O que Um Beijo Pode Mudar escrita por Poliana_black


Capítulo 4
Capítulo 4 - Parte de mim


Notas iniciais do capítulo

Aí está!
Espero que gostem!



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Eu tinha a sensação de que tinha estado dormindo por muito tempo - meu corpo estava rígido, como se eu também não tivesse me mexido nenhuma vez. Minha mente estava confusa e lenta; sonhos estranhos e coloridos - sonhos e pesadelos - rodavam vertiginosamente dentro da minha cabeça. Eu não conseguia me lembrar de qual era o dia da semana, mas eu tinha certeza de que Jacob ou a escola ou o trabalho ou alguma outra coisa estava esperando por mim. Eu inalei profundamente, me perguntando como encararia outro dia.
Alguma coisa fria tocou a minha testa com a mais leve das pressões.
"Oh!", eu asfixiei, e joguei meus pulsos em cima dos meus olhos.
"Eu assustei você?" Sua voz baixa estava ansiosa. Edward observou minhas expressões mudarem, alarmado. As íris dele estavam pretas como piche, com manchas que pareciam sombras embaixo dos olhos. Eu estava tentando me lembrar do porque dele estar no meu quarto. Como num estalo me lembrei da sua tentativa de suícidio, da minha corrida com Alice contra o tempo, de Volterra. Então não tinha sido um pesadelo. Era tudo real. Minha cabeça estava rodando. Eu comecei a me lembrar dos detalhes... eu estranhei enquanto eu lentamente me dava conta de que Edward realmente, verdadeiramente estava aqui comigo.
"Aquilo tudo realmente aconteceu, então?" Era quase impossível pensar nos meus sonhos como sendo verdade.
"Isso depende", o sorriso de Edward estava duro. "Se você está se referindo a minha ridícula tentativa de suícidio colocando a sua vida e a vida de Alice em risco, sim é verdade."
"Que estranho", eu meditei. "Eu realmente fui á Itália. Você sabia que o mais longe que eu já fui foi á Albuquerque?"
Ele revirou os olhos. "Talvez você devesse voltar a dormir. Você não está sendo coerente".
"Eu não estou mais cansada". Tudo estava vindo claramente agora. "Que horas são? Por quanto tempo eu estive dormindo?"
"É pouco mais de uma da manhã. Então, por umas catorze horas".
Eu me espreguicei enquanto ele falava. Eu estava tão rígida.
"Charlie?", eu perguntei.
Edward fez uma carranca. "Dormindo. Você provavelmente devia saber que eu estou quebrando as regras agora. Bem, não tecnicamente, já que ele disse pra nunca mais passar pela sua porta de novo, e eu vim pela janela... Mas, ainda assim, a intenção era clara".
"Qual é a história?", eu perguntei, genuinamente curiosa. Teria que saber o que dizer a Charlie pelo tempo que estive fora.
"Na verdade, eu estava esperando que você tivesse uma boa explicação. Eu não tenho nada".
Eu gemí. "Fabuloso". Começei a notar em algo que estava me incomodando bastante. Eu estava sentindo um vazio estranho no peito. Como se eu estivesse me esqueçendo de algo muito importante. Pude notar que algo estava incomodando a Edward também. Ele não me deu tempo para perguntar o que era e começou a falar
"Eu -", ele respirou fundo. "Eu te devo desculpas. Não, é claro que eu te devo muito, muito mais do que isso. Mas você precisa saber," - as palavras começaram a fluir rapidamente, do jeito que eu lembrava que ele falava as vezes quando ficava agitado, e eu tive que realmente me concentrar pra entender todas elas - "que eu não fazia idéia. Eu não tinha idéia da confusão que estava deixando pra trás. Eu pensei que fosse seguro pra você aqui. Tão seguro. Eu não tinha idéia de que Victória" - os lábios dele se curvaram quando ele disse o nome - "ia voltar. Eu vou admitir, quando eu ví ela daquela última vez, eu estava prestando muito mais atenção aos pensamentos de James. Mas eu não ví que ela seria capaz de responder dessa forma. Que ela tinha um laço tão forte com ele. Eu acho que agora me dou conta do porque - ela tinha tanta confiança nele, que o pensamento dele falhar nunca ocorreu a ela. Era a grande confiança que nublava os sentimentos dela por ele - isso evitou que eu visse a profundidade deles, o vínculo que havia alí."
