudo voltaria a ser como antes, que dariam explicações sobre o afastamento deles.
Deslizou o dedo pela tela do novo iPhone, o último não teve mais jeito, depois de ser lançado contra a parede. Pelo menos, os contatos eram mantidos no cartão do número, não no celular em si, mas ele não sabia se isso era, necessariamente, algo bom.
Quando ia deixando-o em cima da mesa, ele vibrou. Olhou para a tela, e dizia que Louis estava ligando. Por um momento, ele animou-se, até lembrar-se quem tinha o novo número de telefone. Sua cabeça diria que era péssimo para atender, mas seus dedos tinham uma opinião diferente. Só poderia ter um motivo para que ela ligasse de volta.
— Estou escutando — disse, com um sorriso debochado.
— Eu sinto muito — ela sussurrou, parecia estar envergonhada.
— Pelo quê? — perguntou, se fazendo de desentendido.
— É tão insuportável — ele ouviu-a resmungar, irritada.
— Eu? Insuportável? Já se ouviu falando? — debochou.
— E desaforado. — ela resmungou novamente. — Olha, eu não liguei para discutir.
— Está bem! Está bem! — ele revirou os olhos — Diga logo, não tenho tempo para bobagens.
— Eu sinto muito — repetiu — Eu não quis ser grossa, mas... Está bem, eu quis ser grossa! — ele revirou os olhos, irritando-se novamente. — Eu... Sua voz era bem familiar para mim, mas pensei que estava brincando.
— Passamos uns 10 minutos discutindo se eu era ou não Zayn Malik — ele debochou, irritado.
— Certamente, parece ser mais simpático nas entrevistas — ela retrucou.
— Tem certeza de que não ligou para discutirmos? — ele perguntou, levantando uma sobrancelha, embora soubesse que ela não veria.
— Ahn… Você me irrita! — explodiu do outro lado da linha.
— Sentimento recíproco — ele disse, rindo.
— Por que você queria saber quem eu era, da última vez que ligou? — era evidente que a curiosidade dela era maior que sua irritação.
Zayn suspirou, o riso morrendo, ao lembrar-se do motivo para ter ligado para ela.
— Deixa para lá. Só não me ligue mais. — respondeu, amargurado.
— Eu ouvi direito?
— Ouviu o quê? — rolou os olhos.
— Esse tom de tristeza. — fez pouco caso.
Zayn engoliu em seco, diante da insinuação.
— Não seja idiota. — respondeu, um pouco hesitante.
— Olha, eu sei que a gente não começou da melhor forma — tentou dizer.
— Não vai começar com a psicologia, vai? — ele coçou a sobrancelha, erguendo-se da cadeira e jogando-se no sofá.
— O que foi isso? — ela perguntou ao ouvir um estrondo.
— Não se pode nem deitar no sofá em paz? — ajeitou-se, apoiando a cabeça no encosto.
— Acontece que não estou vendo o que está fazendo… Achei que poderia ter se machucado. — sussurrou a última parte, o que não o impediu de ouvir.
— Você… — ele começou, um sorriso cínico no rosto. — Ahn! — sacudiu a cabeça, rindo.
— Qual é a graça? — questionou, desconfortável.
— Esquece — ele sacudiu a cabeça novamente.
— Certo... — ela sussurrou.
Eles ficaram em silêncio por algum tempo, ele até conferiu se a ligação não tinha caído.
— O que... — ele começou — Eu tô passando por um momento meio complicado... Saí da banda, e não consigo ligar para os outros garotos.
Ele não sabia porque estava contando isso a uma completa estranha, mas lá estava ele.
— O meu celular caiu em um esgoto — ela contou, e ele franziu o cenho, divertido — Tive que comprar um novo, e até o número foi pelo ralo.
— Isso explica tudo, mas eu já devia ter desconfiado disso — ele engoliu em seco, tentando não explodir, justo agora que estavam começando a falar como duas pessoas decentes.
— Estava ligando para um deles? — deduziu.
Ele não respondeu.
— Ainda está aí? — perguntou, após alguns minutos.
— Estou. — respondeu.
— Então… — ela insistiu, não querendo repetir a pergunta.
