Sob o Signo da Traição escrita por Dhessy


Capítulo 9
O Réquiem do Cisne


Notas iniciais do capítulo

Olá meus amores!
É com muito prazer que venho trazer mais um capitulo de Signos, o ultimo por assim dizer.
Mas calma que tem mais coisa vindo em relação a história. Pretendo posta uma apanhado com curiosidades da história, que gostaria de dividir com todos vocês.
É com esse misto de tristeza e alegria que agradeço a todos que me auxiliaram nesse projeto.
Um agradecimento especial a Morgana e a JuBrise.
Obrigada aos leitores que acompanharam até aqui.
Um grande beijo para todos vocês.



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Aos poucos sua visão tornava-se turva. Seria cansaço? Odille se perguntava conforme invocava mais gavinhas para tentar atingir Rothbart. Ela sentia como se algo sugasse suas forças. Os sons pareciam pouco a pouco mais distantes. Até mesmo a expressão do seu dito pai parecia mais... Vitoriosa?
“Minha querida menina”
Vozes de outra época misturavam-se as atuais. Havia algo errado no qual ela não conseguia descrever em palavras. Uma sensação de sufocamento que não conseguia nomear. Então de repente ela compreendeu, sua vida estava chegando ao fim.
Só conseguiu ouvir o grito de Aiolia e de Gehässig antes de seus joelhos fraquejarem e seu corpo fosse de encontro ao chão. Suas unhas cresceram e sua pele pouco a pouco se cobriu com penas negras. A maldição. Ela tinha um prazo... Não era a mesma de Odette afinal.
“Essa é a vingança por sua traição. Cisne você há de ser!”
Aquelas palavras foram sussurradas por sua consciência como se fosse a voz do mago ao longe, rindo de sua surpresa. Uma mistura de passado e presente que a atingiu de forma cruel.
Sarid e Helena soltaram uma exclamação pela surpresa de estarem sofrendo do mesmo processo que Odille. A rainha e sua corte alimentavam o poder do mago.
—Não existe amor verdadeiro por você Odille. -Rothbart disse se aproximando da mulher caída na grama a sua frente. Retirando o colar que estava em torno de seu pescoço, ele voltou a sua verdadeira forma. Elevando seu cosmo, o mago transformou o pingente em uma espada. Segurando o cabo de aço entre suas duas mãos ele mirou o coração de Odille.
—Mande lembranças a sua irmã e a Siegfried!
O que se passou em seguida transcorreu em câmera lenta. Não houve tempo para que Afrodite ou mesmo MDM alcançassem a rainha. O som da espada pareceu mais alto, mas não tanto quanto o grito de dor da mulher que aos poucos assumiu sua verdadeira aparência.
Gehässig tinha a espada cravada em diagonal em seu tórax. O olhar determinado fez com que o mago entrasse em um estado de choque permitindo um contra ataque por parte do pisciano e do italiano que o lançaram a metros de distância iniciando um novo combate.
O sangue escorreu até os finos dedos da mulher que observava a cena ainda em choque.  Conforme a poça se tornava maior. Rothbart já havia sido afastado pelos cavaleiros, mas não foram capazes de impedir seu feito.
—NÃO! -Odille gritou em meio à dor que agora não atingia apenas seu corpo. -NÃO!
Milo e Aiolia foram de encontro à rainha que tentava se arrastar para perto do corpo do homem cuja espada havia criado uma ferida aberta que aos poucos fazia o fogo da sua vida se extinguir.
—Odille! -Aiolia puxou a jovem para seus braços.
—Aiolia! Me leve até ele... -A rainha direcionou seu olhar para Gehässig. -Me leve até ele…
—Ela... Digo ele… -Milo começou um discurso. -Ele não viverá por muito tempo senhorita. A ferida… E também a maldi…
—EU NÃO IMPORTO!- As lágrimas rolavam pelo rosto da mulher que aos poucos era coberta por penas. -ELE NÃO PODIA!...ELE...
Um soluço impediu Odille de continuar seu discurso. Milo a tirou dos braços de Aiolia que parecia chocado, prevendo que talvez se a levasse para perto daquele homem não tão desconhecido para si, pudesse aliviar a dor que ela sentia.
Era estranho tomar o corpo da jovem rainha no colo. Seus olhos aos poucos se tornavam mais semelhantes a de um cisne, assim como seu corpo. Como cavaleiro aquilo não era normal.
—My lady!-A voz do homem parecia chorosa. -Eu falhei com my lady...Eu…
—Gehässig. -O leve carinho no rosto fez o “morcego” fechar brevemente os olhos.
—Eu escolhi tarde demais a quem dirigia minha lealdade... Agora a senhorita está morrendo por minha culpa.
—Como assim está morrendo!?-Perguntaram Aiolia e Milo juntos.
—Como Rothbart está fazendo isso Gehässig?
—O colar. -Uma crise de tosse fez com que o rapaz vomitasse sangue a poucos centímetros de onde a rainha estava sentada.
—Eu vou matar esse traidor! -Milo gritou. -Você se passou por uma mulher perdida e agora quer perdão.
—Não Milo! -Odille pôs um braço na frente do cavaleiro para impedir seu avanço. - Você não o conhece. Não como eu.
—My lad…
—Não posso perder você.
—Você tem que salvar sua corte my lady.
—Não se esforce. Eu salvarei você.
—Não vale a pena dar sua vida pela minha... A de um traidor… - Uma crise de tosse fez o corpo do homem sacudir e cuspir mais sangue.
—Você é meu irmão. Não um traidor. -Conforme elevava seu cosmo, mais penas surgiam sobre o corpo de Odille. -Eu o salvarei. Rothbart já me roubou coisas demais. Eu não quero... Eu não posso deixar que ele tire você também.
O cosmo da rainha cobriu todo o campo de batalha fazendo com que Milo e Aiolia dessem um passo para trás devido a luz emitida pelo cosmo da mulher ajoelhada junto a Gehässig. Era um cosmo quente e determinado que nascia dela e os fazia lembrar de Atena.
— Minha senhora... Minha irmã de alma... -Fechando os olhos Gehässig sentiu o cosmo da rainha curando sua ferida. -Obrigada por me deixar amá-la.