"Não que isso seja uma desculpa para o que eu te deixei enfrentar. Quando eu ouví o que você disse a Alice - e o que ela mesma viu - quando eu me dei conta de que você teve que colocar a sua vida na mão daqueles lobisomens, imaturos, voláteis, a única coisa que podia ser pior do que a própria Victória -" ele estremeceu e parou o dilúvio de palavras por um curto segundo. "Por favor saiba que eu não tinha nenhuma idéia de tudo isso. Eu me sinto doente, com toda a minha essencia, mesmo agora, quando eu posso ver e sentir você segura nos meus braços. Eu sou a desculpa mais miserável por -"
"Pare! Escute por favor... Não se preocupe... Eu estou bem não estou? Isso é o que importa. Não se torture. Você não pode pensar nas coisas desse jeito. Você não pode deixar ... essa culpa... mandar na sua vida. Você não pode se responsabilizar pelas coisas que acontecem comigo. Nada disso é culpa sua, isso é só parte do que a vida é pra mim. Então, se eu tropeçar na frente de um ônibus ou o que quer que aconteça na próxima vez, você tem que se dar conta de que não é o seu trabalho levar a culpa. Você não pode simplesmente sair correndo para a Itália porque se sente mal por não ter me salvado. Mesmo se eu tivesse pulado daquele precipício pra morrer, isso teria sido a minha escolha, e não sua culpa. Eu sei que é... a sua natureza segurar a culpa por tudo, mas você realmente não pode deixar as coisas chegarem a esses extremos! Isso é muito irresponsável - pense em Esme e Carlisle
 "Você acredita que eu pedí que os Volturi me matassem porque eu me sentia culpado?"
Eu podia sentir a incompreensão no meu rosto. "Não foi isso?"
"Se eu me sentia culpado? Intensamente. Mais do que você pode compreender".
"Então... o que é que você tá dizendo? Eu não entendo".
"Bella, eu te amo. Eu mentí quando disse que não te queria. Eu queria te proteger e realmente achei que você ficaria segura mas me enganei. Eu entrei em desespero quando pensei que você estava morta. Eu não queria viver num mundo no qua você não existisse. Por isso eu tive a idéia de ir aos Volturi." Agora eu esttava entendendo o que Alice quis dizer com 'você e meu irmão tem muito o que conversar'.
"Mas Bella... por favor, eu quero que você entenda que eu vou compreender totalmente se eu tiver chegado tarde demais e você tiver encontrado outr..."
"Edward, que história é essa? De onde você tirou isso tudo?"
"Ontem, quando eu te tocava, você estava tão... hesitante. Mas ainda assim era a mesma. E... você também..." ele hesitou por um momento e eu pude ver a tristeza no seus olhos
"Eu também..." Ele me olhou profundamente "Você teve um sono muiito agitado. Você falou o tempo inteiro..." Ele fechou os olhos como se não quisesse me encarar ao dizer o que estava por vir "Você disse... Jacob, Meu Jacob" Um choque passou por todo o meu corpo e o buraço no meu peito abriu instantaneamente. Era isso... eu estava me esqueçendo disso... Jacob! A pronuncia do nome dele foi o suficiente pra me fazer entender o porque da dor que eu estava sentindo.  Eu tentei respirar normalmente. "MEU DEUS... " Foi o que eu consegui dizer. Desmontei na cama e senti de imediato as mãos de Edward me segurando.
Jacob estava magoado comigo. Eu precisava falar com ele imediatamente.
"Edward, por favor me empresta o celular." Não era uma pergunta, era um apelo.
Ele estendeu a mão com o celular e eu o peguei e começei a discar. Chamou duas vezes e atendeu. "Alo, com quem eu falo?" Perguntei com urgência
"Oi Bella, é o Billy. Tudo bem com você?" Ele perguntou gentilmente mas eu sequer consegui reponder, eu precisava falar com ele. Não podia esperar nem um minuto sequer
"Billy, eu preciso falar com o Jake." Mais uma vez eu não estava perguntando. Houve um silêncio do outro lado da linha que me deixou impaciente "Billy, por favor..."
"Olha Bella, nao me entenda mal mas... ele disse que não quer falar com você. Nunca mais."
Eu podia ouvir o sangue pulsando mais rápido que o normal atrás das minhas orelhas.