— Sim. — rendeu-se. — Estava tentando falar com eles. — batucou os dedos sobre o sofá, tentando controlar a raiva.
— Tentando? Isso significa que… — ele a interrompeu.
— Que eu não consegui. — completou, enfurecido.
— Oh, calma! — repreendeu. — Eu não tenho culpa. — defendeu-se.
Zayn mordeu os lábios, amaldiçoando a si mesmo.
— Desculpe… — começou, mas desistiu, deslizando pelo sofá.
— Tudo bem.
E, novamente, o silêncio, mas, desta vez, ela o rompeu.
— É verdade o que disseram? — questionou, cautelosamente. Era evidente o que ele sentia em relação ao assunto.
— O que disseram? — perguntou, confuso.
— Você não viu?
— Vi, o quê? — ergueu o corpo, sentando-se.
— Ahn… Nada. — tentou desfazer o deslize. — Eu me confundi.
— Fala de uma vez! — exigiu.
— Não vou te dar esse tipo de noticia, não. — negou-se.
Zayn bufou, levantando-se. Agarrou o notebook, supondo que ela tivesse visto a tal noticia na internet. Abriu o navegador e buscou pelas últimas noticias, de um site oficial da One Direction.
— Eu não acredito! — ele gritou, esquecendo que estava no celular.
— Zayn? — ela perguntou, preocupada.
— Eu vou matar esses filhos da puta! — rosnou, sem escutar o que a garota disse.
— Hey! — ela chamou.
— Malditos! — voltou a dizer, vermelho de ódio. — Ahn…— uma espécie de gemido escapou, quando ele caiu sentado no sofá, novamente.
A garota tentou se pronunciar novamente, mas um fungado abafado a impediu.
— Zayn? — ela perguntou, lentamente.
A voz da garota soou em seu ouvido e, só então, percebeu que estava no meio de uma ligação.
— O quê? — disse, tentou se recompor.
— Você… — hesitou, com medo de um novo surto.
— Eu preciso desligar. — finalizou a ligação, antes de receber uma resposta.
Conforme os dias passaram, Zayn sentiu-se idiota por sentir saudade de conversar, ou melhor, brigar com a garota do telefone, a qual nem sabia seu nome.
Irritado pelo o que a Modest disse, ele resolveu se pronunciar, pela primeira vez, contando o que realmente aconteceu. Isso fez com que ele se sentisse um pouco mais livre, embora não pudesse dizer tudo o que pensava para aquela gravadora. Foi uma das primeiras vezes em que apareceu sóbrio.
Mas, se tinha algo de que sentia mais falta, se é que era possível, do que a voz da garota, era cantar. Sair da banda tinha sido a melhor e pior decisão que tinha tomado.
— Você acha que pode... Sei lá, descobrir quem é a nova dona da linha? — ele tentou contatar um primo, que entendia dessas coisas.
— Por que você tem tanto interesse nisso? — o garoto perguntou, estranhado.
Ele não soube responder.
— É só curiosidade. — tentou convencê-lo.
— Sério? Curiosidade? Olhe para a minha cara, Zayn Javadd Malik! — gesticulou, fazendo-o rir. — Você passou horas no telefone com uma garota e não perguntou o nome dela? — debochou.
— Aí é que está. — deu de ombros.
— O papo foi tão bom assim? — riu.
— Na verdade, passamos a maior parte do tempo brigando — confessou, fazendo-o assoviar.
— Amor à primeira vista, realmente — debochou.
— Telefonema. — corrigiu.
— Então, você admite? — ele levantou as sobrancelhas.
— Foi a única pessoa com quem falei sobre tudo sem… Me sentir um total idiota, por sentir falta deles. — admitiu.
— Tá apaixonado! — começou cantarolar.
— Não, não… — tentou negar, mas não soube como contradizê-lo.
— Ela te deixou sem palavras, parceiro. — voltou a rir.
— Está bem! Está bem! Talvez eu esteja gostando dela, mas e daí? — disparou a dizer, involuntariamente.
Uma expressão risonha e debochada se formou no rosto de Daniel, fazendo-o perceber o que tinha dito.
— Então, você consegue ou não consegue isso para mim? — voltou ao assunto anterior, sem dar a ele a chance de zombar novamente.