*~v~*


A alguns metros dali, Afrodite e Máscara da Morte enfrentavam problemas para lutar contra o mago. As rosas não chegaram a tocá-lo e o fogo fátuo invocado pelo italiano se tornavam apenas pequenas centelhas antes mesmo de se aproximar o suficiente para fazer algum estrago.
—Ele está mais poderoso!- O pisciano disse ao companheiro que assim como ele tentava evitar que a rajada de penas cortantes lançadas pelo mago o ferisse.
Um perfume inebriante cobriu os arredores fazendo com que Giovanni se colocasse alguns metros de distância entre ele e o companheiro de armas. Máscara da Morte acompanhava a tentativa de amortecer os sentidos do mago, conforme rosas negras e rubras cobriam o chão formando um jardim mortal. A situação era delicada, qualquer ataque que levasse o aroma na direção contrária poderia tornar a arma em armadilha.
—Já sei aonde quer chegar Siegfried. Usas estas tolas flores para me impedir. -Os olhos do homem se tornaram mais vermelhos conforme o mesmo elevava seu cosmo. Aos poucos as rosas do cavaleiro foram secando e desmanchando.
—ROSAS DIABÓLICAS REAIS! -Uma porção de rosas vermelhas partiu em direção ao mago. As parando em pleno ar, Rothbart fez com que as mesmas se virassem contra o cavaleiro que retirando uma rosa negra dos cabelos, impediu o ataque.
—Me deixe tentar. ONDAS DO INFERNO!- Uma porção de alma envolveu o corpo do mago para arrastá-lo em direção ao Sekishiki.
—Mask pare! -Afrodite gritou para o italiano. Havia se passado alguns minutos que o golpe do companheiro ainda agia sobre o corpo do mago sem resultados.
—Não consigo!...Maldetto! Está usando um daqueles truques mentais.
—Você tem dons formidáveis. Assim como aquele outro companheiro seu. -A risada sinistra de Rothbart fez com que Afrodite desejasse ainda mais bater na cara do mago.
—De quem esse maluco está falando?-Máscara da Morte perguntou sem desviar os olhos do adversário. Aos poucos ele sentia as dores atravessando sua cabeça de uma ponta a outra. Se saísse vivo dali provavelmente estaria com uma terrível enxaqueca.
—Saga. Ele derrotou Saga.
—Como? Como diabos ele derrotou aquele greco?
—Arles. Ele o usou para desequilibra-lo. O italiano proferiu uma porção de insultos. -E está tentando algo semelhante com você agora.
Aproveitando parte da distração dos cavaleiros, Rothbart avançou lançando suas gavinhas em direção ao pisciano que não conseguiu desviar a tempo, sendo atirado contra uma árvore.
—AFRODITE!
Um grande brilho fez com que o mago se distraísse a ponto de libertar o italiano do controle mental que se encontrava.
—Esse cosmo... -Afrodite falou entre os dentes conforme tentava se levantar.
—A ragazza. Ela está usando cosmo demais desse jeito...
—O cordão vai destruí-la!
Um sorriso macabro nascia no canto dos lábios do mago, conforme ele era invadido pela satisfação em saber que todo o poder que a Odille usava vinha diretamente para si. Virando-se para os dois cavaleiros, Rothbart elevou seu cosmo formando uma esfera que ele dividiu em duas.
—Menos dois coelh…
As esferas do mago desapareceram conforme uma tontura quase o derrubou. Um vento preencheu o bosque, fazendo com que as folhas voassem em direção a Odille.