"Billy... por favor, Billy fale com ele denovo. Diga que sou eu no telefone. Por favor Billy, tente..." Eu podia ouvir o tom implorativo da minha voz. Eu não suportaria ficar sem Jacob.
"Bella... olha... ele está... está muito magoado. Ele entrou no seu quarto desde de que você viajou e não saiu de lá nem pra comer. Ele disse que você... ele disse que você o usou. Que ele era útil enquanto o sang... quero dizer, o tal do seu namorado vampiro estava longe. Não sei se seria uma boa idéia você falar com ele agora. Na verdade Bella, na minha opinião de pai, seria melhor se vocês vivessem cada um a sua própria vida e ... Bella... Bella você está aí?... Bella!..." Eu não conseguia ouvir mais nada. Eu não conseguia falar mais nada. O chão sumiu debaixo dos meus pés. Ele achava que eu o tinha usado. Ele achava que não tinha mais importância pra mim agora que Edward estava de volta. Eu estava perdida num torpor.
O telefone foi caíndo das minhas mãos. A dor era tão intensa que tive que me encolher para poder suporta-la.
"Bella!" Edward disse o meu nome com urgência e me pegou nos braços me colocando sentada na minha cama. Eu não conseguia me concentrar em Edward. Eu não conseguia me concentrar em nada que não fosse Jacob. Isso não podia ser assim. Jacob estava enganado, ele não funcionava pra mim apenas como um remédio. Eu o amava. Jacob era meu melhor amigo, meu porto seguro, meu sol... Como eu poderia viver sem o meu sol... Ele que me aquecia, que me alegrava. Não podia viver sem ele. Não podia viver sem Jacob. Eu precisava fazer alguma coisa. Ele precisava saber que ele estava enganado. Que eu me importava com ele. De repente minha mente se iluminou e a idéia veio instantaneamente. Ele estava em casa, Billy disse que ele estava no quarto e que não saiia de lá por nada. Eu iria até lá e não sairia enquanto ele não falasse comigo. Nem que eu tivesse que morrer esperando na porta dele ele teria que me ouvir. Ele saberia a verdade.
"Vou para La Pushe" Eu disse me levantando rapidamente. Levantei imediatamente da cama e quando minha mão já estava na maçaneta dda porta senti o toque frio de Edward sobre ela.
"Bella, onde você pensa que vai assim?" Ao dizer isso ele olhou pra mim e pude ver a agonia estampada na sua afeição. Percebi que ele tinha razão: eu estava com um pijama, que provavelmente Charlie colocou em mim ontem a noite e com certeza minha expressão não era das melhores. Eu não podia ver Jacob dessa maneira. Eu estava horrível.
"Ok. Edward me dê licença. Preciso de um momento humano e depois vou até La Pushe."
"Eu vou te levar a La Pushe Bella e não discuta comigo." A expressão dele estava firme. Uma máscara. "Você não tem a menor condição de dirigir." Não questionei, afinal não tinha certeza se tinha condições de dirigir. Ainda sentia o torpor, como uma espécie de dormencia. Eu não podia me matar num acidente automobilístico. Charlie precisava de mim. Edward me deu as costas descendo as escadas tão rápidamente que somente fui capaz de ver seu vulto e eu fui em direção ao banheiro. Levei um susto quando me olhei no espelho. Eu parecia um zumbi. Estava mais pálida do que o normal e meus olhos estavam muito vermelhos e reparei que eu não conseguia parar de chorar. As lágrimas não paravam de descer pelo meu rosto e mesmo que eu tentasse parar de chorar eu simplesmente não conseguia.
Me apressei prendendo o cabelo de qualquer forma e vestindo a primeira roupa que vi na frente. Quando descí as escadas, Edward já estava me aguardando, totalmente imóvel como uma estátua de mármore. Eu ainda não tinha conseguido cessar mue choro silêncioso e ele não disse absolutamente nada. Apenas abriu a porta pra mim.