— O que eu não faço para ver o meu priminho apaixonado feliz, não é mesmo? — Zayn riu, ao perceber que suas tentativas não adiantaram. — Mas, olha... Dona Trisha está preocupada. Você não deu notícias desde que aconteceu tudo isso.
— Eu sei, eu só... Preciso ficar sozinho — ele fechou os olhos — Acostumar-me com isso.
— Tente não demorar — Daniel brincou, mas soava bem preocupado.
“Esse pirralho tá muito maduro pro meu gosto” ele pensou, enquanto saía da casa dele.
— Ai, meu Deus! — uma garota disse, olhando para ele. — Zayn Malik!
— Ahn… Oi. — disse, um pouco confuso.
— Eu gosto muito das suas músicas. — disse, sorridente.
— Hey, Jennifer! — Daniel surgiu, novamente.
Zayn virou-se para o primo, franzindo o cenho, divertido.
— Olá, Daniel! — a garota respondeu.
— Vem. — disse, chamando-a com a mão.
— Ah! Foi um prazer conhecê-lo. — disse, animada.
— O prazer foi meu. — respondeu, risonho.
“E pegador, também” pensou, olhando novamente para o rosto vermelho do primo.
— Nem ouse dizer algo! — disse, assim que a garota adentrou sua casa, fechando a porta, em seguida.
Zayn riu, andando até o carro.
[...]
Garota desconhecida
Hey! (23:40)
Ele não evitou o sorriso que surgiu em seu rosto. As coisas tinham ficado estranhas, desde a última vez.
Zayn
Hey! (23:41)
Garota desconhecida
Está melhor? Deve ter sido muito duro ler tudo aquilo (23:41)
Eu vi o que disse (23:41)
Zayn
Só disse a verdade (23:42)
Ele parou por um momento, olhando fixamente para a conversa iniciada. Apertou o botão para sair do aplicativo, e foi até os contatos, apagando o número dela. Depois, foi novamente até o WhatsApp.
Julie
Hey! (23:40)
Ele sorriu.
— Te peguei — murmurou.
Zayn
Sabia que eu contratei o meu primo para descobrir quem você era? (23:43)
Julie
Por que se importa tanto? (23:44)
Zayn
Vai saber... Você foi a primeira garota a gritar comigo via telefone (23:44)
Julie
Pobrezinho... (23:44)
Você supera (23:45)
Ele foi para os seus contatos do WhatsApp, e acessou uma conversa com o primo.
Zayn
Por favor, não esteja se pegando com aquela mina, não agora! (23:45)
Daniel
Tá doido, cara? Eu tô morto de sono aqui... (23:46)
Zayn
Eu sei o primeiro nome dela (23:46)
Daniel
Ela quem? (23:46)
Ahn… (23:48)
A gente não pode falar disso amanhã? (23:48)
Zayn
Não (23:49)
Daniel
Qual é? (23:50)
Os gênios precisam descansar, sabia? (23:50)
Zayn
Não sabia que você era sonâmbulo (23:51)
Porque, gênio... Só pode estar sonhando (23:51)
Daniel
Haha (23:51)
Não (23:51)
Eu vejo o sobrenome dela, os pais dela, o endereço, se é casada... O que quiser! (23:52)
Posso dormir agora? (23:52)
Obrigado (23:52)
Tchau (23:52)
Em outra situação, ele riria, mas ele não viu graça alguma no que ele disse.
Ela não falaria com ele durante a tarde se fosse casada, falaria? A não ser que fosse uma fã, e não tivesse coragem de admitir.
Julie
Ficou chateado mesmo, hein? (23:50)
Nem deu seus comentários sarcásticos (23:50)
Zayn
Só estou com sono (23:54)
Julie
Sei... (23:54)
Zayn
Tomei uma decisão (23:55)
Julie
Qual? (23:55)
Não vai se suicidar, certo? (23:55)
Zayn
Eu vou seguir carreira solo (23:55)
Julie
Isso é ótimo, Zain! (23:56)
A menção de um sorriso surgiu em seu rosto, ao ver seu nome escrito como realmente era.
Zayn
Espero que seja mesmo (23:57)
[...]
— Filho, você tem certeza disso? — Trisha soava preocupada, ao telefone.