A canção não falada que ninguém pode escutar.

A maldição que somente o amor verdadeiro pode quebrar.

A traição não pode acontecer

Ou para sempre um cisne há de ser


Pelas lágrimas derramadas pelo guerreiro caído

A verdadeira forma se libertará

Em meio ao réquiem, vida e morte dançam sem parar

Quando o vento então cessar

A maldição finalmente se quebrará.



—Acho que engoli uma folha. -Milo reclamou cuspindo no chão conforme tirava a poeira e pedaços de folhas que o vento jogou sobre si.
—Cala essa sua boca Rabo Torto e olhe. -Aiolia deu um tapa na ombreira do companheiro para chamar a atenção dele para a cena que desenrolava a frente deles.
Gehässig sorria tranquilamente nos braços da jovem rainha. Uma expressão que sempre levava no rosto quando acompanhava as brincadeiras da mulher que sorria para si.
—Acabou? -O homem perguntou com certa dificuldade.
—Ainda não.
Se erguendo com certa dificuldade, Odille pegou a espada que havia arrancado do corpo do amigo de longa data. Ele podia nunca ter sido sagrado cavaleiro, mas para a ela aquele título não era necessário. Gehässig era um. Com esse pensamento, a rainha pousou a espada sobre o corpo do rapaz.
—Descanse meu amigo e irmão.
—Vença.
Já não existia nenhuma coroa sobre os cabelos negros que cascateavam até o meio das costas da mulher que silenciosamente observava o amigo dormir como uma criança que havia passado o dia brincando. Nem havia mais penas e os olhos vermelhos. A maldição havia chegado ao fim.
—Senhora!- Sarid chegou correndo com Helena, Saga e Mu ao seu lado.
—Há algo que preciso fazer. Cuide de tudo Sarid.
—Aonde você vai? -Perguntou Saga franzindo o cenho.
—Há um mal a ser contido. Só minha magia pode dar um fim nisso cavaleiro. Cuidem-se e de Gehässig também...
Elevando seu cosmo, a jovem se transformou em uma pequena ave antes que um dos cavaleiros a impedissem.
—Ela está indo enfrentar Rothbart! -Aiolia disse observando o homem que Odille havia perdoado.
—Quem é esse?-Perguntou Mu com curiosidade.
—Longa história. Vamos logo. .-Milo disse tomando a dianteira.
—Acho melhor que você fique Saga. -Aiolia argumentou olhando nos olhos do companheiro. -Elas precisam de proteção. E o... Quem quer que ele seja também.
Palmas foram ouvidas fazendo com que todos virassem seu olhar para o cavaleiro de escorpião.
—O que? É a primeira vez que esse gato de Armazém fala algo útil.
—Crianças. -Saga reclamou antes de uma tontura fazer com que quase o desabou ao chão.
—Vá com calma grandão. Ainda está fraco. -Sarid comentou ao segurar um dos braços do grego.
—Acredito que seja melhor vocês irem. Eu ficarei e auxiliarei Saga. -Mu disse se aproximando do grego colocando o outro braço sobre um de seus ombros.
Com um aceno de consentimento o leonino e o escorpiano partiram lado a lado.