Fomos no meu carro. Eu estava ansiosa olhando pela a janela e desejando pela primeira vez que a minha caminhonete fosse um Porshe, ou um Volvo. Ele guiou o carro até a fronteira sem dizer absolutamente nada. Ele parou o carro e me olhou por um momento. Provavelmente avaliando se eu tinha condições de termenar o trageto até a casa de Jake. Ele não disse nada então resolvi não dizer nada também. Só Jacob me importava agora. Depois conversaria com Edward e explicaria tudo. Mas agora eu não odia conversar. Tinha que falar com Jacob. Ele precisava saber que era importante pra mim. Que eu precisava dele. Edward me deu um beijo na testa e saiu do carro. Pulei para o banco do motorista e acelerei o máximo que minha caminhonete aguentava. Não parei para olhar se ele já tinha ido pelo retrovisor. Não parei para colocar o cinto de segurança. Eu só precisava estar com Jacob.
Cheguei a casa dos Black e não exitei em correr até a porta e bater insistentemente até alguem aparecer. Ali a dor era ainda mais profunda. Tudo lembrava o Jake. Tudo tinha um toque dele, o cheiro dele. Finalmente sentí medo. E se ele não acreditasse em mim? E se achasse que eu estou mentindo? Não... Ele teria que acreditar. De qualquer forma. Continuei a bater ignorardo uma voz que gritava de dentro da casa.
"Já vai, já vai! Mas será possível que... Bella?" Billy atendeu a porta e me lançou um olhar preoculpado. "Meu Deus Bella, você está bem? O que..."
"Cadê o Jacob Billy?" Ele me olhou por um instante mas desviou o olhar pra responder.
"Ele não está. Resolveu sair com o... Bella, espera!  Onde você está indo?" Eu fui entrando na casa sem esperar uma permissão de Billy. Eu tinha certeza que ele estava lá. Eu podia sentir.
"Eu sei que ele está aqui Billy e eu vou vê-lo!" Cheguei á porta de Jake e me perguntei se não deveria bater. Mas se eu batesse ele com certeza não abriria. Girei a maçaneta. A porta estava destrancada.
Lá estava ele. Dormindo. Uma das coisas mais lindas que eu já tinha visto na vida. Ele estava tão sereno, mas mesmo assim eu via algumas das marcas que causei. As marcas externas. Ele tinha um círculo escuro embaixo dos olhos. Parecia abatido, pálido. Mas ainda assim ele estava  lindo. Fechei a porta atras de mim e me aproximei dele. Me abaixei ao lado da sua cama e permaneci em silêncio. Só observando. Já não conseguia parar de chorar antes e agora estava chorando ainda mais. Eu tinha causado dor a ele. Uma dor que ele não merecia. Levei a mão no rosto dele e senti o choque térmico imediatamente. Jake era quente. Era bom passar as mãos pelo seu rosto, contornar as suas formas, olhar o contraste da pele dele com a minha. O perfume dele estava em todo lugar ali. Era um cheiro forte e amadeirado. Eu definitivamente amava esse cheiro.
Era muito estranho mas até onde eu sabia eu estava numa situação de risco: ele poderia me expulsar da sua casa, da sua vida. Dizer que não queria mais ser meu amigo. Eu podia perde-lo pra sempre mas... mesmo assim eu estava bem. Eu estava aquecida e iluminada pelo meu sol particular. Eu estava feliz por estar ali, por poder ve-lo dormir, por poder toca-lo. Mas a culpa por ter causado dor a ele não havia me abandonado. E ela era a causadora do meu choro constante. Acho que eu choraria pra sempre se ele não me perdoasse.
Cedo demais, ele acordou lentamente e demorou um pouco para perceber minha presença. Quando ele focou o olhar em mim, senti minha espinha gelar. O buraco no meu peito nunca foi tão profundo. Ele mudou a expressão de suave para terrívelmente irritado.
"Bella, o que você pensa que está fazendo aqui? Como você ousa entrar no... Meu Deus, Bella o que você tem? O que aconteceu?" Ele mudou a expressão instantâneamente para preocupado. Pude notar pelos seus olhos que ele estava sendo sincero. Pensei no quão mal eu não estava para que ele mudasse tão rapidamente.
"Ja-Jake, e-eu não queria magoar você, e-eu não u-usei você, é q-que..." Ele me cortou com um abraço, me segurando nos braços protetoramente e carinhosamente. Senti o calor do corpo dele em contato com o meu corpo e fui me acalmando. Eu estava chorando alto e o abraçei de volta. Eu precisava daquele abraço, eu precisava dele.