— Relaxa, mãe! — ele revirou os olhos, ouvindo o alvoroço do lado de fora — Preciso desligar agora, tchau!
Uma mulher fez sinal, indicando que a coletiva começaria.
— Zayn! — Daniel adentrou o cômodo. — Preciso falar com você.
— Agora não, pirralho. A coletiva vai começar. — respondeu, passando por ele, bagunçando seu cabelo.
— Mas… — tentou argumentar, irritado pelo cabelo bagunçado. — Volta aqui, cabeção. — estressou-se, segurando seu braço. — Eu passei horas tentando consegui isso… — Zayn o interrompeu.
— Eu sei disso, mas agora eu preciso ir — disse, revirando os olhos — Isso não dá pra remarcar, a gente se fala depois.
Antes que Daniel pudesse dizer mais alguma coisa, ele foi atrás da organizadora.
— Droga... — murmurou para si mesmo, indo atrás dele.
— Não pode passar — um segurança disse, parando-o.
— Eu sou o primo dele — disse, indignado.
— Deixe o garoto passar, Thomas — a organizadora repreendeu — Você vai ter que ficar um pouco mais afastado do seu primo.
— Que ótimo... — murmurou Daniel.
Ele foi encaminhado para um canto, ao lado da grande fileira de jornalistas. Assim que viu uma garota específica, ele arregalou os olhos, e virou-se para o primo, tentando fazer sinal, para que ele o visse.
— Zayn, seu cabeçudo burro, olha para cá. — murmurou, irritado com a lerdeza do primo, que o olhava de cenho franzido, sem entender nada do que ele dizia.
Uma das repórteres levantou-se, em meio à confusão, os flashes de câmeras eram constantes, machucando os olhos de quem olhava por muito tempo.
— Senhor Zayn — ela disse, com um bloco de notas em suas mãos.
— Chame-me apenas de Zayn — ele interrompeu.
— Certo... Zayn — ela sorriu — O que ocasionou a sua saída da 1D?
— Acho que não é novidade para nenhuma fã que a Modest nos controlava. Se fizéssemos algo contra o planejamento, eles tiravam o nosso celular, cortavam qualquer contato com nossas fãs.
— E por que os seus amigos continuam lá?
Ele hesitou, olhando fixamente para ela.
— Eu não sei — suspirou.
— Não mantém mais contato? — ela perguntou.
— Eu tentei ligar para eles, mas... Eles mudaram o número de telefone.
— Todos eles?
— Sim...
— Você está melhor? Deve ter sido duro ler tudo aquilo que a Modest disse, sobre a sua saída.
Zayn ficou paralisado por um instante, aquela frase lhe era familiar de algum lugar.
— Sim, estou bem melhor — ele sorriu, minimamente — Eu chamei vocês aqui porque decidi que não posso mais ficar parado. Eu vou seguir carreira solo.
Os outros jornalistas começaram a exclamar, tentando que ele respondesse suas perguntas.
Ele percebeu que, enquanto respondia as perguntas, a repórter saiu, pelo canto. Daniel continuava a fazer sinais para ele, indicando a mulher.
— Só um minuto, senhores. — Zayn pediu, levantando-se. — Meu primo parece estar passando mal. — andou em direção a Daniel, que o encarava de cara feia.
Ele passou pela fila de repórteres, que pareciam não entender que ele precisava de um tempo, e foi até ele.
— O que foi? — perguntou, irritado — Tá a fim da mulher? Eu não sei o nome dela!
— Não, seu trolho! — grunhiu. — Se eu estivesse a fim dela, você me quebrava a cara, e você sabe muito bem o nome dela.
Ele olhou confuso para o primo.
— É idiota mesmo — Daniel fechou os olhos, fazendo drama.
— Fala de uma vez! — exclamou Zayn, irritando-se mais ainda.
— Julie Crawford. — disse Daniel — Repórter de um jornal recém-inaugurado. Também conhecida como a garota desconhecida do telefone do Louis. Ah! E solteira! — zombou de Zayn, que permanecia paralisado. — Então, vai ficar aí com essa cara de mané, ou vai atrás dela? — socou seu ombro, o empurrando em direção a saída.