*~v~*


O mago tentava se equilibrar sobre as pernas conforme tentava se afastar dos dois dourados que aos poucos recuperar suas forças.
—Maldita!
Rothbart havia deixado para trás aquele ar superior e agora observava o ambiente ao seu redor como se estivesse paranoico. Em seus olhos vermelhos podia se ver a loucura que antes ele mantia dentro de si como outra face.
—Apareça maldita! Sei que está aí!
—Acho que o perfume velenoso de suas rosas está fazendo efeito finalmente. -Máscara da Morte disse com um sorriso sarcástico enquanto auxiliava o companheiro a se erguer.
—Acho que ele sempre foi louco. O quer que tenha acontecido o deixou pior.
—Ele está chamando por Odille. A maldição…
—Sim. A rainha encontrou aquele capaz de quebrar a maldição.
—Não era para esse maledetto ter desaparecido.
—Ele provavelmente não ligou todo seu poder ao dela.
Um cosmo gentil surgiu atrás de ambos os cavaleiros fazendo eles e o mago dirigisse seu olhar para as árvores que margeavam a clareira.
—Acabou Rothbart.
O canceriano sorriu ao ver a mesma mulher de sua visão, acompanhada por todas as almas que ainda estavam presas aquele lugar.
—Nunca! Eu não tenho medo de você e esse bando de vermes imundos!
—De quem ele está falando Giovanni?-Afrodite perguntou ao italiano que assim como ele observava a jovem caminhar em direção ao mago aparentemente sozinha.
—Almas. Almas de todos que morreram há muitos séculos atrás por causa de Rothbart. Eles estão protegendo Odille. A rainha que lutou contra tudo que prometia uma tragédia e ainda assim venceu. E não me olhe assim cazzo! Estou repetindo apenas o que os espíritos estão dizendo.
—Sei!-Afrodite deixou que um sorriso adorna-se seu rosto. -Não nasci ontem caranguejo. Sei que por trás dessa sua carapaça de sou “O senhor durão”, há um homem sentimental.
Uma rajada de cosmo fez com que ambos os cavaleiros se posicionarem para se defender, mas ao contrário do que eles previam, o golpe do mago não chegou a tocá-los. Uma barreira semelhante a que Rothbart usava para se proteger estava erguida ao redor de ambos
—Vai defendê-los? Assim como fez com Siegfried? -O mago que havia conjurado uma espécie de bengala para si, sorria de forma confiante.
—Suas palavras já não me afetam. Siegfried fez sua escolha. Estou fazendo a minha. Defendo aqueles que amo. Que aprendi a amar. Esse bosque já sofreu muito por suas maldades. Deixe esse ódio que o corrompe para trás.
—Você destruiu tudo que eu tinha!
—Você mesmo destruiu. Sua ganância e ciúmes doentio destruíram.
—Você é igual a mim.
—Não nego minhas sombras, mas nunca renunciei a minha luz.
Rothbart elevou seu cosmo lançando contra Odille uma rajada de cosmo que a mesma defendeu-se erguendo uma barreira. Prevendo os movimentos dos cavaleiros que vinham em direção a jovem para auxiliá-la, o mago criou mais das criaturas que foram de encontro a Aiolia e Milo.
Mago e feiticeira ainda se encontravam exaustos pelos últimos acontecimentos fazendo com que a cada minuto que se passava a magia de ambas as partes se igualarem em poder.
Odille suava frio pelo esforço, ela já não aguentava manter a barreira de pé. Sua visão se turvava e seus joelhos cederam até o ponto da mesma ter de se ajoelhar.
—Ela não vai aguentar. -Afrodite dizia entre os dentes. Conforme tentava se livrar das criaturas que o rodeavam para auxiliar Odille. -Máscara da Morte, Aiolia e Milo se encontrava em situação semelhante ao pisciano.