"Shiii... calma Bels... Me perdoe ok? Eu sei que você não fez de propósito, que você não queria me machucar mas eu... eu fiquei com tanta raiva que eu... Olha, me perdoe? Que idiota que eu sou né? Prometo não te fazer sofrer e aqui estou eu fazendo isso novamente." Eu não acreditava nos meus ouvidos. Eu é que devia estar me desculpando e não ele. Afrouxei um pouco o abraço, mas não o soltei. Ficamos com os rostos muito próximos, de maneira que fiquei um pouco tonta sem entender exatamente porquê.
"Jacob... Você não pode pedir perdão por sofrer. Eu é que te devo perdão. Você me perdoa?"
"É claro que sim Bells. Se a minha amizade é tão importante assim pra você, eu vou ser seu amigo sempre. Eu só não vou suportar ver você sofrendo." Eu pude sentir um alívio imediato das suas palavras. O torpor foi desaparecendo. O buraco desapareceu sem deixar cicatrizes. Não havia mais razões para tristezas. Eu tinha Jake de volta. Ele estava ali, na minha frente. Nos meus braços. Sorri pra ele. Ele sorriu de volta, ele sorriu como só ele sabia sorrir. O sorriso do meu Jake. Um sorriso iluminado e caloroso que aqueceu o meu coração uma vez escuro e frio pelo medo de perde-lo. Levei a mão ao seu rosto e voltei a fazer os contornos que fazia enquanto ele dormia. Ele fechou os olhos quando meus dedos tocaram o seu rosto mas logo abriu, para olhar dentro dos meus olhos. Ele me olhava como se pudesse sondar a minha alma apenas com um olhar. Chegava a me sentir constrangida pela profundidade do olhar dele. Senti minhas bochechas esquentarem. Um sorriso brincava nos cantos dos lábios dele. Eu estavva completamente feliz. Era como se o dia tivesse amanhecido e Iluminado tudo, trazendo a minha vitalidade de volta. Agora eu estava totalmente feliz. A culpa não existia mais. Ele tinha me perdoado. Ele encostou a testa na minha. Estavamos ainda mais próximos. Tão proximos que eu podia sentir sua respiração quente no meu rosto.
"Eu te amo, Jacob Black." Eu disse pausadamente, mas enfáticamente.
"Eu sei disso Bells. Sei melhor do que você." Ele respondeu me puxando para outro abraço."E eu também te amo. Muito. Mais do que a mim mesmo." Ele disse isso num tom rouco, com a boca colada  na minha orelha. Sentí um arrepio percorrer todo o meu corpo. Meu coração se descompassou tanto que achei que ia desmaiar. Ele se afastou. Tão repentinamente que eu teria caído no chão se ele não tivesse me segurado.
"Agora... Já que você está aqui, que tal um passeio na praia?" Ele me perguntou com um sorriso no rosto. Demorei um pouco para entender o sentido das palavras. Ele sorriu. Não podia dizer não. "Claro Jake. Seria maravilhoso!"
"Então me espera lá na sala enquanto eu me arrumo." Ele disse fingindo me empurrar para fora do quarto.
Quando cheguei na sala pude notar algo que não tínha percebido antes: olhando pela janela o dia estava bonito! Estava meio nublado mais não estava chuvendo, o que era raro em Forks. Talvez eu não tenha notado por estar tão atordoada para falar com Jake. A alguns minutos eu estava me sentindo péssima e agora eu me sentia perfeitamente feliz! Lembrei-me que Edward e eu ainda tinhamos que conversar. Eu tinha muito o que explicar a ele. Mas agora eu não queria me preocupar com isso. Eu ia passar essa tarde com Jake e ia aproveitar ao máximo.
Ouvi um barulho vindo da cozinha. Billy devia estar fazendo algo para Jake comer porque o cheiro estava maravilhoso. Meu estômago roncou me lembrando que eu não tinha tomado café da manhã. Jacob apareceu na sala.
"Nossa! Que cheiro ótimo! Você me acompanha no café da manhã senhorita Swan?" Ele disse fazendo um movimento exagerado com as mãos. Não pude deixar de rir.
"Claro senhor Black. Seria uma imensurável honra!." respondí exagerando o bastante pra que ele caísse na gargalhada. "Você representa muito mal Bells! Está precisando de umas aulinhas, mas não se preocupe. Eu te ajudo." Dei nele um soco no ombro mas eu tinha certeza que não tinha feito nem cócegas. "Convencido!". Billy apareceu na sala provávelmante estranhando as gargalhadas. "Oi pessoal!" disse ele num tom surpreso.
