Between The Woods escrita por Mian


Capítulo 11
Capítulo 11




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Acordei com alguém batendo e abrindo a porta fortemente, eram guardas reais. Eles entraram sem falar nada e me pegaram pelo braço, brutalmente, me levantando.

— O rei quer vê-la. - Um deles falou.

Fui levada a força para o castelo, sendo tratada como ninguém. Meu pai estava me esperando na sala de trabalho dele, sentado na cadeira, minha mãe estava de pé, olhando assuntada para mim a medida que eu entrava. Fui deixada lá da mesma forma que os prisioneiros eram, me jogando tão forte que caí no chão. Ainda estava meio zonza por ter sido acordada.

— Traidora. - Minha mãe começou a chorar, olhando indignada para mim, como se não me reconhecesse mais.

— O quê? - Eu estava confusa, tudo tinha acontecido muito rápido, eu não sabia o que estava acontecendo, ninguém me falou nada o caminha inteiro, me trataram como nada, me tiraram da cama à força, nem me deixaram trocar de roupa, deixaram meu lindo vestido branco que dormi com sujar... O que estava acontecendo?

— Tivemos uma denúncia... - Meu pai começou, sem nem olhar para mim. Eu me levantei. - Uma garota de longos cabelos vermelhos foi vista entrando na floresta proibida.

Meu coração parou, ninguém nunca vira, eu fazia questão de não deixar rastros, tinha total certeza, só duas pessoas sabiam... Não... Não podia ser... Nenhuma delas iria...

— Suas amigas ficaram sabendo, elas imploraram por sua vida, elas foram convincentes, pouparei sua alma miserável. Ficará trancada no sótão como uma prisão, traidora. - Ele fazia uma cara de nojo ao se referir a mim. - Uma tropa foi enviada ao local na floresta.

— Não! - Gritei, involuntariamente. A Mori poderia estar lá, ela não sabia de nada, eles poderiam pegá-la...

— A linha entre os mundos foi cruzada, a guerra vai começar... Guardas, levem-na.

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Já estava presa a muito tempo. Toda manhã me davam um pequeno pote com água e outro com sobras do dia anterior. Aquele lugar era deplorável. As paredes descascavam, havia pó e teias para todos os lados, o único móvel que havia, a cama, que ficava no centro encostada na parede, estava quebrado, e só tinha uma janela, relativamente grande, mas virada para a cidade, onde toda a matança estava acontecendo. Tudo que se via através dela era o vermelho do sangue, as pessoas caídas, os ossos... E o que se ouvia não era muito diferente, gritos de dor e sons de espadas...

Era domingo de novo, eu não havia tocado na comida ou na água naquele dia.  Era noite, eu estava deitada, encolhida na verdade, na cama mofada, chorando. A chuva de estrelas que Mori e eu prometemos de ver juntas começaria em pouco tempo talvez... eu não sabia, não possuía relógio nem nada... Mori... Eu só esperava que ela estivesse bem...

— Por que a minha princesa tá chorando?

Eu levantei na hora e olhei na direção daquela voz tão conhecia, tão reconfortante... Sua dona estava sentada elegantemente na janela. Corri e a abracei, quase derrubando-a da janela.

— Mori! Como você chegou aqui em cima? Está bem? O que houve? - Eu me afastei para olhá-la e me assustei. Estava com cortes no ombro, braços, rosto, barriga e pernas, ou seja, por todo o corpo, e sangravam muito. - Você se machucou! - Peguei-a pela mão e a levei para a cama, onde ela se sentou na beirada.

— Eu tô bem...

— Não tá não! - Peguei a água e comecei a limpar os machucados, rasgando partes do meu vestido para usar de curativo.

— Eu tava sim...

— Não seja teimosa. - Sentei no colo dela, virada para ela, terminando com o último machucado, o do rosto. - Viu, bem melhor.

Sorri um pouco, mas não durou muito pois logo comecei a chorar. Eu tinha ficado com tanto medo por tanto tempo e ela finalmente estava comigo. Mori acariciou minha bochecha, sorrindo, com os olhos cheios de lágrima, me entendia... Ela foi se aproximando, meio lentamente, até me beijar. Nunca soube muito bem o porquê mas sempre que ela me beijava, que me tocava na verdade, eu sentia como se tudo estivesse bem... Nos separamos, sem ar, eu a abracei forte, queria ela comigo, para sempre... Ela me abraçou também.

Nós fomos para a janela e ficamos olhando o céu, a chuva começou naquele mesmo instante. Ficamos ali, na janela, abraçadas, sem falar nada, durante uma hora, o tempo de duração do fenômeno. Durante esse período, não se ouvia um grito, uma espada... não se via uma gota de sangue nova... Tudo estava completamente tranquilo.

— Eu sei que é pedir de mais mas... - Mori falou, assim que tudo voltou a acontecer. - Posso ficar aqui com você? Demorei pra te encontrar... e não quero te deixar mais...

— Claro que pode ficar. Na verdade... eu não quero que você vá... - Peguei na mão dela e apertei, sentindo como se fosse chorar novamente.

— Vamos, você tem que descansar.

Mori me pegou no colo e me deitou na cama, deitando ao meu lado em seguida, me abraçando, a abracei também. Eu sabia que ela sentia o meu medo... Alguém tinha colocado nossa felicidade toda em risco por alguma idiotice... Qual era o grande problema daquela floresta afinal? Já tinha sido uma floresta conjunta... Sabia que tínhamos que fazer alguma coisa, não poderíamos ficar daquele jeito para sempre... Acabei caindo no sono com aqueles pensamentos...


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