—Morra de uma vez!
Um canto soou no bosque. Aquela música era diferente de tudo que todos estavam acostumados ao ouvir. Ela enfraquecia as criaturas de Rothbart e fazia com que o poder do mago oscilasse a ponto de se extinguir.
Uma névoa cobriu o bosque conforme aquele som se tornava mais alto. Em meio a ela surgiu uma espécie de barco feito de um material transparente e brilhante que se assemelhava a um cristal.
No leme de tal embarcação, estava um homem de porte elegante e aparência que muito lembravam os traços de Afrodite. Ele vestia trajes de época e trazia um sorriso emoldurado no rosto. Na parte central, sentada numa espécie de trono, estava uma mulher cuja aparência era idêntica a de Odille, que cantava.  
—Odette! -Na voz do mago se misturavam tanto a adoração quanto o assombro.
—Rothbart. A quanto tempo. -A voz da mulher ecoou de tal forma como se abalasse a membrana entre o mundo dos vivos e dos mortos.
—Você veio!
—Sim, eu vim. Já acabou Rothbart. Já chega de dor, de ódio e vingança.
—Sua preocupação é tocante! Uma víbora disfarçada de rainha.
—Se sou uma víbora, o que tu és? Causou a morte de centenas e transformou a vida de outros tanto em um inferno. Não existe um nome para aquele que causa tudo isso.
O mago elevou seu cosmo lançando uma esfera de energia na direção de Odette. A rainha elevou sua voz em forma de uma canção que além de dissipar o ataque de Rothbart no ar, fez com que ele ajoelha-se no chão.
Um grito de dor escapou dos lábios do mago que segurava a cabeça entre as mãos.
—Podem leva-lo. -Odette se levantou do trono ao finalizar sua canção.
—NÃO!!
Os gritos do mago se elevaram conforme a massa de espíritos o carregava em uma marcha que repetiam a mesma canção que Odette estava cantando.
Odille observava tudo de forma silenciosa. Ela estava assustada demais com a presença da irmã que nunca teve oportunidade de conhecer direito.
—Odille!-A voz de Odette fez com que a jovem despertasse da espécie de transe que a acometia.
—O que acontecerá com ele?
—Isso importa?
A feiticeira olhou para o bosque ao seu redor. Era como se tudo estivesse congelado. Nada no bosque se mexia, com exceção dela e dos espíritos.
—Eu... Ele apesar de tudo não merecia esse destino.
—Ele escolheu aquilo. -A expressão séria que Odette carregava se suavizou conforme ouvia as palavras da própria irmã. -Você se parece com ela.
—Como?
—Nossa mãe. Ela tinha um bom coração.
—Eu não tenho...
—Tem. Você demonstrou que o tem. -Odette cortou a fala de Odille. -É por isso que conseguiu colocar fim à maldição. Rothbart sempre esteve certo. De certa maneira somos iguais, mas com a diferença de que eu escolhi fugir da maldição, enquanto você lutou contra ela até conseguir vencê-la.
Aos poucos a névoa que cercavam o bosque se tornava menos espessa.
—Cuide-se minha irmã.  Proteja aqueles que ama e sobre tudo, nunca se esqueça do que o ódio pode fazer. -Lágrimas escorriam no rosto de Odille. - Quando precisar de conselhos procure um lago. Encontrará uma parte minha em meio aos cisnes.
Quando a névoa se dissipou, não havia mais rastros da existência do mago. Os cavaleiros de ouro fitavam-se confusos com o que havia acontecido e a estranha ausência do mago, enquanto Odille chorava segurando uma pena branca entre os dedos.