"Oi" falamos eu e Jacob juntos. Rimos ainda mais.
"Que tal vocês parerem de rir um pouco e tomar um café da manhã reforçado, hein?" Ele disse mais naturalmente, com um sorriso cúmplice nos lábios.
Fomos todos para a cozinha. A mesa estava toda arrumada, tinha panquecas, ovos com bacon, cereal, leite, suco, café. Fiquei imaginando o porque de tanta comida. Comi apenas cereal mas  fiquei abismada com o tanto que Jake comeu. Estava explicado o porque de tanta comida. Ele comeu o suficiente para alimentar um grupo de desabrigados.
"Então? Vamos Bells?" falou Jake logo depois que ajudamos Billy a retirar o que restou da mesa.
"Claro! Obrigada pelo café da manhã Billy!" Disse sobre o ombro enquanto Jake me arrastava para fora.
"Não seja por isso.Eu é que agradeço Bella. Bom passeio para vocês!" Ele falou enquanto chegavamos na varanda.
"Praia?" Perguntou Jacob apenas para conferir.
"Praia." respondi. Enquanto caminhávamos, eu sentí que estava entrando em outra versão de mim mesma, a pessoa que eu era com Jacob. Um pouco mais jovem, um pouco mais irresponsável. Alguém que podia, em uma certa ocasião, fazer alguém realmente muito estúpido por nenhum bom motivo.
Cedo demais nós tivemos que começar a falar sobre os motivos por trás da nossa separação, e eu observei o rosto do meu amigo endurecer até se transformar naquela máscara ácida com a qual eu já era bem familiar.
"Qual é a história, afinal?" Jacob me perguntou, quando nós passamos pela loja e passamos pelos arbustos grossos que cercavam a Primeira Praia. Ele chutou um pedaço de graveto fora do seu caminho com força demais. Ele viajou pela areia e depois se espatifou nas rochas. "Quer dizer, da última vez que nós... bem, antes de, você sabe..." Ele lutou pelas palavras. Ele respirou fundo e tentou de novo. "O que eu estou perguntando é... tudo está de volta a ser como era antes dele ir embora? Você perdoou ele por aquilo tudo?"
Eu respirei fundo. "Não havia nada pra perdoar". Ele começou a tremer levemente.
Ficamos em silêncio por algum tempo. Ele prcisava se acalmar.
"Eu queria saber de uma coisa. Se você puder me contar, é claro!." Ele disse assumindo um tom ironico no final. Esperei que ele concluísse. Depois de alguns segundos ele continuou.
"Como a sangue-suga soube que você pulou do penhasco e que o... que ele iria se matar e coisa e tal?"
Tive que analisar um pouco para entender que ele falava da visão de Alice sobre Edward. "Não os chame de sangue-suga Jacob. Por favor." Ele rosnou.
"Mas não é isso que eles são Bella? Sangue-sugas nojentos e..."
"Olha Jake, se for para você ficar agindo assim eu vou embora." Falei já adiantando o passo. Ele segurou meu braço.
"Não... não quero que você vá... Tudo bem, eu vou ser bonzinho..." ele segurou a minha mão e me puxou para sentar num enorme, familiar, pedaço de salgueiro - uma árvore inteira, com raízes e tudo, esbranquiçado, e bem afundado na areia; era a nossa árvore, de certa forma.
Jacob sentou no banco natural, e deu uns tapinhas no espaço ao lado dele.
Sentei enquanto ele continuou "Ok,então... Como a..."
"Alice, Jacob."
"Isso. Como a Alice sabia?" O fitei por um instante. Ele fingiu trancar os lábios e depois jogou a chave invisível por cima do ombro. Eu tentei não sorrir, e falhei.
"Tudo bem então. Você não vai me interromper para falar grasserias, vai?"
Jacob ergueu a mão.
"Pode falar"
"Alice pode prever o futuro." Eu tentei ler as expressões de Jacob, mas o rosto dele estava enigmático.
"A sugador... quer dizer, Alice, vê o futuro?" ele perguntou ainda enigmático.
"Sim, Jacob." respondi o mais casualmente possível.
"Mas então... por que ela não viu que você não tinha morrído ao se jogar no penhasco? Poderia ter evitado... tudo." ele disse claramente triste. Segurei a sua mão e escorei a cabeça no seu peito.