— Valeu. — foi a única coisa que disse, antes de passar pelos repórteres amontoados.
Passando rapidamente pela porta de entrada, ele encarou a rua, sem saber exatamente o que estava fazendo. Quando finalmente se deu conta do que estava procurando, sorriu, girando o rosto em direções diversas.
Avistou uma garota de cabelos castanhos, próxima ao meio fio, pronta para pegar um táxi e correu em sua direção.
— Espera. — segurou seu braço, antes que ela desse sinal para o veiculo, que passou reto.
— Obrigada! — exclamou, irritada. — Acabo de perder o único táxi que parecia estar por aqui. — virou para ele, paralisando por um segundo. — O que faz aqui? Não deveria estar sendo interrogado?
— Você sempre estressada — ele revirou os olhos.
— O que disse? — fez-se de desentendida. — Você aborda uma completa estranha no meio da rua, e… — fixou seus olhos na mão dele, que ainda prendia seu pulso. — Quer fazer o favor me soltar? — esquivou-se com um puxão.
— Qual é? — disse, já meio chateado. — Passamos horas conversando até a meia-noite e, quando eu finalmente te encontro, vai ficar fingindo que não me conhece?
— Não. Não vou fingir, até porque, não existe quem não conheça o sobrenome Malik, não é mesmo? — debochou.
— Oh! Céus! — reclamou, pondo a mão direta na nuca. — Vamos mesmo continuar com essa conversa?
— Eu não falo com estranhos, querido. Mamãe disse para tomar cuidado com eles. — disse, fazendo-se de inocente.
— O quê? — gesticulou, pasmo diante da declaração tão infantil. — Julie… — ela o cortou, indignada.
— Como sabe o meu nome? — gritou, atraindo ainda mais os olhares de quem passava pela rua.
— Ah… — riu, ao perceber que não havia mencionado a descoberta.
— Do que está rindo, seu imbecil?
— Não, nada. Eu só… — prendeu seu lábio inferior entre os dentes, negando-se admitir aquilo.
— Você, o quê? — ela baixou seu tom de voz, demonstrando interesse no que ele tinha para dizer.
— Eu só andei louco atrás de você. — rendeu-se, não percebendo o tom que ela havia usado. — É isso. — deu de ombros, olhando-a.
— E por que o interesse? — perguntou, risonha.
— Não me faça responder. — sussurrou, rindo.
Alguns minutos se passaram ali, até que ela percebeu que estavam encarando um ao outro, de um modo constrangedor.
— Então… — Zayn começou, ao vê-la vermelha. — Não vai mesmo me dizer o seu nome? — fez uma careta ao perceber o que tinha dito.
Ela riu.
— Seu primo é assim tão bom com o computador? — riram.
— Digamos que ele é útil. Mas fui eu quem descobri isso. — replicou, não querendo deixar de se gabar.
— Ah… — ela suspirou, constrangida. — Olha, eu preciso ir. Minha chefe me mata se eu não chegar no horário, e não quero perder meu estágio.
Zayn a encarou novamente, analisando detalhadamente seu rosto. Um pequeno sorriso surgiu ao perceber que, por mais que ela pudesse parecer madura, não passava de uma garota que ainda precisava arrumar a vida.
— Qual o número? — perguntou.
— Desculpe? — ela perguntou, confusa.
Ele revirou os olhos, e pegou o celular dela.
— Ei! — ela reclamou, sem muita força.
Ele colocou o celular no ouvido.
— Alô? É a chefe da Julie? Então... Aqui é Zayn Malik, ela está cuidando da entrevista, vai demorar um pouco para chegar. Tudo bem? Tchau.
— O que você... — ela olhou-o, incrédula, enquanto ele desligava a chamada.
— A gente tem um tempinho, mas você tem que voltar antes das 16. — respondeu naturalmente, devolvendo seu celular.
— Você é maluco. — murmurou, segurando o aparelho.
— Então, você quer passar o resto da tarde aqui, no meio da rua? — colocou as mãos nos bolsos do jeans, gesticulando o cenário em volta deles.
Ela sorriu, constrangida e, em parte, contente.
— Não. — respondeu, balançando a cabeça. — Absolutamente, não.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Zayn estressadinho, né? Haha