*~v~*


Uma semana se passou desde os acontecimentos no bosque. A grande maioria das mulheres havia sido devolvida a seus lares, graças a Mu de Aries e Saga. Sarid reencontrou com seus avós, sendo recebida com enorme felicidade por eles. Giovanni, a presenteou com uma espécie de apito, para caso a saudade apertasse, ele ouviria e iria de encontro a ela.
Os outros dourados pouco a pouco organizaram a viagem de volta ao Santuário. Atena havia sido informada sobre o sucesso da missão, mas ainda uma dúvida pairava no ar. Qual o destino da antiga rainha dos cisnes?


...


O lago parecia diferente para Odille. Não havia mais cisnes nadando sobre a água e nem mesmo existia as vozes de suas companheiras. Tudo ali era tão... Vazio.
—Uma rosa por seus pensamentos. –A voz de Afrodite tirou a jovem mulher de seus pensamentos.
—Obrigada. É linda. - O cavaleiro presenteou a mulher com uma rosa negra que ela recebeu com certa timidez.
—Não tanto quanto a sua beleza. –Afrodite riu ao ver da forma como Odille se comportou ao ouvir o elogio. –Já sabe para onde ir? Afinal você não pode viver naquelas ruínas.
—Eu...Ainda não pensei nisso. Sarid me disse que sou bem vinda para me juntar a ela, mas...
—Não é o que seu coração deseja.
—Eu passei muito tempo presa nesse lago. Nunca pensei que um dia eu seria livre para sair daqui. Passaram-se muitos anos Afrodite. Não conheço nada do mundo lá fora.
—Pode vir comigo. Para o Santuário. Vivemos respirando o passado todos os dias e, além disso, Atena não se importará com sua presença. Seu amigo está indo para lá. De alguma forma ele despertou a afeição de Milo.
— Gehässig conquistou um ótimo amigo. Estou feliz por seu companheiro de armas ter compreendido o que ele fez.
—Milo é justo. Irritante, mas justo com aqueles que merecem. -Um silêncio preencheu os minutos que se seguiram.- Também pensei que não merecia uma segunda chance. Fiz coisas horríveis no passado. Destruí uma ilha inteira e coloquei um fim a vida de um homem justo. Eu lutei por muito tempo por aquilo que acreditava certo, mesmo que isso significasse a dominação de outros, ideais que não são exatamente esperados de um cavaleiro. Por culpa aceitei a humilhação de ser denominado inimigo de Atena. Muitos me chamaram de covarde, sem entender o quanto do meu próprio orgulho tive que deixar de lado pelos meus companheiros.
—Não entendo aonde quer chegar com essas palavras.
—Somos semelhantes. Reconhecemos nossos erros. Você é uma mulher honrada e forte. E é por isso que quero que me acompanhe. Não apenas por achá-la atraente.
A risada de Odille soou como uma rica melodia calorosa, meiga e tímida, como uma flor desabrochando aos ouvidos do pisciano.
—Você tem uma forma engraçada de convidar uma dama para dar um passeio.
—E você em responder a uma pergunta. Posso tomar isso como um sim?
—Não posso garantir a correspondência dos seus sentimentos.
—Não me importo com isso. Contando que eu possa ter sua amizade.
—Você já a possui.
Odille fitou Afrodite como se fosse à primeira vez a vê-lo. Dessa vez, ao olhar, ela realmente o viu. Aquele foi o primeiro tênue suspiro de amor. Leve e tão pequeno que não conseguiu ser percebido por aqueles que não observassem com atenção. Não foi dramático como muitas vezes descrito nos livros. Foi mais semelhante a uma centelha esmaecendo, quase depressa demais para ser vista. Mas estava ali, aos poucos ganhando força.
Afrodite ergueu um dos braços para que Odille aceitasse colocar sua mão sobre ele. Sorrindo um para o outro, ambos caminharam lado a lado até onde todos os outros cavaleiros se encontravam esperando para partirem em direção ao aeroporto.
No céu sobre a cabeça de todos, uma constelação brilhava mais que todas naquela noite. Cygnus dividia o mesmo brilho que a mulher que havia conquistado o coração daqueles homens. De um deles em especial.


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Notas finais do capítulo

Um grande beijo e espero ve-los no apanhado de curiosidades.
Até lá. :*



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