"Ela não pode te ver Jake. Nem você nem ninguém que esteja em contato com você. E isso funciona também para os outros lobos." Não pude ver a expressão dele mas pude sentir certa empolgação na sua voz.
"A sugadora de sangue que vê o futuro não pode nos ver? Sério? Isso é excelente!" Levantei a cabeça para olhar feio para ele.
"Oops!", ele disse. "Desculpe" Ele trancou os lábios de novo.
Ficamos em silêncio por um tempo. Era bom ficar assim com Jacob. Nosso silêncio não era desagradavél, era cúmplice.
"Olhe pra isso", Jacob apontou para uma águia que estava voando pra baixo em direção ao oceano de uma altura incrível. Ela se deteve no último minuto, apenas as suas garras quebrando a superfície das ondas, só por um instante. Depois ela levantou vôo, suas asas se debatendo contra o peso de um peixe enorme e ela tinha pego.
"Aqui você vê isso o tempo inteiro" Jacob disse, sua voz repentinamente distante. "A natureza tomando o seu curso - o caçador e a presa, e o interminável ciclo de vida e morte".
Eu não entendí a necessidade do discurso sobre a natureza; eu imaginei que ele estivesse só tentando mudar de assunto. Mas depois ele olhou de volta para mim com ironia nos olhos.
"E mesmo assim, você não vê o peixe tentando dar um beijo na águia. Você nunca vê isso". Ele deu um sorriso que não alcançou os seus olhos.
Tentei sorrir de volta mas não consegui convencer nem a mim mesma.
"Sabe Bella, eu só queria saber por quê? Porque se escolher ele?" eu me desencostei dele para olha-lo nos olhos.
"Qual você acha ser o motivo válido pra se amar alguém Jacob?" ele ficou de pé me forçando a fazer o mesmo segurando os meus pulsos. Seu olhar estava ilegível.
"Eu acho que o melhor lugar pra começar seria procurar entre a nossa própria espécie. Isso geralmente funciona".
"Bem, isso é uma droga!" eu atirei. "Eu acho que estou presa com Mike Newton afinal de contas".
Jacob enrijeceu e mordeu o lábio. Eu podia notar que as minhas palavras haviam machucado ele e me sentir mal sobre isso. Ele soltou o meu pulso e cruzou os braços no peito, desviando de mim pra encarar o oceano.
"Eu sou humano", ele murmurou, sua voz quase inaudível.
"Você não é tão humano quanto Mike" eu continuei diminuindo o tom, dessa vez. "Você ainda acha que essa é a consideração mais inportante?"
"Não é a mesma coisa. Bella", ele disse com uma voz lenta e diferente. Amadurecida. Eu me dei conta de que de repente ele parecia ser mais velho que eu - como uma pai ou um professor. "O que eu sou nasceu comigo. Isso é parte de quem eu sou, de quem a minha família é, de quem toda a tribo é - essa é a razão pela qual ainda estamos aqui.
"Além do mais" - ele olhou pra mim, seus olhos pretos ilegíveis. "Eu ainda sou humano".
Ele pegou a minha mão e pressionou no seu peito febriamente quente. Através da sua camisa, eu podia sentir as batidas uniformes do coração dele na minha palma.
"Humanos normais não podem andar em motos do jeito que você faz".
Ele deu um meio sorriso fraco. "Humanos normais fogem de monstros, Bella. E eu nunca disse que era normal. Só humano."
Eu comecei a sorrir enquanto tirava a minha mão do peito dele.
"Você é bastante humano pra mim"
"Eu me sinto humano". Ele olhou através de mim, o rosto dele estava entristecido. O lábio inferior dele estremeceu, e ele o mordeu com força.
"Oh, Jake", eu sussurrei, pegando a mão dele.
Era por isso que eu estava lá. Eu não sabia como ajudá-lo, mas eu já sabia que eu tinha que tentar. Isso era mais do que porque eu o devia. Era porque a dor dele me machucava também. Jacob havia se tornado uma parte de mim, e não havia como mudar isso agora.


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Notas finais do capítulo

Aí está!
Próximo cap: Coisas de lobo
Muito obrigada pelos reviews pessoal!
E obrigada por estarem acompanhando!
1000 bjos pra vcs!
e continuem comentando!
preciso saber como estou indo!


obs.: bjs especiais para aloenne, jane, gracita e
mary_twilighter ♥